Questõesde UFT sobre Português
Leia os três poemas da obra As tocantinas, de Célio Pedreira, para responder a QUESTÃO.
Meio dia
Melhor trilha de morrêncianessa beira do rioé estar-se redede quieto balançar.
Os calangos no quintala rala sombra do pé de mamonaimóveis a pulsar a terra.
A vida escondenuma pausa mornabreve e boa.
Silêncio melhor para o nadafeito querer ausentee a cidade dizendo um solapino.
Canoeiro
Um olharfica na margem do rio.Outro olhar vaialcançar a possibilidadede semear estrelasacordar horizontes.
Pinguela
Antes da genteera a curva do riocuidando as lonjuras.
E a gentesimples andorinhaspassíveis de azulna tarde veloz.
Bulindo em correntezascomo fosse hábeis sem rumoou esquecidos dele.
Ainda dissipa o diae seu aroma desenterra-meem conta-gotasnas inumeráveis utopiasque descuidei nosso rio.
Fonte: PEDREIRA, Célio. As tocantinas. Palmas, TO: Universidade Federal do Tocantins/EDUFT, 2014.
A partir da leitura dos três poemas, analise as alternativas e
assinale a opção INCORRETA.
Leia o fragmento do texto teatral Cancros sociais, de Maria Ribeiro, para responder a QUESTÃO.
Cena I
O Barão e o Visconde
Barão
Se é sobre negócios, que V. Exa. pretende falar a Eugênio, creio que não escolheu dia muito oportuno (apresenta-lhe uma cadeira); a recepção de hoje, é toda em obséquio à menina S. Salvador.
Visconde
Não ignoro essa circunstância, e é mesmo para cumprimentá-la
que aqui venho (assentam-se); mais tarde, apresentar-me-ei em
caráter oficial e solene. (surpresa do Barão) A filha do
Comendador, é uma adorável criatura! Rica, formosa... ora...
sejamos francos, Barão! Ainda não percebeu que eu gosto
muito da jovem Olímpia?
(...)
Barão
Nesta casa, Sr. Visconde, a felicidade não é um mito, é uma
realidade.
Visconde
É por essa razão, que insisto em efetuar um casamento conveniente aos dois lados, pela riqueza e pela posição.
Barão
(intencional)
E pelo sentimento?!...
Visconde
Isso... São frioleiras dispensadas pelos cônjuges de nossa roda!
Entre nós outros fidalgos, de nada valem essas puerilidades a
que chamam – interesses do coração!
Barão
(friamente)
Com semelhante modo de encarar um enlace tão solene, forma V. Exa. uma exceção... na nossa roda.
(...)
Fonte: RIBEIRO, Maria. Cancros sociais. In: FARIA. João Roberto. Antologia do teatro realista. Martins Fontes, 2006, p. 277-280.
O fragmento de Cancros Sociais, da dramaturga Maria Ribeiro,
do século 19, retrata a sociedade da época, refletindo sobre
algumas questões sociais e éticas como o enlace matrimonial.
A partir da leitura do fragmento do texto, é INCORRETO afirmar
que:
Leia o fragmento do conto “Laços de família”, de Clarice
Lispector, para responder a QUESTÃO.
A mulher e a mãe acomodaram-se finalmente no táxi que as
levaria à Estação. A mãe contava e recontava as duas malas
tentando convencer-se de que ambas estavam no carro. A filha,
com seus olhos escuros, a que um ligeiro estrabismo dava um
contínuo brilho de zombaria e frieza – assistia.
– Não esqueci de nada? perguntava pela terceira vez a mãe.
– Não, não, não esqueceu de nada, respondia a filha divertida,
com paciência. (...)
O trem não partia e ambas esperavam sem ter o que dizer. A
mãe tirou o espelho da bolsa e examinou-se no seu chapéu
novo, comprado no mesmo chapeleiro da filha. (...)
Que coisa tinham esquecido de dizer uma a outra? e agora era
tarde demais. Parecia-lhe que deveriam um dia ter dito assim:
sou tua mãe, Catarina. E ela deveria ter respondido: e eu sou
tua filha.
– Não vá pegar corrente de ar! gritou Catarina.
– Ora menina, sou lá criança, disse a mãe sem deixar porém de
se preocupar com a própria aparência. A mão sardenta, um
pouco trêmula, arranjava com delicadeza a aba do chapéu (...).
Fonte: LISPECTOR, Clarice. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 94-98.
A partir da leitura do fragmento do texto, assinale a alternativa
CORRETA em que há um olhar empático da filha sobre a mãe.
Leia o fragmento de Quarto de despejo, de Carolina Maria de
Jesus, e observe a imagem para responder a QUESTÃO.
...As oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o
odor dos excrementos que mescla com o barro podre. Quando
estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita
com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludos, almofadas
de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou
um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo.
(...)
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada.
São Paulo, Ática, 2000, p. 33.
Em relação ao fragmento do romance de Carolina Maria de
Jesus e à imagem, é CORRETO afirmar que ambos:
eia o fragmento do primeiro capítulo de O vendedor de
passados, do escritor angolano José Eduardo Agualusa, para
responder a QUESTÃO.
Nasci nesta casa e criei-me nela. Nunca saí. Ao entardecer
encosto o corpo contra o cristal das janelas e contemplo o céu.
Gosto de ver as labaredas altas, as nuvens a galope, e sobre
elas os anjos, legiões deles, sacudindo as fagulhas dos cabelos,
agitando as largas asas em chamas. É um espetáculo sempre
idêntico. Todas as tardes, porém, venho até aqui e divirto-me e
comovo-me como se o visse pela primeira vez. A semana
passada Félix Ventura chegou mais cedo e surpreendeu-me a
rir enquanto lá fora, no azul revolto, uma nuvem enorme corria
em círculos, como um cão, tentando apagar o fogo que lhe
abrasava a cauda. — Ai, não posso crer! Tu ris?! Irritou-me o assombro da criatura. Senti medo mas não
movi um músculo. [Félix Ventura] tirou os óculos escuros,
guardou-os no bolso interior do casaco, despiu o casaco,
lentamente, melancolicamente, e pendurou-o com cuidado nas
costas de uma cadeira. Escolheu um disco de vinil e colocou-o
no prato do velho gira-discos. “Acalanto para um Rio”, de Dora,
a Cigarra, cantora brasileira que, suponho, conheceu alguma
notoriedade nos anos setenta. Suponho isto a julgar pela capa
do disco. É o desenho de uma mulher em biquíni, negra, bonita,
com umas largas asas de borboleta presas às costas. “Dora, a
Cigarra – Acalanto para um Rio – O Grande Sucesso do
Momento”. A voz dela arde no ar. Nas últimas semanas tem sido
esta a banda sonora do crepúsculo. Sei a letra de cor. (...)
Fonte: AGUALUSA, José Eduardo. O vendedor de passados. Rio de Janeiro: Gryphus, 2004,
p. 03. [adaptado]
Sobre o fragmento de O vendedor de passados é CORRETO
afirmar que o narrador
Leia o fragmento do início da parte II de O tronco, do goiano
Bernardo Élis, para responder a QUESTÃO.
(...) O sertão é triste e feio em julho, as queimadas borrando o
céu de fumaça, a vegetação já amarelecida, crestada pelo sol e
pelo fogo, as árvores despidas de suas folhas pelo rigor da
seca. Pelos ermos e descampados o vento galopa seu febrento
bafo de morte, arrastando folhas secas, levantando a poeira
fina, erguendo-a nos espaços em funis de redemunhos. (...)
Fonte: ÉLIS, Bernardo. O tronco. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008, p. 61.
De acordo com o fragmento de O tronco, é CORRETO afirmar
que o autor apresenta
Leia o poema “UM DEUS MAIS JUSTO”, de Marcelo Yuka, para responder a QUESTÃO.
não quero perdoarpor receioquero um deus mais justonão um deus justiceiro
não somos do tamanhodo corpo ou do murosomos do tamanhodo que sentimos– de preferência juntos
um dia eu via nobreza em pés descalçose a revelação num site de denúncia
um dia eu via beleza pagã da bateriaversus sua rainhaque pagava para ser vista
a sinapse ganha o mundoem novos neurôniosde preferência juntos
Fonte: YUKA, Marcelo. Astronautas Daqui. Brasília, DF: IMP, 2014, p. 171.
O eu-lírico apresenta percepções em relação àquilo que
observa. É CORRETO afirmar que tais percepções podem ser
vistas como uma
Leia o fragmento do Poema sujo, de Ferreira Gullar, para
responder a QUESTÃO.
(...) Sobre os jardins da cidade
urino pus. Me extravio
Na Rua da Estrela, escorrego
No Beco do Precipício.
Me lavo no Ribeirão.
Mijo na Fonte do Bispo.
Na Rua do Sol me cego,
na Rua da Paz me revolto
na do Comércio me nego
mas na das Hortas floresço;
na dos Prazeres soluço
na da Palma me conheço
na do Alecrim me perfumo
na da Saúde adoeço
na do Desterro me encontro
na da Alegria me perco
Na Rua do Carmo berro
na Rua Direita erro
e na da Aurora adormeço (...)
Fonte: GULLAR, Ferreira. Poema sujo. Rio de Janeiro, José Olympio, 2004, p.
52-53.
Sobre o fragmento, é INCORRETO afirmar que o eu-lírico:
Leia o fragmento do Poema sujo, de Ferreira Gullar, para responder a QUESTÃO.
(...) Sobre os jardins da cidade
urino pus. Me extravio
Na Rua da Estrela, escorrego
No Beco do Precipício.
Me lavo no Ribeirão.
Mijo na Fonte do Bispo.
Na Rua do Sol me cego,
na Rua da Paz me revolto
na do Comércio me nego
mas na das Hortas floresço;
na dos Prazeres soluço
na da Palma me conheço
na do Alecrim me perfumo
na da Saúde adoeço
na do Desterro me encontro
na da Alegria me perco
Na Rua do Carmo berro
na Rua Direita erro
e na da Aurora adormeço (...)
Fonte: GULLAR, Ferreira. Poema sujo. Rio de Janeiro, José Olympio, 2004, p. 52-53.
Sobre o fragmento, é INCORRETO afirmar que o eu-lírico:
Sobre a relação existente entre os textos I e II, assinale a
alternativa INCORRETA.
Sobre o texto II, assinale a alternativa INCORRETA.
Sobre o texto II, assinale a alternativa INCORRETA.