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922c79dd-02
UNIFOA 2018 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Em “Em face de uma trama social que se torna cada vez mais complexa, a verdade é que não há como insistir com respostas casuísticas, provisórias e crescentemente brutais, que sintomaticamente já não podem prescindir do apoio recorrente das Forças Armadas" (12º Parágrafo), as palavras sublinhadas podem ser substituídas sem que haja perda de sentido, respectivamente, por:

A indiferença com a violência nas favelas do Rio de Janeiro

O silêncio de autoridades e instituições revela o fatalismo de uma política de segurança pública falida

Marcelo Baumann Burgo

 

A rotina de tiroteios em diversas favelas do Rio de Janeiro tem por cenário um labirinto de casas recheadas de seres humanos, acuados e humilhados. O quadro ultrapassa as raias do absurdo, e nem os escritores do realismo mágico seriam capazes de imaginá-lo.

O que mais surpreende, contudo, é o silêncio condescendente das autoridades e instituições cujo papel deveria ser o de, antes de qualquer outra coisa, zelar pelas garantias mínimas do direito à vida e integridade física dos cidadãos.

            Mas ao que tudo indica, para os moradores das favelas cariocas, nem mesmo esse aspecto elementar do pacto hobbesiano tem sido preservado, o que sugere que, para eles, a lei é a da barbárie. Na favela da Rocinha, por exemplo, desde setembro de 2017, a cada três dias pelo menos uma pessoa – incluindo policiais - morreu nesses confrontos.

O primeiro e mais ensurdecedor silêncio é o do governador e das autoridades da segurança pública estaduais e federais. No máximo, se manifestam quando algum policial é morto no “campo de batalha”, para lamentar sua perda e reafirmar o “espírito de combate da tropa”.

Diante desse silêncio deliberado, ficam no ar várias perguntas: como explicar o sentido de uma política de segurança que tem como efeito real a tortura diária da população das favelas, que se vê obrigada a conviver com um fogo cruzado intenso e aleatório? Quem realmente responde por ela, e pelas mortes e sofrimento que ela provoca? Onde se pretende chegar com isso? Quais as suas razões “técnicas”, se é que não é uma ofensa às vítimas formular essa pergunta? SILÊNCIO...

Sob esse primeiro vácuo de respostas, há um segundo nível de silêncio, o das instituições que deveriam questionar as autoridades estaduais e federais. Cadê os poderes legislativos, que não criam um grupo suprapartidário de parlamentares para interpelar o governo? Neste caso, não vale alegar que estamos aguardando as próximas eleições para “fazer o debate”, pois o sofrimento é hoje, e a morte espreita diariamente a vida dessa população.

E o Ministério Público, que não organiza uma força-tarefa para, tempestivamente, proteger a ordem jurídica escandalosamente violada, com a agressão de todo tipo aos direitos fundamentais dos cidadãos? SILÊNCIO...

Sob essa segunda e espessa camada de silêncios, subsiste uma terceira igualmente decisiva, a da grande imprensa. Não que ela não faça a crônica diária dos tiroteios, mas em geral as faz descrevendo os fatos com aparente neutralidade, como se eles simplesmente fizessem parte da rotina, não dando sinais, portanto, de que reflete sobre o que significa informar, em uma mesma matéria, que três ou quatro pessoas morreram ou se feriram, e que a operação teve como saldo a apreensão de “um fuzil”, “dez trouxinhas de maconha”, e “alguns papelotes de cocaína”...

Cadê os editoriais cobrando respostas das autoridades? Cadê o trabalho que, em outras áreas da vida pública, por exemplo na questão da corrupção, a grande imprensa faz com tanto zelo para mobilizar a opinião pública? No caso da rotina de tiroteios nas favelas o que parece resultar do trabalho da grande imprensa é o oposto da mobilização, ou seja, um efeito de resignação diante da violência ordinária.

Restaria, ainda, a sociedade civil organizada. Cadê a OAB, CNBB, ABI, as universidades, associações de bairro, e tantas outras que se irmanaram na luta contra a ditadura? Para ser justo com elas, até esboçaram alguma reação, mas sem força para fazer diferença. Com isso, tudo se passa como se esse bangue-bangue diário e estúpido dissesse respeito apenas aos moradores das favelas. Será que devemos esperar que somente eles se mobilizem?

Como se vê, para além de quaisquer outras razões de ordem econômica e social, o que se passa com a (in)segurança nos territórios populares do Rio de Janeiro deve ser creditado, antes de mais nada, aos silêncios e omissões de diferentes autoridades e instituições. Tal postura não deixa de revelar o quadro de fatalismo e perplexidade a que chegamos e não por acaso! Pois não há mesmo muito a se fazer com o modelo atual de segurança pública.

Em face de uma trama social que se torna cada vez mais complexa, a verdade é que não há como insistir com respostas casuísticas, provisórias e crescentemente brutais, que sintomaticamente já não podem prescindir do apoio recorrente das Forças Armadas.

Mas se é assim, que ao menos se reconheça, com honestidade, a necessidade de enfrentarmos um amplo debate sobre a reforma estrutural das instituições de segurança pública, a começar pelas polícias civil e militar. A cada dia, sua incompatibilidade com o projeto de democracia se mostra mais explícita.

O sofrimento de quem convive diariamente sob a tortura da loteria dos tiroteios nos territórios populares não terá como ser reparado, mas ainda não é tarde demais para mobilizarmos energia para esse debate.

No caso do Rio de Janeiro, o mínimo aceitável seria exigir que as autoridades, de um lado, contribuíssem para precipitar esta discussão e, de outro, interrompessem imediatamente a escalada do descalabro que elas vêm chancelando, movidas sabe-se lá por que tipo de cálculo.

 

Adaptado a partir de: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-indiferenca-com-a-violencia-nasfavelas-do-rio-de-janeiro /. Acesso em 10 de maio de 2018.

A
conjuntura e transitórias.
B
estória e substitutas.
C
estória e transitórias.
D
conjuntura e permanente.
E
luta e efêmeras.
922f57de-02
UNIFOA 2018 - Português - Interpretação de Textos, Uso dos conectivos, Pronomes pessoais retos, Pronomes pessoais oblíquos, Coesão e coerência, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Em relação à coesão do TEXTO, não se pode afirmar que:

A indiferença com a violência nas favelas do Rio de Janeiro

O silêncio de autoridades e instituições revela o fatalismo de uma política de segurança pública falida

Marcelo Baumann Burgo

 

A rotina de tiroteios em diversas favelas do Rio de Janeiro tem por cenário um labirinto de casas recheadas de seres humanos, acuados e humilhados. O quadro ultrapassa as raias do absurdo, e nem os escritores do realismo mágico seriam capazes de imaginá-lo.

O que mais surpreende, contudo, é o silêncio condescendente das autoridades e instituições cujo papel deveria ser o de, antes de qualquer outra coisa, zelar pelas garantias mínimas do direito à vida e integridade física dos cidadãos.

            Mas ao que tudo indica, para os moradores das favelas cariocas, nem mesmo esse aspecto elementar do pacto hobbesiano tem sido preservado, o que sugere que, para eles, a lei é a da barbárie. Na favela da Rocinha, por exemplo, desde setembro de 2017, a cada três dias pelo menos uma pessoa – incluindo policiais - morreu nesses confrontos.

O primeiro e mais ensurdecedor silêncio é o do governador e das autoridades da segurança pública estaduais e federais. No máximo, se manifestam quando algum policial é morto no “campo de batalha”, para lamentar sua perda e reafirmar o “espírito de combate da tropa”.

Diante desse silêncio deliberado, ficam no ar várias perguntas: como explicar o sentido de uma política de segurança que tem como efeito real a tortura diária da população das favelas, que se vê obrigada a conviver com um fogo cruzado intenso e aleatório? Quem realmente responde por ela, e pelas mortes e sofrimento que ela provoca? Onde se pretende chegar com isso? Quais as suas razões “técnicas”, se é que não é uma ofensa às vítimas formular essa pergunta? SILÊNCIO...

Sob esse primeiro vácuo de respostas, há um segundo nível de silêncio, o das instituições que deveriam questionar as autoridades estaduais e federais. Cadê os poderes legislativos, que não criam um grupo suprapartidário de parlamentares para interpelar o governo? Neste caso, não vale alegar que estamos aguardando as próximas eleições para “fazer o debate”, pois o sofrimento é hoje, e a morte espreita diariamente a vida dessa população.

E o Ministério Público, que não organiza uma força-tarefa para, tempestivamente, proteger a ordem jurídica escandalosamente violada, com a agressão de todo tipo aos direitos fundamentais dos cidadãos? SILÊNCIO...

Sob essa segunda e espessa camada de silêncios, subsiste uma terceira igualmente decisiva, a da grande imprensa. Não que ela não faça a crônica diária dos tiroteios, mas em geral as faz descrevendo os fatos com aparente neutralidade, como se eles simplesmente fizessem parte da rotina, não dando sinais, portanto, de que reflete sobre o que significa informar, em uma mesma matéria, que três ou quatro pessoas morreram ou se feriram, e que a operação teve como saldo a apreensão de “um fuzil”, “dez trouxinhas de maconha”, e “alguns papelotes de cocaína”...

Cadê os editoriais cobrando respostas das autoridades? Cadê o trabalho que, em outras áreas da vida pública, por exemplo na questão da corrupção, a grande imprensa faz com tanto zelo para mobilizar a opinião pública? No caso da rotina de tiroteios nas favelas o que parece resultar do trabalho da grande imprensa é o oposto da mobilização, ou seja, um efeito de resignação diante da violência ordinária.

Restaria, ainda, a sociedade civil organizada. Cadê a OAB, CNBB, ABI, as universidades, associações de bairro, e tantas outras que se irmanaram na luta contra a ditadura? Para ser justo com elas, até esboçaram alguma reação, mas sem força para fazer diferença. Com isso, tudo se passa como se esse bangue-bangue diário e estúpido dissesse respeito apenas aos moradores das favelas. Será que devemos esperar que somente eles se mobilizem?

Como se vê, para além de quaisquer outras razões de ordem econômica e social, o que se passa com a (in)segurança nos territórios populares do Rio de Janeiro deve ser creditado, antes de mais nada, aos silêncios e omissões de diferentes autoridades e instituições. Tal postura não deixa de revelar o quadro de fatalismo e perplexidade a que chegamos e não por acaso! Pois não há mesmo muito a se fazer com o modelo atual de segurança pública.

Em face de uma trama social que se torna cada vez mais complexa, a verdade é que não há como insistir com respostas casuísticas, provisórias e crescentemente brutais, que sintomaticamente já não podem prescindir do apoio recorrente das Forças Armadas.

Mas se é assim, que ao menos se reconheça, com honestidade, a necessidade de enfrentarmos um amplo debate sobre a reforma estrutural das instituições de segurança pública, a começar pelas polícias civil e militar. A cada dia, sua incompatibilidade com o projeto de democracia se mostra mais explícita.

O sofrimento de quem convive diariamente sob a tortura da loteria dos tiroteios nos territórios populares não terá como ser reparado, mas ainda não é tarde demais para mobilizarmos energia para esse debate.

No caso do Rio de Janeiro, o mínimo aceitável seria exigir que as autoridades, de um lado, contribuíssem para precipitar esta discussão e, de outro, interrompessem imediatamente a escalada do descalabro que elas vêm chancelando, movidas sabe-se lá por que tipo de cálculo.

 

Adaptado a partir de: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-indiferenca-com-a-violencia-nasfavelas-do-rio-de-janeiro /. Acesso em 10 de maio de 2018.

A
no primeiro parágrafo, em "...seriam capazes de imaginá-lo", a partícula "lo" faz referência ao termo "O quadro...".
B
no quarto parágrafo, em "...se manifestam quando algum policial é morto", a partícula "se" faz referência à sequência "governador e das autoridades da segurança pública estaduais e federais".
C
no sexto parágrafo, em "...pois o sofrimento é hoje...", a partícula "pois" introduz uma ideia de contrariedade ao conteúdo apresentado anteriormente na sentença.
D
no oitavo parágrafo, em "...como se eles simplesmente fizessem parte da rotina...", o vocábulo "eles" faz referência ao termo "tiroteios".
E
no décimo quinto parágrafo, os conectivos "de um lado" e "de outro" funcionam no intuito de organizar o plano textual, abrindo uma série e acentuando a sua continuidade.
9232e96b-02
UNIFOA 2018 - Português - Interpretação de Textos, Uso das aspas, Pontuação, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Ao longo do TEXTO, encontramos diversos trechos entre aspas, tais como “espírito de combate da tropa”, “fazer o debate” e “alguns papelotes de cocaína”. Esses trechos têm por objetivo:

A indiferença com a violência nas favelas do Rio de Janeiro

O silêncio de autoridades e instituições revela o fatalismo de uma política de segurança pública falida

Marcelo Baumann Burgo

 

A rotina de tiroteios em diversas favelas do Rio de Janeiro tem por cenário um labirinto de casas recheadas de seres humanos, acuados e humilhados. O quadro ultrapassa as raias do absurdo, e nem os escritores do realismo mágico seriam capazes de imaginá-lo.

O que mais surpreende, contudo, é o silêncio condescendente das autoridades e instituições cujo papel deveria ser o de, antes de qualquer outra coisa, zelar pelas garantias mínimas do direito à vida e integridade física dos cidadãos.

            Mas ao que tudo indica, para os moradores das favelas cariocas, nem mesmo esse aspecto elementar do pacto hobbesiano tem sido preservado, o que sugere que, para eles, a lei é a da barbárie. Na favela da Rocinha, por exemplo, desde setembro de 2017, a cada três dias pelo menos uma pessoa – incluindo policiais - morreu nesses confrontos.

O primeiro e mais ensurdecedor silêncio é o do governador e das autoridades da segurança pública estaduais e federais. No máximo, se manifestam quando algum policial é morto no “campo de batalha”, para lamentar sua perda e reafirmar o “espírito de combate da tropa”.

Diante desse silêncio deliberado, ficam no ar várias perguntas: como explicar o sentido de uma política de segurança que tem como efeito real a tortura diária da população das favelas, que se vê obrigada a conviver com um fogo cruzado intenso e aleatório? Quem realmente responde por ela, e pelas mortes e sofrimento que ela provoca? Onde se pretende chegar com isso? Quais as suas razões “técnicas”, se é que não é uma ofensa às vítimas formular essa pergunta? SILÊNCIO...

Sob esse primeiro vácuo de respostas, há um segundo nível de silêncio, o das instituições que deveriam questionar as autoridades estaduais e federais. Cadê os poderes legislativos, que não criam um grupo suprapartidário de parlamentares para interpelar o governo? Neste caso, não vale alegar que estamos aguardando as próximas eleições para “fazer o debate”, pois o sofrimento é hoje, e a morte espreita diariamente a vida dessa população.

E o Ministério Público, que não organiza uma força-tarefa para, tempestivamente, proteger a ordem jurídica escandalosamente violada, com a agressão de todo tipo aos direitos fundamentais dos cidadãos? SILÊNCIO...

Sob essa segunda e espessa camada de silêncios, subsiste uma terceira igualmente decisiva, a da grande imprensa. Não que ela não faça a crônica diária dos tiroteios, mas em geral as faz descrevendo os fatos com aparente neutralidade, como se eles simplesmente fizessem parte da rotina, não dando sinais, portanto, de que reflete sobre o que significa informar, em uma mesma matéria, que três ou quatro pessoas morreram ou se feriram, e que a operação teve como saldo a apreensão de “um fuzil”, “dez trouxinhas de maconha”, e “alguns papelotes de cocaína”...

Cadê os editoriais cobrando respostas das autoridades? Cadê o trabalho que, em outras áreas da vida pública, por exemplo na questão da corrupção, a grande imprensa faz com tanto zelo para mobilizar a opinião pública? No caso da rotina de tiroteios nas favelas o que parece resultar do trabalho da grande imprensa é o oposto da mobilização, ou seja, um efeito de resignação diante da violência ordinária.

Restaria, ainda, a sociedade civil organizada. Cadê a OAB, CNBB, ABI, as universidades, associações de bairro, e tantas outras que se irmanaram na luta contra a ditadura? Para ser justo com elas, até esboçaram alguma reação, mas sem força para fazer diferença. Com isso, tudo se passa como se esse bangue-bangue diário e estúpido dissesse respeito apenas aos moradores das favelas. Será que devemos esperar que somente eles se mobilizem?

Como se vê, para além de quaisquer outras razões de ordem econômica e social, o que se passa com a (in)segurança nos territórios populares do Rio de Janeiro deve ser creditado, antes de mais nada, aos silêncios e omissões de diferentes autoridades e instituições. Tal postura não deixa de revelar o quadro de fatalismo e perplexidade a que chegamos e não por acaso! Pois não há mesmo muito a se fazer com o modelo atual de segurança pública.

Em face de uma trama social que se torna cada vez mais complexa, a verdade é que não há como insistir com respostas casuísticas, provisórias e crescentemente brutais, que sintomaticamente já não podem prescindir do apoio recorrente das Forças Armadas.

Mas se é assim, que ao menos se reconheça, com honestidade, a necessidade de enfrentarmos um amplo debate sobre a reforma estrutural das instituições de segurança pública, a começar pelas polícias civil e militar. A cada dia, sua incompatibilidade com o projeto de democracia se mostra mais explícita.

O sofrimento de quem convive diariamente sob a tortura da loteria dos tiroteios nos territórios populares não terá como ser reparado, mas ainda não é tarde demais para mobilizarmos energia para esse debate.

No caso do Rio de Janeiro, o mínimo aceitável seria exigir que as autoridades, de um lado, contribuíssem para precipitar esta discussão e, de outro, interrompessem imediatamente a escalada do descalabro que elas vêm chancelando, movidas sabe-se lá por que tipo de cálculo.

 

Adaptado a partir de: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-indiferenca-com-a-violencia-nasfavelas-do-rio-de-janeiro /. Acesso em 10 de maio de 2018.

A
apresentar citações diretas de autores da área da sociologia e criminologia crítica.
B
apresentar afirmações que são e/ou foram usualmente mencionadas nas situações descritas pelo texto.
C
descrever afirmações do atual governador do estado do Rio de Janeiro em situações de chacina.
D
apresentar trechos de gravações captadas em investigação realizada na polícia do Rio de Janeiro.
E
descrever afirmações das classes populares que explicam o motivo da violência por elas sofrida.
9235ced9-02
UNIFOA 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

REPISANDO A CANDELÁRIA
Armando Freitas Filho

Ao pé das portas
fechadas da igreja
na calçada dormente
corpos se estendem.

Na manhã de corpos
alguns acordam
dia sim, dia não
na vida da calçada.

Corpos, alguns
na calçada, acordam
mais dia, menos dia
na vida da manhã.

Na manhã, de dias iguais
alguns, não acordam
na vida de corpos
largados na calçada.

Dormem de dia
com a mesma aparência
dos mortos, os corpos
deitados na calçada.

Ou como, quando
ainda não nascidos -
fetais - na fatalidade
dos dias na calçada.

Delineados em diagrama
nos espaços que ocuparam
para sempre na calçada
brutos e delicados.

Chapados, colados
brotam na calçada:
jardim de carne
que cresceu de noite.

Rajada que não é
de vento, calçada
de corpos já derrubados
pelo sono, amortecidos.

Vida de um dia
de corpos, uns, nus
alguns, nenhuns, não
acordam cedo, na calçada.

Dormem, doentes
ou adolescentes
voltam à primeira idade
geminados na calçada.

Na ilha do asfalto
cercada pelo tráfego
marcada pela cruz
a isca dos corpos.

FREITAS FILHO, Armando. Poema inédito, 2 de fevereiro de 2010.

Sobre o TEXTO, não se pode afirmar que:

A
trata-se de um poema memento em memória de meninos executados na chamada Chacina da Candelária.
B
o poema apresenta movimento cíclico, desperiodizado, possuindo algumas séries fônicas que são reiteradas e funcionam como unidades rítmicas.
C
o poema é composto de doze estrofes com quatro versos cada uma.
D
a frase "corpos na calçada" resume o conteúdo do poema, sendo encontrada por múltiplas vezes espalhadas, ao mesmo tempo dispersas e concentradas, ao longo das doze estrofes.
E
a intenção do eu-lírico é a de apresentar, a partir da linguagem da poesia, uma descrição dos atos de violência que levaram à morte diversos meninos de rua na Chacina da Candelária.
92389b4a-02
UNIFOA 2018 - História - Guerra Fria e seus desdobramentos, História Geral

Abaixo, uma lista com algumas frases que foram pichadas nas paredes do país que, propositalmente, omitimos o nome e data. Representavam, com irreverência, a participação de determinados grupos sociais que contestavam a ordem vigente no país em questão, mas também nos dois lados do polarizado mundo da Guerra Fria. Estamos nos referindo a qual acontecimento, dentre as alternativas abaixo:

"Abaixo a sociedade de consumo."
"A ação não deve ser uma reação, mas uma criação."
"O agressor não é aquele que se revolta, mas aquele que reprime."
"Amem-se uns aos outros."
"Parem o mundo, eu quero descer."
"Antes de escrever, aprenda a pensar."
"A barricada fecha a rua, mas abre a via."
"Corram camaradas, o velho mundo está atrás de vocês."
"Proibido não colar cartazes."
"A economia está ferida, pois que morra!"
"A emancipação do homem será total ou não será."
"A imaginação toma o poder."
"É proibido proibir."
"A liberdade do outro estende a minha ao infinito."
"A mercadoria é o ópio do povo."
"Fim da liberdade aos inimigos da liberdade."
"O patrão precisa de ti, tu não precisas do patrão."
"Quanto mais eu faço amor, mais tenho vontade de fazer a revolução. Quanto mais faço a revolução,
mais tenho vontade de fazer amor."
"Sejam realistas, exijam o impossível."
"Milionários de todos os países, unam-se, o vento está mudando."
"Não tomem o elevador, tomem o poder." 

A
Revolução Cultural, na China;
B
Maio de 1968, na França;
C
Primavera de Praga, na Tchecoslováquia;
D
Revolução dos Cravos, em Portugal;
E
Luta contra a Ditadura, no Brasil.
923e6b5d-02
UNIFOA 2018 - Geografia - Geografia Econômica

Leia o trecho abaixo e faça o que se pede:

 

“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

    I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

    II - garantir o desenvolvimento nacional;

    III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

    IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

 

 Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

    I - independência nacional;

    II - prevalência dos direitos humanos;

    III - autodeterminação dos povos;

    IV - não-intervenção;

    V - igualdade entre os Estados;

    VI - defesa da paz;

    VII - solução pacífica dos conflitos;

    VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

    IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

    X - concessão de asilo político.

 

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.” ...

 

Constituição da República Federativa do Brasil (Constituição de 1988).

 

A lei máxima do país, promulgada no dia 05 de outubro de 1988, representou o maior avanço já obtido pela sociedade brasileira na garantia dos direitos civis, políticos e sociais. Os duros embates ideológicos durante os trabalhos constituintes, se não produziram a Constituição ideal, no mínimo tem o mérito de organizar a sociedade em bases que levassem à superação das sombrias décadas de ditadura. Mas, enquanto o Brasil reorganizava sua vida democrática, e implantava direitos sociais há muito esperados, no contexto econômico internacional uma corrente de pensamento preconizava a tese da “redução do Estado” e ou “Estado Mínimo”, o que veio a dificultar a efetividade da implantação de vários dos avanços da nova Carta Constitucional.


Estamos nos referindo a(o):

A
Neoliberalismo;
B
Comunismo;
C
Fascismo;
D
Keynesianismo;
E
Social-liberalismo.
92445157-02
UNIFOA 2018 - Atualidades - Segurança Pública, Atualidades do ano de 2018

Leio o excerto de reportagem abaixo e faça o que se pede:

RIO — O secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, afirmou, em entrevista à Rádio CBN, na manhã desta sexta-feira, que nenhuma hipótese sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes está fechada. O general discordou do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que afirmara que o caso Marielle está "quase elucidado". O crime ocorreu em 14 de março. Nenhum suspeito foi identificado. Jungmann confirmara, nesta quinta-feira, que o vereador, o PM e o ex-PM, apontados por uma testemunha do caso Marielle, estão entre os investigados pelo assassinato da vereadora. [...]
Uma testemunha - que trabalhou para o grupo paramilitar da Zona Oeste - procurou a Polícia Federal para contar detalhes que envolvem Orlando de Curicica e o vereador Marcello Siciliano na morte de Marielle. Delegados da Polícia Federal levaram o delator à Polícia Civil, para quem ele prestou três depoimentos: dois no Círculo Militar e um na Delegacia de Homicídios. Ele afirmou que procurou a PF porque estava correndo risco de vida.
[...]

https://oglobo.globo.com/rio/secretario-de-seguranca-diz-que-esta-reorientando-estrategia-deinvestigacao-do-assassinato-de-marielle-22674091#ixzz5FEbd10Py, acessado em 11/05/2018.

Os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes chocaram o país. A parlamentar tinha atuação em um somatório de pautas, como: defesa dos Direitos Humanos; de condições dignas para os moradores de favelas; das mulheres, negras e população LGBT contra as opressões de gênero e o racismo. É possível mensurar o rol de reações negativas, com sua atividade parlamentar entre os setores mais conservadores da sociedade, mas também em uma atividade criminosa que vem dominando regiões da cidade do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense e, conforme os estudiosos de Segurança Pública, hoje é o principal problema dessa temática. A afirmativa refere-se a:

A
Tráfico de drogas;
B
Milícias;
C
Roubo de cargas;
D
Jogo do bicho;
E
Tráfico humano.
924f5ce2-02
UNIFOA 2018 - História - Fundamentos da História : Tempo, Memória e Cultura, História Geral

O ano de 2018 assinala o bicentenário de nascimento daquele cuja obra é considerada, independente de posicionamentos ideológicos, a que mais aprofundadamente estudou e descreveu os mecanismos de funcionamento e reprodução da economia capitalista. O referido autor também é referência obrigatória nos campos da Filosofia, História e Sociologia.
A frase “A história do mundo é a história da luta de classes”, cujo título da obra omitimos, oferece uma chave interpretativa para o entendimento do processo histórico a partir dos antagonismos entre as classes sociais nas mais diversas formas de organização econômico-social. Em tempos de forte polarização ideológica, corre-se o risco de não observar as contribuições de autores que se dedicaram a estudar a sociedade, e que o fizeram aproveitando todo o cabedal teórico anterior às suas produções.

O fragmento acima refere-se a:

A
Adam Smith;
B
Karl Marx;
C
Jean-Jacques Rousseau;
D
Max Weber;
E
Maquiavel.
9252322a-02
UNIFOA 2018 - Atualidades - Atualidades do ano de 2019, Migração, Refugiados e Demografia na Atualidade

Observando atentamente os infográficos abaixo, é possível ter em conta a tragédia do povo sírio, após quase sete anos de guerra civil, provocada por uma mistura de conflitos políticos e religiosos internos, interferências de potências estrangeiras e motivações econômicas, dada a posição do país em região produtora de petróleo.





http://www.bbc.com/portuguese/internacional-43764607, acessado em 12/05/2018.

O drama dos refugiados por vezes choca o planeta, como nas imagens de crianças mortas nas praias, após tentativas frustradas de entrar na Europa. Mas, para aqueles refugiados que conseguem chegar aos países europeus, além das barreiras linguística, cultural e econômica, soma-se uma dificuldade: as ações políticas, quando não ações violentas, de grupos que rejeitam e hostilizam a chegada dessa população em busca de sobrevivência.

Assinale abaixo a orientação ideológica desses grupos:

A
Liberalismo;
B
Comunismo;
C
Fascismo;
D
Socialismo;
E
Anarquismo.
92550ec2-02
UNIFOA 2018 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

Digital addiction increases loneliness, anxiety and depression

Smartphones are an integral part of most people's lives, allowing us to stay connected and in-the-know at all times. The downside of that convenience is that many of us are also addicted to the constant pings, chimes, vibrations and other alerts from our devices, unable to ignore new emails, texts and images. In a new study published in NeuroRegulation, San Francisco State University Professor of Health Education Erik Peper and Associate Professor of Health Education Richard Harvey argue that overuse of smart phones is just like any other type of substance abuse.

Story from: Science Daily
https://www.sciencedaily.com/releases/2018/04/180411161316.htm
Published: 11 April 2018

Segundo o texto,

A
o uso de smartphones leva a uma dependência de uma substância abusiva.
B
a conveniência do uso de smartphones é o alerta.
C
o uso excessivo de smartphones é considerado como um abuso de substâncias.
D
os smartphones são incapazes de nos possibilitar ignorar novos e-mails, textos e imagens.
E
as dependências acontecem com pessoas propícias a sentir solidão.
925883a5-02
UNIFOA 2018 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

Evidence mounts for Alzheimer's, suicide risks among youth in polluted cities

A University of Montana researcher and her collaborators have published a new study that reveals increased risks for Alzheimer's and suicide among children and young adults living in polluted megacities.

Story from Science Daily
https://www.sciencedaily.com/releases/2018/04/180413155259.htm
Published: 13 April 2018

Podemos afirmar que

A
o texto não informa se o pesquisador é do sexo masculino ou feminino.
B
os colaboradores do estudo são do sexo feminino, pois o texto utiliza um pronome possessivo.
C
o pesquisador é do sexo masculino e os colaboradores são do sexo feminino.
D
o texto não traz nenhuma palavra que explicite o sexo do pesquisador.
E
o pesquisador do estudo apresentado é do sexo feminino pelo uso do pronome her.
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UNIFOA 2018 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

Natural selection gave a freediving people in Southeast Asia bigger spleens


The Bajau people of Southeast Asia, known as Sea Nomads, spend their whole lives at sea, working eight-hour diving shifts with traditional equipment and short breaks to catch fish and shellfish for their families. In a study published April 19 in the journal Cell, researchers report that the extraordinary diving abilities of the Bajau may be thanks in part to their unusually large spleens. The adaptation, the researchers say, is a rare example of natural selection in modern humans -- and one that could provide medically relevant insight into how humans manage acute hypoxia.


Vocabulary: Spleens – baços

Hypoxia – hipóxia (baixa concentração de oxigênio nos tecidos)


Story from Science Daily

https://www.sciencedaily.com/releases/2018/04/180419131128.htm

Published: 19 April 2018


Segundo o estudo apresentado,

A
o povo Bajau é habilidoso no mergulho devido à seleção natural.
B
justifica-se a habilidade do povo Bajau em mergulho pelo uso de equipamento tradicional.
C
o exemplo raro de seleção natural, deve-se ao tempo de mergulho.
D
os incomuns grandes baços do povo Bajau justificam, em parte, suas habilidades de mergulho.
E
a habilidade em mergulho deve-se, exclusivamente, ao turno de oito horas de trabalho diário.
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UNIFOA 2018 - Biologia - Sistema Digestório Humano, Identidade dos seres vivos

“Estudo reforça relação entre a falta de vitamina D e a síndrome metabólica”
(http://agencia.fapesp.br/estudo_reforca_relacao_entre_falta_de_vitamina_d_e_sindrome_metabolica_/ 27191/)

“Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (FMB-Unesp) encontraram uma forte associação entre deficiência de vitamina D e síndrome metabólica – conjunto de condições que aumentam o risco de doença cardíaca, de acidente vascular cerebral e de diabetes – em mulheres no período de pós-menopausa (...).
Entre os parâmetros para avaliar se a paciente apresenta síndrome metabólica estão: circunferência da cintura acima de 88 centímetros, hipertensão arterial, nível elevado de açúcar no sangue e níveis anormais de triglicerídeos e HDL-colesterol”.

Diante do exposto, é correto afirmar que:

I. Os triglicerídeos são a principal forma de armazenamento de gordura no tecido adiposo.
II. O HDL-colesterol, denominado mal colesterol, retira colesterol dos tecidos e leva-os para o fígado.
III. A vitamina D atua no metabolismo do cálcio e fósforo, mantendo ossos e dentes em condições saudáveis.
IV. No caso de diabetes, o principal dissacarídeo encontrado no sangue é a molécula de glicose.

Estão corretas as afirmativas.

A
I e II.
B
II e III.
C
III e IV.
D
I e III.
E
II e IV.
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UNIFOA 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Pode-se afirmar que o principal objetivo do TEXTO é:

A indiferença com a violência nas favelas do Rio de Janeiro

O silêncio de autoridades e instituições revela o fatalismo de uma política de segurança pública falida

Marcelo Baumann Burgo

 

A rotina de tiroteios em diversas favelas do Rio de Janeiro tem por cenário um labirinto de casas recheadas de seres humanos, acuados e humilhados. O quadro ultrapassa as raias do absurdo, e nem os escritores do realismo mágico seriam capazes de imaginá-lo.

O que mais surpreende, contudo, é o silêncio condescendente das autoridades e instituições cujo papel deveria ser o de, antes de qualquer outra coisa, zelar pelas garantias mínimas do direito à vida e integridade física dos cidadãos.

            Mas ao que tudo indica, para os moradores das favelas cariocas, nem mesmo esse aspecto elementar do pacto hobbesiano tem sido preservado, o que sugere que, para eles, a lei é a da barbárie. Na favela da Rocinha, por exemplo, desde setembro de 2017, a cada três dias pelo menos uma pessoa – incluindo policiais - morreu nesses confrontos.

O primeiro e mais ensurdecedor silêncio é o do governador e das autoridades da segurança pública estaduais e federais. No máximo, se manifestam quando algum policial é morto no “campo de batalha”, para lamentar sua perda e reafirmar o “espírito de combate da tropa”.

Diante desse silêncio deliberado, ficam no ar várias perguntas: como explicar o sentido de uma política de segurança que tem como efeito real a tortura diária da população das favelas, que se vê obrigada a conviver com um fogo cruzado intenso e aleatório? Quem realmente responde por ela, e pelas mortes e sofrimento que ela provoca? Onde se pretende chegar com isso? Quais as suas razões “técnicas”, se é que não é uma ofensa às vítimas formular essa pergunta? SILÊNCIO...

Sob esse primeiro vácuo de respostas, há um segundo nível de silêncio, o das instituições que deveriam questionar as autoridades estaduais e federais. Cadê os poderes legislativos, que não criam um grupo suprapartidário de parlamentares para interpelar o governo? Neste caso, não vale alegar que estamos aguardando as próximas eleições para “fazer o debate”, pois o sofrimento é hoje, e a morte espreita diariamente a vida dessa população.

E o Ministério Público, que não organiza uma força-tarefa para, tempestivamente, proteger a ordem jurídica escandalosamente violada, com a agressão de todo tipo aos direitos fundamentais dos cidadãos? SILÊNCIO...

Sob essa segunda e espessa camada de silêncios, subsiste uma terceira igualmente decisiva, a da grande imprensa. Não que ela não faça a crônica diária dos tiroteios, mas em geral as faz descrevendo os fatos com aparente neutralidade, como se eles simplesmente fizessem parte da rotina, não dando sinais, portanto, de que reflete sobre o que significa informar, em uma mesma matéria, que três ou quatro pessoas morreram ou se feriram, e que a operação teve como saldo a apreensão de “um fuzil”, “dez trouxinhas de maconha”, e “alguns papelotes de cocaína”...

Cadê os editoriais cobrando respostas das autoridades? Cadê o trabalho que, em outras áreas da vida pública, por exemplo na questão da corrupção, a grande imprensa faz com tanto zelo para mobilizar a opinião pública? No caso da rotina de tiroteios nas favelas o que parece resultar do trabalho da grande imprensa é o oposto da mobilização, ou seja, um efeito de resignação diante da violência ordinária.

Restaria, ainda, a sociedade civil organizada. Cadê a OAB, CNBB, ABI, as universidades, associações de bairro, e tantas outras que se irmanaram na luta contra a ditadura? Para ser justo com elas, até esboçaram alguma reação, mas sem força para fazer diferença. Com isso, tudo se passa como se esse bangue-bangue diário e estúpido dissesse respeito apenas aos moradores das favelas. Será que devemos esperar que somente eles se mobilizem?

Como se vê, para além de quaisquer outras razões de ordem econômica e social, o que se passa com a (in)segurança nos territórios populares do Rio de Janeiro deve ser creditado, antes de mais nada, aos silêncios e omissões de diferentes autoridades e instituições. Tal postura não deixa de revelar o quadro de fatalismo e perplexidade a que chegamos e não por acaso! Pois não há mesmo muito a se fazer com o modelo atual de segurança pública.

Em face de uma trama social que se torna cada vez mais complexa, a verdade é que não há como insistir com respostas casuísticas, provisórias e crescentemente brutais, que sintomaticamente já não podem prescindir do apoio recorrente das Forças Armadas.

Mas se é assim, que ao menos se reconheça, com honestidade, a necessidade de enfrentarmos um amplo debate sobre a reforma estrutural das instituições de segurança pública, a começar pelas polícias civil e militar. A cada dia, sua incompatibilidade com o projeto de democracia se mostra mais explícita.

O sofrimento de quem convive diariamente sob a tortura da loteria dos tiroteios nos territórios populares não terá como ser reparado, mas ainda não é tarde demais para mobilizarmos energia para esse debate.

No caso do Rio de Janeiro, o mínimo aceitável seria exigir que as autoridades, de um lado, contribuíssem para precipitar esta discussão e, de outro, interrompessem imediatamente a escalada do descalabro que elas vêm chancelando, movidas sabe-se lá por que tipo de cálculo.

 

Adaptado a partir de: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-indiferenca-com-a-violencia-nasfavelas-do-rio-de-janeiro /. Acesso em 10 de maio de 2018.

A
analisar atos de violência urbana específicos praticados contra as classes populares do Rio de Janeiro.
B
descrever a imprensa como principal agente de violência contra classes populares no Rio de Janeiro.
C
questionar a política pública de segurança e o silêncio de instituições públicas e privadas sobre o assunto.
D
questionar a postura do governo do Rio de Janeiro em relação à intervenção militar na Zona Sul da cidade.
E
propor políticas públicas para segurança no Rio de Janeiro, evitando o silêncio do governo sobre o tema.