Nada acusa mais uma extrema fraqueza de espírito do que não conhecer qual é a infelicidade de um homem sem Deus; nada marca mais uma má disposição do coração do que não desejar a verdade das promessas eternas; nada é mais covarde do que fazer-se de bravo contra Deus. Deixem então essas impiedades para aqueles que são bastante mal nascidos para ser verdadeiramente capazes disso. Reconheçam enfim que não há senão duas espécies de pessoas a quem se possam chamar razoáveis: ou os que servem a Deus de todo o coração porque o conhecem ou os que o buscam de todo o coração porque não o conhecem.

(Blaise Pascal. Pensamentos, 2015. Adaptado.)

O pensamento desse filósofo é nitidamente influenciado por uma ótica

Alternativa correta: E — teológica

Tema central: o enunciado trata da experiência do sagrado e da atitude do sujeito perante Deus. Para resolver a questão é preciso reconhecer pistas textuais que revelam a orientação conceitual do autor (palavras como Deus, promessas eternas, servem a Deus).

Resumo teórico progressivo: Blaise Pascal (cf. Pensées, 1670) é conhecido por uma reflexão religiosa que combina razão e fé. A "ótica teológica" significa interpretar a realidade a partir da primazia de Deus e das verdades religiosas: o centro explicativo é o divino e não meramente o humano, o empírico ou o material. A famosa "Aposta de Pascal" ilustra sua preocupação com a existência de Deus e as implicações práticas dessa crença.

Justificativa da alternativa correta (E): o texto elogia aqueles que conhecem ou buscam Deus e valoriza as "promessas eternas". Essa ênfase em Deus como critério de razão e moral indica claramente uma perspectiva teológica — isto é, orientada por princípios e preocupações religiosas. Fonte primária: Pensées (Pascal).

Análise das alternativas incorretas:

A — científica: incorreta. Não há referência a método empírico, experimentação ou confiança exclusiva na ciência; o eixo é religioso.

B — ateísta: incorreta. O texto pressupõe e valoriza Deus, criticando quem vive sem Ele — postura oposta ao ateísmo.

C — antropocêntrica: incorreta. Embora trate de pessoas, o foco não é a centralidade do homem, mas a relação do homem com Deus.

D — materialista: incorreta. Materialismo reduz tudo ao físico; aqui prevalecem valores espirituais e promessas "eternas".

Estratégia de prova: leia o enunciado procurando termos-chave (Deus, eternidade, fé, promessas). Elimine alternativas que contradigam o sentido literal do texto. Desconfie de palavras abstratas sem apoio textual (ex.: "antropocêntrica", "materialista") quando o enunciado menciona explicitamente o divino.

Referências rápidas: B. Pascal, Pensées (1670); ver também entrada "Blaise Pascal" na Stanford Encyclopedia of Philosophy para contexto histórico-filosófico.

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