Questão c74e8668-de
Prova:UFAC 2009
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe as estrofes do poema abaixo:


“No deserto de Itabira

a sombra de meu pai

tomou-me pela mão.

Tanto tempo perdido.

Porém nada dizia.

Suspiro? Voo de pássaro?

Porém nada dizia.


Longamente caminhamos.

Aqui havia uma casa.

A montanha era maior.

Tantos mortos amontoados,

o tempo roendo os mortos.

E nas casas em ruína,

desprezo frio, umidade.

Porém nada dizia.


A rua que atravessava

a cavalo, de galope,

seu relógio. Sua roupa.

Seus papéis de circunstância.

Suas histórias de amor.

Há um abrir de baús

e de lembranças violentas.

Porém nada dizia.


No deserto de Itabira

as coisas voltam a existir,

irrespiráveis e súbitas.

O mercado de desejos

expõe seus tristes tesouros;

meu anseio de fugir;

mulheres nuas; remorso.

Porém nada dizia.” (...)

(ANDRADE, C.D. “Viagem na família”. José. Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 72)


O poema “Viagem na família”, de Carlos Drummond de Andrade, é uma investigação poderosa nos subterrâneos de uma tradicional família no interior de Minas Gerais, onde o contato com o passado se revela por meio de imagens provocantes, desvelando marcas de uma consciência poética muito sensível. No final de cada estrofe, a repetição terrível do silêncio do fantasma paterno, que precisa ser decifrado, mas o que ela sugere:

A
é a suspeita de que a decadência é o único orgulho que restou.
B
é o despeito de não poder ser maior do que o pai.
C
é a certeza de se tornar um complexado sem oportunidades de se afirmar na vida.
D
é a contaminação de um mundo que o eu lírico precisa esquecer.
E
é a necessidade de convivência com um passado que lhe cobrará infinitamente uma visita.

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo