Observe o trecho do poema abaixo:
“ASSISTE AO ENTERRO DE UM
TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O
LEVARAM AO CEMITÉRIO
– Essa cova em que estás,
com palmos medida
é a conta menor
que tiraste em vida.
– É de bom tamanho,
nem largo nem fundo
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
– Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
– É uma cova grande
para teu pouco defunto
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
– É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
– É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca.”
(MELO NETO, J.C. Morte e vida severina: auto de
natal pernambucano. Serial e antes. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1997. p. 159-160)
Em “Morte e vida severina”, João Cabral de
Melo Neto recupera uma tradição medieval para
traçar o percurso de mais um nordestino tangido
pela seca. Por meio dele temos o duro testemunho
de um personagem anônimo que percorre o agreste
até o Capibaribe, mostrando-nos uma geografia de
escassez e desolação que, ao final, é atenuada com
um nascimento que representa a esperança cristã na
vida. O trecho acima dramatiza o funeral de um
lavrador e as vozes declamando representam:
Observe o trecho do poema abaixo:
“ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO
– Essa cova em que estás,
com palmos medida
é a conta menor
que tiraste em vida.
– É de bom tamanho,
nem largo nem fundo
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
– Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
– É uma cova grande
para teu pouco defunto
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
– É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
– É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca.”
(MELO NETO, J.C. Morte e vida severina: auto de natal pernambucano. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 159-160)
Em “Morte e vida severina”, João Cabral de Melo Neto recupera uma tradição medieval para traçar o percurso de mais um nordestino tangido pela seca. Por meio dele temos o duro testemunho de um personagem anônimo que percorre o agreste até o Capibaribe, mostrando-nos uma geografia de escassez e desolação que, ao final, é atenuada com um nascimento que representa a esperança cristã na vida. O trecho acima dramatiza o funeral de um lavrador e as vozes declamando representam: