Questão 3f712bba-fc
Prova:
Disciplina:
Assunto:
eia o fragmento do primeiro capítulo de O vendedor de
passados, do escritor angolano José Eduardo Agualusa, para
responder a QUESTÃO.
Nasci nesta casa e criei-me nela. Nunca saí. Ao entardecer
encosto o corpo contra o cristal das janelas e contemplo o céu.
Gosto de ver as labaredas altas, as nuvens a galope, e sobre
elas os anjos, legiões deles, sacudindo as fagulhas dos cabelos,
agitando as largas asas em chamas. É um espetáculo sempre
idêntico. Todas as tardes, porém, venho até aqui e divirto-me e
comovo-me como se o visse pela primeira vez. A semana
passada Félix Ventura chegou mais cedo e surpreendeu-me a
rir enquanto lá fora, no azul revolto, uma nuvem enorme corria
em círculos, como um cão, tentando apagar o fogo que lhe
abrasava a cauda. — Ai, não posso crer! Tu ris?! Irritou-me o assombro da criatura. Senti medo mas não
movi um músculo. [Félix Ventura] tirou os óculos escuros,
guardou-os no bolso interior do casaco, despiu o casaco,
lentamente, melancolicamente, e pendurou-o com cuidado nas
costas de uma cadeira. Escolheu um disco de vinil e colocou-o
no prato do velho gira-discos. “Acalanto para um Rio”, de Dora,
a Cigarra, cantora brasileira que, suponho, conheceu alguma
notoriedade nos anos setenta. Suponho isto a julgar pela capa
do disco. É o desenho de uma mulher em biquíni, negra, bonita,
com umas largas asas de borboleta presas às costas. “Dora, a
Cigarra – Acalanto para um Rio – O Grande Sucesso do
Momento”. A voz dela arde no ar. Nas últimas semanas tem sido
esta a banda sonora do crepúsculo. Sei a letra de cor. (...)
Fonte: AGUALUSA, José Eduardo. O vendedor de passados. Rio de Janeiro: Gryphus, 2004,
p. 03. [adaptado]
Sobre o fragmento de O vendedor de passados é CORRETO
afirmar que o narrador
eia o fragmento do primeiro capítulo de O vendedor de
passados, do escritor angolano José Eduardo Agualusa, para
responder a QUESTÃO.
Nasci nesta casa e criei-me nela. Nunca saí. Ao entardecer
encosto o corpo contra o cristal das janelas e contemplo o céu.
Gosto de ver as labaredas altas, as nuvens a galope, e sobre
elas os anjos, legiões deles, sacudindo as fagulhas dos cabelos,
agitando as largas asas em chamas. É um espetáculo sempre
idêntico. Todas as tardes, porém, venho até aqui e divirto-me e
comovo-me como se o visse pela primeira vez. A semana
passada Félix Ventura chegou mais cedo e surpreendeu-me a
rir enquanto lá fora, no azul revolto, uma nuvem enorme corria
em círculos, como um cão, tentando apagar o fogo que lhe
abrasava a cauda.
— Ai, não posso crer! Tu ris?!
Irritou-me o assombro da criatura. Senti medo mas não
movi um músculo. [Félix Ventura] tirou os óculos escuros,
guardou-os no bolso interior do casaco, despiu o casaco,
lentamente, melancolicamente, e pendurou-o com cuidado nas
costas de uma cadeira. Escolheu um disco de vinil e colocou-o
no prato do velho gira-discos. “Acalanto para um Rio”, de Dora,
a Cigarra, cantora brasileira que, suponho, conheceu alguma
notoriedade nos anos setenta. Suponho isto a julgar pela capa
do disco. É o desenho de uma mulher em biquíni, negra, bonita,
com umas largas asas de borboleta presas às costas. “Dora, a
Cigarra – Acalanto para um Rio – O Grande Sucesso do
Momento”. A voz dela arde no ar. Nas últimas semanas tem sido
esta a banda sonora do crepúsculo. Sei a letra de cor. (...)
Fonte: AGUALUSA, José Eduardo. O vendedor de passados. Rio de Janeiro: Gryphus, 2004,
p. 03. [adaptado]
Sobre o fragmento de O vendedor de passados é CORRETO
afirmar que o narrador
A
sobressalta-se com o despir de Félix Ventura.
B
observa com amor as ações de Félix Ventura.
C
percebe uma alteração da rotina na chegada de Félix
Ventura.
D
conjectura que a escolha do disco de vinil foi pela tristeza
de Félix Ventura.