Questão c740f912-de
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Observe o parágrafo abaixo:
“Começo arrepender-me deste livro. Não que ele me
canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir
alguns magros capítulos para esse mundo sempre é
tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o
livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa
contração cadavérica; vício grave, e aliás íntimo,
porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu
tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu
amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e
fluente, e este livro e o meu estilo são como ébrios,
guinam à direita e à esquerda, andam e param,
resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu,
escorregam e caem...” (ASSIS, J.M.M. Memórias
póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro,
Tecnoprint, s.d. p. 126)
Na passagem acima, o narrador de Machado de
Assis se apresenta, de maneira desiludida, quanto
aos caminhos da sua narração, e dá ao seu livro um
caráter demeritório e responsabiliza o leitor por isso.
Nesse caso, esta obra, que é um verdadeiro divisor
de águas na ficção brasileira, no século 19,
pretende-se por meio do domínio irônico:
Observe o parágrafo abaixo:
“Começo arrepender-me deste livro. Não que ele me
canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir
alguns magros capítulos para esse mundo sempre é
tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o
livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa
contração cadavérica; vício grave, e aliás íntimo,
porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu
tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu
amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e
fluente, e este livro e o meu estilo são como ébrios,
guinam à direita e à esquerda, andam e param,
resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu,
escorregam e caem...” (ASSIS, J.M.M. Memórias
póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro,
Tecnoprint, s.d. p. 126)
Na passagem acima, o narrador de Machado de
Assis se apresenta, de maneira desiludida, quanto
aos caminhos da sua narração, e dá ao seu livro um
caráter demeritório e responsabiliza o leitor por isso.
Nesse caso, esta obra, que é um verdadeiro divisor
de águas na ficção brasileira, no século 19,
pretende-se por meio do domínio irônico:
A
um reforço dos estigmas que marcaram a relação
entre leitor e literatura em nosso país.
B
estabelecer novos códigos de percepção na relação leitor e ficção.
C
ser otimista em relação à herança romântica e ao leitor que advém daí.
D
confirmar as metas estabelecidas por uma literatura que não precisa mais de renovação.
E
desrespeitar qualquer outra intenção em relação à obra que não seja a do autor.