Questõesde UFGD sobre Interpretação de Textos
Com relação a Laços de família, de Clarice Lispector, é correto afirmar:
I. Nesta coletânea de contos, as personagens - sejam adultos ou adolescentes - debatem-se nas cadeias de
violência latente que podem emanar do círculo doméstico. Homens ou mulheres, os laços que os unem são,
em sua maioria, elos familiares ao mesmo tempo de afeto e de aprisionamento.
II. E, como se pouco a pouco se desnudasse uma estratégia, o cotidiano dos personagens de Laços de família,
cuja primeira edição data de 1960, vai-se desnudando como um ambiente falsamente estável, em que vidas
aparentemente sólidas se desestabilizam de súbito, justo quando o dia-a-dia parecia estar sendo marcado pela
ameaça de nada acontecer.
III. O texto de Clarice Lispector não costuma apresentar ilusória facilidade. Seu vocabulário não é simples, as
imagens voltam-se para animais e plantas, quando não para objetos domésticos e situações da vida diária, com
frequência numa voltagem de intenso lirismo.
Assinale a alternativa CORRETA:
Considerando no contexto das tendências dominantes da poesia de Manoel de Barros, no livro Águas,
pode-se afirmar que:
Leia o texto a seguir.
Diversamente do período moderno, com suas
correntes e tendências artísticas organizadas em
grupos como as vanguardas construtivas, os
futuristas, dadaístas, surrealistas e outros, autores
de manifestos e fundadores de revistas e até
escolas, a arte contemporânea no Brasil, como já
foi dito, embora possuindo suas matrizes, avança
num número tal de direções e é constituída por
obras tão singulares que, tudo considerado, ela
sugere um arquipélago. A imagem é boa, porque
foge do reducionismo das grandes etiquetas, que,
ao valorizarem as semelhanças entre as obras de
alguns artistas, não atentam convenientemente
para as diferenças entre elas. Outros argumentos
a favor dessa imagem: em primeiro lugar, a
descontinuidade que ela sugere, o que contraria a
ideia de que se desenvolvimento se dá
linearmente, com cada obra se apresentando
como um desdobramento da anterior [...]. Um
arquipélago, porque cada boa obra engendra uma
ilha, como topografia, atmosfera e vegetação
particulares, eventualmente semelhante a outra
ilha, mas sem confundir-se com ela. Percorrê-la
com cuidado equivale a vivenciá-la, perceber o
que só ela oferece.
FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira hoje. São Paulo: Publifolha, 2002. Coleção Folha
explica.
Esse texto de Agnaldo Farias aponta para uma grande
diversidade quando se fala em arte contemporânea
brasileira, sugere a imagem de um arquipélago, a fim
de que se possa fugir à ideia de unificar o que se
denomina de arte contemporânea hoje, no Brasil, e
para que se possa olhar ao redor e ver que, embora
conectadas, as “ilhas” desse arquipélago constituemse
em “universos” específicos da produção de cada
artista.
Partindo dessa imagem de diversidade do arquipélago,
assinale a alternativa que apresenta uma obra de arte
brasileira que difere conceitual e cronologicamente da
ideia de arte contemporânea.
Leia o texto a seguir.
Diversamente do período moderno, com suas correntes e tendências artísticas organizadas em grupos como as vanguardas construtivas, os futuristas, dadaístas, surrealistas e outros, autores de manifestos e fundadores de revistas e até escolas, a arte contemporânea no Brasil, como já foi dito, embora possuindo suas matrizes, avança num número tal de direções e é constituída por obras tão singulares que, tudo considerado, ela sugere um arquipélago. A imagem é boa, porque foge do reducionismo das grandes etiquetas, que, ao valorizarem as semelhanças entre as obras de alguns artistas, não atentam convenientemente para as diferenças entre elas. Outros argumentos a favor dessa imagem: em primeiro lugar, a descontinuidade que ela sugere, o que contraria a ideia de que se desenvolvimento se dá linearmente, com cada obra se apresentando como um desdobramento da anterior [...]. Um arquipélago, porque cada boa obra engendra uma ilha, como topografia, atmosfera e vegetação particulares, eventualmente semelhante a outra ilha, mas sem confundir-se com ela. Percorrê-la com cuidado equivale a vivenciá-la, perceber o que só ela oferece.
FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira hoje. São Paulo: Publifolha, 2002. Coleção Folha explica.
Esse texto de Agnaldo Farias aponta para uma grande diversidade quando se fala em arte contemporânea brasileira, sugere a imagem de um arquipélago, a fim de que se possa fugir à ideia de unificar o que se denomina de arte contemporânea hoje, no Brasil, e para que se possa olhar ao redor e ver que, embora conectadas, as “ilhas” desse arquipélago constituemse em “universos” específicos da produção de cada artista.
Partindo dessa imagem de diversidade do arquipélago, assinale a alternativa que apresenta uma obra de arte brasileira que difere conceitual e cronologicamente da ideia de arte contemporânea.
As relações sociais contemporâneas sofrem
grande influência das tecnologias inseridas na
sociedade. A utilização generalizada de novas
tecnologias de informação, nos mais diversos
setores sociais, faz com que os indivíduos de
diferentes níveis socioeconômicos e culturais
convivam com um grande número de produtos
modernos à sua disposição. As Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC) podem provocar
diversidades e mudanças na sociedade, gerando
diferentes impactos e exigindo novas posturas por
parte dos indivíduos diante desse novo cenário
que se vivencia. Com base nisso, pode-se destacar
como sendo efeitos sociais positivos das TICs as
seguintes características:
A busca incessante pelo corpo perfeito, do ponto
de vista estético, é significativamente incentivada
pela mídia na atualidade. Esse fenômeno
contribui, sobretudo, para
Considere o seguinte texto extraído da obra A
Retirada de Laguna, de Visconde de Taunay.
Formação de um corpo de exército destinado a atuar,
pelo norte, sobre o alto Paraguai. Distâncias e
dificuldades de organização.
Para dar uma ideia, algum tanto exata, dos
lugares onde, em 1867, ocorreram os
acontecimentos cuja narrativa se vai ler, convém
lembrar que, ao finalizar de 1864, havendo o
Paraguai atacado e invadido, simultaneamente, o
Império do Brasil e a República Argentina, achavase,
decorridos dois anos, após tal investida,
reduzido a defender o próprio território, invadido
do lado do sul, pelas forças conjuntas das duas potências aliadas, a quem coadjuvava pequeno
contingente de tropas da República do Uruguai.
Ao sul oferecia o caudaloso Paraguai mais
vantagens à expugnação da fortaleza de Humaitá,
que, pela posição especial, se convertera na chave
estratégica do país, assumindo, nesta porfia
encarniçada, a importância de Sebastopol, na
Campanha da Criméia.
Ao norte, do lado de Mato Grosso, eram as
operações infinitamente mais difíceis, não só
porque ocorriam a milhares de quilômetros do
litoral atlântico, onde se concentram todos os
recursos do Brasil, como ainda por causa das
inundações do rio Paraguai, que cortando na
parte superior do curso terras baixas e planas,
transborda anualmente, a submergir então
regiões extensíssimas. Consistia o plano de ataque
mais natural em subir as águas do Paraguai, do
lado da Argentina, até o coração da república
inimiga e, do Brasil, descê-las a partir de Cuiabá, a
capital mato-grossense que os paraguaios não
haviam ocupado.
Teria impedido à guerra arrastar-se durante cinco
anos consecutivos esta conjugação de esforços
simultâneos. Mas era-lhe a realização
extraordinariamente difícil, devido às enormes
distâncias a transpor. Basta lançar os olhos sobre
um mapa da América do Sul e examinar o interior
do Brasil, em grande parte desabitado, para que
qualquer observador de tal se convença logo.
No momento em que se enceta esta narrativa,
estava, pois, a atenção geral das potências aliadas
quase exclusivamente voltada para o Sul, para as
operações de guerra, travadas em torno de
Curupaiti e Humaitá. Quanto ao plano primitivo
fora ele mais ou menos abandonado; quando
muito ia servir de pretexto a que se infligissem as
mais terríveis provações a uma pequena coluna
expedicionária, quase perdida nos imensos e
desertos sertões brasileiros.
Em 1865 – ao arrebentar a guerra que Francisco
Solano Lopes, o presidente do Paraguai, na
América do Sul suscitara sem maior motivo do
que os ditames da ambição pessoal; quando
muito a invocar o vão pretexto da manutenção do
equilíbrio internacional – o Brasil, obrigado a
defender honra e direitos, dispôs-se,
denodadamente, para a luta. A fim de reagir
contra o inimigo, em todos os pontos onde podia
enfrentá-lo, o plano da invasão do Paraguai setentrional acudiu naturalmente a todos os
espíritos; preparou-se uma expedição para este
fim.
Não foi infelizmente este projeto de diversão
realizado nas proporções que sua importância
exigia; e, mais infelizmente ainda, os contingentes
acessórios sobre os quais contávamos, para
avolumar o corpo de exército expedicionário,
durante a longa jornada através de São Paulo e
Minas Gerais, falharam em grande parte ou
desapareceram devido a cruel epidemia de varíola
e as deserções que esta provocou. Marchou-se
lentamente: provinha a demora de muitas causas,
sobretudo da dificuldade do abastecimento de
víveres.
TAUNAY, Visconde de. A retirada de laguna. Belém: Unama, 2003.
Depreende-se do texto que
Considere o seguinte texto extraído da obra A Retirada de Laguna, de Visconde de Taunay.
Formação de um corpo de exército destinado a atuar, pelo norte, sobre o alto Paraguai. Distâncias e dificuldades de organização.
Para dar uma ideia, algum tanto exata, dos lugares onde, em 1867, ocorreram os acontecimentos cuja narrativa se vai ler, convém lembrar que, ao finalizar de 1864, havendo o Paraguai atacado e invadido, simultaneamente, o Império do Brasil e a República Argentina, achavase, decorridos dois anos, após tal investida, reduzido a defender o próprio território, invadido do lado do sul, pelas forças conjuntas das duas potências aliadas, a quem coadjuvava pequeno contingente de tropas da República do Uruguai. Ao sul oferecia o caudaloso Paraguai mais vantagens à expugnação da fortaleza de Humaitá, que, pela posição especial, se convertera na chave estratégica do país, assumindo, nesta porfia encarniçada, a importância de Sebastopol, na Campanha da Criméia.
Ao norte, do lado de Mato Grosso, eram as operações infinitamente mais difíceis, não só porque ocorriam a milhares de quilômetros do litoral atlântico, onde se concentram todos os recursos do Brasil, como ainda por causa das inundações do rio Paraguai, que cortando na parte superior do curso terras baixas e planas, transborda anualmente, a submergir então regiões extensíssimas. Consistia o plano de ataque mais natural em subir as águas do Paraguai, do lado da Argentina, até o coração da república inimiga e, do Brasil, descê-las a partir de Cuiabá, a capital mato-grossense que os paraguaios não haviam ocupado.
Teria impedido à guerra arrastar-se durante cinco anos consecutivos esta conjugação de esforços simultâneos. Mas era-lhe a realização extraordinariamente difícil, devido às enormes distâncias a transpor. Basta lançar os olhos sobre um mapa da América do Sul e examinar o interior do Brasil, em grande parte desabitado, para que qualquer observador de tal se convença logo.
No momento em que se enceta esta narrativa, estava, pois, a atenção geral das potências aliadas quase exclusivamente voltada para o Sul, para as operações de guerra, travadas em torno de Curupaiti e Humaitá. Quanto ao plano primitivo fora ele mais ou menos abandonado; quando muito ia servir de pretexto a que se infligissem as mais terríveis provações a uma pequena coluna expedicionária, quase perdida nos imensos e desertos sertões brasileiros.
Em 1865 – ao arrebentar a guerra que Francisco Solano Lopes, o presidente do Paraguai, na América do Sul suscitara sem maior motivo do que os ditames da ambição pessoal; quando muito a invocar o vão pretexto da manutenção do equilíbrio internacional – o Brasil, obrigado a defender honra e direitos, dispôs-se, denodadamente, para a luta. A fim de reagir contra o inimigo, em todos os pontos onde podia enfrentá-lo, o plano da invasão do Paraguai setentrional acudiu naturalmente a todos os espíritos; preparou-se uma expedição para este fim.
Não foi infelizmente este projeto de diversão realizado nas proporções que sua importância exigia; e, mais infelizmente ainda, os contingentes acessórios sobre os quais contávamos, para avolumar o corpo de exército expedicionário, durante a longa jornada através de São Paulo e Minas Gerais, falharam em grande parte ou desapareceram devido a cruel epidemia de varíola e as deserções que esta provocou. Marchou-se lentamente: provinha a demora de muitas causas, sobretudo da dificuldade do abastecimento de víveres.
TAUNAY, Visconde de. A retirada de laguna. Belém: Unama, 2003.
Depreende-se do texto que
Em conformidade com a mensagem e as
construções linguísticas do texto a seguir, marque
a alternativa correta.
Em conformidade com a mensagem e as construções linguísticas do texto a seguir, marque a alternativa correta.
Acerca de questões sintático-semânticas que
compõem o texto Facebook testa reconhecimento
facial para usuários que perderam suas senhas,
assinale a alternativa correta.
Facebook testa reconhecimento facial para usuários que perderam suas senhas
O Facebook começou a testar nessa semana um recurso de reconhecimento facial para autenticar seus usuários. A ideia da empresa é usar essa identificação biométrica somente quando a pessoa estiver sem acesso normal a seu perfil. Ou seja, quando a senha for esquecida ou a conta for hackeada por alguém.
A rede social explica que não deve haver preocupações com privacidade, já que essa identificação biométrica não será utilizada com frequência nem terá outros meios de uso além da recuperação de senha. Em um comunicado oficial ao TECHCRUNCH, a empresa confirmou o teste: “Estamos testando uma nova ferramenta para pessoas que queiram verificar posse de uma conta com rapidez e simplicidade durante o processo de recuperação de senha. Essa função opcional estará disponível apenas em aparelhos que você já utiliza para fazer login no Facebook. É um passo a mais, junto com a autenticação de dois fatores via SMS, que estamos dando para nos certificarmos que os usuários corretos possam confirmar suas identidades”, diz o texto.
Acredita-se que, se a função se provar confiável contra hackers, o Facebook pode adotá-la de forma definitiva na rede social e começar a utilizá-la regularmente para reaver contas perdidas. Ainda não se sabe, entretanto, quando isso pode acontecer nem se vai gerar alguma polêmica, como foi o caso do reconhecimento facial para marcação de pessoas em fotos.
MÜLLER, Leonardo. Facebook testa reconhecimento facial para usuários que perderam suas senhas. Disponível em: https://www.tecmundo. com.br/redessociais/122549-facebook-testa-reconhecimento-facial-usuarios-perderamsenhas.htm. Acesso em: 30 set. 2017. (Adaptado).
O jogo
a bola está com juscelino, juscelino passa para
jânio, jânio sai do campo e agora a bola está com
jango, castelo rouba a bola e vai para a direita,
passa para costa e silva, costa e silva passa para
médici, médici passa para geisel, geisel para joão
figueiredo, joão figueiredo cruza para sarney,
sarney de cabeça para collor e
goooooooooooooooooooolllllllllllllllllllllll
(gol contra minha gente)
MARINHO, Emmanuel. Satilírico. Edição do Autor, 1995, p. 37.
Esse poema foi extraído do livro Satilírico do poeta sulmato-grossense
Emmanuel Marinho e alude a
personagens e a fatos relacionados ao contexto
político no Brasil da segunda metade do século XX.
Sobre a obra em questão, é correto afirmar que
O jogo
a bola está com juscelino, juscelino passa para jânio, jânio sai do campo e agora a bola está com jango, castelo rouba a bola e vai para a direita, passa para costa e silva, costa e silva passa para médici, médici passa para geisel, geisel para joão figueiredo, joão figueiredo cruza para sarney, sarney de cabeça para collor e goooooooooooooooooooolllllllllllllllllllllll
(gol contra minha gente)
MARINHO, Emmanuel. Satilírico. Edição do Autor, 1995, p. 37.
Esse poema foi extraído do livro Satilírico do poeta sulmato-grossense
Emmanuel Marinho e alude a
personagens e a fatos relacionados ao contexto
político no Brasil da segunda metade do século XX.
Sobre a obra em questão, é correto afirmar que
O filme Em Nome da Lei (2016), com direção de
Sergio Resende, ficcionaliza a história profissional
do juiz federal Odilon Oliveira, tendo como pano
de fundo o crime organizado e o tráfico de drogas
em uma cidade na região de fronteira com o
Paraguai. No elenco, estão atores conhecidos do
grande público como Mateus Solano, Paolla
Oliveira e Chico Diaz, que protagonizam a trama
gravada na cidade de Dourados, no Mato Grosso
do Sul. Com base na obra cinematográfica,
assinale a alternativa correta.
A personagem Rê Bordosa, retratada na tirinha a
seguir de autoria do cartunista Arnaldo Angeli
Filho, faz parte de uma série que circulou
inicialmente no jornal Folha de São Paulo e depois
nas edições da revista Chiclete com Banana entre
1984 e 1987.
Sobre a personagem, tema do curta-metragem de
animação Dossiê Rê Bordosa, produzido em 2008, com
direção de Sérgio Cabral, assinale a alternativa correta.
A personagem Rê Bordosa, retratada na tirinha a seguir de autoria do cartunista Arnaldo Angeli Filho, faz parte de uma série que circulou inicialmente no jornal Folha de São Paulo e depois nas edições da revista Chiclete com Banana entre 1984 e 1987.
Sobre a personagem, tema do curta-metragem de
animação Dossiê Rê Bordosa, produzido em 2008, com
direção de Sérgio Cabral, assinale a alternativa correta.
Grafite e pichação são formas de arte?
[...] O problema do reconhecimento da arte
reapareceu como um tema de interesse social
nessas primeiras semanas de 2017, pela ação da
prefeitura de São Paulo, que substituiu os grafites
de algumas das principais avenidas da cidade pela
pintura uniforme dos muros com uma tinta cinza,
insossa e burocrática. Como a muitos que
admiravam os grafites que a prefeitura apagou, a
ação do governo Doria me pareceu equivocada.
Ao julgá-la de um ponto de vista puramente
estético, ou melhor, a partir do que o gosto e a
experiência visual me dizem, é evidente que a
“limpeza” dos muros onde havia grafites resultou
em um empobrecimento da paisagem urbana
paulistana.
A mesma coisa não poderia ser dita, porém, sobre
a retirada de pichações, contra as quais João
Doria mantém um discurso mais incisivo. Sem um
critério estético para ser aplicado, já que os
próprios pichadores o dispensam, a avaliação da
pichação tem uma natureza distinta da que
fazemos do grafite. Por mais que os dois
fenômenos se cruzem em intrincadas relações
entre os seus criadores, o Estado e terceiros (os
proprietários de muros privados, por exemplo),
podemos distingui-los em função dos seus valores estéticos e da maneira como se apresentam aos
receptores.
Um bom ponto de partida é a observação de que
nós gostamos, ou não, dos grafites. Das
pichações, porém, nós não podemos “gostar”
nem “não gostar”, basicamente porque elas não
se propõem a ser um objeto do gosto. Essa
distinção em relação à experiência suscitada pelo
grafite e pelas pichações poderia balizar uma
teoria estética da chamada street art, se a
tendência dos filósofos profissionais da área não
fosse desconsiderá-la. O segundo passo a ser
observado tem justamente a ver com isso. Se não
podemos “gostar” das pichações, por que elas
encontram defensores inclusive entre pessoas
que admitem as diferenças sensíveis que a
separam do grafite?
A resposta a essa pergunta sugere o espírito
ultrapolitizado de uma parcela muito grande da
arte contemporânea. Quando alguém aprova uma
pichação, o que geralmente ocorre não é a
emissão de um juízo de gosto, mas sim a
declaração de um apoio ideológico. Esse apoio
costuma ser vago e não ter fundamento empírico.
É como se aprovar a pichação significasse “estar
do lado” dos oprimidos, do povo ou dos
marginalizados. O que nunca se coloca em
questão, porém, é se tais entidades abstratas e
totalizantes (os oprimidos, o povo, os
marginalizados…) realmente se reconhecem e se
veem expressadas na ação dos pichadores. Será
mesmo que a pichação é um fenômeno que
representa grupos sociais em desvantagem na
sociedade? Será que os pichadores representam
algum grupo social além deles mesmos?
Trecho extraído de Oliveira, R. C. “Grafite e pichação são formas de arte?” In: O
Estado de São Paulo. 3 de fevereiro de 2017.
Assinale a alternativa que apresenta apenas ideias
contidas no excerto apresentado.
Grafite e pichação são formas de arte?
[...] O problema do reconhecimento da arte reapareceu como um tema de interesse social nessas primeiras semanas de 2017, pela ação da prefeitura de São Paulo, que substituiu os grafites de algumas das principais avenidas da cidade pela pintura uniforme dos muros com uma tinta cinza, insossa e burocrática. Como a muitos que admiravam os grafites que a prefeitura apagou, a ação do governo Doria me pareceu equivocada. Ao julgá-la de um ponto de vista puramente estético, ou melhor, a partir do que o gosto e a experiência visual me dizem, é evidente que a “limpeza” dos muros onde havia grafites resultou em um empobrecimento da paisagem urbana paulistana.
A mesma coisa não poderia ser dita, porém, sobre a retirada de pichações, contra as quais João Doria mantém um discurso mais incisivo. Sem um critério estético para ser aplicado, já que os próprios pichadores o dispensam, a avaliação da pichação tem uma natureza distinta da que fazemos do grafite. Por mais que os dois fenômenos se cruzem em intrincadas relações entre os seus criadores, o Estado e terceiros (os proprietários de muros privados, por exemplo), podemos distingui-los em função dos seus valores estéticos e da maneira como se apresentam aos receptores.
Um bom ponto de partida é a observação de que nós gostamos, ou não, dos grafites. Das pichações, porém, nós não podemos “gostar” nem “não gostar”, basicamente porque elas não se propõem a ser um objeto do gosto. Essa distinção em relação à experiência suscitada pelo grafite e pelas pichações poderia balizar uma teoria estética da chamada street art, se a tendência dos filósofos profissionais da área não fosse desconsiderá-la. O segundo passo a ser observado tem justamente a ver com isso. Se não podemos “gostar” das pichações, por que elas encontram defensores inclusive entre pessoas que admitem as diferenças sensíveis que a separam do grafite?
A resposta a essa pergunta sugere o espírito ultrapolitizado de uma parcela muito grande da arte contemporânea. Quando alguém aprova uma pichação, o que geralmente ocorre não é a emissão de um juízo de gosto, mas sim a declaração de um apoio ideológico. Esse apoio costuma ser vago e não ter fundamento empírico. É como se aprovar a pichação significasse “estar do lado” dos oprimidos, do povo ou dos marginalizados. O que nunca se coloca em questão, porém, é se tais entidades abstratas e totalizantes (os oprimidos, o povo, os marginalizados…) realmente se reconhecem e se veem expressadas na ação dos pichadores. Será mesmo que a pichação é um fenômeno que representa grupos sociais em desvantagem na sociedade? Será que os pichadores representam algum grupo social além deles mesmos?
Trecho extraído de Oliveira, R. C. “Grafite e pichação são formas de arte?” In: O Estado de São Paulo. 3 de fevereiro de 2017.
Assinale a alternativa que apresenta apenas ideias
contidas no excerto apresentado.
Leia o texto a seguir.
[...] Metáforas pontuais e redes metafóricas – A
metáfora, stricto sensu, é uma figura de expressão
verbal, “a forma mais condensada” da imagem
literária, uma comparação da qual só restaria o
comparante. A compreensão da metáfora baseia-se
na analogia de sentido que existe entre o
termo atualizado e o termo ausente que
substituiu. No cinema, são as imagens que
desfilam e não as palavras. O efeito metafórico
pode ser gerado da sucessão de imagens que
produzem um sentido que “ultrapassa” o sentido
literal. É a associação, mais ou menos estreita, de
imagens que rompe o estrito continuum narrativo
que cria uma configuração metafórica (mais do
que uma metáfora “pura”).
[...] Metáforas e redes metafóricas são
detectáveis por intermédio da repetição, de
formas de insistência (primeiros planos, planos
longos, ângulos insólitos) ou de ampliação
(deformações visuais, aumentos, efeitos sonoros
etc), do grau maior ou menor de incongruência
desta ou daquela imagem com relação à norma
narrativo-realista (da imagem deliberadamente
não diegética à figura diegetizada, isto é,
plenamente integrada no mundo representado).
VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Análise e interpretação simbólica. In:__.
Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas: Papirus Editora, Coleção Ofício de Arte e
Forma, 7°ed, 1994. p.56-63.
O curta-metragem Caramujo-flor (1988), com direção
de Joel Pizzini, é uma adaptação cinematográfica de
vários poemas de Manoel de Barros, que busca recriar na tela a poética do escritor brasileiro. A partir das
linguagens visual e sonora, o filme se vale da
composição das imagens em movimento para
“traduzir audiovisualmente” as metáforas presentes
no texto literário. Diante disso, é possível afirmar que
Leia o texto a seguir.
[...] Metáforas pontuais e redes metafóricas – A metáfora, stricto sensu, é uma figura de expressão verbal, “a forma mais condensada” da imagem literária, uma comparação da qual só restaria o comparante. A compreensão da metáfora baseia-se na analogia de sentido que existe entre o termo atualizado e o termo ausente que substituiu. No cinema, são as imagens que desfilam e não as palavras. O efeito metafórico pode ser gerado da sucessão de imagens que produzem um sentido que “ultrapassa” o sentido literal. É a associação, mais ou menos estreita, de imagens que rompe o estrito continuum narrativo que cria uma configuração metafórica (mais do que uma metáfora “pura”).
[...] Metáforas e redes metafóricas são detectáveis por intermédio da repetição, de formas de insistência (primeiros planos, planos longos, ângulos insólitos) ou de ampliação (deformações visuais, aumentos, efeitos sonoros etc), do grau maior ou menor de incongruência desta ou daquela imagem com relação à norma narrativo-realista (da imagem deliberadamente não diegética à figura diegetizada, isto é, plenamente integrada no mundo representado).
VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Análise e interpretação simbólica. In:__. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas: Papirus Editora, Coleção Ofício de Arte e Forma, 7°ed, 1994. p.56-63.
O curta-metragem Caramujo-flor (1988), com direção de Joel Pizzini, é uma adaptação cinematográfica de vários poemas de Manoel de Barros, que busca recriar na tela a poética do escritor brasileiro. A partir das linguagens visual e sonora, o filme se vale da composição das imagens em movimento para “traduzir audiovisualmente” as metáforas presentes no texto literário. Diante disso, é possível afirmar que
Leia o seguinte trecho do conto A hora e a vez de
Augusto Matraga, de Guimarães Rosa.
[...] E aí o jumento andou, e Nhô Augusto ainda
deu um eco, para o cerrado ouvir:
– “Qualquer paixão me adiverte...” Oh coisa boa a
gente andar solto, sem obrigação nenhuma e bem
com Deus!...
E quando o jegue empacava – porque, como todo
jumento, ele era terrível de queixo-duro, e tanto
tinha de orelhas quanto de preconceitos, – Nhô
Augusto ficava em cima, mui concorde, rezando o
terço, até que o jerico se decidisse a caminhar
outra vez. E também, nas encruzilhadas, deixava
que o bendito asno escolhesse o caminho, bulindo
com as conchas dos ouvidos e ornejando. E
bastava batesse no campo o pio de uma perdiz
magoada, ou viesse do mato a lália lamúria dos
tucanos, para o jumento mudar de rota, perdendo
à esquerda ou se empescoçando para a direita; e,
por via de um gavião casaco-de-couro cruzar-lhe à
frente, já ele estacava, em concentrado prazo de
irresolução.
ROSA, João Guimarães. A hora e a vez de Augusto Matraga. In:___. Sagarana. Nova
Fronteira: Rio de Janeiro, 38 ed, 1984. p. 378.
O conto A hora e a vez de Augusto Matraga está
localizado no espaço preferido do autor Guimarães
Rosa: o sertão do norte de Minas Gerais (mas há
também paisagens do sul da Bahia). O espaço favorece a construção de personagens bem típicos como
jagunços, peões e fazendeiros. Tanto a psique quanto
a linguagem das pessoas desse lugar aparecem
matizadas pelas pressões e necessidades desse
ambiente. A obra, porém, não se submete ao
determinismo simplista que se limita a procurar ecos
da realidade social, econômica e política na
configuração ideológica dos personagens. A respeito
desse conto, assinale a alternativa correta.
Leia o seguinte trecho do conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa.
[...] E aí o jumento andou, e Nhô Augusto ainda deu um eco, para o cerrado ouvir:
– “Qualquer paixão me adiverte...” Oh coisa boa a gente andar solto, sem obrigação nenhuma e bem com Deus!...
E quando o jegue empacava – porque, como todo jumento, ele era terrível de queixo-duro, e tanto tinha de orelhas quanto de preconceitos, – Nhô Augusto ficava em cima, mui concorde, rezando o terço, até que o jerico se decidisse a caminhar outra vez. E também, nas encruzilhadas, deixava que o bendito asno escolhesse o caminho, bulindo com as conchas dos ouvidos e ornejando. E bastava batesse no campo o pio de uma perdiz magoada, ou viesse do mato a lália lamúria dos tucanos, para o jumento mudar de rota, perdendo à esquerda ou se empescoçando para a direita; e, por via de um gavião casaco-de-couro cruzar-lhe à frente, já ele estacava, em concentrado prazo de irresolução. ROSA, João Guimarães. A hora e a vez de Augusto Matraga. In:___. Sagarana. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 38 ed, 1984. p. 378.
O conto A hora e a vez de Augusto Matraga está
localizado no espaço preferido do autor Guimarães
Rosa: o sertão do norte de Minas Gerais (mas há
também paisagens do sul da Bahia). O espaço favorece a construção de personagens bem típicos como
jagunços, peões e fazendeiros. Tanto a psique quanto
a linguagem das pessoas desse lugar aparecem
matizadas pelas pressões e necessidades desse
ambiente. A obra, porém, não se submete ao
determinismo simplista que se limita a procurar ecos
da realidade social, econômica e política na
configuração ideológica dos personagens. A respeito
desse conto, assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Reflexões sobre o Romance Moderno
[...] A hipótese básica em que nos apoiamos é a
suposição de que em cada fase histórica exista
certo Zeitgeist, um espírito unificador que se
comunica a todas as manifestações de culturas
em contato, naturalmente com variações nacionais. Falamos nestas páginas da “cultura
ocidental”, não tomando em conta as
diversificações nacionais.
[...] A segunda hipótese sugere que se deva
considerar, no campo das artes, como de
excepcional importância o fenômeno da
“desrealização” que se observa na pintura e que,
há mais de meio século, vem suscitando reações
pouco amáveis do público. O termo
“desrealização” se refere ao fato de que a pintura
deixou de ser mimética, recusando a função de
reproduzir ou copiar a realidade empírica,
sensível. Isso, sendo evidente no tocante à pintura
abstrata ou não-figurativa, inclui também
correntes figurativas como o cubismo,
expressionismo ou surrealismo. Mesmo estas
correntes deixaram de visar a reprodução mais ou
menos fiel da realidade empírica. Esta, no
expressionismo, é apenas “usada” para facilitar a
expressão de emoções e visões subjetivas que lhe
deformam a aparência; no surrealismo, fornece
apenas elementos isolados, em contexto insólito,
para apresentar a imagem onírica de um modo
dissociado e absurdo; no cubismo, é apenas ponto
de partida de uma redução a suas configurações
geométricas subjacentes. Em todos os casos
podemos falar de uma negação do realismo, se
usarmos este termo no sentido mais lato,
designando a tendência de reproduzir, de uma
forma estilizada ou, não, idealizada ou não, a
realidade apreendida pelos nossos sentidos.
ROSENFELD, Anatol. Reflexões sobre o romance moderno. In:___. Texto/contexto I. 5
ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. p. 75-97.
O curta metragem Dossiê Rê Bordosa (2008), dirigido
por Cesar Cabral, explora o lúdico como estratégia de
significação. Os elementos de linguagem de animação
cinematográfica e a seleção dos planos, dos
movimentos e das imagens registradas/apresentadas
pela câmera favorecem as (re)interpretações do real
possíveis ao telespectador. Tendo como base teórica
as reflexões extraídas do texto de Anatol Rosenfeld
(1996), importante crítico e teórico de teatro
germano-brasileiro, assinale a alternativa correta
sobre essa obra audiovisual.
Leia o texto a seguir.
Reflexões sobre o Romance Moderno
[...] A hipótese básica em que nos apoiamos é a suposição de que em cada fase histórica exista certo Zeitgeist, um espírito unificador que se comunica a todas as manifestações de culturas em contato, naturalmente com variações nacionais. Falamos nestas páginas da “cultura ocidental”, não tomando em conta as diversificações nacionais.
[...] A segunda hipótese sugere que se deva considerar, no campo das artes, como de excepcional importância o fenômeno da “desrealização” que se observa na pintura e que, há mais de meio século, vem suscitando reações pouco amáveis do público. O termo “desrealização” se refere ao fato de que a pintura deixou de ser mimética, recusando a função de reproduzir ou copiar a realidade empírica, sensível. Isso, sendo evidente no tocante à pintura abstrata ou não-figurativa, inclui também correntes figurativas como o cubismo, expressionismo ou surrealismo. Mesmo estas correntes deixaram de visar a reprodução mais ou menos fiel da realidade empírica. Esta, no expressionismo, é apenas “usada” para facilitar a expressão de emoções e visões subjetivas que lhe deformam a aparência; no surrealismo, fornece apenas elementos isolados, em contexto insólito, para apresentar a imagem onírica de um modo dissociado e absurdo; no cubismo, é apenas ponto de partida de uma redução a suas configurações geométricas subjacentes. Em todos os casos podemos falar de uma negação do realismo, se usarmos este termo no sentido mais lato, designando a tendência de reproduzir, de uma forma estilizada ou, não, idealizada ou não, a realidade apreendida pelos nossos sentidos.
ROSENFELD, Anatol. Reflexões sobre o romance moderno. In:___. Texto/contexto I. 5 ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. p. 75-97.
O curta metragem Dossiê Rê Bordosa (2008), dirigido
por Cesar Cabral, explora o lúdico como estratégia de
significação. Os elementos de linguagem de animação
cinematográfica e a seleção dos planos, dos
movimentos e das imagens registradas/apresentadas
pela câmera favorecem as (re)interpretações do real
possíveis ao telespectador. Tendo como base teórica
as reflexões extraídas do texto de Anatol Rosenfeld
(1996), importante crítico e teórico de teatro
germano-brasileiro, assinale a alternativa correta
sobre essa obra audiovisual.
Leia os trechos a seguir retirados do romance Cem
anos de solidão (1967), de Gabriel Garcia Marques,
e assinale a alternativa correta.
TRECHO 1
Muitos anos depois, diante do pelotão de
fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia
de recordar aquela tarde remota em que seu pai o
levou para conhecer o gelo.
TRECHO 2
[...] apesar de todo mundo considerá-lo louco,
José Arcadio Segundo era naquele tempo o
habitante mais lúcido da casa. Ensinou o pequeno
Aureliano a ler e a escrever, iniciou-o no estudo dos pergaminhos e incutiu-lhe uma interpretação
tão pessoal do que significou para Macondo a
companhia bananeira que muitos anos depois,
quando Aureliano se incorporasse ao mundo,
haveria de se pensar que contava uma versão
alucinada, porque era radicalmente contrária à
falsa que os historiadores tinham admitido e
consagrado nos textos escolares.
TRECHO 3
Muitos anos depois, esse menino haveria de
continuar contando, sem que ninguém
acreditasse, que tinha visto o tenente lendo com
um megafone de vitrola o decreto Número 4 do
Chefe Civil e Militar da província, assinado pelo
General Carlos Cortes Vargas e pelo seu
secretário, o Major Henrique García Isaza, que em
três artigos de oitenta palavras classificava os
grevistas de quadrilha de malfeitores e facultava
ao exército o direito de matá-los a bala.
Leia os trechos a seguir retirados do romance Cem anos de solidão (1967), de Gabriel Garcia Marques, e assinale a alternativa correta.
TRECHO 1
Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo.
TRECHO 2
[...] apesar de todo mundo considerá-lo louco, José Arcadio Segundo era naquele tempo o habitante mais lúcido da casa. Ensinou o pequeno Aureliano a ler e a escrever, iniciou-o no estudo dos pergaminhos e incutiu-lhe uma interpretação tão pessoal do que significou para Macondo a companhia bananeira que muitos anos depois, quando Aureliano se incorporasse ao mundo, haveria de se pensar que contava uma versão alucinada, porque era radicalmente contrária à falsa que os historiadores tinham admitido e consagrado nos textos escolares.
TRECHO 3
Muitos anos depois, esse menino haveria de
continuar contando, sem que ninguém
acreditasse, que tinha visto o tenente lendo com
um megafone de vitrola o decreto Número 4 do
Chefe Civil e Militar da província, assinado pelo
General Carlos Cortes Vargas e pelo seu
secretário, o Major Henrique García Isaza, que em
três artigos de oitenta palavras classificava os
grevistas de quadrilha de malfeitores e facultava
ao exército o direito de matá-los a bala.
Analise os dois trechos a seguir da peça Quase
ministro (encenada pela primeira vez em 1862), de
Machado de Assis.
TRECHO 1
[...] Cena XIII
BASTOS: Aí chega S. Exa.
MARTINS: Meus senhores...
SILVEIRA: (apresentando Pereira) - Aqui o senhor
vem convidar-te para jantar com ele.
MARTINS: Ah!
PEREIRA: É verdade; soube da sua nomeação e
vim, conforme o coração me pediu, oferecer-lhe
uma prova pequena da minha simpatia.
MARTINS: Agradeço a simpatia; mas o boato que
correu hoje, desde manhã, é falso... O ministério
está completo, sem mim.
TODOS: Ah! [...]
TRECHO 2
[...] SILVEIRA: Mas esperem: onde vão? Ouçam ao
menos uma história. É pequena, mas conceituosa.
Um dia anunciou-se um suplício [enforcamento].
Toda gente correu a ver o espetáculo feroz.
Ninguém ficou em casa: velhos, moços, homens,
mulheres, crianças, tudo invadiu a praça
destinada à execução. Mas, porque viesse o
perdão à última hora, o espetáculo não se deu e a
forca ficou vazia. Mais ainda: o enforcado, isto é,
o condenado, foi em pessoa à praça pública dizer
que estava salvo e confundir com o povo as
lágrimas de satisfação. Houve um rumor geral,
depois um grito, mais dez, mais cem, mais mil
romperam de todos os ângulos da praça, e uma
chuva de pedras deu ao condenado a morte de
que o salvara a real clemência. - Por favor,
misericórdia para este. (apontando para Martins)
Não tem culpa nem da condenação, nem da
absolvição [...].
Considerando os dois trechos e ainda seus
conhecimentos sobre essa obra, assinale a afirmativa
correta.
Analise os dois trechos a seguir da peça Quase ministro (encenada pela primeira vez em 1862), de Machado de Assis.
TRECHO 1
[...] Cena XIII
BASTOS: Aí chega S. Exa.
MARTINS: Meus senhores...
SILVEIRA: (apresentando Pereira) - Aqui o senhor vem convidar-te para jantar com ele.
MARTINS: Ah!
PEREIRA: É verdade; soube da sua nomeação e vim, conforme o coração me pediu, oferecer-lhe uma prova pequena da minha simpatia.
MARTINS: Agradeço a simpatia; mas o boato que correu hoje, desde manhã, é falso... O ministério está completo, sem mim.
TODOS: Ah! [...]
TRECHO 2
[...] SILVEIRA: Mas esperem: onde vão? Ouçam ao menos uma história. É pequena, mas conceituosa. Um dia anunciou-se um suplício [enforcamento]. Toda gente correu a ver o espetáculo feroz. Ninguém ficou em casa: velhos, moços, homens, mulheres, crianças, tudo invadiu a praça destinada à execução. Mas, porque viesse o perdão à última hora, o espetáculo não se deu e a forca ficou vazia. Mais ainda: o enforcado, isto é, o condenado, foi em pessoa à praça pública dizer que estava salvo e confundir com o povo as lágrimas de satisfação. Houve um rumor geral, depois um grito, mais dez, mais cem, mais mil romperam de todos os ângulos da praça, e uma chuva de pedras deu ao condenado a morte de que o salvara a real clemência. - Por favor, misericórdia para este. (apontando para Martins) Não tem culpa nem da condenação, nem da absolvição [...].
Considerando os dois trechos e ainda seus
conhecimentos sobre essa obra, assinale a afirmativa
correta.
Leia o trecho a seguir de A máquina do mundo,
poema de Carlos Drummond de Andrade,
correspondente à quarta, quinta e sexta estrofes,
e assinale a alternativa correta.
[...] a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar [...]
Leia o trecho a seguir de A máquina do mundo, poema de Carlos Drummond de Andrade, correspondente à quarta, quinta e sexta estrofes, e assinale a alternativa correta.
[...] a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar [...]
Leia os seguintes trechos de Terra sonâmbula, de Mia Couto, publicado pela Editora Caminho em 1992.
I. "Quero pôr os tempos, em sua mansa ordem, conforme esperas e sofrências. Mas as lembranças desobedecem, entre a vontade de serem nada e o gosto de me roubarem do presente. Acendo a estória, me apago a mim. No fim destes escritos, serei de novo uma sombra sem voz"(p. 15).
II. "Deixei o caminho antigo da casa, olhei a paisagem, o paciente verde. Meus olhos derretiam aquelas visões, fosse para guardar o passado em navegáveis águas. Era noite quando a canoa desatou o caminho. O escuro me fechava, apagando os lugares que foram meus. Sem que eu soubesse começava uma viagem que iria matar certezas da minha infância" (p.34).
A propósito desses fragmentos, assinale a alternativa correta.
I. "Quero pôr os tempos, em sua mansa ordem, conforme esperas e sofrências. Mas as lembranças desobedecem, entre a vontade de serem nada e o gosto de me roubarem do presente. Acendo a estória, me apago a mim. No fim destes escritos, serei de novo uma sombra sem voz"(p. 15).
II. "Deixei o caminho antigo da casa, olhei a paisagem, o paciente verde. Meus olhos derretiam aquelas visões, fosse para guardar o passado em navegáveis águas. Era noite quando a canoa desatou o caminho. O escuro me fechava, apagando os lugares que foram meus. Sem que eu soubesse começava uma viagem que iria matar certezas da minha infância" (p.34).
A propósito desses fragmentos, assinale a alternativa correta.