Questõesde UNIFESP sobre Figuras de Linguagem
Uma das principais figuras exploradas por Camões em sua
poesia é a antítese. Neste soneto, tal figura ocorre no verso:
Examine o cartum de Quino.

Contribui para o efeito de humor do cartum o recurso

Observa-se a elipse de um substantivo no trecho:
Em “Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de
cupim que só queria comer Van Gogh” (5° parágrafo), o cronista recorre à figura de linguagem denominada:
Personificação: recurso expressivo que consiste em atribuir propriedades humanas a uma coisa, a um ser inanimado
ou abstrato.
(Dicionário Porto Editora da Língua Portuguesa.
www.infopedia.pt. Adaptado.)
Verifica-se a ocorrência desse recurso no seguinte verso:
A sinestesia consiste em transferir percepções de um
sentido para as de outro, resultando um cruzamento de
sensações.
(Celso Cunha. Gramática essencial, 2013.)
Verifica-se a ocorrência desse recurso no seguinte verso:
Personificação: recurso expressivo que consiste em atribuir propriedades humanas a uma coisa, a um ser inanimado
ou abstrato.
(Dicionário Porto Editora da Língua Portuguesa.
www.infopedia.pt. Adaptado.)
Verifica-se a ocorrência desse recurso no seguinte verso:
O Dicionário Houaiss de língua portuguesa define “elipse”
como “supressão, num enunciado, de um termo que pode
ser facilmente subentendido pelo contexto linguístico”.
Verifica-se a ocorrência desse recurso em:
Leia o trecho inicial de Raízes do Brasil, do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), para responder à questão.
A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas,
largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens
da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de
convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em
manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e
hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o
tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o
fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de
outra paisagem.
Assim, antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa, caberia averiguar até onde temos
podido representar aquelas formas de convívio, instituições e
ideias de que somos herdeiros.
É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos
(e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-
-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim, eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário.
Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no
coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos
peculiares de sua história e de sua formação espiritual. Surgiu, assim, um tipo de sociedade que se desenvolveria, em
alguns sentidos, quase à margem das congêneres europeias,
e sem delas receber qualquer incitamento que já não trouxesse em germe.
Quais os fundamentos em que assentam de preferência
as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos Pireneus a Gibraltar? Como
explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações
mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma
estrita objetividade?
Precisamente a comparação entre elas e as da Europa
de além-Pireneus faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da península Ibérica, uma característica que ela
está longe de partilhar, pelo menos na mesma intensidade,
com qualquer de seus vizinhos do continente. É que nenhum
desses vizinhos soube desenvolver a tal extremo essa cultura
da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo
na evolução da gente hispânica, desde tempos imemoriais.
Pode dizer-se, realmente, que pela importância particular que
atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de
cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo
e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de
sua originalidade nacional. [...]
É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem
solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde
todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a
não ser por uma força exterior respeitável e temida.
(Raízes do Brasil, 2000.)
No primeiro parágrafo, o autor recorre a uma construção
paradoxal em:
Leia o trecho inicial de Raízes do Brasil, do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), para responder à questão.
A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas,
largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens
da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de
convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em
manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e
hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o
tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o
fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de
outra paisagem.
Assim, antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa, caberia averiguar até onde temos
podido representar aquelas formas de convívio, instituições e
ideias de que somos herdeiros.
É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos
(e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-
-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim, eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário.
Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no
coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos
peculiares de sua história e de sua formação espiritual. Surgiu, assim, um tipo de sociedade que se desenvolveria, em
alguns sentidos, quase à margem das congêneres europeias,
e sem delas receber qualquer incitamento que já não trouxesse em germe.
Quais os fundamentos em que assentam de preferência
as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos Pireneus a Gibraltar? Como
explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações
mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma
estrita objetividade?
Precisamente a comparação entre elas e as da Europa
de além-Pireneus faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da península Ibérica, uma característica que ela
está longe de partilhar, pelo menos na mesma intensidade,
com qualquer de seus vizinhos do continente. É que nenhum
desses vizinhos soube desenvolver a tal extremo essa cultura
da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo
na evolução da gente hispânica, desde tempos imemoriais.
Pode dizer-se, realmente, que pela importância particular que
atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de
cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo
e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de
sua originalidade nacional. [...]
É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem
solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde
todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a
não ser por uma força exterior respeitável e temida.
(Raízes do Brasil, 2000.)
“Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar
adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime
Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr. Teodoro; então,
desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro!”
Nesta passagem do último parágrafo, identifica-se uma
“Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro!”
Nesta passagem do último parágrafo, identifica-se uma
Leia o trecho do conto “O mandarim”, de Eça de Queirós, para responder a questão.
Então começou a minha vida de milionário. Deixei bem depressa a casa de Madame Marques – que, desde que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz- -doce, e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos. Comprei, habitei o palacete amarelo, ao Loreto: as magnificências da minha instalação são bem conhecidas pelas gravuras indiscretas da Ilustração Francesa. Tornou-se famoso na Europa o meu leito, de um gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de lâminas de ouro lavrado e cortinados de um raro brocado negro onde ondeiam, bordados a pérolas, versos eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no interior, derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão.
[...]
Entretanto Lisboa rojava-se aos meus pés. O pátio do palacete estava constantemente invadido por uma turba: olhando-a enfastiado das janelas da galeria, eu via lá branquejar os peitilhos da Aristocracia, negrejar a sotaina do Clero, e luzir o suor da Plebe: todos vinham suplicar, de lábio abjeto, a honra do meu sorriso e uma participação no meu ouro. Às vezes consentia em receber algum velho de título histórico: – ele adiantava-se pela sala, quase roçando o tapete com os cabelos brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente, espalmando sobre o peito a mão de fortes veias onde corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma filha bem-amada para esposa ou para concubina.
Todos os cidadãos me traziam presentes como a um ídolo sobre o altar – uns odes votivas, outros o meu monograma bordado a cabelo, alguns chinelas ou boquilhas, cada um a sua consciência. Se o meu olhar amortecido fixava, por acaso, na rua, uma mulher – era logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as complacências da lascívia.
Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro! Diante de mim nenhuma cabeça ficou jamais coberta – ou usasse a coroa ou o coco. Todos os dias me era oferecida uma presidência de Ministério ou uma direção de confraria. Recusei sempre, com nojo.
(Eça de Queirós. O mandarim, s/d.)
Examine a tira de Steinberg, publicada em seu Instagram no dia 20.08.2018.

Colabora para o efeito de humor da tira o recurso à figura de linguagem denominada
Examine a tira de Steinberg, publicada em seu Instagram no dia 20.08.2018.
Colabora para o efeito de humor da tira o recurso à figura de linguagem denominada
Assinale a alternativa em que se verifica a análise correta de um fato linguístico presente na tira.
Examine a tira de André Dahmer para responder às questões .
A imagem das lágrimas a formarem um “largo rio” (3a
estrofe)
produz um efeito expressivo que se classifica como
(Sonetos, 2001.)
Metonímia: figura de retórica que consiste no uso de uma
palavra fora do seu contexto semântico normal, por ter uma
significação que tenha relação objetiva, de contiguidade [vizinhança,
proximidade], material ou conceitual, com o conteúdo
ou o referente ocasionalmente pensado.
(Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009.)
Verifica-se a ocorrência de metonímia no trecho:
Leia a crônica “Premonitório”, de Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987).
Do fundo de Pernambuco, o pai mandou-lhe um telegrama:
“Não saia casa 3 outubro abraços”.
O rapaz releu, sob emoção grave. Ainda bem que o velho avisara: em cima da hora, mas avisara. Olhou a data: 28 de setembro. Puxa vida, telegrama com a nota de urgente, levar cinco dias de Garanhuns a Belo Horizonte! Só mesmo com uma revolução esse telégrafo endireita. E passado às sete da manhã, veja só; o pai nem tomara o mingau com broa,precipitara-se na agência para expedir a mensagem.
Não havia tempo a perder. Marcara encontros para o dia seguinte, e precisava cancelar tudo, sem alarde, como se deve agir em tais ocasiões. Pegou o telefone, pediu linha,mas a voz de d. Anita não respondeu. Havia tempo que morava naquele hotel e jamais deixara de ouvir o “pois não” melodioso de d. Anita, durante o dia. A voz grossa, que resmungara qualquer coisa, não era de empregado da casa; insistira:“como é?”, e a ligação foi dificultosa, havia besouros na linha.Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano1, disse que achava pouco cem mil unidades, em tal emergência, e arrematou:“Dia 4 nós conversamos.” Vestiu-se, desceu. Na portaria, um sujeito de panamá bege, chapéu de aba larga e sapato de duas cores levantou-se e seguiu-o. Tomou um carro, o outro fez o mesmo. Desceu na praça da Liberdade e pôs-se a contemplar um ponto qualquer. Tirou do bolso um caderninho e anotou qualquer coisa. Aí, já havia dois sujeitos de panamá, aba larga e sapato bicolor, confabulando a pequena distância.Foi saindo de mansinho, mas os dois lhe seguiram na cola. Estava calmo, com o telegrama do pai dobrado na carteira, placidez satisfeita na alma. O pai avisara a tempo, tudo correria bem. Ia tomar a calçada quando a baioneta em riste advertiu: “Passe de largo”; a Delegacia Fiscal estava cercada de praças, havia armas cruzadas nos antos. Nos Correios, a mesma coisa, também na Telefônica. Bondes passavam escoltados. Caminhões conduziam tropa, jipes chispavam. As manchetes dos jornais eram sombrias; pouca gente na rua. Céu escuro, abafado, chuva próxima.
Dia 4, sem golpe nenhum, foi mandado em paz. O sonho se confirmara: realmente, não devia ter saído de casa.
(70 historinhas, 2016.)
1 arma virumque cano: “canto as armas e o varão” (palavras iniciais da
epopeia Eneida, do escritor Vergílio, referentes ao herói Eneias).
O emprego da figura de linguagem conhecida como “prosopopeia” (ou “personificação”) põe mais em evidência a principal razão pela qual Sem-Pernas é estigmatizado. O trecho que contém essa figura é
[Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um padeiro a quem chamava “meu padrinho” e que o surrava. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A perna coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia nas suas costas quando o cansaço o fazia parar. A princípio chorou muito, depois, não sabe como, as lágrimas secaram. Certa hora não resistiu mais, abateu-se no chão. Sangrava. Ainda hoje ouve como os soldados riam e como riu aquele homem de colete cinzento que fumava um charuto.
(Jorge Amado. Capitães da areia.)
No poema, a metáfora do espelho é um caminho para a reflexão sobre
Versos de Natal
Espelho, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!
Mas se fosses mágico, Penetrarias até ao fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.

O efeito de humor da tira advém, dentre outros fatores, da

O efeito de humor da tira advém, dentre outros fatores, da