Questõesde UFGD sobre Português

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UFGD 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o texto a seguir.


Reflexões sobre o Romance Moderno


[...] A hipótese básica em que nos apoiamos é a suposição de que em cada fase histórica exista certo Zeitgeist, um espírito unificador que se comunica a todas as manifestações de culturas em contato, naturalmente com variações nacionais. Falamos nestas páginas da “cultura ocidental”, não tomando em conta as diversificações nacionais.

[...] A segunda hipótese sugere que se deva considerar, no campo das artes, como de excepcional importância o fenômeno da “desrealização” que se observa na pintura e que, há mais de meio século, vem suscitando reações pouco amáveis do público. O termo “desrealização” se refere ao fato de que a pintura deixou de ser mimética, recusando a função de reproduzir ou copiar a realidade empírica, sensível. Isso, sendo evidente no tocante à pintura abstrata ou não-figurativa, inclui também correntes figurativas como o cubismo, expressionismo ou surrealismo. Mesmo estas correntes deixaram de visar a reprodução mais ou menos fiel da realidade empírica. Esta, no expressionismo, é apenas “usada” para facilitar a expressão de emoções e visões subjetivas que lhe deformam a aparência; no surrealismo, fornece apenas elementos isolados, em contexto insólito, para apresentar a imagem onírica de um modo dissociado e absurdo; no cubismo, é apenas ponto de partida de uma redução a suas configurações geométricas subjacentes. Em todos os casos podemos falar de uma negação do realismo, se usarmos este termo no sentido mais lato, designando a tendência de reproduzir, de uma forma estilizada ou, não, idealizada ou não, a realidade apreendida pelos nossos sentidos.

ROSENFELD, Anatol. Reflexões sobre o romance moderno. In:___. Texto/contexto I. 5 ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. p. 75-97.


O curta metragem Dossiê Rê Bordosa (2008), dirigido por Cesar Cabral, explora o lúdico como estratégia de significação. Os elementos de linguagem de animação cinematográfica e a seleção dos planos, dos movimentos e das imagens registradas/apresentadas pela câmera favorecem as (re)interpretações do real possíveis ao telespectador. Tendo como base teórica as reflexões extraídas do texto de Anatol Rosenfeld (1996), importante crítico e teórico de teatro germano-brasileiro, assinale a alternativa correta sobre essa obra audiovisual.

A
Consoante à crítica de Anatol Rosenfeld, pode-se dizer que as imagens em movimento do filme estão em oposição às mensagens verbais utilizadas nas tirinhas escritas, o que deforma a leitura dos elementos da contracultura e do imaginário modernos.
B
A protagonista de Dossiê Rê Bordosa é uma forma “desrealizada”, mas objetiva, de uma mulher do movimento de Contracultura do século XX.
C
A animação produz uma desrealização da figura feminina, exaltando os valores da cultura moderna.
D
Dossiê Rê Bordosa se relaciona com as reflexões propostas por Anatol Rosenfeld, já que, enquanto representação audiovisual, produz o fenômeno da desrealização e suscita leituras críticas da contemporaneidade.
E
A animação pode ser considerada um exemplo de expressão artística contemporânea do fenômeno de “desrealização”, o que a distancia de pinturas abstratas ou não figurativas, como as do cubismo, do expressionismo e do surrealismo.
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UFGD 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o seguinte trecho do conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa. 


[...] E aí o jumento andou, e Nhô Augusto ainda deu um eco, para o cerrado ouvir:

– “Qualquer paixão me adiverte...” Oh coisa boa a gente andar solto, sem obrigação nenhuma e bem com Deus!...

E quando o jegue empacava – porque, como todo jumento, ele era terrível de queixo-duro, e tanto tinha de orelhas quanto de preconceitos, – Nhô Augusto ficava em cima, mui concorde, rezando o terço, até que o jerico se decidisse a caminhar outra vez. E também, nas encruzilhadas, deixava que o bendito asno escolhesse o caminho, bulindo com as conchas dos ouvidos e ornejando. E bastava batesse no campo o pio de uma perdiz magoada, ou viesse do mato a lália lamúria dos tucanos, para o jumento mudar de rota, perdendo à esquerda ou se empescoçando para a direita; e, por via de um gavião casaco-de-couro cruzar-lhe à frente, já ele estacava, em concentrado prazo de irresolução. ROSA, João Guimarães. A hora e a vez de Augusto Matraga. In:___. Sagarana. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 38 ed, 1984. p. 378.


O conto A hora e a vez de Augusto Matraga está localizado no espaço preferido do autor Guimarães Rosa: o sertão do norte de Minas Gerais (mas há também paisagens do sul da Bahia). O espaço favorece a construção de personagens bem típicos como jagunços, peões e fazendeiros. Tanto a psique quanto a linguagem das pessoas desse lugar aparecem matizadas pelas pressões e necessidades desse ambiente. A obra, porém, não se submete ao determinismo simplista que se limita a procurar ecos da realidade social, econômica e política na configuração ideológica dos personagens. A respeito desse conto, assinale a alternativa correta.

A
Como filho do Coronel Afonsão Esteves, das Pindaíbas e do saco-do-embira, Nhô Augusto tomou para si a tarefa de recuperar a honra do pai, que se colocara na “política do lado que perde”, as “terras no desmando, as fazendas escritas por paga”.
B
Esse fragmento de texto é uma metonímia da psique do protagonista. O pensamento leve que o toma nesse instante é revelador da personalidade do menino que ainda é temente a Deus, pautando suas atitudes pelo respeito às regras cristãs mesmo depois de adulto.
C
O coloquialismo da linguagem de Guimarães Rosa, presente na frase “Qualquer paixão me adiverte...” metaforiza a serenidade e a humildade de patrão, que, embora tenha sido educado em escolas da capital, prefere o convívio e a linguagem dos peões que administra, donde também deriva o motivo de seu nome de batismo: Augusto.
D
A trajetória de desafios enfrentados para alcançar a santidade, tão bem explorados no conto, é coroada pela violenta morte que sucede a batalha contra Joãozinho Bem-Bem.
E
No sertão mítico de Guimarães Rosa, os animais são sagrados, possuem poderes mágicos e alguns têm a capacidade de prever o futuro. Tal é o caso desse fragmento de texto tirado dos primeiros momentos da narrativa, quando Augusto Matraga concede ao jegue o poder de decidir o destino do protagonista.
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UFGD 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o trecho a seguir de A máquina do mundo, poema de Carlos Drummond de Andrade, correspondente à quarta, quinta e sexta estrofes, e assinale a alternativa correta.


[...] a máquina do mundo se entreabriu

para quem de a romper já se esquivava

e só de o ter pensado se carpia.


Abriu-se majestosa e circunspecta,

sem emitir um som que fosse impuro

nem um clarão maior que o tolerável


pelas pupilas gastas na inspeção

contínua e dolorosa do deserto,

e pela mente exausta de mentar [...]

A
As expressões “pupilas gastas”, “mente exausta de mentar” e “quem” se referem à máquina do mundo, descrita pelo eu que fala (possivelmente o poeta), referido no poema pela expressão “impuro”.
B
O poema espelha aspectos da forma modernista inerente à obra do poeta Drummond, com estrofes e versos irregulares, sem rimas, livres e brancos.
C
A expressão “se entreabriu” dá a medida do quanto a máquina do mundo se revela ao eu que fala e que a viu, isto é, de modo tímido, sem se apresentar completamente, o que pode ser constatado ao longo do poema.
D
“Se entreabriu”, “abriu-se” e “sem emitir” são expressões que contêm verbos de ação, que estruturam o gênero do poema que, apesar de ser uma “tentativa de explicação do estar no mundo” feita pelo poeta, é mais narrativo que lírico.
E
A escolha do título do poema, “A máquina do mundo”, e das estrofes estruturadas com três versos é procedimento de intertextualidade que remete o poema à tradição lírica ocidental, relacionando-o à prosa de Camões e Dante Alighieri.
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UFGD 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise os dois trechos a seguir da peça Quase ministro (encenada pela primeira vez em 1862), de Machado de Assis.


TRECHO 1


[...] Cena XIII

BASTOS: Aí chega S. Exa.

MARTINS: Meus senhores...

SILVEIRA: (apresentando Pereira) - Aqui o senhor vem convidar-te para jantar com ele.

MARTINS: Ah!

PEREIRA: É verdade; soube da sua nomeação e vim, conforme o coração me pediu, oferecer-lhe uma prova pequena da minha simpatia.

MARTINS: Agradeço a simpatia; mas o boato que correu hoje, desde manhã, é falso... O ministério está completo, sem mim.

TODOS: Ah! [...]


TRECHO 2


[...] SILVEIRA: Mas esperem: onde vão? Ouçam ao menos uma história. É pequena, mas conceituosa. Um dia anunciou-se um suplício [enforcamento]. Toda gente correu a ver o espetáculo feroz. Ninguém ficou em casa: velhos, moços, homens, mulheres, crianças, tudo invadiu a praça destinada à execução. Mas, porque viesse o perdão à última hora, o espetáculo não se deu e a forca ficou vazia. Mais ainda: o enforcado, isto é, o condenado, foi em pessoa à praça pública dizer que estava salvo e confundir com o povo as lágrimas de satisfação. Houve um rumor geral, depois um grito, mais dez, mais cem, mais mil romperam de todos os ângulos da praça, e uma chuva de pedras deu ao condenado a morte de que o salvara a real clemência. - Por favor, misericórdia para este. (apontando para Martins) Não tem culpa nem da condenação, nem da absolvição [...].


Considerando os dois trechos e ainda seus conhecimentos sobre essa obra, assinale a afirmativa correta.

A
Correspondem a trechos iniciais da peça de Machado, nos quais, respectivamente, o protagonista Martins dá a notícia frustrante da não nomeação de outro personagem para o cargo de ministro, e no qual Martins é apedrejado, por um grupo oportunista, em praça pública por não se tornar ministro.
B
Correspondem ao clímax do conto de Machado, que, a partir daí, encaminha-se para a finalização, em que se fica sabendo da participação de Martins no novo ministério e, consequentemente, de sua morte por engano, linchado pelo grupo de personagens oportunistas que o visitam em sua casa.
C
Correspondem ao clímax da peça de Machado, em que a tragicomédia se consuma, respectivamente, com a notícia inesperada da não nomeação de Martins, e com sua exemplar punição pelos demais personagens que, literalmente, apedrejam-no em praça pública.
D
Correspondem a trechos, respectivamente, do início e do final da tragédia de Machado, em que o aspecto dramático é ressaltado com elementos já conhecidos do público e dos personagens, a saber, o fato de Martins não conseguir ser ministro e de história contada por Silveira que envolve participação dos presentes em um apedrejamento.
E
Correspondem a trechos finais da peça de Machado, respectivamente, ao momento em que o próprio Martins dá a notícia de sua não nomeação ao cargo de ministro, e a uma anedota contada por Silveira, que relaciona ironicamente os visitantes interesseiros da casa de Martins com o povo da anedota.
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UFGD 2010 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Nesse texto, a expressão “erradicar” assume o sentido de

                         Erradicar a pobreza nas metrópoles

            Vamos nos colocar uma meta: erradicar a pobreza nas metrópoles brasileiras em 8 anos.
            Seria isso possível? Se reunirmos condições políticas para tanto, como poderia ser feito?
            Pobreza é, antes de tudo, a impossibilidade de decidir sobre sua própria vida. Neste sentido, erradicar a pobreza é incluir nas decisões públicas os pobres, suas representações coletivas, e descentralizar e democratizar radicalmente as instâncias públicas de decisão.
            Pobreza é também a privação de direitos sociais. Para garantir a satisfação de necessidades básicas de todo cidadão, estamos falando de segurança alimentar, trabalho, moradia, saneamento básico, mobilidade, saúde, educação, cultura, esportes e lazer. O foco central deve ser a busca da redução das desigualdades. Portanto, a ênfase é atender com qualidade os que até então não tenham acesso a esses direitos.
            O objetivo maior é a reapropriação da gestão das metrópoles por seus cidadãos. Por meio desta reapropriação se mobilizam recursos e se reorientam as políticas públicas para priorizar a redução das desigualdades.
            [...]
            Este projeto de erradicação da pobreza equivale à realização de um novo pacto social, com caráter redistributivo, a exemplo do que muitos países fizeram no século XX. O Estado do Bem-Estar Social era isso, o resultado de um novo pacto, feito sob pressão dos movimentos sociais europeus e da ameaça constituída pelo bloco socialista.
             A magnitude do desafio de erradicar a pobreza e as exigências de novos paradigmas para a vida em sociedade abrem novas possibilidades, como a de convocar um grande mutirão da sociedade, empregando os desempregados, especialmente os jovens, para produzir uma ?economia verde? com planejamento e financiamento públicos: a execução a cargo da iniciativa privada; a fiscalização e o controle dos entes públicos e da sociedade civil.
             [...]
            Se num programa de erradicação da pobreza nas regiões metropolitanas do Brasil for empregado algo como 1% do PIB, anualmente, em 8 anos serão aproximadamente R$ 280 bilhões. Dinheiro que, se bem empregado, fará uma enorme diferença e muito beneficiará todos os cidadãos e cidadãs, assim como as empresas que se dedicarem a este enorme desafio.

BRAVA, Silvio Caccia. Erradicar a pobreza nas metrópoles. Disponível em: . Acesso em: 25 out. 2010


A
realizar obras públicas que acabem com a pobreza das metrópoles.
B
garantir aos pobres a satisfação digna dos direitos sociais.
C
garantir a reapropriação da gestão das cidades pelos pobres.
D
realizar um novo pacto de redistribuição de renda entre os habitantes das metrópoles.
E
resolver o problema da pobreza empregando algo como 1% do PIB brasileiro.
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UFGD 2010 - Português - Interpretação de Textos

Leia os seguintes trechos de Terra sonâmbula, de Mia Couto, publicado pela Editora Caminho em 1992.

I. "Quero pôr os tempos, em sua mansa ordem, conforme esperas e sofrências. Mas as lembranças desobedecem, entre a vontade de serem nada e o gosto de me roubarem do presente. Acendo a estória, me apago a mim. No fim destes escritos, serei de novo uma sombra sem voz"(p. 15).

II. "Deixei o caminho antigo da casa, olhei a paisagem, o paciente verde. Meus olhos derretiam aquelas visões, fosse para guardar o passado em navegáveis águas. Era noite quando a canoa desatou o caminho. O escuro me fechava, apagando os lugares que foram meus. Sem que eu soubesse começava uma viagem que iria matar certezas da minha infância" (p.34).

A propósito desses fragmentos, assinale a alternativa correta.

A
Em I, o narrador em 3ª pessoa inicia o relato realista da guerra civil em Moçambique.
B
Em I, as lembranças de Kindzu submetem-se tranquilamente à ?mansa ordem? da escrita.
C
Em II, Muidinga descreve como começou sua viagem ao lado de Tuahir.
D
Em II, Kindzu observa a paisagem de sua infância a fim de poder voltar a ela mais tarde, em lembrança.
E
Em I e II, Muidinga relata seu amadurecimento durante a leitura dos cadernos de Kindzu.
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UFGD 2010 - Português - Interpretação de Textos

Leia os trechos a seguir, retirados do romance Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, publicado pela Editora Caminho em 1998.

I. "A culpa foi minha, chorava ela, e era verdade, não se podia negar, mas também é certo, se isso lhe serve de consolação, que se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as conseqüências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro" (p. 68).

II. "Pela primeira vez, desde que aqui entrara, a mulher do médico sentiu-se como se estivesse por trás de um microscópio a observar o comportamento de uns seres que não podiam nem sequer suspeitar da sua presença, e isto pareceu- lhe subitamente indigno, obsceno, Não tenho o direito de olhar se os outros não me podem olhar a mim, pensou. Com a mão trémula, a rapariga punha algumas gotas do seu colírio. Assim sempre poderia dizer que não eram lágrimas o que lhe estava escorrendo dos olhos" (p. 71).

III. "(...) tão longe estamos do mundo que não tarda que comecemos a não saber quem somos, nem nos lembramos sequer de dizer-nos como nos chamamos, e para quê, para que iriam servir-nos os nomes, nenhum cão reconhece outro cão, ou se lhe dá a conhecer, pelos nomes que lhes foram postos, é pelo cheiro que identifica e se dá a identificar, nós aqui somos como uma outra raça de cães, conhecemo-nos pelo ladrar, pelo falar, o resto, feições, cor dos olhos, da pele, do cabelo, não conta, é como se não existisse" (p. 64).

Considerando o que foi afirmado, assinale a alternativa correta.

A
Em I e III, o narrador estabelece analogias entre os personagens do romance e os animais, de modo a revelar o processo de desumanização que os cegos atravessam durante a epidemia.
B
Em I, o narrador abandona temporariamente a narração dos eventos para realizar uma digressão sobre as consequências dos atos das pessoas.
C
II e III são considerações em torno da importância dos nomes, e de como eles conseguem expressar a essência das pessoas.
D
Em II, descreve-se a vergonha que a rapariga de óculos escuros sentia por ser a única personagem a enxergar no manicômio.
E
Em II, a mulher do médico sente-se privilegiada por enxergar em meio aos cegos, confirmando a moral da fábula de Saramago, a de que, "em terra de cegos, quem tem olho é rei".
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UFGD 2010 - Português - Interpretação de Textos

Leia os dois poemas a seguir, do livro Poemas rupestres, de Manoel de Barros.

OS DOIS

Eu sou dois seres.
O primeiro é fruto do amor de João e Alice.
segundo é letral:
É fruto de uma natureza que pensa por imagens,
Como diria Paul Valéry.
O primeiro está aqui de unha, roupa, chapéu e vaidades.
O segundo está aqui em letras, sílabas, vaidades Frases.
E aceitamos que você empregue o seu amor em nós.


GARÇA

A palavra garça em meu perceber é bela.
Não seja só pela elegância da ave.
Há também a beleza letral.
O corpo sônico da palavra
E o corpo níveo da ave
Se comungam.
Não sei se passo por tantã dizendo isso.
Olhando a garça-ave e a palavra garça
Sofro uma espécie de encantamento poético.

Assinale a alternativa correta.

A
No primeiro poema, o ser de "unha, roupa e chapéu" está para o ser "letral" assim como, no segundo poema, a palavra garça está para o corpo sônico da palavra.
B
No último verso do primeiro poema, o verbo "aceitamos" refere-se ao poeta que, vaidoso, desdobra-se em múltiplas personalidades, a exemplo de Paul Valéry.
C
No segundo poema, o corpo níveo da ave corresponde à sua forma letral.
D
A palavra ?letral? possui a mesma acepção nos dois poemas: em ?Os dois?, refere-se ao "fruto de uma natureza que pensa por imagens"; em "Garça", refere-se ao corpo sônico da palavra.
E
No poema ?Garça?, o encantamento do eu lírico advém da observação de que palavra e coisa — a "palavra garça" e a "garça ave" — estão irremediavelmente cindidos.
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UFGD 2010 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

O uso da acentuação é um recurso linguístico normalizado por regras. Se usado inadequadamente, um acento pode mudar o sentido de uma palavra e alterar a compreensão de uma informação no texto. A presença do acento na palavra ANHANGABAÚ demonstra que é uma palavra

                        Sustentável é pouco

Ideias e experiências que vão além do discurso da sustentabilidade

             Enfim, juntou-se um "dream team" do novo urbanismo mundial para dar ideias para São Paulo. Os arquitetos do escritório de Gehl resolveram dedicar-se a transformar a região do Anhangabaú no centro vivo da cidade, um lugar onde a cidade toda se encontraria. Eles passaram semanas observando o jeito como as pessoas se relacionam com o espaço, entendendo o papel de cada um lá: os mendigos, as prostitutas, os policiais, os meninos de rua, os trabalhadores, os executivos, os camelôs. Ao final, eles propuseram um projeto lindo. Fiquei morrendo de vontade de passear pelo novo Anhangabaú.
             Mas provavelmente não vou ter a chance. São Paulo recusou o projeto do dream team dos urbanistas do mundo. As ideias deles servem para Bogotá, Londres, Nova York, Copenhague, Melbourne, mas não para nós.
             Por quê? Por quê São Paulo - e muitas cidades brasileiras - são tão refratárias a ideias inovadoras? [...].
             Em parte é fácil de entender o porquê. Os setores imobiliários e de construção são os maiores financiadores de campanhas eleitorais, tanto à prefeitura quanto à Câmara dos Vereadores. A Associação Imobiliária Brasileira deu dinheiro a 29 dos 55 vereadores em exercício - o suficiente para ganhar com folga qualquer votação em plenário.
            [...]
             Quer entender por que o espaço público tende a ser tão ruim no Brasil? Talvez a resposta esteja nas regras de financiamento de campanhas e no sistema político. Talvez nosso sistema privilegie os candidatos que se preocupam em agradar empreiteiras e incorporadoras, em vez de se especializar em atender as pessoas e tornar a vida delas melhor.


BURGIERMAN, Denis Russo. Sustentável é pouco. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/cidade/nossas-cidades-nao- mudam/ Acesso em 25 out. 2010.


A
oxítona terminada em "u".
B
própria de origem indígena.
C
oxítona terminada em hiato "u" tônico.
D
paroxítona terminada em ditongo.
E
oxítona terminada em ditongo "aú" tônico.
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UFGD 2010 - Português - Ortografia, Grafia e Emprego de Iniciais Maiúsculas

Leia o seguinte trecho.

             "Este projeto de erradicação da pobreza equivale à realização de um novo pacto social, com caráter redistributivo, a exemplo do que muitos países fizeram no século XX. O Estado do Bem-Estar Social era isso, o resultado de um novo pacto, feito sob pressão dos movimentos sociais europeus e da ameaça constituída pelo bloco socialista".

O uso de maiúsculas na expressão “Estado do Bem- Estar Social” é explicado linguisticamente em qual dessas alternativas?

                         Erradicar a pobreza nas metrópoles

            Vamos nos colocar uma meta: erradicar a pobreza nas metrópoles brasileiras em 8 anos.
            Seria isso possível? Se reunirmos condições políticas para tanto, como poderia ser feito?
            Pobreza é, antes de tudo, a impossibilidade de decidir sobre sua própria vida. Neste sentido, erradicar a pobreza é incluir nas decisões públicas os pobres, suas representações coletivas, e descentralizar e democratizar radicalmente as instâncias públicas de decisão.
            Pobreza é também a privação de direitos sociais. Para garantir a satisfação de necessidades básicas de todo cidadão, estamos falando de segurança alimentar, trabalho, moradia, saneamento básico, mobilidade, saúde, educação, cultura, esportes e lazer. O foco central deve ser a busca da redução das desigualdades. Portanto, a ênfase é atender com qualidade os que até então não tenham acesso a esses direitos.
            O objetivo maior é a reapropriação da gestão das metrópoles por seus cidadãos. Por meio desta reapropriação se mobilizam recursos e se reorientam as políticas públicas para priorizar a redução das desigualdades.
            [...]
            Este projeto de erradicação da pobreza equivale à realização de um novo pacto social, com caráter redistributivo, a exemplo do que muitos países fizeram no século XX. O Estado do Bem-Estar Social era isso, o resultado de um novo pacto, feito sob pressão dos movimentos sociais europeus e da ameaça constituída pelo bloco socialista.
             A magnitude do desafio de erradicar a pobreza e as exigências de novos paradigmas para a vida em sociedade abrem novas possibilidades, como a de convocar um grande mutirão da sociedade, empregando os desempregados, especialmente os jovens, para produzir uma ?economia verde? com planejamento e financiamento públicos: a execução a cargo da iniciativa privada; a fiscalização e o controle dos entes públicos e da sociedade civil.
             [...]
            Se num programa de erradicação da pobreza nas regiões metropolitanas do Brasil for empregado algo como 1% do PIB, anualmente, em 8 anos serão aproximadamente R$ 280 bilhões. Dinheiro que, se bem empregado, fará uma enorme diferença e muito beneficiará todos os cidadãos e cidadãs, assim como as empresas que se dedicarem a este enorme desafio.

BRAVA, Silvio Caccia. Erradicar a pobreza nas metrópoles. Disponível em: . Acesso em: 25 out. 2010


A
É uma expressão que resume a idéia principal do texto.
B
É uma expressão cunhada em outros documentos.
C
É uma expressão que tem relevante importância para os sentidos do texto.
D
É uma expressão com sentido figurado dentro do texto.
E
É uma expressão que indica nome próprio de um bloco socialista.
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UFGD 2010 - Português - Interpretação de Textos

No conto “O bife e a pipoca”, de Lygia Bojunga, há um desentendimento entre os amigos de escola, Rodrigo e Tuca, o que provoca a queda de ambos em um lameiro, em meio ao lixo, de onde saem imundos. Assinale a alternativa que traz o motivo desse desentendimento.

A
Rodrigo sente falta de seu melhor amigo, que se mudou para Pelotas, no Rio Grande Sul.
B
A mãe de Rodrigo vai se separar da família e fugiu com o amante para a Grécia.
C
Tuca sente raiva por causa da distância social entre ele, que vive na favela, e Rodrigo, de família abastada.
D
Tuca e Rodrigo trocam correspondência sobre macetes de pescaria.
E
A mãe de Rodrigo é alcoólatra e demonstra preferência por sua filha, Rebeca.
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UFGD 2010 - Português - Uso dos conectivos, Sintaxe

No texto apresentado, procure estabelecer as relações de sentido implementadas pelos conectivos destacados. Depois, assinale a alternativa que expressa, respectivamente, as relações adequadas entre as partes do texto.

             "O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso. Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí que é preciso nos elevarmos, e não do espaço e da duração, que não podemos preencher.Trabalhemos, pois, para bem pensar; eis o princípio da moral. Não é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas na ordenação de meu pensamento. Não terei mais, possuindo terras; pelo espaço, o universo me abarca e traga como um ponto; pelo pensamento, eu o abarco".

PASCAL, Blaise. Pensamentos. São Paulo: Abril Cultural, 1988. (Coleção Os Pensadores, Artigo VI, p. 347 - 348)


A
contradição, concessão, causa, conclusão.
B
concessão, causa, explicação, conclusão.
C
repetição, conclusão, causa, explicação.
D
contradição, explicação, alternância, proporção.
E
contradição, alternância, causa, conclusão.
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UFGD 2010 - Português - Uso dos conectivos, Sintaxe

Assinale a alternativa em que os termos destacados na construção expressam uma relação de proporcionalidade

A
"Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) evitaram o contato direto tanto durante suas caminhadas pelo palco como nas críticas veladas que fizeram um ao outro." (Disponível em: . Acesso em: 30 out. 2010).
B
?Piccinini desfalcou a Itália na estreia do Mundial, na sexta contra Porto Rico, e na suada vitória deste sábado diante da Holanda. A jogadora também não deve jogar no domingo, contra o Quênia, mas pode voltar ao time antes do confronto contra o Brasil?. (Disponível em: . Acesso em: 30 out. 2010).
C
"Crianças a partir dos cinco anos precisam passar por avaliações que duram de duas a cinco horas para conseguir vaga no ensino fundamental dos colégios mais disputados de São Paulo e Rio." (Disponível em: . Acesso em 01 nov. 2010).
D
"O presidente eleito do Internacional, Giovanni Luigi, que assume o clube a partir de 2011, evitou comentar eventuais dispensas de jogadores e a situação do técnico Celso Roth após a eliminação trágica no Mundial de Clubes. Luigi, no entanto, disse que o grupo do Inter passará por reformulações." (Disponível em: . Acesso em: 01 nov. 2010)
E
"Quanto mais abrangente e qualificada a intervenção dos indivíduos nas decisões coletivas, mais eficiente a democracia, e melhores e mais duradouros os seus efeitos. Portanto, enquanto parcelas significativas da sociedade estiverem excluídas das decisões (por razões econômicas, por exemplo), menos perceptíveis serão, no curto prazo, os efeitos benéficos dessa forma de governo." (Disponível em: . Acesso em: 01 nov. 2010)
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UFGD 2010 - Português - Interpretação de Textos, Uso das aspas, Pontuação

O uso da expressão “dream team” (Linha 1) entre aspas indica que o autor lança mão explicitamente de recursos linguísticos chamados

                        Sustentável é pouco

Ideias e experiências que vão além do discurso da sustentabilidade

             Enfim, juntou-se um "dream team" do novo urbanismo mundial para dar ideias para São Paulo. Os arquitetos do escritório de Gehl resolveram dedicar-se a transformar a região do Anhangabaú no centro vivo da cidade, um lugar onde a cidade toda se encontraria. Eles passaram semanas observando o jeito como as pessoas se relacionam com o espaço, entendendo o papel de cada um lá: os mendigos, as prostitutas, os policiais, os meninos de rua, os trabalhadores, os executivos, os camelôs. Ao final, eles propuseram um projeto lindo. Fiquei morrendo de vontade de passear pelo novo Anhangabaú.
             Mas provavelmente não vou ter a chance. São Paulo recusou o projeto do dream team dos urbanistas do mundo. As ideias deles servem para Bogotá, Londres, Nova York, Copenhague, Melbourne, mas não para nós.
             Por quê? Por quê São Paulo - e muitas cidades brasileiras - são tão refratárias a ideias inovadoras? [...].
             Em parte é fácil de entender o porquê. Os setores imobiliários e de construção são os maiores financiadores de campanhas eleitorais, tanto à prefeitura quanto à Câmara dos Vereadores. A Associação Imobiliária Brasileira deu dinheiro a 29 dos 55 vereadores em exercício - o suficiente para ganhar com folga qualquer votação em plenário.
            [...]
             Quer entender por que o espaço público tende a ser tão ruim no Brasil? Talvez a resposta esteja nas regras de financiamento de campanhas e no sistema político. Talvez nosso sistema privilegie os candidatos que se preocupam em agradar empreiteiras e incorporadoras, em vez de se especializar em atender as pessoas e tornar a vida delas melhor.


BURGIERMAN, Denis Russo. Sustentável é pouco. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/cidade/nossas-cidades-nao- mudam/ Acesso em 25 out. 2010.


A
intertextualidade e/ou estrangeirismo.
B
conectividade e/ou estrangeirismo.
C
coerência e/ou intertextualidade.
D
coesão e/ou estrangeirismo.
E
nomes próprios e/ou estrangeirismo.
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UFGD 2010 - Português - Interpretação de Textos

Leia as seguintes definições do dicionário Aurélio para a palavra “Especular”:

Especular. Adj. 2 g. 1. Referente a, ou próprio de espelho. 2. Transparente, diáfano. 3. Diz-se de uma superfície refletora. Especular. V. t. d. 1. Examinar com atenção; averiguar minuciosamente; observar; indagar; pesquisar. T. i. 2. Informar-se minuciosamente de algo: Especulou sobre a situação financeira do novo cliente. 3. Valer-se de certa posição, de circunstância, de qualquer coisa, para auferir vantagens; explorar: Há autoridades que especulam com seus cargos. Int. 4. Meditar, raciocinar, refletir, considerar


FERREIRA, Aurélio B. H. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988, p. 269.

Baseando-se nessas acepções, pode-se dizer, a propósito do conto “Especular”, de Rubem Fonseca, que

A
o título do conto é adequado, pois os personagens principais estão envolvidos com especulação financeira.
B
o título do conto faz referência a um casal preocupado com a autoimagem, discutindo em uma sala de reuniões, toda espelhada.
C
os personagens do conto refletem sobre o papel do exibicionismo na cultura contemporânea e os perigos da superexposição na televisão.
D
o título do conto é adequado, pois se refere a um professor que faz uso de sua posição para convencer uma aluna a ser sua parceira de ginástica.
E
o título do conto é adequado, já que faz referência ao exibicionismo dentro da academia de ginástica, coberta de espelhos, onde se desenrola uma história de ciúme.
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UFGD 2010 - Português - Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado, Sintaxe

No enunciado a seguir, retirado de um texto do gênero Editorial, observa-se, na passagem destacada, a não contração da preposição e do artigo.


"Em contraste com a oposição, parlamentares governistas parecem não ver nenhum inconveniente no fato de o presidente da República impor sua pauta ao Congresso".

O EXECUTIVO é a Lei. Folha de S.Paulo. Disponível em . Acesso em 26 out. 2010.

Isso ocorreu porque

A
a expressão "Presidente da República" é sujeito do verbo "impor". O Sujeito, em português, é o único elemento da frase que não pode ser preposicionado.
B
não há contração da preposição mais artigo porque o sujeito é "parlamentares governistas".
C
a passagem negritada deveria ser "no fato do Presidente da República...".
D
a não contração deve-se ao fato de o termo Presidente da República ser objeto indireto.
E
todos os termos da oração, em português, podem ser preposicionáveis.
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UFGD 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No texto filosófico apresentado, escrito por Blaise Pascal, o pensador, ao criar a metáfora do caniço pensante, defende qual destas teses?

             "O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso. Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí que é preciso nos elevarmos, e não do espaço e da duração, que não podemos preencher.Trabalhemos, pois, para bem pensar; eis o princípio da moral. Não é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas na ordenação de meu pensamento. Não terei mais, possuindo terras; pelo espaço, o universo me abarca e traga como um ponto; pelo pensamento, eu o abarco".

PASCAL, Blaise. Pensamentos. São Paulo: Abril Cultural, 1988. (Coleção Os Pensadores, Artigo VI, p. 347 - 348)


A
O homem está mais preocupado com o passado e/ou com o futuro, esquecendo-se de viver o presente.
B
O ser humano é complexo, inconstante. Não sabe o que quer.
C
O homem é crédulo, tímido, fraco, temerário.
D
O homem é tão fraco que até uma gota d`água pode destruí-lo.
E
O homem demonstra, ao mesmo tempo, grandeza e fragilidade.