Questão 45768f08-dd
Prova:UFGD 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o texto a seguir.


[...] Metáforas pontuais e redes metafóricas – A metáfora, stricto sensu, é uma figura de expressão verbal, “a forma mais condensada” da imagem literária, uma comparação da qual só restaria o comparante. A compreensão da metáfora baseia-se na analogia de sentido que existe entre o termo atualizado e o termo ausente que substituiu. No cinema, são as imagens que desfilam e não as palavras. O efeito metafórico pode ser gerado da sucessão de imagens que produzem um sentido que “ultrapassa” o sentido literal. É a associação, mais ou menos estreita, de imagens que rompe o estrito continuum narrativo que cria uma configuração metafórica (mais do que uma metáfora “pura”).

[...] Metáforas e redes metafóricas são detectáveis por intermédio da repetição, de formas de insistência (primeiros planos, planos longos, ângulos insólitos) ou de ampliação (deformações visuais, aumentos, efeitos sonoros etc), do grau maior ou menor de incongruência desta ou daquela imagem com relação à norma narrativo-realista (da imagem deliberadamente não diegética à figura diegetizada, isto é, plenamente integrada no mundo representado).

VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Análise e interpretação simbólica. In:__. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas: Papirus Editora, Coleção Ofício de Arte e Forma, 7°ed, 1994. p.56-63.


O curta-metragem Caramujo-flor (1988), com direção de Joel Pizzini, é uma adaptação cinematográfica de vários poemas de Manoel de Barros, que busca recriar na tela a poética do escritor brasileiro. A partir das linguagens visual e sonora, o filme se vale da composição das imagens em movimento para “traduzir audiovisualmente” as metáforas presentes no texto literário. Diante disso, é possível afirmar que

A
a composição das imagens dessa narrativa cinematográfica segue uma ordem cronológica, de tal modo que a interpretação imagética da poesia de Manoel de Barros cria uma narrativa cuja linearidade clarificadora expõe o seu universo poético.
B
a essência do fazer poético de Manoel de Barros é uma constante em Caramujo-flor. A obra cinematográfica interpreta o olhar metafórico do poeta a partir da imagem e de sons que resgatam os sentidos sublimes da cultura pantaneira (o trem, o rio, os pássaros, os campos, o jacaré, o tereré).
C
a obra fílmica retrata o cerne do regionalismo do centro-oeste brasileiro, já que faz um documentário audiovisual sobre o Pantanal. O diretor Joel Pizzini entrevista várias personalidades do estado, como Ney Matogrosso, Almir Sater, Emmanuel Marinho, Tetê Espíndola e Aracy Balabanian.
D
o filme mescla a experiência concreta e objetiva que Manoel de Barros teve na capital paulista ao pantanal mítico de sua infância, porque busca, com a apresentação de imagens aleatórias na tela, compor significados audiovisuais para as contradições singulares entre esses dois espaços em suas poesias; um exemplo é o uso constante do caramujo.
E
a força cinematográfica de Caramujo-flor está na estruturação de metáforas audiovisuais propostas pelo diretor Joel Pizzini, que se vale de imagens de um cenário industrial ressignificadas em ambiente ficcional da obra.

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