Questão ea33b968-d7
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Segundo o texto, o uso de drogas na boate
Segundo o texto, o uso de drogas na boate
Leia o texto de Tales Ab´Sáber para responder à questão.
Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não termina jamais pode de fato começar a qualquer
momento do dia, às sete da manhã ou ainda às dez. Lá todos os tempos se estendem e noite e dia se transformam em
outra coisa. Naquela imensa boate que pretende expandir o
seu plano de existência, seu tempo infinito, sobre a vida e a
cidade, construída em uma antiga fábrica − uma antiga usina
de energia nazista −, todo tipo de figura da noite se encontra,
em uma festa fantástica alucinada que deseja não terminar
jamais. À luz da vida tecno¹
avançada, as ideias tradicionais de
dia e de noite se revelam mais frágeis, bem mais insólitas do
que a vida cotidiana sob o regime da produção nos leva a
crer. Para alguns, o mundo do dia se tornará definitivamente
vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si
o valor do que é vivo.
Naquela boate, como em muitas outras, tudo se encerra
apenas quando o efeito prolongado e sistemático da droga
se encerra. Como uma pausa para respirar, às vezes tendo
passado muitos dias entre uma jornada de diversão e sua
suspensão momentânea. Para muitos, apenas pelo tempo
mínimo da reposição das forças até a próxima jornada, extenuante, sem fim, pela política imaginária da noite.
E, ainda mais. Para outros tantos, o próprio efeito da droga sob a pulsação infinita da música eletrônica, experiência
programática e enfeitiçada, não deveria se encerrar jamais:
estes estariam destinados ao projeto de dissolução na pulsação sem eu da música tecno, seja a dissolução do espírito,
em uma infantilização sem fim para os embates materiais da
vida, seja a dissolução do corpo, ambos igualmente reais.
De fato, após uma noite de vida tecno, é forte a experiência radical de vazio que se torna o espírito do dia. A energia
foi imensamente gasta à noite. Foi devastada, tornando o dia
vazio de objeto, porém vivo. Vivo no vazio, muito bem articulado à busca pelo excedente absoluto de mais tarde, à noite.
(A música do tempo infinito, 2012. Adaptado.)
¹tecno: estilo de música eletrônica.
Leia o texto de Tales Ab´Sáber para responder à questão.
Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não termina jamais pode de fato começar a qualquer
momento do dia, às sete da manhã ou ainda às dez. Lá todos os tempos se estendem e noite e dia se transformam em
outra coisa. Naquela imensa boate que pretende expandir o
seu plano de existência, seu tempo infinito, sobre a vida e a
cidade, construída em uma antiga fábrica − uma antiga usina
de energia nazista −, todo tipo de figura da noite se encontra,
em uma festa fantástica alucinada que deseja não terminar
jamais.
À luz da vida tecno¹
avançada, as ideias tradicionais de
dia e de noite se revelam mais frágeis, bem mais insólitas do
que a vida cotidiana sob o regime da produção nos leva a
crer. Para alguns, o mundo do dia se tornará definitivamente
vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si
o valor do que é vivo.
Naquela boate, como em muitas outras, tudo se encerra
apenas quando o efeito prolongado e sistemático da droga
se encerra. Como uma pausa para respirar, às vezes tendo
passado muitos dias entre uma jornada de diversão e sua
suspensão momentânea. Para muitos, apenas pelo tempo
mínimo da reposição das forças até a próxima jornada, extenuante, sem fim, pela política imaginária da noite.
E, ainda mais. Para outros tantos, o próprio efeito da droga sob a pulsação infinita da música eletrônica, experiência
programática e enfeitiçada, não deveria se encerrar jamais:
estes estariam destinados ao projeto de dissolução na pulsação sem eu da música tecno, seja a dissolução do espírito,
em uma infantilização sem fim para os embates materiais da
vida, seja a dissolução do corpo, ambos igualmente reais.
De fato, após uma noite de vida tecno, é forte a experiência radical de vazio que se torna o espírito do dia. A energia
foi imensamente gasta à noite. Foi devastada, tornando o dia
vazio de objeto, porém vivo. Vivo no vazio, muito bem articulado à busca pelo excedente absoluto de mais tarde, à noite.
(A música do tempo infinito, 2012. Adaptado.)
¹tecno: estilo de música eletrônica.
A
tem importância secundária, na medida em que as pessoas estão ali para viver a experiência proporcionada
pela música.
B
funciona como uma espécie de medida do tempo: o fim
do efeito da droga no organismo determina, para alguns,
o encerramento da experiência na boate.
C
é uma expressão do que há de mais errado em nossa
sociedade, assim como foi o nazismo, que ocupou em
outra época as instalações da casa.
D
ultrapassa os limites do razoável e poderia ser regrado
a fim de que as pessoas não perdessem as noções de
tempo e os limites da própria subjetividade.
E
simboliza uma necessidade de nossa sociedade como
um todo: é preciso falar de drogas sem hipocrisia.