Questõesde UFU-MG sobre Interpretação de Textos

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Foram encontradas 74 questões
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Com o intuito de compreender as razões do comportamento humano, a narradora do conto Felicidade clandestina, de livro homônimo de Clarice Lispector, atém-se a um fato de sua infância, em que uma menina, filha do dono de uma livraria, percebendo o gosto da narradora pelos livros e pela leitura, promete lhe emprestar o livro As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Entretanto, numa atitude de crueldade, sempre adia o empréstimo. Para a narradora personagem, o comportamento da menina advém

A
da vingança fracassada, que se originou da desagregação familiar da menina e do rompimento com o namorado.
B
da inveja, que a corroía em função da contraposição de sua feiura à beleza das outras meninas.
C
do transtorno de conduta, que depois levou a menina à demonstração de sentimento de remorso.
D
do distúrbio de dupla personalidade, que instaurava na menina a dúvida quanto ao empréstimo do livro.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Texto I

   Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável. Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois, sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu fraco o último fôlego.

KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78. 

Texto II

     Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto do corpo como luzes.      A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu.

LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 37-38 


Embora de épocas e nacionalidades distintas, os protagonistas de A metamorfose e do conto O grande passeio têm em comum a 

A
a incapacidade de decisão ante as instabilidades sociais.
B
o isolamento social devido ao descaso dos familiares.
C
o devaneio filosófico a respeito dos fenômenos da natureza.
D
a passividade diante das vicissitudes do curso da vida.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

   O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
  O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
  Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
  Só afrouxa a rédea depois do gozo.
 Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

  Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina 

A
constata a violência do mundo adulto e desiste do embate contra o Homem.
B
revive na vida adulta o trauma da infância e sucumbe aos desejos do Homem.
C
reage à perseguição do Homem e pragueja contra a mulher mascarada.
D
descobre a cilada armada pela mulher mascarada e tenta em vão aliar-se ao Homem.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Depreende-se, da leitura de O santo e a porca, que Ariano Suassuna, ao dialogar com a tradição, retomando a comédia Aululária, de Plauto, e O avarento, de Moliére, recriando-as a partir de aspectos regionais e universais, associa 

A
o popular ao erudito.
B
a arte renascentista ao pós-moderno.
C
o grotesco ao sublime.
D
o cômico ao trágico.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso

DIONISOS DENDRITES


Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.


Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.


As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.


E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.


SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

A
As bocas mordem colos e flancos desnudados” revela o séquito de animais presentes.
B
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos” subverte a ambientação diurna de Dionisos.
C
Ramos nascem de seu peito” indica a relação de simbiose do deus Dioniso com a natureza.
D
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio” põe em evidência as vítimas imoladas pelo deus.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

Uma das melhores interpretações já feitas do verbo “coitadinhar”, neologismo que aprendi durante um papo-furado com uma grande amiga que é cega, foi feita no feita no filme “Shrek”. Ela acontece no momento em que o Gato de Botas, para fugir de uma situação em que estava encurralado, esbugalhou os olhos, comprimiu o pescoço, ensaiou um choro e conseguiu, por fim, amolecer o coração dos malvados que o cercavam ilesos. [...]
MARQUES, Jairo. Folha de S. Paulo, 16 de dezembro de 2015, B2 Cotidiano (fragmento).

Entende-se por neologismo a criação ou atribuição de um novo sentido a uma palavra ou expressão já existente, por meio de processos também existentes na língua. Com base nessa definição e na contextualização em que o termo “coitadinhar” foi utilizado no filme “Shrek”, deduz-se que ele significa, EXCETO

A
Criar subterfúgios para ser considerado inocente.
B
Criar condições para ser avaliado como ser inferior.
C
Culpar os outros pelas próprias carências.
D
Ressaltar as carências para obter favores.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Considerando a leitura do poema e o uso dos recursos expressivos, em Dionisos Dendrites,

DIONISOS DENDRITES


Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.


Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.


As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.


E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.


SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

A
a aliteração no verso “Pés percutem a pedra enegrecida” indica um som reproduzido como o dos tambores do verso subsequente.
B
a gradação em ‘bocas’, ‘faces’ e ‘corpos’, nos três primeiros versos da 3ª estrofe, aponta para a opulência do ritual.
C
a metonímia em “seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas” revela o embate estabelecido entre a vida e a morte.
D
a metáfora em ‘taças incendiadas’, no verso “o vinho espuma nas taças incendiadas”, denota o sentimento de enfado dos presentes em relação ao ritual.
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UFU-MG 2016 - Português - Interpretação de Textos

[...] Há uma velha máxima no universo da internet que diz: “Não alimente os trolls (aqueles que praticam a trolagem – brincadeiras ofensivas que, muitas vezes, ferem as leis).” Segundo essa teoria, quanto mais a população se incomoda e quanto mais a mídia divulga as ações desses grupos, mais eles se tornam populares e engajados. Os defensores da máxima dizem que ela deveria valer também para a Justiça. Há quem defenda que a ideia de que, à medida que as autoridades perseguem esses grupos (gangues virtuais), mais malucos se dispõem a desafiá-las, devido à sensação de impunidade inerente ao anonimato na rede. Mas, sejam eles alimentados ou não, muitos desses baderneiros virtuais estão cometendo crimes no mundo real. [...]
FERRARI, Bruno. In: Época, 25 de janeiro de 2016, p. 69 (fragmento adaptado). 

Com o objetivo de introduzir o tema do texto, o autor cita uma máxima da internet e, na sequência, explicita-a. O processo constitutivo dessa explicação baseia-se em uma relação 

A
demonstrada e aceita como verdade para o que será defendido.
B
derivada de outras já comprovadas anteriormente.
C
presumida como real no domínio de sua aplicação.
D
consensual e necessária para a aceitação do que será postulado.
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O texto tece reflexões acerca do passado, do futuro e do presente, argumentando a favor da ideia de que se deve


A
ter esperança no futuro, pois o passado não existe mais.
B
viver o presente parcimoniosamente, pois o presente é real.
C
ignorar o passado para que se viva bem o presente.
D
experienciar o presente, a fim de saboreá-lo.
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O vírus zika segue sua escalada. Ele é suspeito de causar boa parte dos 3.611 casos de microcefalia em bebês no Brasil desde outubro de 2015, segundo o levantamento mais recente do Ministério da Saúde. No dia 17 de janeiro, a Organização Pan-Americana da Saúde na região, declarou que 18 países, praticamente toda a América Latina, já detectaram casos de infecção pelo vírus. O invasor chegou até a América do Norte. Durante a última semana, apareceram notificações de casos nos Estados Unidos. Foram duas gestantes em Illinois, outra com suspeita de zika na Califórnia e três pessoas diagnosticadas na Flórida. Esses casos se somam aos primeiros registrados no início do mês: uma mulher no Texas e um bebê que nasceu com microcefalia no Havaí. [...] Um novo estudo, elaborado por um grupo internacional de pesquisadores, sugere que é questão de tempo até que o vírus comece a se disseminar dentro dos Estados Unidos e, possivelmente, da Europa. [...]
BUSCATO, Marcela. Época, 25 de janeiro de 2016, p. 42 (fragmento).

Ao descrever a crescente trajetória do vírus zika, por meio de dados oficiais, a produtora do texto tem por objetivo: 

A
Informar a população sobre a gravidade do vírus.
B
Ressaltar o fato de que o vírus prefere os trópicos para se disseminar.
C
Enfatizar o fato de que o vírus é uma ameaça global.
D
Alertar sobre a expansão do vírus pela Europa.
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Na Olimpíada da crise, os convidados especiais não vão contar assim com tanta mordomia. Graças à baixa procura e ao desinteresse dos patrocinadores, o comitê organizador dos Jogos está com dificuldade de erguer camarotes para algumas modalidades. O de vôlei de praia, esporte no qual o Brasil é destaque, não vai dispor da estrutura. O camarote para o tênis, no Parque Olímpico, também foi cancelado. A construção ocorre apenas se os pedidos são suficientes para compensar os custos.
Veja, ed. 2460, ano 49, nº. 2, 13 de janeiro de 2016, p. 29.

No último período do texto, as formas verbais em destaque foram empregadas para 

A
expressar temporalmente o futuro.
B
representar eventos sem historicidade.
C
expressar fatos que independem do tempo cronológico.
D
expressar atitude do enunciador.
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        Uma barra: na era das mensagens de texto e das descrições de perfis no Twitter, ela se tornou um sinal de pontuação universal para aqueles que querem descrever rapidamente suas atividades sociais (jantar/drinques), as ambições de carreira (trabalho/diversão) e até mesmo os arranjos amorosos (amigo/ amante).
    Mas, para alguns integrantes da geração Y (aqueles nascidos entre 1980 e 2000), ela se transformou em uma espécie de marcador de identidade (advogada/atriz; relações públicas/DJ; executiva/cozinheira) para aqueles que trabalham em dois (ou mais) mundos diferentes.
     Ao contrário de legiões de americanos que têm vários empregos por necessidade, esses jovens escolhem se esticar entre várias atividades. Enquanto um trabalho geralmente paga as contas, outro permite algo mais criativo. Eles consideram esse coquetel de atividades essencial para o bem-estar e consideram que se concentrar em apenas uma coisa para o resto da vida é antiquado.
   "Uma coisa para o resto da minha vida? Absolutamente não", diz Maxwell Hawes 4°, 25, que atualmente se alterna entre uma companhia de tecnologia para publicidade em San Francisco e uma start-up (empresa iniciante) e de vestuário masculino. "Eu não imagino como seria isso."
Folha de S. Paulo, 28 de dezembro de 2014.

A citação, entre aspas, presente no fim do texto relaciona-se à ideia desenvolvida no parágrafo anterior com o objetivo de apresentar um(a) 

A
argumento de autoridade.
B
estratégia de persuasão.
C
exemplificação como prova.
D
interlocução direta.
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De acordo com as ideias desenvolvidas no texto, assinale a alternativa INCORRETA.

A
No segundo parágrafo, a sequência narrativa cumpre a função de sustentar a tese defendida pelo produtor do texto.
B
A pergunta “O que ocorreu entre o amadorismo dos anos 1990 e o profissionalismo a que chegamos? ” (linhas 24 e 25) introduz uma opinião a respeito do assunto que já vinha sendo tratado.
C
O item lexical “daí” (linha 13) cumpre a função de estabelecer relação de explicação com o que lhe antecede.
D
Em “A história dessa aventura tecnológica é jovem demais para ser tão espetacular, daí seu fascínio.” (linhas 12 e 13), infere-se que espetacular não é um termo geralmente empregado para qualificar o que é jovem demais.
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Não é só o Dia do Trabalho que é comemorado em 1° de maio, mas também o Dia da Literatura Brasileira. Nos últimos anos, o Brasil vem se destacando no cenário internacional não mais só pelo esporte ou culinária, mas também pelos livros escritos aqui. Um exemplo deste fenômeno é o país ter sido o convidado de honra do Salão do Livro de Paris em 2015, que ocorreu em março.
Língua Portuguesa, Ano 9, Nº 115, maio 2015, p. 47

As orações, nos períodos em destaque, estão articuladas de modo a estabelecer 

A
correlação de ideias.
B
proporção entre ideias.
C
complementação de ideias.
D
comparação entre ideias.