Questõesde UFAC sobre Interpretação de Textos
“Enquanto especialistas mundiais se debatem
sobre as formas de conter o aquecimento global,
cientistas se reúnem no Egito em busca de respostas
do passado faraônico que ajudem a enfrentar os
problemas ambientais do presente [...]
[...] Há muito tempo, os efeitos das mudanças
climáticas têm sido negligenciadas no país, que
depende amplamente do fértil delta do Nilo para
alimentar sua crescente população, em meio a
preocupações sobre a erosão do solo. Na conferência de três dias, inaugurada no
último domingo, especialistas esperam compreender
como os antigos egípcios, que foram capazes de
erguer as pirâmides, lidavam com as mudanças do
clima [...]
[...] O IFAO uniu forças com o CNRS (Centro
Nacional de Pesquisas francês) e o Conselho
Supremo de Antiguidades do Egito em torno de um
‘brainstorming’ que ajudasse os especialistas a
encontrarem soluções para o futuro.
A meta das discussões é resgatar evidências
arqueológicas e geológicas que possam explicar
como os antigos sobreviveram às mudanças
climáticas e quais lições podem ser tiradas daí.
Especialistas do CNRS, Pierre Zignani e Matthieu
Ghilardi acreditam que muito pode ser aprendido
dos arquitetos que criaram templos milenares
capazes de resistir aos ataques do tempo.
‘Fortes chuvas provocadas pelas mudanças
climáticas no último milênio e grandes inundações
do rio Nilo foram consideradas pelos arquitetos ao
construir as estruturas religiosas’, destacaram, em
artigo conjunto. Pesquisar o passado ‘pode trazer informações
sobre nosso conhecimento fundamental atual e novas informações críticas para a nossa
comunidade.’ ”
Disponível em: http://www1.folha. uol. com.br/ambiente
/802363-geoarqueologia- busca-solucoes- para- questoesclimaticas-no-egito-faraonico. shtml.
A partir da leitura do texto, podemos depreender
que:
A partir da afirmação de Paiva, podemos dizer
que:
“– O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias [...]
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta [...]”
Disponível em: http://www.culturabrasil.pro.br/joaocabral
demelonetoo.html.
Tomando a leitura e a interpretação dos
fragmentos anteriores, e também as características
da poesia modernista da Geração de 45, da qual
João Cabral de Melo Neto é um dos expoentes,
podemos dizer que:
I. A poesia de 45 caracteriza-se pela renovação
estética.
II. O poema Morte e vida severina desenvolve
temas relacionados ao social, à moral e ao político.
III. Embora o poema Morte e vida severina seja
um auto de Natal de tradição ibérica, a métrica de
seus versos não segue o modelo da tradição.
Das afirmações acima:
“Ainda na véspera eram seis viventes,
contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia
do rio, onde haviam descansado, à beira de uma
poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali
não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a
cabeça, os ossos do amigo, e não guardava
lembrança disso.”
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 64. ed. Rio de Janeiro:
Record, 1993. p.54. (Fragmento).
A partir da leitura do fragmento acima, e também
com base em toda a obra Vidas secas, pode-se
afirmar que:
Carlos Drummond de Andrade é um grande poeta
da denominada Segunda Geração do Modernismo
cujas principais características são:
I. Grande preocupação com a renovação da
linguagem.
II. Arte pela arte.
III. Produção com forte dimensão social.
Das afirmações anteriores:
Pela leitura dos fragmentos dessa reportagem,
podemos depreender que o assunto nela tratado
refere-se à relação homem e meio ambiente, fato
que também faz parte de uma das seguintes obras
da Literatura Brasileira:
Segundo o cientista Klaus Lackner: “O mundo
produz cerca de 70 milhões de carros por ano, quer
dizer, a produção de unidades neste patamar é
certamente possível e também existe espaço
suficiente no mundo para instalar as máquinas.”
Ao argumentar sobre a viabilidade da produção de
árvores artificiais, o cientista busca:
Leia o fragmento pertencente ao poema José, de
Carlos Drummond de Andrade. A seguir, observe o
quadro O Grito do pintor norueguês Edvard Munch,
e responda ao que se pede:
“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta,
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José? [...]”
As duas obras de arte, o poema e a tela, embora
pertençam, respectivamente, à Literatura e à Pintura,
trazem à tona questionamentos semelhantes, como:
I- A questão das emoções humanas mais profundas
frente ao mundo.
II- A possibilidade de a arte discutir o estar no
mundo.
III- A angústia como sentimento inerente ao ser
humano.
Das afirmações acima:
MetáforaComposição: Gilberto Gil - 1982
“Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: 'Lata'
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: 'Meta'
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora"
Disponível em: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/487564/.
Na música Metáfora, de Gilberto Gil, há, entre
outras coisas, a definição de metáfora, uma figura de linguagem que também é encontrada na alternativa:
Observe o trecho dramático abaixo:
“EDMUNDO (mudando de tom, apaixonadamente)
– Mãe, às vezes eu sinto como se o mundo estivesse
vazio, e ninguém mais existisse, a não ser nós, quer
dizer, você, papai, eu e meus irmãos. Como se a
nossa família fosse a única e primeira. (numa
espécie de histeria) Mas não, não! (mudando de
tom) Eu acho que o homem não devia sair nunca do
útero materno. Devia ficar lá, toda a vida,
encolhidinho, de cabeça para baixo, ou para cima,
de nádega, não sei.” (RODRIGUES, N. Álbum de
família. Teatro completo. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1994. p. 556-7)
“Álbum de família” é uma das mais famosas
peças de Nélson Rodrigues e trata de temas
obsessivos de sua poética teatral, como, no caso, a
fixação do filho na mãe. Nessa peça toda a família
está condenada a autoconsumir-se de uma maneira
avassaladora por meio de paixões incestuosas
irrefreáveis. No trecho acima, o filho tenta, numa
desesperada fala, reunir forças, para convencer a
mãe de sua verdade endógama, e a ação dramática
impõe uma contradição fundamental entre uma
afirmação e outra que:
*Endogamia: os casamentos e relações se dão no
mesmo grupo.
Observe o parágrafo abaixo:
“Mas que sensibilidade! Agora não apenas por causa
do quadro de uvas e peras e peixe morto brilhando
nas escamas. Sua sensibilidade incomodava sem ser
dolorosa, como uma unha quebrada. E se quisesse
podia permitir-se o luxo de se tornar ainda mais sensível, ainda podia ir mais adiante: porque era
protegida por uma situação, protegida como toda a
gente que atingiu uma posição na vida. Como uma
pessoa a quem lhe impedem de ter a sua desgraça.
Ai que infeliz que sou, minha mãe. Se quisesse
podia deitar ainda mais vinho no copo e, protegida
pela posição que alcançara na vida, emborrachar-se
ainda mais, contanto que não perdesse o brio. E
assim, mais emborrachada ainda, percorria os olhos
pelo restaurante, e que desprezo pelas pessoas secas
do restaurante, nenhum homem que fosse homem a
valer, que fosse triste. Que desprezo pelas pessoas
secas do restaurante, enquanto ela estava grossa e
pesada, generosa a mais não poder. E tudo no
restaurante tão distante um do outro como se jamais
um pudesse falar com o outro. Cada um por si, e lá
Deus por toda a gente.” (LISPECTOR, C. Devaneio
e embriaguez de uma rapariga. Laços de família.
Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 14-5)
Clarice Lispector se caracterizou por uma escrita
bastante sensível e precisa, em busca de uma
revelação maior do sujeito, na sua inglória
afirmação de ser. Sua capacidade de percepção do
mínimo dava a ela uma condição bastante elegante
na hora de tecer elementos capazes de propor uma
leitura da condição humana em luta consigo mesma.
No conto, Clarice se esmerou na capacidade de
atingir o alvo com mais brevidade e ambição
econômica de espaço. No parágrafo do conto acima,
o personagem é descrito tentando juntar duas
pontas, a dele e a dos outros à sua volta, no
restaurante, mas, enquanto se embriaga, não deixa
de cavar um imenso abismo entre ele e o próprio
mundo. Isso significa que:
*Endogamia: os casamentos e relações se dão no mesmo grupo.
Observe o parágrafo abaixo:
“Mas que sensibilidade! Agora não apenas por causa do quadro de uvas e peras e peixe morto brilhando nas escamas. Sua sensibilidade incomodava sem ser dolorosa, como uma unha quebrada. E se quisesse podia permitir-se o luxo de se tornar ainda mais sensível, ainda podia ir mais adiante: porque era protegida por uma situação, protegida como toda a gente que atingiu uma posição na vida. Como uma pessoa a quem lhe impedem de ter a sua desgraça. Ai que infeliz que sou, minha mãe. Se quisesse podia deitar ainda mais vinho no copo e, protegida pela posição que alcançara na vida, emborrachar-se ainda mais, contanto que não perdesse o brio. E assim, mais emborrachada ainda, percorria os olhos pelo restaurante, e que desprezo pelas pessoas secas do restaurante, nenhum homem que fosse homem a valer, que fosse triste. Que desprezo pelas pessoas secas do restaurante, enquanto ela estava grossa e pesada, generosa a mais não poder. E tudo no restaurante tão distante um do outro como se jamais um pudesse falar com o outro. Cada um por si, e lá Deus por toda a gente.” (LISPECTOR, C. Devaneio e embriaguez de uma rapariga. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 14-5)
Clarice Lispector se caracterizou por uma escrita bastante sensível e precisa, em busca de uma revelação maior do sujeito, na sua inglória afirmação de ser. Sua capacidade de percepção do mínimo dava a ela uma condição bastante elegante na hora de tecer elementos capazes de propor uma leitura da condição humana em luta consigo mesma. No conto, Clarice se esmerou na capacidade de atingir o alvo com mais brevidade e ambição econômica de espaço. No parágrafo do conto acima, o personagem é descrito tentando juntar duas pontas, a dele e a dos outros à sua volta, no restaurante, mas, enquanto se embriaga, não deixa de cavar um imenso abismo entre ele e o próprio mundo. Isso significa que:
Observe o trecho do poema abaixo:
“ASSISTE AO ENTERRO DE UM
TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O
LEVARAM AO CEMITÉRIO
– Essa cova em que estás,
com palmos medida
é a conta menor
que tiraste em vida.
– É de bom tamanho,
nem largo nem fundo
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
– Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
– É uma cova grande
para teu pouco defunto
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
– É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
– É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca.”
(MELO NETO, J.C. Morte e vida severina: auto de
natal pernambucano. Serial e antes. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1997. p. 159-160)
Em “Morte e vida severina”, João Cabral de
Melo Neto recupera uma tradição medieval para
traçar o percurso de mais um nordestino tangido
pela seca. Por meio dele temos o duro testemunho
de um personagem anônimo que percorre o agreste
até o Capibaribe, mostrando-nos uma geografia de
escassez e desolação que, ao final, é atenuada com
um nascimento que representa a esperança cristã na
vida. O trecho acima dramatiza o funeral de um
lavrador e as vozes declamando representam:
Observe o trecho do poema abaixo:
“ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO
– Essa cova em que estás,
com palmos medida
é a conta menor
que tiraste em vida.
– É de bom tamanho,
nem largo nem fundo
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
– Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
– É uma cova grande
para teu pouco defunto
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
– É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
– É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca.”
(MELO NETO, J.C. Morte e vida severina: auto de natal pernambucano. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 159-160)
Em “Morte e vida severina”, João Cabral de Melo Neto recupera uma tradição medieval para traçar o percurso de mais um nordestino tangido pela seca. Por meio dele temos o duro testemunho de um personagem anônimo que percorre o agreste até o Capibaribe, mostrando-nos uma geografia de escassez e desolação que, ao final, é atenuada com um nascimento que representa a esperança cristã na vida. O trecho acima dramatiza o funeral de um lavrador e as vozes declamando representam:
Observe as estrofes do poema abaixo:
“No deserto de Itabira
a sombra de meu pai
tomou-me pela mão.
Tanto tempo perdido.
Porém nada dizia.
Suspiro? Voo de pássaro?
Porém nada dizia.
Longamente caminhamos.
Aqui havia uma casa.
A montanha era maior.
Tantos mortos amontoados,
o tempo roendo os mortos.
E nas casas em ruína,
desprezo frio, umidade.
Porém nada dizia.
A rua que atravessava
a cavalo, de galope,
seu relógio. Sua roupa.
Seus papéis de circunstância.
Suas histórias de amor.
Há um abrir de baús
e de lembranças violentas.
Porém nada dizia.
No deserto de Itabira
as coisas voltam a existir,
irrespiráveis e súbitas.
O mercado de desejos
expõe seus tristes tesouros;
meu anseio de fugir;
mulheres nuas; remorso.
Porém nada dizia.” (...)
(ANDRADE, C.D. “Viagem na família”. José.
Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1973. p. 72)
O poema “Viagem na família”, de Carlos
Drummond de Andrade, é uma investigação
poderosa nos subterrâneos de uma tradicional
família no interior de Minas Gerais, onde o contato
com o passado se revela por meio de imagens
provocantes, desvelando marcas de uma consciência
poética muito sensível. No final de cada estrofe, a
repetição terrível do silêncio do fantasma paterno,
que precisa ser decifrado, mas o que ela sugere:
Observe as estrofes do poema abaixo:
“No deserto de Itabira
a sombra de meu pai
tomou-me pela mão.
Tanto tempo perdido.
Porém nada dizia.
Suspiro? Voo de pássaro?
Porém nada dizia.
Longamente caminhamos.
Aqui havia uma casa.
A montanha era maior.
Tantos mortos amontoados,
o tempo roendo os mortos.
E nas casas em ruína,
desprezo frio, umidade.
Porém nada dizia.
A rua que atravessava
a cavalo, de galope,
seu relógio. Sua roupa.
Seus papéis de circunstância.
Suas histórias de amor.
Há um abrir de baús
e de lembranças violentas.
Porém nada dizia.
No deserto de Itabira
as coisas voltam a existir,
irrespiráveis e súbitas.
O mercado de desejos
expõe seus tristes tesouros;
meu anseio de fugir;
mulheres nuas; remorso.
Porém nada dizia.” (...)
(ANDRADE, C.D. “Viagem na família”. José. Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 72)
O poema “Viagem na família”, de Carlos
Drummond de Andrade, é uma investigação
poderosa nos subterrâneos de uma tradicional
família no interior de Minas Gerais, onde o contato
com o passado se revela por meio de imagens
provocantes, desvelando marcas de uma consciência
poética muito sensível. No final de cada estrofe, a
repetição terrível do silêncio do fantasma paterno,
que precisa ser decifrado, mas o que ela sugere:
Observe o trecho abaixo:
“Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no
meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era
que nem marca dum pé gigante. Abicaram. O herói
depois de muitos gritos por causa do frio da água
entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas a água era
encantada porque aquele buraco na lapa era marca
do pezão de Sumé, do tempo em que andava
pregando o evangelho de Jesus pra indiada
brasileira. Quando o herói saiu do banho estava
louro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume
dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar
nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas.”
(ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum
caráter. 22.ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. p. 29-
30)
Na passagem acima, Mário de Andrade retoma
uma tradição de contar histórias, onde Macunaíma,
o herói da nossa gente, representa uma espécie de
símbolo de afirmação da nossa mestiçagem que até
então, antes do modernismo, era vista como sinal de
inferioridade. Ao sair da água encantada, porém, ele
consegue ficar branco, enquanto seus dois irmãos,
mais adiante, continuam com os traços indígenas e
negroides. Essa metáfora compõe, junto com a
forma de contar histórias:
Observe o parágrafo abaixo:
“Em 2006, foi condenado pelo crime em júri popular. No mesmo ano, teve a sentença confirmada pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo e, dois anos mais tarde, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Como explicar o fato de que continua livre? A resposta está, sobretudo, numa mudança ideológica que começou a tomar corpo no Supremo Tribunal Federal (STF) no início dos anos 2000. Até a década de 90, o STF era composto de uma maioria de ministros ditos conservadores – termo que – em direito penal, indica aqueles que têm uma interpretação rigorosa da lei, em oposição, por exemplo, aos ‘garantistas’, mais preocupados em assegurar os direitos fundamentais do réu. Grossíssimo modo, conservadores seriam aqueles que mandam prender e garantistas, ou liberais, aqueles que mandam soltar. A partir de 2003, o colegiado de onze magistrados do STF sofreu sete substituições. O fato de quase todos os novos ministros serem liberais levou a que uma tese passasse a prevalecer nas decisões do tribunal: o princípio da presunção da inocência, segundo o qual ninguém será considerado culpado antes que todos os recursos da defesa sejam julgados. No tempo da supremacia conservadora no STF, entendia-se que uma condenação em segunda instância era suficiente para que o réu pudesse ser preso. Agora, com a hegemonia garantista, desde que ele tenha dinheiro para pagar bons advogados e entrar com sucessivos recursos na Justiça, poderá ficar solto até a palavra final do STF, ainda que isso leve quase uma década – como no caso de Pimenta Neves.” (DINIS, L. Quase uma década de impunidade. Veja, São Paulo, 23 set. 2009. Brasil, p. 74)
Em qual das expressões abaixo, a jornalista dá
entrada para uma mudança de expectativa no
processo de compreensão dos termos jurídicos em
foco, de forma mais clara:
Observe o parágrafo abaixo:
“Em 2006, foi condenado pelo crime em júri popular. No mesmo ano, teve a sentença confirmada pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo e, dois anos mais tarde, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Como explicar o fato de que continua livre? A resposta está, sobretudo, numa mudança ideológica que começou a tomar corpo no Supremo Tribunal Federal (STF) no início dos anos 2000. Até a década de 90, o STF era composto de uma maioria de ministros ditos conservadores – termo que – em direito penal, indica aqueles que têm uma interpretação rigorosa da lei, em oposição, por exemplo, aos ‘garantistas’, mais preocupados em assegurar os direitos fundamentais do réu. Grossíssimo modo, conservadores seriam aqueles que mandam prender e garantistas, ou liberais, aqueles que mandam soltar. A partir de 2003, o colegiado de onze magistrados do STF sofreu sete substituições. O fato de quase todos os novos ministros serem liberais levou a que uma tese passasse a prevalecer nas decisões do tribunal: o princípio da presunção da inocência, segundo o qual ninguém será considerado culpado antes que todos os recursos da defesa sejam julgados. No tempo da supremacia conservadora no STF, entendia-se que uma condenação em segunda instância era suficiente para que o réu pudesse ser preso. Agora, com a hegemonia garantista, desde que ele tenha dinheiro para pagar bons advogados e entrar com sucessivos recursos na Justiça, poderá ficar solto até a palavra final do STF, ainda que isso leve quase uma década – como no caso de Pimenta Neves.” (DINIS, L. Quase uma década de impunidade. Veja, São Paulo, 23 set. 2009. Brasil, p. 74)
Em qual das expressões abaixo, a jornalista dá
entrada para uma mudança de expectativa no
processo de compreensão dos termos jurídicos em
foco, de forma mais clara: