Questõesde UNESP sobre Filosofia

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UNESP 2018 - Filosofia - Filosofia e Conhecimento, O que é a Filosofia

Convicção é a crença de estar na posse da verdade absoluta. Essa crença pressupõe que há verdades absolutas, que foram encontrados métodos perfeitos para chegar a elas e que todo aquele que tem convicções se serve desses métodos perfeitos. Esses três pressupostos demonstram que o homem das convicções está na idade da inocência, e é uma criança, por adulto que seja quanto ao mais. Mas milênios viveram nesses pressupostos infantis, e deles jorraram as mais poderosas fontes de força da humanidade. Se, entretanto, todos aqueles que faziam uma ideia tão alta de sua convicção houvessem dedicado apenas metade de sua força para investigar por que caminho haviam chegado a ela: que aspecto pacífico teria a história da humanidade!

(Nietzsche. Obras incompletas, 1991. Adaptado.)


Nesse excerto, Nietzsche

A
defende o inatismo metafísico contra as teses empiristas sobre o conhecimento.
B
valoriza a posse da verdade absoluta como meio para a realização da paz.
C
defende a fé religiosa como alicerce para o pensamento crítico.
D
identifica a maturidade intelectual com a capacidade de conhecer a verdade absoluta.
E
valoriza uma postura crítica de autorreflexão, em oposição ao dogmatismo.
32cd175e-58
UNESP 2018 - Filosofia - O Conhecimento Humano e o Conhecimento Divino, A Experiência do Sagrado

Nada acusa mais uma extrema fraqueza de espírito do que não conhecer qual é a infelicidade de um homem sem Deus; nada marca mais uma má disposição do coração do que não desejar a verdade das promessas eternas; nada é mais covarde do que fazer-se de bravo contra Deus. Deixem então essas impiedades para aqueles que são bastante mal nascidos para ser verdadeiramente capazes disso. Reconheçam enfim que não há senão duas espécies de pessoas a quem se possam chamar razoáveis: ou os que servem a Deus de todo o coração porque o conhecem ou os que o buscam de todo o coração porque não o conhecem.

(Blaise Pascal. Pensamentos, 2015. Adaptado.)


O pensamento desse filósofo é nitidamente influenciado por uma ótica

A
científica.
B
ateísta.
C
antropocêntrica.
D
materialista.
E
teológica.
326ec750-58
UNESP 2018 - Filosofia - Filosofia e a Grécia Antiga

O aparecimento da filosofia na Grécia não foi um fato isolado. Estava ligado ao nascimento da pólis.

(Marcelo Rede. A Grécia Antiga, 2012.)


A relação entre os surgimentos da filosofia e da pólis na Grécia Antiga é explicada, entre outros fatores,

A
pelo interesse dos mercadores em estruturar o mercado financeiro das grandes cidades.
B
pelo esforço dos legisladores em justificar e legitimar o poder divino dos reis.
C
pela rejeição da população urbana à persistência do pensamento mítico de origem rural.
D
pela preocupação dos pensadores em refletir sobre a organização da vida na cidade.
E
pela resistência dos grupos nacionalistas às invasões e ao expansionismo estrangeiro.
33cb0647-1b
UNESP 2017 - Filosofia - O Sujeito Moderno

Os homens, diz antigo ditado grego, atormentam-se com a ideia que têm das coisas e não com as coisas em si. Seria grande passo, em alívio da nossa miserável condição, se se provasse que isso é uma verdade absoluta. Pois se o mal só tem acesso em nós porque julgamos que o seja, parece que estaria em nosso poder não o levarmos a sério ou o colocarmos a nosso serviço. Por que atribuir à doença, à indigência, ao desprezo um gosto ácido e mau se o podemos modificar? Pois o destino apenas suscita o incidente; a nós é que cabe determinar a qualidade de seus efeitos.

(Michel de Montaigne. Ensaios, 2000. Adaptado.)


De acordo com o filósofo, a diferença entre o bem e o mal

A
representa uma oposição de natureza metafísica, que não está sujeita a relativismos existenciais.
B
relaciona-se com uma esfera sagrada cujo conhecimento é autorizado somente a sacerdotes religiosos.
C
resulta da queda humana de um estado original de bem-aventurança e harmonia geral do Universo.
D
depende do conhecimento do mundo como realidade em si mesma, independente dos julgamentos humanos.
E
depende sobretudo da qualidade valorativa estabelecida por cada indivíduo diante de sua vida.
33ce4738-1b
UNESP 2017 - Filosofia - Filosofia e Conhecimento, O que é a Filosofia

Posto que as qualidades que impressionam nossos sentidos estão nas próprias coisas, é claro que as ideias produzidas na mente entram pelos sentidos. O entendimento não tem o poder de inventar ou formar uma única ideia simples na mente que não tenha sido recebida pelos sentidos. Gostaria que alguém tentasse imaginar um gosto que jamais impressionou seu paladar, ou tentasse formar a ideia de um aroma que nunca cheirou. Quando puder fazer isso, concluirei também que um cego tem ideias das cores, e um surdo, noções reais dos diversos sons.

(John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano, 1991. Adaptado.)


De acordo com o filósofo, todo conhecimento origina-se

A
da reminiscência de ideias originalmente transcendentes.
B
da combinação de ideias metafísicas e empíricas.
C
de categorias a priori existentes na mente humana.
D
da experiência com os objetos reais e empíricos.
E
de uma relação dialética do espírito humano com o mundo.
33bdd230-1b
UNESP 2017 - Filosofia - Conceitos Filosóficos, Razão: Inata ou Adquirida?

Sou imperfeito, logo existo. Sustento que o ser ou é carência ou não é nada. Sustento que uma pessoa com deficiência intelectual é um ser com carências e imperfeições. Sustento que eu, você e ele somos seres com carências e imperfeições. Portanto, concluo que nós, os seres humanos, pelo fato de existir, somos – TODOS – incapazes e capazes intelectualmente. A diferença entre um autista severo e eu é o grau de carência, não a diferença entre o que somos. A “razão alterada” é um tipo de racionalidade diferenciada que considera as pessoas como seres únicos e não categorizados em padrões sociais que agrupam as pessoas por níveis, índices ou coeficientes.

(Chema Sánchez Alcón. “Crítica de la razón alterada”. http://losojosdehipatia.com.es, 30.10.2016. Adaptado.)


De acordo com o texto, “razão alterada” é

A
uma racionalidade tradicional voltada à pesquisa filosófica do ser como entidade metafísica.
B
um conceito científico empregado para legitimar padrões de normalidade com base na biologia.
C
um conceito filosófico destinado a criticar a valorização da diferença no campo intelectual.
D
uma metodologia científica que expressa a diferença entre seres humanos com base no coeficiente intelectual.
E
um tipo de racionalidade contestadora de padrões sociais e dotada de pretensões universalistas.
33c1153f-1b
UNESP 2017 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

De um lado, dizem os materialistas, a mente é um processo material ou físico, um produto do funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as visões não materialistas, a mente é algo diferente do cérebro, podendo existir além dele. Ambas as posições estão enraizadas em uma longa tradição filosófica, que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto Demócrito defendia a ideia de que tudo é composto de átomos e todo pensamento é causado por seus movimentos físicos, Platão insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma sobrevive à morte do corpo.

(Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”. www.archivespsy.com, 2015.)


A partir das informações e das relações presentes no texto, conclui-se que

A
a hipótese da independência da mente em relação ao cérebro teve origem no método científico.
B
a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada por Descartes como separação entre pensamento e extensão.
C
o pensamento de Santo Agostinho se baseou em hipóteses empiristas análogas às do materialismo.
D
os argumentos materialistas resgatam a metafísica platônica, favorecendo hipóteses de natureza espiritualista.
E
o progresso da neurociência estabeleceu provas objetivas para resolver um debate originalmente filosófico.
4563c49e-3c
UNESP 2015 - Filosofia

“A revista Vogue trouxe um ensaio na sua edição kids com meninas extremamente jovens em poses sensuais. Eu digo que, enquanto a gente continuar a tratar nossas crianças dessa maneira, pedofilia não será um problema individual de um ‘tarado’ hipotético, e sim um problema coletivo, de uma sociedade que comercializa sem pudor o corpo de nossas meninas e meninos”, afirmou a roteirista Renata Corrêa. Para a jornalista Vivi Whiteman, a moda não é exatamente o mais ético dos mundos e não tem pudores com nenhum tipo de sensualidade. “A questão é que, num ensaio de moda feito para vender produtos e comportamento, não há espaço para teoria, nem para discussão, nem para aprofundar nada. Não é questão de demonizar a revista, mas de fato é o caso de ampliar o debate sobre essa questão”.
(Maíra Kubík Mano. “Vogue Kids faz ensaio com crianças em poses sensuais e pode ser acionada pelo MP”. CartaCapital, 11.09.2014. Adaptado.)
No texto, a pedofilia é abordada

A
segundo critérios relativistas questionadores da validade de normas absolutas no campo da sexualidade.
B
de acordo com parâmetros jurídicos que atestam a criminalização desse tipo de comportamento.
C
a partir dos imperativos de mercantilização do corpo e da cultura, em detrimento de aspectos éticos e morais.
D
de acordo com critérios patológicos, que tratam esse fenômeno como distúrbio de comportamento.
E
sob um ponto de vista teológico, fundamentado na condenação cristã à sexualidade como forma de prazer.
4560e944-3c
UNESP 2015 - Filosofia

Para o teórico Boaventura de Sousa Santos, o direito se submeteu à racionalidade cognitivo-instrumental da ciência moderna e tornou-se ele próprio científico. Existe a necessidade de repensarmos os direitos humanos. Boaventura nos instiga a pensar que eles possuem um caráter racional e regulador da vida humana. Esses direitos não colaboram para eliminar as assimetrias políticas, culturais, sociais e econômicas existentes, especialmente nos países periféricos. Os direitos humanos, num plano universalista e aberto a todos, não modificam as estruturas desiguais, mas ratificam a ordenação normativa para comandar uma sociedade.
(Adriano São João e João Henrique da Silva. “A historicidade dos direitos humanos”. Filosofia, ciência e vida, dezembro de 2014. Adaptado.)
De acordo com o texto, os direitos humanos são passíveis de crítica porque

A
desempenham um papel meramente formal de proteção da vida.
B
inexistem padrões universalistas aplicáveis à totalidade da humanidade.
C
são incompatíveis com os valores culturais de nações não ocidentais.
D
sua estrutura normativa carece de racionalidade e de cientificidade.
E
são destituídos de uma visão religiosa e espiritualista de mundo.
455da125-3c
UNESP 2015 - Filosofia - Conceitos Filosóficos, A Razão e seus Sentidos

A fonte do conceito de autonomia da arte é o pensamento estético de Kant. Praticamente tudo o que fazemos na vida é o oposto da apreciação estética, pois praticamente tudo o que fazemos serve para alguma coisa, ainda que apenas para satisfazer um desejo. Enquanto objeto de apreciação estética, uma coisa não obedece a essa razão instrumental: enquanto tal, ela não serve para nada, ela vale por si. As hierarquias que entram em jogo nas coisas que obedecem à razão instrumental, isto é, nas coisas de que nos servimos, não entram em jogo nas obras de arte tomadas enquanto tais. Sendo assim, a luta contra a autonomia da arte tem por fim submeter também a arte à razão instrumental, isto é, tem por fim recusar também à arte a dimensão em virtude da qual, sem servir para nada, ela vale por si. Trata-se, em suma, da luta pelo empobrecimento do mundo.
(Antonio Cícero. “A autonomia da arte”. Folha de S.Paulo, 13.12.2008. Adaptado.)
De acordo com a análise do autor,

A
a racionalidade instrumental, sob o ponto de vista da filosofia de Kant, fornece os fundamentos para a apreciação estética.
B
um mundo empobrecido seria aquele em que ocorre o esvaziamento do campo estético de suas qualidades intrínsecas.
C
a transformação da arte em espetáculo da indústria cultural é um critério adequado para a avaliação de sua condição autônoma.
D
o critério mais adequado para a apreciação estética consiste em sua validação pelo gosto médio do público consumidor.
E
a autonomia dos diversos tipos de obra de arte está prioritariamente subordinada à sua valorização como produto no mercado.
c66d18ed-3b
UNESP 2017 - Filosofia - Conceitos Filosóficos, Filosofia da Cultura

      Concentração e controle, em nossa cultura, escondem-se em sua própria manifestação. Se não fossem camuflados, provocariam resistências. Por isso, precisa ser mantida a ilusão e, em certa medida, até a realidade de uma realização individual. Por pseudo-individuação entendemos o envolvimento da cultura de massas com uma aparência de livre-escolha. A padronização musical mantém os indivíduos enquadrados, por assim dizer, escutando por eles. A pseudo-individuação, por sua vez, os mantém enquadrados, fazendo-os esquecer que o que eles escutam já é sempre escutado por eles, “pré-digerido”.

(Theodor Adorno. “Sobre música popular”. In: Gabriel Cohn (org.). Theodor Adorno, 1986. Adaptado.)

Em termos filosóficos, a pseudo-individuação é um conceito

A
identificado com a autonomia do sujeito na relação com a indústria cultural.
B
que identifica o caráter aristocrático da cultura musical na sociedade de massas.
C
que expressa o controle disfarçado dos consumidores no campo da cultura.
D
aplicável somente a indivíduos governados por regimes políticos totalitários.
E
relacionado à autonomia estética dos produtores musicais na relação com o mercado.
c66feb68-3b
UNESP 2017 - Filosofia - Conceitos Filosóficos, A Razão e seus Sentidos

   Todas as vezes que mantenho minha vontade dentro dos limites do meu conhecimento, de tal maneira que ela não formule juízo algum a não ser a respeito das coisas que lhe são claras e distintamente representadas pelo entendimento, não pode acontecer que eu me equivoque; pois toda concepção clara e distinta é, com certeza, alguma coisa de real e de positivo, e, assim, não pode se originar do nada, mas deve ter obrigatoriamente Deus como seu autor; Deus que, sendo perfeito, não pode ser causa de equívoco algum; e, por conseguinte, é necessário concluir que uma tal concepção ou um tal juízo é verdadeiro.

                                              (René Descartes. “Vida e Obra”. Os pensadores, 2000.)

Sobre o racionalismo cartesiano, é correto afirmar que

A
sua concepção sobre a existência de Deus exerceu grande influência na renovação religiosa da época.
B
sua valorização da clareza e distinção do conhecimento científico baseou-se no irracionalismo.
C
desenvolveu as bases racionais para a crítica do mecanicismo como método de conhecimento.
D

formulou conceitos filosóficos fortemente contrários ao heliocentrismo defendido por Galileu.

E
se tratou de um pensamento responsável pela fundamentação do método científico moderno.
1b01203c-30
UNESP 2016 - Filosofia

  A genuína e própria filosofia começa no Ocidente. Só no Ocidente se ergue a liberdade da autoconsciência. No esplendor do Oriente desaparece o indivíduo; só no Ocidente a luz se torna a lâmpada do pensamento que se ilumina a si própria, criando por si o seu mundo. Que um povo se reconheça livre, eis o que constitui o seu ser, o princípio de toda a sua vida moral e civil. Temos a noção do nosso ser essencial no sentido de que a liberdade pessoal é a sua condição fundamental, e de que nós, por conseguinte, não podemos ser escravos. O estar às ordens de outro não constitui o nosso ser essencial, mas sim o não ser escravo. Assim, no Ocidente, estamos no terreno da verdadeira e própria filosofia.
(Hegel. Estética, 2000. Adaptado.)
De acordo com o texto de Hegel, a filosofia

A
visa ao estabelecimento de consciências servis e representações homogêneas.
B
é compatível com regimes políticos baseados na censura e na opressão.
C
valoriza as paixões e os sentimentos em detrimento da racionalidade.
D
é inseparável da realização e expansão de potenciais de razão e de liberdade.
E
fundamenta-se na inexistência de padrões universais de julgamento.
cf2bb29f-29
UNESP 2016 - Filosofia - A Experiência do Sagrado

Não posso dizer o que a alma é com expressões materiais, e posso afirmar que não tem qualquer tipo de dimensão, não é longa ou larga, ou dotada de força física, e não tem coisa alguma que entre na composição dos corpos, como medida e tamanho. Se lhe parece que a alma poderia ser um nada, porque não apresenta dimensões do corpo, entenderá que justamente por isso ela deve ser tida em maior consideração, pois é superior às coisas materiais exatamente por isso, porque não é matéria. É certo que uma árvore é menos significativa que a noção de justiça. Diria que a justiça não é coisa real, mas um nada? Por conseguinte, se a justiça não tem dimensões materiais, nem por isso dizemos que é nada. E a alma ainda parece ser nada por não ter extensão material?

(Santo Agostinho. Sobre a potencialidade da alma, 2015. Adaptado.)

No texto de Santo Agostinho, a prova da existência da alma

A
desempenha um papel primordialmente retórico, desprovido de pretensões objetivas.
B
antecipa o empirismo moderno ao valorizar a experiência como origem das ideias.
C
serviu como argumento antiteológico mobilizado contra o pensamento escolástico.
D
é fundamentada no argumento metafísico da primazia da substância imaterial.
E
é acompanhada de pressupostos relativistas no campo da ética e da moralidade.
cf27b55d-29
UNESP 2016 - Filosofia - A Experiência do Sagrado

Jamais um homem fez algo apenas para outros e sem qualquer motivo pessoal. E como poderia fazer algo que fosse sem referência a ele próprio, ou seja, sem uma necessidade interna? Como poderia o ego agir sem ego? Se um homem desejasse ser todo amor como aquele Deus, fazer e querer tudo para os outros e nada para si, isto pressupõe que o outro seja egoísta o bastante para sempre aceitar esse sacrifício, esse viver para ele: de modo que os homens do amor e do sacrifício têm interesse em que continuem existindo os egoístas sem amor e incapazes de sacrifício, e a suprema moralidade, para poder subsistir, teria de requerer a existência da imoralidade, com o que, então, suprimiria a si mesma.

(Friedrich Nietzsche. Humano, demasiado humano, 2005. Adaptado.)

A reflexão do filósofo sobre a condição humana apresenta pressupostos

A
psicológicos, baseados na crítica da inconsistência subjetiva da moral cristã.
B
cartesianos, baseados na ideia inata da existência de Deus na substância pensante.
C
estoicistas, exaltadores da apatia emocional como ideal de uma vida sábia.
D
éticos, defensores de princípios universais para orientar a conduta humana.
E
metafísicos, uma vez que é alicerçada no mundo inteligível platônico.
cf238e96-29
UNESP 2016 - Filosofia - A Política

Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente o obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de superados, poderão ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser que os homens, já precavidos contra eles, se cuidem o mais que possam. O homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, levado pela impaciência da investigação; rejeita os princípios da natureza, em favor da superstição; rejeita a luz da experiência, em favor da arrogância e do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e efêmeras; rejeita paradoxos, por respeito a opiniões vulgares. Enfim, inúmeras são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto.

(Francis Bacon. Novum Organum [publicado originalmente em 1620], 1999. Adaptado.)

Na história da filosofia ocidental, o texto de Bacon preconiza

A
um pensamento científico racional afastado de paixões e preconceitos.
B
uma crítica à hegemonia do paradigma cartesiano no âmbito científico.
C
a defesa do inatismo das ideias contra os pressupostos da filosofia empirista.
D
a valorização romântica de aspectos sentimentais e intuitivos do pensamento.
E
uma crítica de caráter ético voltada contra a frieza do trabalho científico.
e8cc23fd-94
UNESP 2011 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

Assinale a alternativa que contempla adequadamente a opinião do médico, sob o ponto de vista filosófico.

Leia o trecho da entrevista com um médico epidemiologista.

Folha – Não é contraditório um epidemiologista questionar o conceito de risco?

Luis David Castiel – Tem também um lado opressivo que me incomoda. Uma dimensão moralista, que rotula as pessoas que se expõem ao risco como displicentes e que, portanto, merecem ser punidas [pela doença], se acontecer o evento ao qual estão se expondo. Estamos à mercê dessa prescrição constante que a gente tem que seguir. Na hora em que você traz para perto a ameaça, tem que fazer uma gestão cotidiana dela. Não há como, você teria que controlar todos os riscos possíveis e os impossíveis de se imaginar. É a riscofobia.

Folha – Há um meio do caminho entre a fobia e o autocuidado?

Luis David Castiel – A pessoa tem que puxar o freio de emergência quando achar necessário, decidir até que ponto vai conseguir acompanhar todos os ditames da saúde. (…) Na saúde, a vigilância constante, o excesso de exames criou uma nova categoria: a pessoa não está doente, mas não é saudável. Está sob risco.
(Folha de S.Paulo, 11.04.2011. Adaptado.)
A
Para o médico Luis Castiel, os imperativos da ciência, se adotados como norma absoluta na avaliação dos comportamentos individuais, podem causar sofrimento emocional.
B
Para o médico, os comportamentos individuais devem ser submetidos a padrões científicos de controle.
C
A riscofobia abordada na entrevista decorre da displicência dos indivíduos em atenderem aos ditames da saúde e da boa forma.
D
Na entrevista, o médico defende a autonomia individual como padrão absoluto para a avaliação de comportamentos de risco.
E
Para o médico, a gestão cotidiana dos riscos depende diretamente da vigilância constante no campo da saúde.
3d0af3e1-8d
UNESP 2011 - Filosofia - A Política

Analise o trecho da entrevista dada pelo chefe de imprensa do governo do Irã a um jornal brasileiro.

Folha – Há preocupação quanto a uma mudança de posição do governo brasileiro, sobretudo na área de direitos humanos, depois que a presidente Dilma se manifestou contrariamente ao apedrejamento de Sakineh?

Ali Akbar Javanfekr – Encontrei poucas informações sobre a realidade iraniana aqui no Brasil. Há notícias distorcidas e falsas. Isso é preocupante. Minha presença aqui é para tentar divulgar as informações corretas. No caso de Sakineh, informações que chegaram à presidente Dilma Rousseff não foram corretas.

Folha – A presidente Dilma está mal informada?

Ali Akbar Javanfekr – Sim. Foi mal informada sobre esse caso.

Folha – É verdade, como diz o presidente Ahmadinejad, que não há gays no Irã?

Ali Akbar Javanfekr – Não temos.

Folha – É o único país do mundo que não tem gay?

Ali Akbar Javanfekr – Na República Islâmica do Irã, não há.

Folha – Se houver, há punições?

Ali Akbar Javanfekr – Nossa visão sobre esse tema é diferente da de vocês. É um ato feio, que nenhuma das religiões divinas aceita. Temos a responsabilidade humana, até divina, de não aceitar esse tipo de comportamento. Existe uma ameaça sobre a saúde da humanidade. A Aids, por exemplo. Uma das raízes é esse tipo de relacionamento.

                                                                                               (Folha de S.Paulo, 14.03.2011. Adaptado.)

Sob o ponto de vista ético, as opiniões expressas no trecho da entrevista podem ser caracterizadas como


A
uma visão de mundo fortemente influenciada pelas matrizes liberais do pensamento filosófico.
B
uma posição convencionalmente associada ao pensamento politicamente correto.
C
uma visão de mundo fortemente influenciada pelo fundamentalismo religioso.
D
opiniões que expressam afinidade com o imperativo categórico kantiano.
E
posições condizentes com a valorização da consciência individual autônoma.
3d05befa-8d
UNESP 2011 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

Num mundo onde cresce sem parar a compulsão para obrigar as pessoas a levar uma vida “correta" no maior número possível das atividades que formam o seu dia a dia, a mesa tornou-se uma das áreas que mais atraem a atenção dos gendarmes empenhados em arbitrar o que é realmente bom para você. É uma provação permanente. Médicos, nutricionistas, personal trainers, editores e editoras de revistas dedicadas à forma física, ambientalistas, militantes da produção orgânica, burocratas, chefs de cozinha, críticos de restaurantes e mais uma multidão de diletantes prontos a dar testemunho expedem decretos cada vez mais frequentes, e cada vez mais severos, sobre os deveres do cidadão na hora de comer. O fato é que toda essa gente, quase sempre com as melhores intenções, acabou construindo um crescente sistema de ansiedade em torno do pão nosso de cada dia – e o resultado é que o prazer de comer bem vai sendo substituído pela obrigação de comer certo. Modelos, atrizes e outras pessoas que precisam pesar pouco para fazer sucesso chegam aos 30 anos de idade, ou mais, praticamente sem ter feito uma única refeição decente na vida. Propõe-se, como virtude alimentar, um mundo sombrio de pastas, mingaus, poções, soros de proteína e sabe-se lá o que ainda vem pela frente. Não está claro o que se ganha em toda essa história. A perspectiva de morrer, um dia, no peso ideal?

                                                                                                 (J. R. Guzzo. Veja, 09.06.2010. Adaptado.)

Sob o ponto de vista filosófico, podemos afirmar que, para o autor,

A
é positiva a adoção de procedimentos científicos no campo nutricional.
B
o tema da qualidade de vida deve ser enfocado sob critérios morais.
C
os padrões hegemônicos vigentes na sociedade atual no campo da nutrição são elogiáveis.
D
a felicidade depende do número de calorias ingeridas pelo ser humano.
E
a autonomia individual deveria ser o critério para definir os parâmetros de uma vida adequada.
3d010d60-8d
UNESP 2011 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

Em 40 anos, nunca vi alguém se curar com a força do pensamento. Para mim, se Maomé não for à montanha, a montanha vir a Maomé é tão improvável quanto o Everest aparecer na janela da minha casa. A fé nas propriedades curativas da assim chamada energia mental tem raízes seculares. Quantos católicos foram canonizados porque lhes foi atribuído o poder espiritual de curar cegueiras, paraplegias, hanseníase e até esterilidade feminina? Quantos pastores evangélicos convencem milhões de fiéis a pagar-lhes os dízimos ao realizar façanhas semelhantes diante das câmeras de TV? Por que a energia emanada do pensamento positivo serve apenas para curar doenças, jamais para fazer um carro andar dez metros ou um avião levantar voo sem combustível? No passado, a hanseníase foi considerada apanágio dos ímpios; a tuberculose, consequência da vida desregrada; a AIDS, maldição divina para castigar os promíscuos. Coube à ciência demonstrar que duas bactérias e um vírus indiferentes às virtudes dos hospedeiros eram os agentes etiológicos dessas enfermidades. Acreditar na força milagrosa do pensamento pode servir ao sonho humano de dominar a morte. Mas, atribuir a ela tal poder é um desrespeito aos doentes graves e à memória dos que já se foram.

                                                                    (Drauzio Varella. Folha de S.Paulo, 09.06.2007. Adaptado.)

O pensamento do autor, sob o ponto de vista filosófico, pode ser corretamente caracterizado como

A
compatível com os pressupostos mecanicistas e cartesianos da ciência.
B
uma visão para a qual a fé na força milagrosa do pensamento apresenta a propriedade de curar doenças.
C
uma visão holística, de acordo com a qual a mobilização das energias mentais pode influenciar positivamente organismos enfermos e possibilitar a restituição da saúde.
D
uma visão cética no que se refere ao progresso da ciência.
E
compatível com concepções teológicas emitidas por líderes religiosos católicos e evangélicos.