Questão e4ece574-de
Prova:UNIFESP 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Personificação: recurso expressivo que consiste em atribuir propriedades humanas a uma coisa, a um ser inanimado ou abstrato.

(Dicionário Porto Editora da Língua Portuguesa.
www.infopedia.pt. Adaptado.)

Verifica-se a ocorrência desse recurso no seguinte verso:

Para responder à questão, leia o poema “Dissolução”, de Carlos Drummond de Andrade (1902- 1987), que integra o livro Claro enigma, publicado originalmente em 1951.

Escurece, e não me seduz
tatear sequer uma lâmpada.
Pois que aprouve1 ao dia findar,
aceito a noite.

E com ela aceito que brote
uma ordem outra de seres
e coisas não figuradas.
Braços cruzados.

Vazio de quanto amávamos,
mais vasto é o céu. Povoações
surgem do vácuo.
Habito alguma?

E nem destaco minha pele
da confluente escuridão.
Um fim unânime concentra-se
e pousa no ar. Hesitando.

E aquele agressivo espírito
que o dia carreia2 consigo,
já não oprime. Assim a paz,
destroçada.

Vai durar mil anos, ou
extinguir-se na cor do galo?
Esta rosa é definitiva,
ainda que pobre.

Imaginação, falsa demente,
já te desprezo. E tu, palavra.
No mundo, perene trânsito,
calamo-nos.
E sem alma, corpo, és suave.

(Claro enigma, 2012.)

1 aprazer: causar ou sentir prazer; contentar(-se).
2 carrear: carregar.

A
“Vazio de quanto amávamos,” (3ª estrofe)
B
“E nem destaco minha pele” (4ª estrofe)
C
“Esta rosa é definitiva,” (6ª estrofe)
D
“Pois que aprouve ao dia findar,” (1ª estrofe)
E
“No mundo, perene trânsito,” (7ª estrofe)

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