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UFAC 2009 - Biologia - Fotossíntese, Moléculas, células e tecidos

A folha é uma estrutura resultante da expansão lateral do caule, a qual é responsável pelo processo da fotossíntese. As folhas completas são formadas por pecíolo, bainha, limbo e estípulas. Na natureza existe certos tipos de folhas que são classificadas como ¨folhas modificadas¨. Nesse cenário, assinale a alternativa que apresenta um tipo de folha modificada.

A
Estômato
B
Cloroplasto
C
Nervura primária
D
Coletora
E
Célula companheira
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UFAC 2009, UFAC 2009 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

In the sentence, ‘The activities of the MIT visionary pioneers of the digital revolution are part of an integrated approach to technology.’ (lines 21 – 23) it can be deduced that:

TEXT I 



A
scientists and engineers of the mit media lab are integrating a group of future workaholics.
B
scientists and engineers innovations are against the advances in technology.
C
scientists integrate the old visions of the digital revolution.
D
visionary pioneers of the mit and their activities make part of a revolutionary innovation in technology.
E
visionary pioneers are responsible to integrate few activities of MIT Media Lab.
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UFAC 2009 - Biologia - A química da vida, Moléculas, células e tecidos

As proteínas são macromoléculas formadas por aminoácidos. Embora existam centenas de aminoácidos diferentes, apenas 20 são utilizados na síntese das proteínas comuns. Indique a única alternativa que apresenta 3 (três) tipos de aminoácidos.

A
Cisteína, ácido glutâmico, histidina
B
Cisteína, ácido glutâmico, ácido clorídrico
C
Cisteína, histidina, trombina
D
Ácido glutâmico, histidina, insulina
E
Ácido glutâmico, trombina, insulina
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UFAC 2009, UFAC 2009 - Biologia - Uma visão geral da célula, Moléculas, células e tecidos

No citoplasma das células eucariontes existe uma complexa rede de filamentos proteicos, que constituem o seu citoesqueleto, o qual, dentre outras funções, é responsável pela modificação do formato da célula. Nesse cenário, marque a alternativa que possui um elemento do citoesqueleto.

A
Canalículo
B
Microtúbulo
C
Citosol
D
Citogel
E
Proteína transmembrana
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UFAC 2009 - Biologia - Artrópodes, Identidade dos seres vivos

Os insetos são extremamente importantes no desempenho de funções relacionadas à polinização de, aproximadamente, dois terços das plantas com flores. Esses animais possuem uma diversidade dos aparelhos bucais e hábitos alimentares. Mediante tais afirmações, indique a alternativa que possui um exemplo de inseto portador de aparelho bucal do tipo ¨mastigador¨ .

A
Borboleta
B
Percevejo
C
Abelha
D
Vespa
E
Gafanhoto
c76e8a11-de
UFAC 2009 - Biologia - Introdução aos estudos das Plantas, Identidade dos seres vivos

Um professor, no intuito de demonstrar aos alunos o processo de germinação de uma semente, preparou o solo da escola com adubo orgânico e outros nutrientes. Em seguida, plantou algumas sementes, em locais com iluminação solar. Todo dia, o professor regava o referido local para favorecer a germinação das sementes e o aparecimento das plantas. Ao final do experimento, o professor explicou que a primeira estrutura vegetal que se forma, durante a germinação, denomina-se:

A
Folha
B
Epicótilo
C
Cotilédone
D
Hipocótilo
E
Radícula
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UFAC 2009, UFAC 2009 - Biologia - IST´s e Métodos contraceptivos, Qualidade de vida das populações humanas

A sífilis é uma doença causada pela bactéria Treponema palidum, que pode ser transmitida, principalmente, pelo contato sexual. No intervalo de uma a três semanas da invasão da mucosa genital, a bactéria origina a sífilis primária, conhecida como:

A
Herpes genital
B
Gonorréia
C
Cancro duro
D
Crista de galo
E
Uretrite
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UFAC 2009 - Biologia - Vertebrados, Identidade dos seres vivos

Alguns seres vivos, quando ameaçados por outro animal, mudam de cor imitando o ambiente em que se encontram, através do mecanismo denominado de camuflagem. O camaleão, por exemplo, em momentos de perigo, tem certos tipos de glândulas que liberam hormônios, que provocam a dispersão de pigmentos coloridos no interior das células da pele, a qual muda de cor. Nesse contexto, assinale a alternativa que possui o nome dessas células.

A
Sebáceas
B
Hepáticas
C
Cromatóforos
D
Linfócitos
E
Monócitos
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UFAC 2009, UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o trecho dramático abaixo:

“EDMUNDO (mudando de tom, apaixonadamente) – Mãe, às vezes eu sinto como se o mundo estivesse vazio, e ninguém mais existisse, a não ser nós, quer dizer, você, papai, eu e meus irmãos. Como se a nossa família fosse a única e primeira. (numa espécie de histeria) Mas não, não! (mudando de tom) Eu acho que o homem não devia sair nunca do útero materno. Devia ficar lá, toda a vida, encolhidinho, de cabeça para baixo, ou para cima, de nádega, não sei.” (RODRIGUES, N. Álbum de família. Teatro completo. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 556-7)

“Álbum de família” é uma das mais famosas peças de Nélson Rodrigues e trata de temas obsessivos de sua poética teatral, como, no caso, a fixação do filho na mãe. Nessa peça toda a família está condenada a autoconsumir-se de uma maneira avassaladora por meio de paixões incestuosas irrefreáveis. No trecho acima, o filho tenta, numa desesperada fala, reunir forças, para convencer a mãe de sua verdade endógama, e a ação dramática impõe uma contradição fundamental entre uma afirmação e outra que:

A
afirma um modo de ser estilhaçado por um desejo poderoso.
B
enfraquece a própria maneira de ele se colocar.
C
joga com perspectivas possíveis de união mãe e filho, fora da própria contradição alucinada.
D
permite domesticar o próprio desejo alucinante.
E
faz do incesto a única via de sobrevivência e afirmação da família, eliminando totalmente a culpa.
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UFAC 2009, UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

*Endogamia: os casamentos e relações se dão no mesmo grupo.


Observe o parágrafo abaixo:


“Mas que sensibilidade! Agora não apenas por causa do quadro de uvas e peras e peixe morto brilhando nas escamas. Sua sensibilidade incomodava sem ser dolorosa, como uma unha quebrada. E se quisesse podia permitir-se o luxo de se tornar ainda mais sensível, ainda podia ir mais adiante: porque era protegida por uma situação, protegida como toda a gente que atingiu uma posição na vida. Como uma pessoa a quem lhe impedem de ter a sua desgraça. Ai que infeliz que sou, minha mãe. Se quisesse podia deitar ainda mais vinho no copo e, protegida pela posição que alcançara na vida, emborrachar-se ainda mais, contanto que não perdesse o brio. E assim, mais emborrachada ainda, percorria os olhos pelo restaurante, e que desprezo pelas pessoas secas do restaurante, nenhum homem que fosse homem a valer, que fosse triste. Que desprezo pelas pessoas secas do restaurante, enquanto ela estava grossa e pesada, generosa a mais não poder. E tudo no restaurante tão distante um do outro como se jamais um pudesse falar com o outro. Cada um por si, e lá Deus por toda a gente.” (LISPECTOR, C. Devaneio e embriaguez de uma rapariga. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 14-5)


Clarice Lispector se caracterizou por uma escrita bastante sensível e precisa, em busca de uma revelação maior do sujeito, na sua inglória afirmação de ser. Sua capacidade de percepção do mínimo dava a ela uma condição bastante elegante na hora de tecer elementos capazes de propor uma leitura da condição humana em luta consigo mesma. No conto, Clarice se esmerou na capacidade de atingir o alvo com mais brevidade e ambição econômica de espaço. No parágrafo do conto acima, o personagem é descrito tentando juntar duas pontas, a dele e a dos outros à sua volta, no restaurante, mas, enquanto se embriaga, não deixa de cavar um imenso abismo entre ele e o próprio mundo. Isso significa que:

A
por trás de sua aparência não há mais nada que valha a pena. 
B
a embriaguez se torna, apenas, uma maneira de a moça exibir, sobretudo, a sua condição social privilegiada. 
C
a relação com o mundo depende somente de um pequeno acerto de contas consigo mesma, depois de passada a embriaguez. 
D
para a moça, no momento da embriaguez, a sua sensibilidade era uma aposta no impossível de uma compreensão total. 
E
o próprio mundo poderia se adequar ao seu desejo de compreensão, porque a embriaguez não tinha importância nenhuma na sua revelação. 
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UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o trecho do poema abaixo:


“ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO

– Essa cova em que estás,

com palmos medida

é a conta menor

que tiraste em vida.

– É de bom tamanho,

nem largo nem fundo

é a parte que te cabe

deste latifúndio.

– Não é cova grande,

é cova medida,

é a terra que querias

ver dividida.

– É uma cova grande

para teu pouco defunto

mas estarás mais ancho

que estavas no mundo.

– É uma cova grande

para teu defunto parco,

porém mais que no mundo

te sentirás largo.

– É uma cova grande

para tua carne pouca,

mas a terra dada

não se abre a boca.”

(MELO NETO, J.C. Morte e vida severina: auto de natal pernambucano. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 159-160)


Em “Morte e vida severina”, João Cabral de Melo Neto recupera uma tradição medieval para traçar o percurso de mais um nordestino tangido pela seca. Por meio dele temos o duro testemunho de um personagem anônimo que percorre o agreste até o Capibaribe, mostrando-nos uma geografia de escassez e desolação que, ao final, é atenuada com um nascimento que representa a esperança cristã na vida. O trecho acima dramatiza o funeral de um lavrador e as vozes declamando representam:

A
uma demonstração de consciência revolucionária diante da exploração do trabalhador rural.
B
uma convicção exagerada na vida pós-morte.
C
uma consciência resignada diante das condições de trabalho do trabalhador rural.
D
uma proposta de desafio às forças inclementes do capital.
E
uma proposta de parceria com os grandes latifúndios para a harmonia no campo.
c747eff7-de
UFAC 2009, UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o trecho abaixo:

“Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era que nem marca dum pé gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão de Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava louro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas.” (ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 22.ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. p. 29- 30)

Na passagem acima, Mário de Andrade retoma uma tradição de contar histórias, onde Macunaíma, o herói da nossa gente, representa uma espécie de símbolo de afirmação da nossa mestiçagem que até então, antes do modernismo, era vista como sinal de inferioridade. Ao sair da água encantada, porém, ele consegue ficar branco, enquanto seus dois irmãos, mais adiante, continuam com os traços indígenas e negroides. Essa metáfora compõe, junto com a forma de contar histórias:

A
o pobre cenário de nossa relação com o passado.
B
o irremediável apego a uma tradição narrativa, sem mais sentido para a época.
C
o mergulho nas nossas raízes e o desafio de compreendê-las na sua complexidade.
D
uma discussão que confirma, apenas, a falta de sentido de nossa malandragem, como marca da nossa identidade.
E
a abertura para todos os ufanismos e exageros nacionalistas que marcariam a nossa trajetória de desembaraço de contradições.
c74e8668-de
UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe as estrofes do poema abaixo:


“No deserto de Itabira

a sombra de meu pai

tomou-me pela mão.

Tanto tempo perdido.

Porém nada dizia.

Suspiro? Voo de pássaro?

Porém nada dizia.


Longamente caminhamos.

Aqui havia uma casa.

A montanha era maior.

Tantos mortos amontoados,

o tempo roendo os mortos.

E nas casas em ruína,

desprezo frio, umidade.

Porém nada dizia.


A rua que atravessava

a cavalo, de galope,

seu relógio. Sua roupa.

Seus papéis de circunstância.

Suas histórias de amor.

Há um abrir de baús

e de lembranças violentas.

Porém nada dizia.


No deserto de Itabira

as coisas voltam a existir,

irrespiráveis e súbitas.

O mercado de desejos

expõe seus tristes tesouros;

meu anseio de fugir;

mulheres nuas; remorso.

Porém nada dizia.” (...)

(ANDRADE, C.D. “Viagem na família”. José. Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 72)


O poema “Viagem na família”, de Carlos Drummond de Andrade, é uma investigação poderosa nos subterrâneos de uma tradicional família no interior de Minas Gerais, onde o contato com o passado se revela por meio de imagens provocantes, desvelando marcas de uma consciência poética muito sensível. No final de cada estrofe, a repetição terrível do silêncio do fantasma paterno, que precisa ser decifrado, mas o que ela sugere:

A
é a suspeita de que a decadência é o único orgulho que restou.
B
é o despeito de não poder ser maior do que o pai.
C
é a certeza de se tornar um complexado sem oportunidades de se afirmar na vida.
D
é a contaminação de um mundo que o eu lírico precisa esquecer.
E
é a necessidade de convivência com um passado que lhe cobrará infinitamente uma visita.
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UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o parágrafo abaixo:

“Começo arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás íntimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...” (ASSIS, J.M.M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s.d. p. 126)

Na passagem acima, o narrador de Machado de Assis se apresenta, de maneira desiludida, quanto aos caminhos da sua narração, e dá ao seu livro um caráter demeritório e responsabiliza o leitor por isso. Nesse caso, esta obra, que é um verdadeiro divisor de águas na ficção brasileira, no século 19, pretende-se por meio do domínio irônico:

A
um reforço dos estigmas que marcaram a relação entre leitor e literatura em nosso país.
B
estabelecer novos códigos de percepção na relação leitor e ficção.
C
ser otimista em relação à herança romântica e ao leitor que advém daí.
D
confirmar as metas estabelecidas por uma literatura que não precisa mais de renovação.
E
desrespeitar qualquer outra intenção em relação à obra que não seja a do autor.
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UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o parágrafo abaixo:


“Em 2006, foi condenado pelo crime em júri popular. No mesmo ano, teve a sentença confirmada pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo e, dois anos mais tarde, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Como explicar o fato de que continua livre? A resposta está, sobretudo, numa mudança ideológica que começou a tomar corpo no Supremo Tribunal Federal (STF) no início dos anos 2000. Até a década de 90, o STF era composto de uma maioria de ministros ditos conservadores – termo que – em direito penal, indica aqueles que têm uma interpretação rigorosa da lei, em oposição, por exemplo, aos ‘garantistas’, mais preocupados em assegurar os direitos fundamentais do réu. Grossíssimo modo, conservadores seriam aqueles que mandam prender e garantistas, ou liberais, aqueles que mandam soltar. A partir de 2003, o colegiado de onze magistrados do STF sofreu sete substituições. O fato de quase todos os novos ministros serem liberais levou a que uma tese passasse a prevalecer nas decisões do tribunal: o princípio da presunção da inocência, segundo o qual ninguém será considerado culpado antes que todos os recursos da defesa sejam julgados. No tempo da supremacia conservadora no STF, entendia-se que uma condenação em segunda instância era suficiente para que o réu pudesse ser preso. Agora, com a hegemonia garantista, desde que ele tenha dinheiro para pagar bons advogados e entrar com sucessivos recursos na Justiça, poderá ficar solto até a palavra final do STF, ainda que isso leve quase uma década – como no caso de Pimenta Neves.” (DINIS, L. Quase uma década de impunidade. Veja, São Paulo, 23 set. 2009. Brasil, p. 74)


Em qual das expressões abaixo, a jornalista dá entrada para uma mudança de expectativa no processo de compreensão dos termos jurídicos em foco, de forma mais clara:

A
“no mesmo ano”
B
“dois anos mais tarde”.
C
“até a década de 90”.
D
“grossíssimo modo”
E
“no tempo da supremacia conservadora”.
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UFAC 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o parágrafo abaixo:


“Em 2006, foi condenado pelo crime em júri popular. No mesmo ano, teve a sentença confirmada pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo e, dois anos mais tarde, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Como explicar o fato de que continua livre? A resposta está, sobretudo, numa mudança ideológica que começou a tomar corpo no Supremo Tribunal Federal (STF) no início dos anos 2000. Até a década de 90, o STF era composto de uma maioria de ministros ditos conservadores – termo que – em direito penal, indica aqueles que têm uma interpretação rigorosa da lei, em oposição, por exemplo, aos ‘garantistas’, mais preocupados em assegurar os direitos fundamentais do réu. Grossíssimo modo, conservadores seriam aqueles que mandam prender e garantistas, ou liberais, aqueles que mandam soltar. A partir de 2003, o colegiado de onze magistrados do STF sofreu sete substituições. O fato de quase todos os novos ministros serem liberais levou a que uma tese passasse a prevalecer nas decisões do tribunal: o princípio da presunção da inocência, segundo o qual ninguém será considerado culpado antes que todos os recursos da defesa sejam julgados. No tempo da supremacia conservadora no STF, entendia-se que uma condenação em segunda instância era suficiente para que o réu pudesse ser preso. Agora, com a hegemonia garantista, desde que ele tenha dinheiro para pagar bons advogados e entrar com sucessivos recursos na Justiça, poderá ficar solto até a palavra final do STF, ainda que isso leve quase uma década – como no caso de Pimenta Neves.” (DINIS, L. Quase uma década de impunidade. Veja, São Paulo, 23 set. 2009. Brasil, p. 74)


No trecho da reportagem acima, a jornalista procura mostrar os mecanismos de funcionamento da justiça brasileira, a partir de um crime bárbaro e que, quase uma década depois, continua impune. A maneira como ela desenvolve a sua argumentação leva em conta algumas minúcias, por meio de termos, que procuram driblar um pouco o peso da linguagem técnica para entender a nossa atual cultura jurídica da impunidade. Isso acontece porque:

A
diante do fato inaceitável de um assassino continuar livre, ficaria mais fácil para o leitor compreender fatos que, no fundo, só aumentam a nossa indignação, já que favorecem os criminosos endinheirados.
B
no entendimento da repórter, os criminosos, de alguma maneira, serão seriamente punidos.
C
o leitor presumível é ingênuo, a ponto de aceitar a impunidade como algo normal. investe-se, no final das contas, numa maneira de descrição inteiramente voltada para a própria supremacia da linguagem técnico-jurídica.
D
investe-se, no final das contas, numa maneira de descrição inteiramente voltada para a própria supremacia da linguagem técnico-jurídica.
E
indiferente ao que acontecer, as tendências conservadoras ou garantistas serão legitimadas, simplesmente, na total capacidade de auto-ajuste do nosso sistema jurídico.