Texto 2: Quando a carne é fraca!
A polêmica e controversa operação no complexo
da carne, que rendeu muita dor de cabeça às autoridades e aos envolvidos, além de muito falatório, de
certa forma até desproporcional, revela um problema
maior que ainda persiste nas ações de alguns gestores e entes públicos: o uso de estratagemas, amplamente questionáveis, para se alcançar os objetivos empresariais.
Desde os primórdios da administração moderna
de Henry Ford, no início do século 20 na indústria
automotiva americana, um arcabouço tecnológico,
repleto de estratégias, práticas e técnicas de gestão
está à disposição de administradores para melhorarem suas performances e, assim, galgarem posicionamentos competitivos para seus produtos e empresas. Das moderníssimas máquinas robotizadas à
psicologia organizacional, o repertório é farto e facilmente acessível!
Respeitando-se as proporções dadas ao episódio, que vem à tona com o aprofundamento da análise da operação como um todo, infelizmente, e,
principalmente, ao confrontar o que é fato real, passível de punição ao rigor da Lei, ao que se pode
caracterizar como especulação no imaginário popular, a pergunta que vale um milhão de dólares, ou
bilhões, no caso em questão é: o que leva um gestor
ou empresa a procurar o caminho mais curto e rápido?
Encheria uma centena de páginas se tentasse
decifrar os devaneios da mente humana ao buscar
respostas para a pergunta acima. Mas tenho apenas
a pretensão de chamar atenção a um aspecto: até
que ponto, colocar a reputação e imagem de uma
empresa e setor como um todo compensa? É realmente necessário usar estratagemas questionáveis
para alcançar resultados superiores?
Na história corporativa recente, os exemplos são
mais que suficientes para tomarmos consciência, em
definitivo, que perpetuar o negócio de maneira sustentável não é somente uma questão de sobrevivência, mas de inteligência do executivo.
Essa mesma história tem nos mostrado que décadas de construção de uma imagem e reputação
vertem rio abaixo, como uma lama, diante de práticas discutíveis, para ser leve com as palavras. É
chegado o momento de as práticas corporativas
sustentáveis ocuparem um lugar, na agenda dos
gestores, de forma tão ou até mais essenciais que o
lucro.
Práticas sustentáveis, como o uso racional dos
bens de produção, de energias limpas e renováveis,
manejo respeitoso e pacífico à fauna e flora, relações institucionais pautadas pela transparência e
apreço às leis, dentre tantas outras, hão que fazer
parte de uma agenda maior, de Educação para a
Sustentabilidade Empresarial. Mais que uma postura, é um anseio da sociedade, que fica evidente pela
tamanha repercussão alcançada deste episódio. Há
que se refletir seriamente: não serão essas práticas
que, no futuro, proporcionarão os tão almejados
lucros? Há que se inverter essa ordem!
DALTO, Carlos Eduardo. Disponível em:
https://www.noticiasagricolas.com.br/artigos/artigos-geral/188928-quando-a-carne-e-fraca-por-carlos-eduardo-dalto.html#.WRnux-srKM8>.
Acesso em: 15 de mai. 2017. Adaptado.