Questão c7519ac7-de
Prova:UFAC 2009
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o trecho do poema abaixo:


“ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO

– Essa cova em que estás,

com palmos medida

é a conta menor

que tiraste em vida.

– É de bom tamanho,

nem largo nem fundo

é a parte que te cabe

deste latifúndio.

– Não é cova grande,

é cova medida,

é a terra que querias

ver dividida.

– É uma cova grande

para teu pouco defunto

mas estarás mais ancho

que estavas no mundo.

– É uma cova grande

para teu defunto parco,

porém mais que no mundo

te sentirás largo.

– É uma cova grande

para tua carne pouca,

mas a terra dada

não se abre a boca.”

(MELO NETO, J.C. Morte e vida severina: auto de natal pernambucano. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 159-160)


Em “Morte e vida severina”, João Cabral de Melo Neto recupera uma tradição medieval para traçar o percurso de mais um nordestino tangido pela seca. Por meio dele temos o duro testemunho de um personagem anônimo que percorre o agreste até o Capibaribe, mostrando-nos uma geografia de escassez e desolação que, ao final, é atenuada com um nascimento que representa a esperança cristã na vida. O trecho acima dramatiza o funeral de um lavrador e as vozes declamando representam:

A
uma demonstração de consciência revolucionária diante da exploração do trabalhador rural.
B
uma convicção exagerada na vida pós-morte.
C
uma consciência resignada diante das condições de trabalho do trabalhador rural.
D
uma proposta de desafio às forças inclementes do capital.
E
uma proposta de parceria com os grandes latifúndios para a harmonia no campo.

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