Ainda sobre a interpretação do texto I, assinale a alternativa
CORRETA.
Texto IEmpatia, o sentimento que pode mudar a sociedade
Sem empatia, sobra intolerância, bullying, violência. Sem gastar um segundo imaginando como o outro se sente, de onde vem, em qual contexto foi criado, ao que foi exposto, sem se lembrar que cada um tem sua história e sem tentar entender como é estar na pele do outro, surgem os crimes de ódio, as discussões acaloradas nas redes sociais, o fim de amizades de uma vida toda. É preciso ter empatia para aprender que não existe verdade absoluta, que tudo depende do ponto de vista. Segundo uma pesquisa da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, o Brasil não é dos países mais empáticos do mundo. Sim, somos conhecidos pela alegria e pela hospitalidade, mas quando falamos em se colocar no lugar do outro e tentar entender o que ele sente, ainda estamos muito longe do ideal. [...] Mas o problema do egocentrismo e da falta de amor ao próximo não é exclusivo dos brasileiros. É uma preocupação mundial.
Afinal, o que é empatia? A empatia é, em termos simples, a habilidade de se colocar no lugar do outro. Por exemplo, se você, leitor, escuta uma história sobre uma criança que teve muitos problemas de saúde, que vem de uma família muito pobre, e se comove, é possível ter dois tipos de emoção: o dó, que é a simpatia; ou se colocar no lugar daquela criança, imaginar o que ela passou e tentar entender o que ela sentia, enxergar o panorama a partir dos olhos dela. “É ser sensível a ponto de compreender emoções e sentimentos de outras pessoas”, explica Rodrigo Scaranari, presidente da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional. E é uma característica que pode, sim, ser aprendida ou, pelo menos, treinada. Para Rodrigo, o exercício passa pelo autoconhecimento: para compreender a emoção do outro, é preciso conhecer e entender o que se passa dentro da própria cabeça. [...] Mas por que nos colocamos no lugar do outro? Para o psicólogo, psicanalista e professor João Ângelo Fantini, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a empatia seria “uma forma de restabelecer um contato com um objeto de amor perdido, uma parte incompreendida do sujeito”. Enxergamos no outro uma humanidade compartilhada, sentimentos que também temos e que são aplicados em situações completamente diferentes. Por reconhecermos nós mesmos no próximo, temos empatia. [...]
Um caminho desde a infância
Para reverter o cenário de crianças que crescem cada vez mais centradas em si mesmas e nos próprios problemas como reflexo da sociedade atual, a ONG (Organização Não Governamental) americana Roots of Empathy (Raízes da Empatia) atua em escolas tentando ensinar os pequenos a se colocar no lugar do outro. Uma vez por mês, durante nove meses, uma sala de aula recebe um bebê e sua família, além de um instrutor, para que as crianças acompanhem o crescimento da confiança e dos laços emocionais de outras pessoas. Frequentemente, eles começam a enxergar nos colegas emoções que aprenderam com os instrutores. Os resultados desse experimento são crianças menos agressivas, que combatem o bullying por entender como o outro se sente, e que têm inteligência emocional mais apurada, entendendo as próprias emoções. O programa é internacional, mas o ensino da empatia pode ser feito de diversas outras maneiras. A servidora pública Clara Fagundes, 32 anos, por exemplo, considera importante estimular a filha, Helena, 3 anos, a conviver harmonicamente com os outros e com o meio ambiente. Fez questão de escolher para a pequena uma escola que seguisse os mesmos valores apreciados por ela. “Minha mãe já era muito adepta ao diálogo comigo nos anos 1980, mas, hoje em dia, há tantas outras questões que não são discutidas, como a do desperdício”, cita Clara. A festa de aniversário de Helena foi na escola. Não produziram lixo, não foram usados enfeites descartáveis. As crianças ajudaram na organização e em toda a decoração: até as mais velhas, que não a conheciam, ajudaram. Além disso, em vez de receber um presente de cada colega, a aniversariante ganhou apenas um presente coletivo, feito pelos próprios colegas: uma casinha de papelão. Sem egoísmo, todos brincaram com o presente e, no fim, Helena levou à sua casa.[...]
Fonte: SCARANARI, Rodrigo. Disponível em:<http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/ciencia-esaude/2017/01/04/internas_cienciaesaude,682928/empatia-o-sentimento-quepode-mudar-a-sociedade.shtml> Acesso em: 06 fev. 2019 (adaptado).
Gabarito comentado
Comentário da questão – Interpretação Semântica de Palavras
Tema central: A questão exige reconhecer relações semânticas (mais especificamente, sinonímia e contrariedade) entre palavras do texto. Esse é um conteúdo-chave na interpretação de textos cobrados em vestibulares e concursos. Segundo Bechara, identificar tais relações depende de analisar não somente o significado isolado das palavras, mas também o sentido contextual que elas adquirem.
Análise da alternativa correta:
D) Dó e simpatia podem estar em uma relação semântica de sinonímia no terceiro parágrafo.
No texto, ao explicar empatia, o autor afirma que, ao ouvir uma história triste, o leitor pode sentir "dó" (pena/compaixão), que seria uma espécie de simpatia – e só há verdadeira empatia ao se colocar, de fato, no lugar da pessoa que sofre. Ou seja, naquele contexto, "dó" e "simpatia" são apresentados como sentimentos próximos, ambos ligados ao sofrimento do outro, com ênfase no aspecto de compaixão. Portanto, a sinonímia – relação de sentido semelhante – está adequada ao enunciado.
Por dentro das regras: De acordo com Cunha & Cintra, “sinônimos são unidades lexicais que, num dado contexto, se equivalem em sentido, ainda que nem sempre em todas as acepções dicionarizadas”. O Manual de Redação da Presidência da República também recomenda atenção ao uso preciso dos termos em textos oficiais, buscando sempre a adequação semântica.
Análise das alternativas incorretas:
A) Empatia e dó não são sinônimos. Segundo o texto, empatia é colocar-se no lugar do outro; dó é sentir pena. São sentimentos diferentes, logo, a troca altera o sentido.
B) Bullying e empatia não são sinônimos; são opostos. O bullying resulta geralmente da falta de empatia. Não guardar relação de sentido similar.
C) Intolerância e bullying não são contrários. “Bullying” é manifestação de intolerância, ou seja, um termo pode englobar o outro, não se opondo.
Estratégia para nov as questões: Cada palavra pode ganhar significados variados segundo o contexto. Leia sempre atentamente o trecho destacado e verifique a função da palavra naquele ponto. Não confie apenas na intuição: analise com objetividade!
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