Questõesde FAMERP sobre Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

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Foram encontradas 38 questões
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FAMERP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A frase “A violência, ele a usara apenas na medida necessária à proteção de seus negócios” expressa uma opinião

Leia o texto de Luiz Eduardo Soares para responder à questão.

    Logo depois que assumi a Secretaria Nacional de Segurança, em 2003, recebi, por vias transversas, uma mensagem de Luciano, da Rocinha. Ele desejava deixar a vida de traficante e viajar para longe. Tinha chegado à conclusão de que seu caminho era a perdição: morreria cedo, de modo cruel, em mãos inimigas. Queria começar de novo e pedia uma chance. Tratara com respeito a comunidade, que era, afinal de contas, sua família. A violência, ele a usara apenas na medida necessária à proteção de seus negócios. Esse era seu ponto de vista, sem dúvida demasiado edulcorado. Não obstante a possível autoidealização, o fato é que explicitá-la, naquele contexto, não deixava de ser significativo, indicando a valorização positiva do lado certo da vida. Era um negociante clandestino, dizia, não um criminoso selvagem: alguns traziam uísque do Paraguai; ele vendia outras drogas. Reivindicava uma diferença importante, no mundo do crime carioca.

(Cabeça de porco, 2005.)
A
do autor do texto, baseada no relato de Luciano.
B
do autor do texto, baseada em relatos da comunidade em que Luciano vivia.
C
da comunidade em que Luciano vivia.
D
de Luciano, sobre a qual o autor faz ponderações.
E
de Luciano, com a qual o autor do texto concorda.
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A “diferença importante”, citada no último período do texto, corresponde

Leia o texto de Luiz Eduardo Soares para responder à questão.

    Logo depois que assumi a Secretaria Nacional de Segurança, em 2003, recebi, por vias transversas, uma mensagem de Luciano, da Rocinha. Ele desejava deixar a vida de traficante e viajar para longe. Tinha chegado à conclusão de que seu caminho era a perdição: morreria cedo, de modo cruel, em mãos inimigas. Queria começar de novo e pedia uma chance. Tratara com respeito a comunidade, que era, afinal de contas, sua família. A violência, ele a usara apenas na medida necessária à proteção de seus negócios. Esse era seu ponto de vista, sem dúvida demasiado edulcorado. Não obstante a possível autoidealização, o fato é que explicitá-la, naquele contexto, não deixava de ser significativo, indicando a valorização positiva do lado certo da vida. Era um negociante clandestino, dizia, não um criminoso selvagem: alguns traziam uísque do Paraguai; ele vendia outras drogas. Reivindicava uma diferença importante, no mundo do crime carioca.

(Cabeça de porco, 2005.)
A
à distância entre as posições sociais do traficante e do Secretário de Segurança.
B
à alegação do traficante de que ele não seria um bandido, mas um comerciante.
C
ao respeito com que o traficante tratou o Secretário de Segurança.
D
à maneira cordial como os traficantes tratam a comunidade onde vivem.
E
ao modo seguro como o traficante se dirigia ao Secretário da Segurança.
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Quanto à matéria, o romance brasileiro nasceu regionalista e de costumes; ou melhor, pendeu desde cedo para a descrição dos tipos humanos e formas de vida social nas cidades e nos campos. O romance histórico se enquadrou aqui nesta mesma orientação; o romance constituiu desenvolvimento à parte, do ponto de vista da evolução do gênero, e corresponde a certas necessidades, poéticas e históricas, de estabelecer um passado heroico e lendário para a nossa civilização, a que os desejavam, numa utopia retrospectiva, dar tanto quanto possível traços autóctones.
A figura dominante do período, , passou por todas essas vertentes e em todas deixou boas obras.

(Antonio Candido. Formação da literatura brasileira, 1975. Adaptado.)


As três lacunas do texto são preenchidas por:

A
urbano – românticos – Manuel Antônio de Almeida.
B
indianista – românticos – José de Alencar.
C
urbano – naturalistas – Aluísio Azevedo.
D
urbano – românticos – José de Alencar.
E
indianista – naturalistas – Aluísio Azevedo.
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No contexto em que está inserida, a expressão “ateu em religião, política e poesia” (3° parágrafo) poderia ser atribuída a alguém que

Leia o início do conto “Luís Soares”, de Machado de Assis, para responder à questão. 

    Trocar o dia pela noite, dizia Luís Soares, é restaurar o império da natureza corrigindo a obra da sociedade. O calor do sol está dizendo aos homens que vão descansar e dormir, ao passo que a frescura relativa da noite é a verdadeira estação em que se deve viver. Livre em todas as minhas ações, não quero sujeitar-me à lei absurda que a sociedade me impõe: velarei de noite, dormirei de dia.
    Contrariamente a vários ministérios, Soares cumpria este programa com um escrúpulo digno de uma grande consciência. A aurora para ele era o crepúsculo, o crepúsculo era a aurora. Dormia 12 horas consecutivas durante o dia, quer dizer das seis da manhã às seis da tarde. Almoçava às sete e jantava às duas da madrugada. Não ceava. A sua ceia limitava-se a uma xícara de chocolate que o criado lhe dava às cinco horas da manhã quando ele entrava para casa. Soares engolia o chocolate, fumava dois charutos, fazia alguns trocadilhos com o criado, lia uma página de algum romance, e deitava-se.
    Não lia jornais. Achava que um jornal era a cousa mais inútil deste mundo, depois da Câmara dos Deputados, das obras dos poetas e das missas. Não quer isto dizer que Soares fosse ateu em religião, política e poesia. Não. Soares era apenas indiferente. Olhava para todas as grandes cousas com a mesma cara com que via uma mulher feia. Podia vir a ser um grande perverso; até então era apenas uma grande inutilidade.

(Contos fluminenses, 2006.)
A
adotasse comportamentos beligerantes, envoltos em fanatismo.
B
tivesse uma posição indefinida em relação a tais assuntos.
C
tivesse conhecimentos muito precários em tais assuntos.
D
manifestasse suas preferências, em tais assuntos, de maneira moderada.
E
fosse contrário aos princípios da política e da poesia, tanto quanto aos da religião.
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Leia os versos de Manoel de Barros.


Escrever nem uma coisa
Nem outra —
A fim de dizer todas —
Ou, pelo menos, nenhumas.

Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar —
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.

(Poesia completa, 2013.)




Tanto na forma quanto no conteúdo, o poema

A
descreve uma maneira de fazer poesia que consiste em criar um enigma, a ser resolvido pelo leitor, que revelará o significado do poema.
B
prescreve uma escrita que consiste em subtrair das palavras seu sentido rígido usual, fazendo aparecer nelas significados inusitados.
C
defende que a poesia deve ser construída com elementos bem encadeados da realidade, de modo a formular uma crítica social fundamentada.
D
critica a poesia espontânea e ingênua que não se preocupa em utilizar corretamente os elementos da linguagem prescritos pela gramática.
E
argumenta em favor de uma poesia libertária, que expresse os estados de espírito mais extremos do ser humano.
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Com a referência a “jornais”, “Câmara dos Deputados”, “obras dos poetas” e “missas” (3° parágrafo), o narrador

Leia o início do conto “Luís Soares”, de Machado de Assis, para responder à questão. 

    Trocar o dia pela noite, dizia Luís Soares, é restaurar o império da natureza corrigindo a obra da sociedade. O calor do sol está dizendo aos homens que vão descansar e dormir, ao passo que a frescura relativa da noite é a verdadeira estação em que se deve viver. Livre em todas as minhas ações, não quero sujeitar-me à lei absurda que a sociedade me impõe: velarei de noite, dormirei de dia.
    Contrariamente a vários ministérios, Soares cumpria este programa com um escrúpulo digno de uma grande consciência. A aurora para ele era o crepúsculo, o crepúsculo era a aurora. Dormia 12 horas consecutivas durante o dia, quer dizer das seis da manhã às seis da tarde. Almoçava às sete e jantava às duas da madrugada. Não ceava. A sua ceia limitava-se a uma xícara de chocolate que o criado lhe dava às cinco horas da manhã quando ele entrava para casa. Soares engolia o chocolate, fumava dois charutos, fazia alguns trocadilhos com o criado, lia uma página de algum romance, e deitava-se.
    Não lia jornais. Achava que um jornal era a cousa mais inútil deste mundo, depois da Câmara dos Deputados, das obras dos poetas e das missas. Não quer isto dizer que Soares fosse ateu em religião, política e poesia. Não. Soares era apenas indiferente. Olhava para todas as grandes cousas com a mesma cara com que via uma mulher feia. Podia vir a ser um grande perverso; até então era apenas uma grande inutilidade.

(Contos fluminenses, 2006.)
A
relativiza o retrato do personagem como um alienado, na medida em que enumera elementos da sociedade com os quais ele se identifica.
B
critica a homogeneidade da população, defendendo uma sociedade plural, em que cada pessoa escolha com liberdade a maneira como vive.
C
informa que o personagem recusava-se a se envolver com certos elementos da vida em sociedade, tanto quanto se recusava a seguir os ciclos convencionais de sono e de vigília.
D
reconhece como os hábitos da sociedade em questão são fúteis, ressaltando os benefícios para a sociedade das escolhas extravagantes de Luís Soares.
E
revela sua parcialidade, concordando com a maneira como o personagem se comporta em relação a seus horários e às atividades sociais usuais da sociedade da época.
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Uma característica do eu lírico do poema é

Leia o poema de Álvares de Azevedo para responder à questão.

Se eu morresse amanhã!

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito,
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

(Lira dos vinte anos, 2000.)
A
a religiosidade; a presença da família e a tematização da morte são elementos tipicamente religiosos.
B
a bondade; nem na hora de sua morte deixa de pensar nos outros e no que poderia fazer para construir com eles um forte sentimento de companheirismo.
C
a indiferença; no retrato que ele faz de sua morte, os sentimentos, bons ou ruins, estão ausentes.
D
o egocentrismo; ele imagina, ao mesmo tempo, pessoas e coisas gravitando a sua volta e o futuro glorioso que ele perderia com sua morte.
E
o machismo; a figura do homem é central no poema, cabendo às mulheres uma posição submissa e secundária.
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“Foi quando meu vestido me reteve: alguma coisa se enganchara na minha saia. Voltei-me e vi que se tratava de uma mão pequena e escura. Pertencia a um menino a que a sujeira e o sangue interno davam um tom quente de pele.” (1° parágrafo)


A passagem narra o momento inicial do encontro da narradora com seu interlocutor. Tal momento é caracterizado

Leia o trecho do conto “As caridades odiosas”, de Clarice Lispector, para responder à questão.

    Foi uma tarde de sensibilidade ou de suscetibilidade? Eu passava pela rua depressa, emaranhada nos meus pensamentos, como às vezes acontece. Foi quando meu vestido me reteve: alguma coisa se enganchara na minha saia. Voltei-me e vi que se tratava de uma mão pequena e escura. Pertencia a um menino a que a sujeira e o sangue interno davam um tom quente de pele. O menino estava de pé no degrau da grande confeitaria. Seus olhos, mais do que suas palavras meio engolidas, informavam-me de sua paciente aflição. Paciente demais. Percebi vagamente um pedido, antes de compreender o seu sentido concreto. Um pouco aturdida eu o olhava, ainda em dúvida se fora a mão da criança o que me ceifara os pensamentos.
    – Um doce, moça, compre um doce para mim.
    Acordei finalmente. O que estivera eu pensando antes de encontrar o menino? O fato é que o pedido deste pareceu cumular uma lacuna, dar uma resposta que podia servir para qualquer pergunta, assim como uma grande chuva pode matar a sede de quem queria uns goles de água.
    Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum conhecido tomava sorvete, entrei, fui ao balcão e disse com uma dureza que só Deus sabe explicar: um doce para o menino.

(A descoberta do mundo, 1999.)
A
pela aparição e humanização gradativa do menino, referido sucessivamente como “coisa”, “mão” e “menino”
B
pela reação violenta da mulher ao ser incomodada em seus pensamentos.
C
pela revelação de uma grande verdade como consequência de um fato trivial.
D
por um desgosto da mulher em relação à sujeira do menino que a abordara.
E
por uma reflexão da mulher, uma crítica social em relação às condições dos menos favorecidos.
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“assim como uma grande chuva pode matar a sede de quem queria uns goles de água.” (3° parágrafo)


A imagem literária presente nessa passagem exprime uma comparação baseada

Leia o trecho do conto “As caridades odiosas”, de Clarice Lispector, para responder à questão.

    Foi uma tarde de sensibilidade ou de suscetibilidade? Eu passava pela rua depressa, emaranhada nos meus pensamentos, como às vezes acontece. Foi quando meu vestido me reteve: alguma coisa se enganchara na minha saia. Voltei-me e vi que se tratava de uma mão pequena e escura. Pertencia a um menino a que a sujeira e o sangue interno davam um tom quente de pele. O menino estava de pé no degrau da grande confeitaria. Seus olhos, mais do que suas palavras meio engolidas, informavam-me de sua paciente aflição. Paciente demais. Percebi vagamente um pedido, antes de compreender o seu sentido concreto. Um pouco aturdida eu o olhava, ainda em dúvida se fora a mão da criança o que me ceifara os pensamentos.
    – Um doce, moça, compre um doce para mim.
    Acordei finalmente. O que estivera eu pensando antes de encontrar o menino? O fato é que o pedido deste pareceu cumular uma lacuna, dar uma resposta que podia servir para qualquer pergunta, assim como uma grande chuva pode matar a sede de quem queria uns goles de água.
    Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum conhecido tomava sorvete, entrei, fui ao balcão e disse com uma dureza que só Deus sabe explicar: um doce para o menino.

(A descoberta do mundo, 1999.)
A
numa redundância.
B
numa ironia.
C
numa desproporção.
D
numa atenuação.
E
num paradoxo.
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FAMERP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando o modo como as ideias estão organizadas, é correto afirmar que o texto

Leia o texto de Tzvetan Todorov para responder à questão.

    Desde o início da história europeia, criamos o hábito de distinguir entre poder temporal e poder espiritual. Quando cada um deles dispõe da autonomia em seu domínio e se vê protegido contra as intrusões do outro, fala-se de uma sociedade laica ou, como se diz também, secular.
    Poderíamos crer que, na parte do mundo marcada pela tradição cristã, essa relação em torno da questão da autonomia já estaria prontamente organizada, pois o Cristo anunciou que seu reino não era deste mundo, que a submissão a Deus não interferia em nada na submissão a César. No entanto, a partir do momento em que o imperador Constantino impôs o cristianismo como religião de Estado, no século IV, a tentação de apoderar-se de todos os poderes de uma vez revelou-se. É fácil entender a razão desse movimento. Dir-se-á que a ordem temporal reina sobre os corpos, a ordem espiritual sobre as almas. Mas alma e corpo não são entidades simplesmente justapostas, no interior de cada ser eles formam inevitavelmente uma hierarquia. Para a religião cristã, a alma deve comandar o corpo; por isso cabe às instituições religiosas, isto é, à Igreja, não somente dominar diretamente as almas, mas também, indiretamente, controlar os corpos e, portanto, a ordem temporal. Por sua vez, o poder temporal procurará defender suas prerrogativas e exigirá a manutenção do controle sobre todos os negócios terrestres, inclusive sobre uma instituição como a Igreja. Para proteger sua autonomia, cada um dos dois adversários fica então tentado a invadir o território do outro.

(O espírito das Luzes, 2006.)
A
defende a ideia de que a verdade sobre os fatos é uma só e independe das opiniões e dos pontos de vista.
B
descreve uma polêmica com duas soluções possíveis, justapondo argumentos em favor de uma e contra a outra solução.
C
argumenta sobre como dois pontos de vista opostos podem ser conciliados se os defensores das opiniões divergentes entrarem em diálogo.
D
expõe uma questão polêmica e elenca elementos para mapear as divergências entre diferentes pontos de vista.
E
narra a saga das religiões cristãs, do tempo de Cristo até os tempos de hoje.
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FAMERP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base no texto, é correto afirmar que Anatole France

Leia o texto de Marilda Rebouças para responder à questão.

     A primeira manifestação surrealista aconteceu em 1924 com a divulgação do panfleto “Um cadáver”, a propósito da morte de Anatole France, prêmio Nobel de literatura. Os surrealistas não estavam interessados no estilo límpido, nem no famoso ceticismo desse escritor consagrado e, por isso mesmo, alvo perfeito para o grupo de jovens lobos mostrarem suas garras. Numa linguagem violenta, afirmavam que acabava de morrer “um pouco da servilidade humana”. E, como esperavam, a repercussão foi enorme. Como consequência funesta, Breton e Aragon perderam o emprego oferecido pelo colecionador Jacques Doucet.

(Surrealismo, 1986.)
A
pregava a “servilidade humana”, ideia que os escritores surrealistas pretendiam resgatar.
B
havia contribuído, antes de sua morte, para a perda do emprego de artistas como Breton e Aragon.
C
foi um famoso escritor, participante do movimento surrealista e ganhador do prêmio Nobel de literatura.
D
foi homenageado pelo grupo surrealista, em um panfleto, por ocasião de sua morte.
E
fez, em sua obra, opções estéticas que foram combatidas pelo grupo surrealista.
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FAMERP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo o texto, o uso de drogas na boate

Leia o texto de Tales Ab´Sáber para responder à questão.

    Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não termina jamais pode de fato começar a qualquer momento do dia, às sete da manhã ou ainda às dez. Lá todos os tempos se estendem e noite e dia se transformam em outra coisa. Naquela imensa boate que pretende expandir o seu plano de existência, seu tempo infinito, sobre a vida e a cidade, construída em uma antiga fábrica − uma antiga usina de energia nazista −, todo tipo de figura da noite se encontra, em uma festa fantástica alucinada que deseja não terminar jamais.
     À luz da vida tecno¹ avançada, as ideias tradicionais de dia e de noite se revelam mais frágeis, bem mais insólitas do que a vida cotidiana sob o regime da produção nos leva a crer. Para alguns, o mundo do dia se tornará definitivamente vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si o valor do que é vivo.
    Naquela boate, como em muitas outras, tudo se encerra apenas quando o efeito prolongado e sistemático da droga se encerra. Como uma pausa para respirar, às vezes tendo passado muitos dias entre uma jornada de diversão e sua suspensão momentânea. Para muitos, apenas pelo tempo mínimo da reposição das forças até a próxima jornada, extenuante, sem fim, pela política imaginária da noite.
      E, ainda mais. Para outros tantos, o próprio efeito da droga sob a pulsação infinita da música eletrônica, experiência programática e enfeitiçada, não deveria se encerrar jamais: estes estariam destinados ao projeto de dissolução na pulsação sem eu da música tecno, seja a dissolução do espírito, em uma infantilização sem fim para os embates materiais da vida, seja a dissolução do corpo, ambos igualmente reais. De fato, após uma noite de vida tecno, é forte a experiência radical de vazio que se torna o espírito do dia. A energia foi imensamente gasta à noite. Foi devastada, tornando o dia vazio de objeto, porém vivo. Vivo no vazio, muito bem articulado à busca pelo excedente absoluto de mais tarde, à noite.

(A música do tempo infinito, 2012. Adaptado.)

¹tecno: estilo de música eletrônica.
A
tem importância secundária, na medida em que as pessoas estão ali para viver a experiência proporcionada pela música.
B
funciona como uma espécie de medida do tempo: o fim do efeito da droga no organismo determina, para alguns, o encerramento da experiência na boate.
C
é uma expressão do que há de mais errado em nossa sociedade, assim como foi o nazismo, que ocupou em outra época as instalações da casa.
D
ultrapassa os limites do razoável e poderia ser regrado a fim de que as pessoas não perdessem as noções de tempo e os limites da própria subjetividade.
E
simboliza uma necessidade de nossa sociedade como um todo: é preciso falar de drogas sem hipocrisia.
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“Para alguns, o mundo do dia se tornará definitivamente vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si o valor do que é vivo.” (2° parágrafo)

Considerado em seu contexto, o trecho sugere que

Leia o texto de Tales Ab´Sáber para responder à questão.

    Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não termina jamais pode de fato começar a qualquer momento do dia, às sete da manhã ou ainda às dez. Lá todos os tempos se estendem e noite e dia se transformam em outra coisa. Naquela imensa boate que pretende expandir o seu plano de existência, seu tempo infinito, sobre a vida e a cidade, construída em uma antiga fábrica − uma antiga usina de energia nazista −, todo tipo de figura da noite se encontra, em uma festa fantástica alucinada que deseja não terminar jamais.
     À luz da vida tecno¹ avançada, as ideias tradicionais de dia e de noite se revelam mais frágeis, bem mais insólitas do que a vida cotidiana sob o regime da produção nos leva a crer. Para alguns, o mundo do dia se tornará definitivamente vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si o valor do que é vivo.
    Naquela boate, como em muitas outras, tudo se encerra apenas quando o efeito prolongado e sistemático da droga se encerra. Como uma pausa para respirar, às vezes tendo passado muitos dias entre uma jornada de diversão e sua suspensão momentânea. Para muitos, apenas pelo tempo mínimo da reposição das forças até a próxima jornada, extenuante, sem fim, pela política imaginária da noite.
      E, ainda mais. Para outros tantos, o próprio efeito da droga sob a pulsação infinita da música eletrônica, experiência programática e enfeitiçada, não deveria se encerrar jamais: estes estariam destinados ao projeto de dissolução na pulsação sem eu da música tecno, seja a dissolução do espírito, em uma infantilização sem fim para os embates materiais da vida, seja a dissolução do corpo, ambos igualmente reais. De fato, após uma noite de vida tecno, é forte a experiência radical de vazio que se torna o espírito do dia. A energia foi imensamente gasta à noite. Foi devastada, tornando o dia vazio de objeto, porém vivo. Vivo no vazio, muito bem articulado à busca pelo excedente absoluto de mais tarde, à noite.

(A música do tempo infinito, 2012. Adaptado.)

¹tecno: estilo de música eletrônica.
A
as ruas perto da boate ficam vazias durante as noites porque todos estão dentro da casa.
B
os conceitos de dia e de noite, ligados ao mundo natural, podem ser relativizados pelas construções humanas, como a boate.
C
é possível distinguir dia e noite, mesmo num ambiente fechado como a boate.
D
há frequentadores da boate que consideram que tudo o que é externo à casa não tem qualquer valor.
E
algumas pessoas preferem entrar na boate apenas durante a noite, ainda que a casa fique aberta o tempo todo.
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No mundo contemporâneo, a representação política é

Leia o texto de Carlos Ranulfo Melo para responder à questão.

Corrupção eleitoral

    As democracias contemporâneas são arranjos representativos. A representação foi a “solução encontrada” para um dilema. Tão logo firmado o princípio da igualdade política entre os indivíduos, regimes políticos baseados na tradição, na origem de classe ou na condição de status perderam a legitimidade. Por outro lado, o tamanho das sociedades e a complexidade cada vez maior das questões em discussão – demandando acesso a informações, disponibilidade de tempo e condições de negociação – tornaram proibitiva a ideia de que todos participassem das decisões a serem coletivizadas. A escolha de um corpo de representantes em eleições livres, justas e periódicas – e que incluam a todo o eleitorado adulto – passou a ser algo que, sem esgotar a noção contemporânea de democracia, firmou-se como sua pedra angular. Ao se dirigirem às urnas os cidadãos reafirmam sua condição de igualdade perante um ato fundamental do Estado. Ao organizar as eleições e transformar os votos em postos executivos e/ou legislativos, o aparato institucional das democracias permite que, em maior ou menor grau, os mais diversos interesses, opiniões e valores sejam vocalizados no curso do processo decisório. Tal processo, no entanto, pode apresentar problemas que ameacem corromper o corpo político constituído, comprometendo sua legitimidade e diminuindo sua capacidade de oferecer à coletividade os resultados esperados.
     A corrupção eleitoral ou a reiterada incidência de fenômenos capazes de desvirtuar o processo de constituição de um corpo de representantes sempre significou um problema para as democracias. A condição para que seu enfrentamento se tornasse possível foi a constituição de uma Justiça Eleitoral dotada de autonomia face aos poderes político e econômico, com recursos suficientes para organizar e poderes necessários para regulamentar os processos eleitorais. Mas mesmo as democracias consolidadas não conseguiram impedir de forma cabal que determinados interesses pudessem, utilizando os recursos que tivessem à mão, obter vantagens diferenciadas em função de sua participação nas eleições.

(Corrupção, 2008. Adaptado.)
A
o modo encontrado pelas democracias para, em sociedades grandes e com questões complexas, garantir a participação na vida pública de todo o eleitorado adulto.
B
o caminho encontrado pelas democracias para garantir aos cidadãos os direitos especiais baseados na tradição e na origem de classe de cada eleitor.
C
um discurso que, em sua superfície, defende a inclusão de todos os cidadãos no processo político, mas que esconde o interesse de perpetuar os processos de corrupção no Estado.
D
uma alternativa viável, mas difícil de implantar, aos processos de corrupção que ocupam o Estado e todo o espaço público como se eles fossem propriedade privada.
E
a maneira de eliminar a necessidade de uma Justiça Eleitoral, com poderes autônomos, o que geraria a possibilidade de corrupção no Estado.
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FAMERP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Morfologia - Verbos, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Ao se dirigirem às urnas os cidadãos reafirmam sua condição de igualdade perante um ato fundamental do Estado.” (1° parágrafo)

Em seu contexto, o verbo destacado, na forma em que foi empregado, indica uma ação

Leia o texto de Carlos Ranulfo Melo para responder à questão.

Corrupção eleitoral

    As democracias contemporâneas são arranjos representativos. A representação foi a “solução encontrada” para um dilema. Tão logo firmado o princípio da igualdade política entre os indivíduos, regimes políticos baseados na tradição, na origem de classe ou na condição de status perderam a legitimidade. Por outro lado, o tamanho das sociedades e a complexidade cada vez maior das questões em discussão – demandando acesso a informações, disponibilidade de tempo e condições de negociação – tornaram proibitiva a ideia de que todos participassem das decisões a serem coletivizadas. A escolha de um corpo de representantes em eleições livres, justas e periódicas – e que incluam a todo o eleitorado adulto – passou a ser algo que, sem esgotar a noção contemporânea de democracia, firmou-se como sua pedra angular. Ao se dirigirem às urnas os cidadãos reafirmam sua condição de igualdade perante um ato fundamental do Estado. Ao organizar as eleições e transformar os votos em postos executivos e/ou legislativos, o aparato institucional das democracias permite que, em maior ou menor grau, os mais diversos interesses, opiniões e valores sejam vocalizados no curso do processo decisório. Tal processo, no entanto, pode apresentar problemas que ameacem corromper o corpo político constituído, comprometendo sua legitimidade e diminuindo sua capacidade de oferecer à coletividade os resultados esperados.
     A corrupção eleitoral ou a reiterada incidência de fenômenos capazes de desvirtuar o processo de constituição de um corpo de representantes sempre significou um problema para as democracias. A condição para que seu enfrentamento se tornasse possível foi a constituição de uma Justiça Eleitoral dotada de autonomia face aos poderes político e econômico, com recursos suficientes para organizar e poderes necessários para regulamentar os processos eleitorais. Mas mesmo as democracias consolidadas não conseguiram impedir de forma cabal que determinados interesses pudessem, utilizando os recursos que tivessem à mão, obter vantagens diferenciadas em função de sua participação nas eleições.

(Corrupção, 2008. Adaptado.)
A
usual, reiterada, no passado.
B
habitual, regular.
C
feita no instante em que o enunciado é apresentado.
D
contínua, extensa, no presente.
E
pontual, corriqueira, ordinária e sem importância.
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É correto afirmar que o narrador do texto assemelha-se a

Leia o trecho do romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, para responder à questão.

    Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e socada, de carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre suas vizinhas.
    Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de rezas e feitiçarias. Era extremamente feia, grossa, triste, com olhos desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta, como dentes de cão, cabelos lisos, escorridos e ainda retintos apesar da idade. Chamavam-lhe “Bruxa”.
     Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda. A primeira, mulata antiga, muito séria e asseada em exagero: a sua casa estava sempre úmida das consecutivas lavagens. Em lhe apanhando o mau humor punha-se logo a espanar, a varrer febrilmente, e, quando a raiva era grande, corria a buscar um balde de água e descarregava-o com fúria pelo chão da sala. A filha tinha quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem, mas sustentava ainda a sua virgindade e não cedia, nem à mão de Deus Padre, aos rogos de João Romão, que a desejava apanhar a troco de pequenas concessões na medida e no peso das compras que Florinda fazia diariamente à venda.

(O cortiço, 2007.)
A
um pintor atento às cores, às luzes e as sombras, dedicado a formalizar com inspiração as sensações que o mundo lhe imprime.
B
um historiador preocupado com o caráter documental do que escreve, atento à relevância histórica dos fatos narrados.
C
um ourives, construindo um universo de personagens de maneira equilibrada, de modo a valorizar o objeto artístico como se fosse uma joia.
D
um professor em um momento de orientação moral de seus alunos, ensinando-lhes a se comportarem adequadamente
E
um cientista em um laboratório a dissecar e classificar os diversos aspectos dos personagens como se fossem objetos de uma análise científica.
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FAMERP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Uma relação correta entre o trecho apresentado e o movimento literário em que O cortiço está inserido é:

Leia o trecho do romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, para responder à questão.

    Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e socada, de carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre suas vizinhas.
    Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de rezas e feitiçarias. Era extremamente feia, grossa, triste, com olhos desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta, como dentes de cão, cabelos lisos, escorridos e ainda retintos apesar da idade. Chamavam-lhe “Bruxa”.
     Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda. A primeira, mulata antiga, muito séria e asseada em exagero: a sua casa estava sempre úmida das consecutivas lavagens. Em lhe apanhando o mau humor punha-se logo a espanar, a varrer febrilmente, e, quando a raiva era grande, corria a buscar um balde de água e descarregava-o com fúria pelo chão da sala. A filha tinha quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem, mas sustentava ainda a sua virgindade e não cedia, nem à mão de Deus Padre, aos rogos de João Romão, que a desejava apanhar a troco de pequenas concessões na medida e no peso das compras que Florinda fazia diariamente à venda.

(O cortiço, 2007.)
A
a referência cuidadosa e delicada à sexualidade dos personagens é parte de um esforço, típico do Realismo, para apresentar o ser humano em sua totalidade sem sobrecarregar um de seus aspectos.
B
a caracterização dos personagens como indivíduos únicos e isolados da coletividade, deixando em segundo plano suas relações sociais, é um traço típico do Naturalismo.
C
a preferência dos personagens pela razão e seu desprezo pela fé, em uma estratégia para valorizar a ciência e a objetividade e desvalorizar a religião, são características do Realismo.
D
a valorização da vida perto da natureza, com personagens que abrem mão dos métodos e dos objetos frutos da tecnologia para se ligarem à tranquilidade de uma vida sem máquinas, é uma característica do Naturalismo.
E
a descrição das características vulgares dos personagens e a frequente associação entre homens e animais, que ajudam a estabelecer uma concepção biológica do mundo, são características do Naturalismo.
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FAMERP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No poema, está presente a seguinte característica do heterônimo Ricardo Reis:

Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa, para responder à questão.

As rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres¹ amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.

(O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)

¹volucre: que tem vida curta. 
A
elogio da noite e das facetas noturnas do ser humano.
B
valorização de relações interpessoais que criticam as normas da sociedade.
C
tematização das relações amorosas em uma abordagem ultrarromântica.
D
entendimento da vida como algo que ultrapassa a morte física.
E
alusões positivas ao mundo clássico.
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FAMERP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A imagem da “rosa”

Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa, para responder à questão.

As rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres¹ amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.

(O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)

¹volucre: que tem vida curta. 
A
simboliza toda a natureza, com a qual o eu lírico está envolvido e da qual ele depende para que sua vida seja satisfatória.
B
representa a delicadeza e a beleza do amor que o eu lírico sente, declara e tem a intenção de dividir com sua amada.
C
apresenta a ideia da efemeridade da vida a fim de defender que cada dia deve ser aproveitado sem preocupações com o passado ou com o futuro.
D
substitui inicialmente a imagem da mulher amada, Lídia, a fim de enaltecer sua beleza.
E
colabora para definir uma perspectiva de mundo centrada no indivíduo, a flor, deixando a coletividade, o jardim, em segundo plano.
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FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação ao poema “A última nau”, pode-se afirmar que:

Leia o poema “A última nau”, da obra Mensagem, de Fernando Pessoa, para responder à questão.

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago1
Erma2 , e entre choros de ânsia e de pressago3
Mistério.

Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projeta-o, sonho escuro
E breve.

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.

Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.

(Obra poética, 1987.)
1aziago: funesto.
2erma: solitária.
3pressago: presságio.
A
na batalha de Alcácer Quibir, a névoa foi a causa da derrota portuguesa.
B
erguido o alto pendão, os portugueses partiram com a certeza da vitória.
C
entre a cerração, o vulto baço que torna é o de El-Rei D. Sebastião.
D
do alto de seu Império, El-Rei D. Sebastião assistiu à partida da última nau.
E
entre os portugueses, o retorno de El-Rei D. Sebastião tem hora marcada.