Questão d8f17008-d8
Prova:
Disciplina:
Assunto:
“assim como uma grande chuva pode matar a sede de quem
queria uns goles de água.” (3°
parágrafo)
A imagem literária presente nessa passagem exprime uma
comparação baseada
“assim como uma grande chuva pode matar a sede de quem
queria uns goles de água.” (3°
parágrafo)
A imagem literária presente nessa passagem exprime uma
comparação baseada
Leia o trecho do conto “As caridades odiosas”, de Clarice
Lispector, para responder à questão.
Foi uma tarde de sensibilidade ou de suscetibilidade?
Eu passava pela rua depressa, emaranhada nos meus pensamentos, como às vezes acontece. Foi quando meu vestido me reteve: alguma coisa se enganchara na minha saia.
Voltei-me e vi que se tratava de uma mão pequena e escura.
Pertencia a um menino a que a sujeira e o sangue interno
davam um tom quente de pele. O menino estava de pé no
degrau da grande confeitaria. Seus olhos, mais do que suas
palavras meio engolidas, informavam-me de sua paciente aflição. Paciente demais. Percebi vagamente um pedido, antes
de compreender o seu sentido concreto. Um pouco aturdida
eu o olhava, ainda em dúvida se fora a mão da criança o que
me ceifara os pensamentos.
– Um doce, moça, compre um doce para mim.
Acordei finalmente. O que estivera eu pensando antes
de encontrar o menino? O fato é que o pedido deste pareceu cumular uma lacuna, dar uma resposta que podia servir
para qualquer pergunta, assim como uma grande chuva pode
matar a sede de quem queria uns goles de água.
Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer
espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum
conhecido tomava sorvete, entrei, fui ao balcão e disse com
uma dureza que só Deus sabe explicar: um doce para o
menino.
(A descoberta do mundo, 1999.)
Leia o trecho do conto “As caridades odiosas”, de Clarice
Lispector, para responder à questão.
Foi uma tarde de sensibilidade ou de suscetibilidade?
Eu passava pela rua depressa, emaranhada nos meus pensamentos, como às vezes acontece. Foi quando meu vestido me reteve: alguma coisa se enganchara na minha saia.
Voltei-me e vi que se tratava de uma mão pequena e escura.
Pertencia a um menino a que a sujeira e o sangue interno
davam um tom quente de pele. O menino estava de pé no
degrau da grande confeitaria. Seus olhos, mais do que suas
palavras meio engolidas, informavam-me de sua paciente aflição. Paciente demais. Percebi vagamente um pedido, antes
de compreender o seu sentido concreto. Um pouco aturdida
eu o olhava, ainda em dúvida se fora a mão da criança o que
me ceifara os pensamentos.
– Um doce, moça, compre um doce para mim.
Acordei finalmente. O que estivera eu pensando antes
de encontrar o menino? O fato é que o pedido deste pareceu cumular uma lacuna, dar uma resposta que podia servir
para qualquer pergunta, assim como uma grande chuva pode
matar a sede de quem queria uns goles de água.
Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer
espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum
conhecido tomava sorvete, entrei, fui ao balcão e disse com
uma dureza que só Deus sabe explicar: um doce para o
menino.
(A descoberta do mundo, 1999.)
A
numa redundância.
B
numa ironia.
C
numa desproporção.
D
numa atenuação.
E
num paradoxo.