Questõesde UFAC sobre Interpretação de Textos

1
1
1
Foram encontradas 49 questões
b1a2619a-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

UOL Ciência e Saúde pergunta: “Na sua opinião, a consciência para o problema e a busca por alternativas de mobilidade sustentável só vai ocorrer quando o uso do automóvel se tornar realmente inviável por causa do trânsito?

LP: Não, sempre haverá paliativos, alguém que vai querer lucrar com o trânsito e inventar algo para as pessoas fazerem quando estiverem no congestionamento, como aprender uma língua etc. Temos uma noção errada sobre mobilidade, é preciso entender que essa mentalidade é ultrapassada e que o trânsito é uma questão de escolha pessoal.”

Segundo o dicionário Aulete, sustentabilidade significa: “1. qualidade ou condição de sustentável; 2. Ecol. Econ. modelo de desenvolvimento que busca conciliar as necessidades econômicas, sociais e ambientais de modo a garantir seu atendimento por tempo indeterminado e a promover a inclusão social, o bem-estar econômico e a preservação dos recursos naturais.”

Disponível em: http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl= aulete_digital&op+imprimir&tipo=atualizado.

A partir da resposta de Lincoln Paiva, e levando em conta o conceito de sustentabilidade, é correto afirmar:

Em um artigo da Redação do site UOL, lemos:


     “O Dia Mundial Sem Carro foi comemorado pela primeira vez em 1998, na França. Com o tempo, a mobilização se estendeu por países europeus e chegou a outros continentes. No Brasil, o evento ocorreu pela primeira vez em 2001.”

     Em entrevista ao UOL Ciência e Saúde, Lincoln Paiva (LP), coordenador no Brasil do Dia Mundial Sem Carro, afirma:

     “LP: O Dia Mundial Sem Carro é um dia para as pessoas pensarem em como elas poderiam contribuir com uma cidade mais sustentável sob o ponto de vista da mobilidade, não é um dia contra os automóveis. É possível planejar nossa mobilidade sem ter que depender do carro para tudo. Muitas pessoas utilizam o carro para fazer qualquer coisa, inclusive para realização de trajetos que poderiam ser feitos a pé. Outro fator é o status social: a maioria das pessoas tem o transporte público como coisa de pobre, o que não deveria ser uma verdade. O transporte coletivo serve para diminuir o trânsito da cidade; utilizado com inteligência, é possível melhorar a qualidade de vida das pessoas.”


Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ ultimas-noticias/2010/09/22/para-ambi.
A
Alternativas para o uso do automóvel só serão possíveis quando houver um colapso geral no trânsito.
B
O Dia Mundial Sem Carro é útil para estimular reflexões acerca das condições ambientais.
C
Os paliativos podem ajudar na conscientização para o problema do congestionamento de trânsito.
D
Para o entrevistado, a mobilidade pode ser melhorada com a criação de grandes estacionamentos.
E
A noção atual de mobilidade não necessita de reavaliação.
b1a5ee43-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Enquanto especialistas mundiais se debatem sobre as formas de conter o aquecimento global, cientistas se reúnem no Egito em busca de respostas do passado faraônico que ajudem a enfrentar os problemas ambientais do presente [...]
[...] Há muito tempo, os efeitos das mudanças climáticas têm sido negligenciadas no país, que depende amplamente do fértil delta do Nilo para alimentar sua crescente população, em meio a preocupações sobre a erosão do solo.
Na conferência de três dias, inaugurada no último domingo, especialistas esperam compreender como os antigos egípcios, que foram capazes de erguer as pirâmides, lidavam com as mudanças do clima [...]
[...] O IFAO uniu forças com o CNRS (Centro Nacional de Pesquisas francês) e o Conselho Supremo de Antiguidades do Egito em torno de um ‘brainstorming’ que ajudasse os especialistas a encontrarem soluções para o futuro.
A meta das discussões é resgatar evidências arqueológicas e geológicas que possam explicar como os antigos sobreviveram às mudanças climáticas e quais lições podem ser tiradas daí. Especialistas do CNRS, Pierre Zignani e Matthieu Ghilardi acreditam que muito pode ser aprendido dos arquitetos que criaram templos milenares capazes de resistir aos ataques do tempo.
‘Fortes chuvas provocadas pelas mudanças climáticas no último milênio e grandes inundações do rio Nilo foram consideradas pelos arquitetos ao construir as estruturas religiosas’, destacaram, em artigo conjunto.
Pesquisar o passado ‘pode trazer informações sobre nosso conhecimento fundamental atual e novas informações críticas para a nossa comunidade.’ ”

Disponível em: http://www1.folha. uol. com.br/ambiente /802363-geoarqueologia- busca-solucoes- para- questoesclimaticas-no-egito-faraonico. shtml.


A partir da leitura do texto, podemos depreender que:

A
Para os especialistas do CNRS, as fortes chuvas provocadas pelas mudanças climáticas em nada influenciaram os antigos arquitetos egípcios para a construção de estruturas religiosas.
B
A pesquisa ao passado pode contribuir para o estudo de soluções para as questões ambientais.
C
O Egito caracteriza-se, atualmente, por uma constante busca para solucionar os problemas causados pelas mudanças climáticas.
D
O delta do Nilo está livre de problemas como a erosão do solo.
E
A riqueza arqueológica do Egito o livra de problemas ambientais.
b19efeae-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A partir da afirmação de Paiva, podemos dizer que:

Em um artigo da Redação do site UOL, lemos:


     “O Dia Mundial Sem Carro foi comemorado pela primeira vez em 1998, na França. Com o tempo, a mobilização se estendeu por países europeus e chegou a outros continentes. No Brasil, o evento ocorreu pela primeira vez em 2001.”

     Em entrevista ao UOL Ciência e Saúde, Lincoln Paiva (LP), coordenador no Brasil do Dia Mundial Sem Carro, afirma:

     “LP: O Dia Mundial Sem Carro é um dia para as pessoas pensarem em como elas poderiam contribuir com uma cidade mais sustentável sob o ponto de vista da mobilidade, não é um dia contra os automóveis. É possível planejar nossa mobilidade sem ter que depender do carro para tudo. Muitas pessoas utilizam o carro para fazer qualquer coisa, inclusive para realização de trajetos que poderiam ser feitos a pé. Outro fator é o status social: a maioria das pessoas tem o transporte público como coisa de pobre, o que não deveria ser uma verdade. O transporte coletivo serve para diminuir o trânsito da cidade; utilizado com inteligência, é possível melhorar a qualidade de vida das pessoas.”


Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ ultimas-noticias/2010/09/22/para-ambi.
A
O Dia Mundial Sem Carro traz benefícios somente do ponto de vista ambiental.
B
O transporte coletivo é coisa de pobre.
C
As pessoas que têm carro preferem usá-lo somente quando necessário.
D
O Dia Mundial Sem Carro é uma tentativa de banir o automóvel de nossa sociedade.
E
Segundo o entrevistado, há necessidade de rever a opinião das pessoas em relação ao transporte público.
b19b12a0-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“– O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias [...]

[...]

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta [...]”

Disponível em: http://www.culturabrasil.pro.br/joaocabral demelonetoo.html.


Tomando a leitura e a interpretação dos fragmentos anteriores, e também as características da poesia modernista da Geração de 45, da qual João Cabral de Melo Neto é um dos expoentes, podemos dizer que:


I. A poesia de 45 caracteriza-se pela renovação estética.

II. O poema Morte e vida severina desenvolve temas relacionados ao social, à moral e ao político.

III. Embora o poema Morte e vida severina seja um auto de Natal de tradição ibérica, a métrica de seus versos não segue o modelo da tradição.


Das afirmações acima:

A
Somente a afirmação I está correta.
B
Somente a afirmação II está correta.
C
Estão corretas as afirmações II e III.
D
As afirmações I e II estão corretas.
E
Somente a afirmação III está correta.
b193d5de-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disso.”

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 64. ed. Rio de Janeiro: Record, 1993. p.54. (Fragmento).


A partir da leitura do fragmento acima, e também com base em toda a obra Vidas secas, pode-se afirmar que:

A
As personagens adultas não são identificadas por nomes.
B
O papagaio atrapalhava a caminhada da família.
C
A família era composta por seis integrantes: quatro humanos, um papagaio e uma cachorra. Para não morrerem de fome, a família se alimenta do papagaio.
D
Toda a família é identificada segundo uma classificação por espécie.
E
A família decidiu sacrificar o papagaio porque ele era o único identificado apenas pela espécie.
b18db1a6-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Carlos Drummond de Andrade é um grande poeta da denominada Segunda Geração do Modernismo cujas principais características são:


I. Grande preocupação com a renovação da linguagem.

II. Arte pela arte.

III. Produção com forte dimensão social.


Das afirmações anteriores:

A
Somente a afirmação I está correta.
B
Somente a afirmação II está correta.
C
Somente a afirmação III está correta.
D
As afirmações I e III estão corretas.
E
As afirmações II e III estão corretas.
b183ac86-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Pela leitura dos fragmentos dessa reportagem, podemos depreender que o assunto nela tratado refere-se à relação homem e meio ambiente, fato que também faz parte de uma das seguintes obras da Literatura Brasileira:

Leia os fragmentos a seguir, retirados da reportagem “Cientistas criam árvore artificial contra aquecimento global”, publicada no site da BBC, disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ noticias/2009/07/090708arvoressinteticasebc.shtml.


    “Um grupo de cientistas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, anunciou ter criado árvores artificiais que podem ajudar no combate ao aquecimento global, já que absorvem CO2 da atmosfera quase mil vezes mais rapidamente do que árvores de verdade.
    [...] Embora alguns ambientalistas critiquem os métodos de enterrar dióxido de carbono, Lackner afirma que o uso de suas árvores daria ao mundo tempo para encontrar alternativas melhores, como, por exemplo, o desenvolvimento de energias ‘limpas’, que não produzem gases.
     [...] De acordo com Klaus Lackner, cada uma dessas árvores artificiais poderia absorver uma tonelada de dióxido de carbono por dia, tirando da atmosfera CO2 equivalente ao produzido por 20 carros.
    [...] ‘O mundo produz cerca de 70 milhões de carros por ano, quer dizer, a produção de unidades neste patamar é certamente possível e também existe espaço suficiente no mundo para instalar as máquinas,’ disse [...]” 
A
Vidas secas, de Graciliano Ramos.
B
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
C
Álbum de família, de Nelson Rodrigues.
D
José, de Carlos Drummond de Andrade.
E
Uma galinha, de Clarice Lispector.
b186f431-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo o cientista Klaus Lackner: “O mundo produz cerca de 70 milhões de carros por ano, quer dizer, a produção de unidades neste patamar é certamente possível e também existe espaço suficiente no mundo para instalar as máquinas.”


Ao argumentar sobre a viabilidade da produção de árvores artificiais, o cientista busca:

Leia os fragmentos a seguir, retirados da reportagem “Cientistas criam árvore artificial contra aquecimento global”, publicada no site da BBC, disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ noticias/2009/07/090708arvoressinteticasebc.shtml.


    “Um grupo de cientistas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, anunciou ter criado árvores artificiais que podem ajudar no combate ao aquecimento global, já que absorvem CO2 da atmosfera quase mil vezes mais rapidamente do que árvores de verdade.
    [...] Embora alguns ambientalistas critiquem os métodos de enterrar dióxido de carbono, Lackner afirma que o uso de suas árvores daria ao mundo tempo para encontrar alternativas melhores, como, por exemplo, o desenvolvimento de energias ‘limpas’, que não produzem gases.
     [...] De acordo com Klaus Lackner, cada uma dessas árvores artificiais poderia absorver uma tonelada de dióxido de carbono por dia, tirando da atmosfera CO2 equivalente ao produzido por 20 carros.
    [...] ‘O mundo produz cerca de 70 milhões de carros por ano, quer dizer, a produção de unidades neste patamar é certamente possível e também existe espaço suficiente no mundo para instalar as máquinas,’ disse [...]” 
A
Demonstrar que a produção de carros é excessiva.
B
Mostrar que o aquecimento global é nocivo a todos.
C
Apontar os efeitos nocivos do dióxido de carbono.
D
Demonstrar que, se podemos produzir milhões de carros, também poderemos produzir milhões de árvores artificiais.
E
Demonstrar que a árvore artificial seria responsável por toda retirada de CO2 da atmosfera.
b18a9c66-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o fragmento pertencente ao poema José, de Carlos Drummond de Andrade. A seguir, observe o quadro O Grito do pintor norueguês Edvard Munch, e responda ao que se pede:


“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José? [...]”




As duas obras de arte, o poema e a tela, embora pertençam, respectivamente, à Literatura e à Pintura, trazem à tona questionamentos semelhantes, como:


I- A questão das emoções humanas mais profundas frente ao mundo.

II- A possibilidade de a arte discutir o estar no mundo.

III- A angústia como sentimento inerente ao ser humano.



Das afirmações acima:

A
Somente a afirmação I está correta.
B
Somente a afirmação II está correta.
C
Somente a afirmação III está correta.
D
As afirmações I, II e III estão incorretas.
E
As afirmações I, II e III estão corretas.
b190c2d1-e8
UFAC 2011 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Metáfora
Composição: Gilberto Gil - 1982

“Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: 'Lata'
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: 'Meta'
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora"

Disponível em: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/487564/.



Na música Metáfora, de Gilberto Gil, há, entre outras coisas, a definição de metáfora, uma figura de linguagem que também é encontrada na alternativa:

A
“O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais". (Carlos Drummond de Andrade).
B
“O bonde passa cheio de pernas" (Carlos Drummond de Andrade).
C
“beijou sua mulher como se fosse lógico" (Chico Buarque).
D
“Milagrosa aquela mancha verde, e úmida, macia, quase irreal" (Augosto Meyer).
E
toda gente homenageia Januária na janela” (Chico Buarque).
c754cad2-de
UFAC 2009, UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o trecho dramático abaixo:

“EDMUNDO (mudando de tom, apaixonadamente) – Mãe, às vezes eu sinto como se o mundo estivesse vazio, e ninguém mais existisse, a não ser nós, quer dizer, você, papai, eu e meus irmãos. Como se a nossa família fosse a única e primeira. (numa espécie de histeria) Mas não, não! (mudando de tom) Eu acho que o homem não devia sair nunca do útero materno. Devia ficar lá, toda a vida, encolhidinho, de cabeça para baixo, ou para cima, de nádega, não sei.” (RODRIGUES, N. Álbum de família. Teatro completo. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 556-7)

“Álbum de família” é uma das mais famosas peças de Nélson Rodrigues e trata de temas obsessivos de sua poética teatral, como, no caso, a fixação do filho na mãe. Nessa peça toda a família está condenada a autoconsumir-se de uma maneira avassaladora por meio de paixões incestuosas irrefreáveis. No trecho acima, o filho tenta, numa desesperada fala, reunir forças, para convencer a mãe de sua verdade endógama, e a ação dramática impõe uma contradição fundamental entre uma afirmação e outra que:

A
afirma um modo de ser estilhaçado por um desejo poderoso.
B
enfraquece a própria maneira de ele se colocar.
C
joga com perspectivas possíveis de união mãe e filho, fora da própria contradição alucinada.
D
permite domesticar o próprio desejo alucinante.
E
faz do incesto a única via de sobrevivência e afirmação da família, eliminando totalmente a culpa.
c7583fd2-de
UFAC 2009, UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

*Endogamia: os casamentos e relações se dão no mesmo grupo.


Observe o parágrafo abaixo:


“Mas que sensibilidade! Agora não apenas por causa do quadro de uvas e peras e peixe morto brilhando nas escamas. Sua sensibilidade incomodava sem ser dolorosa, como uma unha quebrada. E se quisesse podia permitir-se o luxo de se tornar ainda mais sensível, ainda podia ir mais adiante: porque era protegida por uma situação, protegida como toda a gente que atingiu uma posição na vida. Como uma pessoa a quem lhe impedem de ter a sua desgraça. Ai que infeliz que sou, minha mãe. Se quisesse podia deitar ainda mais vinho no copo e, protegida pela posição que alcançara na vida, emborrachar-se ainda mais, contanto que não perdesse o brio. E assim, mais emborrachada ainda, percorria os olhos pelo restaurante, e que desprezo pelas pessoas secas do restaurante, nenhum homem que fosse homem a valer, que fosse triste. Que desprezo pelas pessoas secas do restaurante, enquanto ela estava grossa e pesada, generosa a mais não poder. E tudo no restaurante tão distante um do outro como se jamais um pudesse falar com o outro. Cada um por si, e lá Deus por toda a gente.” (LISPECTOR, C. Devaneio e embriaguez de uma rapariga. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 14-5)


Clarice Lispector se caracterizou por uma escrita bastante sensível e precisa, em busca de uma revelação maior do sujeito, na sua inglória afirmação de ser. Sua capacidade de percepção do mínimo dava a ela uma condição bastante elegante na hora de tecer elementos capazes de propor uma leitura da condição humana em luta consigo mesma. No conto, Clarice se esmerou na capacidade de atingir o alvo com mais brevidade e ambição econômica de espaço. No parágrafo do conto acima, o personagem é descrito tentando juntar duas pontas, a dele e a dos outros à sua volta, no restaurante, mas, enquanto se embriaga, não deixa de cavar um imenso abismo entre ele e o próprio mundo. Isso significa que:

A
por trás de sua aparência não há mais nada que valha a pena. 
B
a embriaguez se torna, apenas, uma maneira de a moça exibir, sobretudo, a sua condição social privilegiada. 
C
a relação com o mundo depende somente de um pequeno acerto de contas consigo mesma, depois de passada a embriaguez. 
D
para a moça, no momento da embriaguez, a sua sensibilidade era uma aposta no impossível de uma compreensão total. 
E
o próprio mundo poderia se adequar ao seu desejo de compreensão, porque a embriaguez não tinha importância nenhuma na sua revelação. 
c7519ac7-de
UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o trecho do poema abaixo:


“ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO

– Essa cova em que estás,

com palmos medida

é a conta menor

que tiraste em vida.

– É de bom tamanho,

nem largo nem fundo

é a parte que te cabe

deste latifúndio.

– Não é cova grande,

é cova medida,

é a terra que querias

ver dividida.

– É uma cova grande

para teu pouco defunto

mas estarás mais ancho

que estavas no mundo.

– É uma cova grande

para teu defunto parco,

porém mais que no mundo

te sentirás largo.

– É uma cova grande

para tua carne pouca,

mas a terra dada

não se abre a boca.”

(MELO NETO, J.C. Morte e vida severina: auto de natal pernambucano. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 159-160)


Em “Morte e vida severina”, João Cabral de Melo Neto recupera uma tradição medieval para traçar o percurso de mais um nordestino tangido pela seca. Por meio dele temos o duro testemunho de um personagem anônimo que percorre o agreste até o Capibaribe, mostrando-nos uma geografia de escassez e desolação que, ao final, é atenuada com um nascimento que representa a esperança cristã na vida. O trecho acima dramatiza o funeral de um lavrador e as vozes declamando representam:

A
uma demonstração de consciência revolucionária diante da exploração do trabalhador rural.
B
uma convicção exagerada na vida pós-morte.
C
uma consciência resignada diante das condições de trabalho do trabalhador rural.
D
uma proposta de desafio às forças inclementes do capital.
E
uma proposta de parceria com os grandes latifúndios para a harmonia no campo.
c74e8668-de
UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe as estrofes do poema abaixo:


“No deserto de Itabira

a sombra de meu pai

tomou-me pela mão.

Tanto tempo perdido.

Porém nada dizia.

Suspiro? Voo de pássaro?

Porém nada dizia.


Longamente caminhamos.

Aqui havia uma casa.

A montanha era maior.

Tantos mortos amontoados,

o tempo roendo os mortos.

E nas casas em ruína,

desprezo frio, umidade.

Porém nada dizia.


A rua que atravessava

a cavalo, de galope,

seu relógio. Sua roupa.

Seus papéis de circunstância.

Suas histórias de amor.

Há um abrir de baús

e de lembranças violentas.

Porém nada dizia.


No deserto de Itabira

as coisas voltam a existir,

irrespiráveis e súbitas.

O mercado de desejos

expõe seus tristes tesouros;

meu anseio de fugir;

mulheres nuas; remorso.

Porém nada dizia.” (...)

(ANDRADE, C.D. “Viagem na família”. José. Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 72)


O poema “Viagem na família”, de Carlos Drummond de Andrade, é uma investigação poderosa nos subterrâneos de uma tradicional família no interior de Minas Gerais, onde o contato com o passado se revela por meio de imagens provocantes, desvelando marcas de uma consciência poética muito sensível. No final de cada estrofe, a repetição terrível do silêncio do fantasma paterno, que precisa ser decifrado, mas o que ela sugere:

A
é a suspeita de que a decadência é o único orgulho que restou.
B
é o despeito de não poder ser maior do que o pai.
C
é a certeza de se tornar um complexado sem oportunidades de se afirmar na vida.
D
é a contaminação de um mundo que o eu lírico precisa esquecer.
E
é a necessidade de convivência com um passado que lhe cobrará infinitamente uma visita.
c747eff7-de
UFAC 2009, UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o trecho abaixo:

“Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era que nem marca dum pé gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão de Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava louro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas.” (ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 22.ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. p. 29- 30)

Na passagem acima, Mário de Andrade retoma uma tradição de contar histórias, onde Macunaíma, o herói da nossa gente, representa uma espécie de símbolo de afirmação da nossa mestiçagem que até então, antes do modernismo, era vista como sinal de inferioridade. Ao sair da água encantada, porém, ele consegue ficar branco, enquanto seus dois irmãos, mais adiante, continuam com os traços indígenas e negroides. Essa metáfora compõe, junto com a forma de contar histórias:

A
o pobre cenário de nossa relação com o passado.
B
o irremediável apego a uma tradição narrativa, sem mais sentido para a época.
C
o mergulho nas nossas raízes e o desafio de compreendê-las na sua complexidade.
D
uma discussão que confirma, apenas, a falta de sentido de nossa malandragem, como marca da nossa identidade.
E
a abertura para todos os ufanismos e exageros nacionalistas que marcariam a nossa trajetória de desembaraço de contradições.
c73d509f-de
UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o parágrafo abaixo:


“Em 2006, foi condenado pelo crime em júri popular. No mesmo ano, teve a sentença confirmada pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo e, dois anos mais tarde, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Como explicar o fato de que continua livre? A resposta está, sobretudo, numa mudança ideológica que começou a tomar corpo no Supremo Tribunal Federal (STF) no início dos anos 2000. Até a década de 90, o STF era composto de uma maioria de ministros ditos conservadores – termo que – em direito penal, indica aqueles que têm uma interpretação rigorosa da lei, em oposição, por exemplo, aos ‘garantistas’, mais preocupados em assegurar os direitos fundamentais do réu. Grossíssimo modo, conservadores seriam aqueles que mandam prender e garantistas, ou liberais, aqueles que mandam soltar. A partir de 2003, o colegiado de onze magistrados do STF sofreu sete substituições. O fato de quase todos os novos ministros serem liberais levou a que uma tese passasse a prevalecer nas decisões do tribunal: o princípio da presunção da inocência, segundo o qual ninguém será considerado culpado antes que todos os recursos da defesa sejam julgados. No tempo da supremacia conservadora no STF, entendia-se que uma condenação em segunda instância era suficiente para que o réu pudesse ser preso. Agora, com a hegemonia garantista, desde que ele tenha dinheiro para pagar bons advogados e entrar com sucessivos recursos na Justiça, poderá ficar solto até a palavra final do STF, ainda que isso leve quase uma década – como no caso de Pimenta Neves.” (DINIS, L. Quase uma década de impunidade. Veja, São Paulo, 23 set. 2009. Brasil, p. 74)


Em qual das expressões abaixo, a jornalista dá entrada para uma mudança de expectativa no processo de compreensão dos termos jurídicos em foco, de forma mais clara:

A
“no mesmo ano”
B
“dois anos mais tarde”.
C
“até a década de 90”.
D
“grossíssimo modo”
E
“no tempo da supremacia conservadora”.
c744351a-de
UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o parágrafo abaixo:

“Começo arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás íntimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...” (ASSIS, J.M.M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s.d. p. 126)

Ao final do parágrafo, o narrador trabalha com elementos polares (pressa de envelhecer versus o livro que anda devagar; estilo regular versus estilo ébrio) e termina com uma gradação às avessas, pois o seu estilo e o livro “caem”, por fim. Essa qualidade crítica que ele dá à sua obra corresponde:

A
à implacável necessidade de se manter dentro dos códigos habituais da literatura do século 19.
B
à busca de um leitor idealizado que negue definitivamente a sua herança romântica.
C
à falta de novidades de um país, a se autocontemplar na sua esterilidade.
D
à necessidade de submissão aos padrões importados, sem nenhum compromisso estético maior.
E
à alta percepção da transição dos valores que a obra machadiana começava a desafiar.
c740f912-de
UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o parágrafo abaixo:

“Começo arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás íntimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...” (ASSIS, J.M.M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s.d. p. 126)

Na passagem acima, o narrador de Machado de Assis se apresenta, de maneira desiludida, quanto aos caminhos da sua narração, e dá ao seu livro um caráter demeritório e responsabiliza o leitor por isso. Nesse caso, esta obra, que é um verdadeiro divisor de águas na ficção brasileira, no século 19, pretende-se por meio do domínio irônico:

A
um reforço dos estigmas que marcaram a relação entre leitor e literatura em nosso país.
B
estabelecer novos códigos de percepção na relação leitor e ficção.
C
ser otimista em relação à herança romântica e ao leitor que advém daí.
D
confirmar as metas estabelecidas por uma literatura que não precisa mais de renovação.
E
desrespeitar qualquer outra intenção em relação à obra que não seja a do autor.