Questõesde FAG sobre Português

1
1
Foram encontradas 178 questões
237f947d-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa que contém uma assertiva que NÃO pode ser confirmada pelo texto 1.

Texto 1
A “ÉTICA” DOS CORRUPTOS
    É ético um jornalista usar câmaras secretas para comprovar um crime que, depois, ele irá denunciar? Não discuto, aqui, a legalidade de sua ação, porque não tenho a formação jurídica necessária para me pronunciar sobre as leis e jurisprudência cabíveis no caso. Mas a questão adquire relevância diante do fato que movimentou a sociedade brasileira algumas semanas trás: a revelação, em imagens incontestáveis, de uma rede de corrupção atuando justamente nos hospitais – o que torna particularmente desumano o crime, porque está sendo cometido contra pessoas especialmente vulneráveis. Além disso, trata-se de uma área em que cronicamente falta dinheiro, visto que os custos com a saúde costumam subir mais que a inflação, em parte devido aos grandes avanços que a medicina tem conquistado.
    O que é flagrante é a falta de ética das pessoas diretamente envolvidas na falcatrua. Os corruptos (vou chamá-los assim, embora tecnicamente não o sejam, porque não são servidores públicos) não mostraram nenhum pudor. Imaginando-se a salvo, foram francos. Duas afirmações me chocaram em especial. A primeira se refere ao momento em que uma senhora diz que está praticando "a ética do mercado". Mas o que ela faz não é nada ético. A não ser, claro, que use "ética" num sentido apenas descritivo, como quando se diz que a "ética do bandido" é matar quem o alcagueta, ou que a "ética do machista" é assassinar a esposa suspeita de adultério. Nos últimos anos tem-se assistido à redução do emprego da palavra "ética". Uma expressão de Cláudio Abramo, frequentemente citada pelos profissionais da imprensa, é significativa – "A ética do jornalista é a mesma do marceneiro, de qualquer pessoa".
    Na verdade, até esperei, depois dessa frase sobre "a ética do mercado", que "o mercado" reagisse de alguma forma. Se ela dissesse que essa é a ética dos médicos, as associações não iriam protestar? É claro que "o mercado" não é um sujeito. Aliás, sua riqueza e eficácia estão, justamente, em ele não ser um sujeito único, mas uma rede em que se cruzam e se medem inúmeros sujeitos. No entanto, aqui se coloca uma questão crucial, sempre presente quando se trata do capitalismo. Brecht tem a frase famosa – "O que é roubar um banco, em comparação com fundar um banco?" O capitalismo sempre esteve assombrado pela diferença entre o lucro obtido legítima e legalmente e o que é extorsão, usura, roubo. Na Idade Média, a igreja cristã condenava a usura, dificultando as operações de financiamento. Por outro lado, com o capitalismo já consolidado, no final do século XIX, um grupo de grandes empresários norte-americanos era chamado de "robber barons", barões ladrões, tal a sua desonestidade. Contudo, o mesmo capitalismo cresce graças a uma ética extremamente forte, que Max Weber, num livro clássico, aproximou do protestantismo. Na verdade, a distinção entre o lucro e a extorsão é crucial para o capitalismo. Um dos desafios para ele funcionar, e em especial para se tornar popular, é convencer a sociedade de que seu compromisso ético – com a construção da riqueza pelo trabalho e o esforço – supera seus deslizes, os quais serão rigorosamente punidos. Ou seja, "o mercado" precisa reagir. O debate sobre esse caso não pode ficar circunscrito à área política. O “mercado” foi injuriado e tem de responder.
    O outro ponto assustador aconteceu quando um dos personagens gravados disse que sempre ensinava a seus filhos a virtude da solidariedade. Disse isso com outras palavras, mas ele considerava digno educar seus filhos na formação de quadrilha. Aqui, estamos diretamente na ética do crime. Mas, se na frase da senhora sobre o mercado podíamos ver alguma ironia ou resignação ("a vida como ela é"), na frase desse senhor se ouvia algo mais grave: a educação dos filhos, a construção do futuro segundo a ótica do criminoso. Uma coisa é resignar-se ao mundo como está e operar dentro dele. Outra, pior, é entender que ele não vai melhorar e que, portanto, a melhor educação que se deve dar aos pequenos é ensiná-los a serem bandidos. Aqui, a tarefa afeta, em especial, os educadores profissionais, como os professores, e a multidão de educadores leigos, que são os pais e todos os que cuidam de crianças. Mas, antes mesmo disso, ela passa por uma pergunta cândida: podemos melhorar, em termos de sociedade, no que se refere ao respeito à lei e aos outros? É possível convencermo-nos, e convencermos os outros, de que seguir os preceitos éticos é absolutamente necessário? Ou viveremos nas exceções? E isso diz respeito a todos nós.
    Ocorreu-me, uma vez, que no Brasil a lei tem papel mais indicativo do que prescritivo. Explico: todos concordamos que se deve parar no sinal vermelho – e a grande maioria o faz. Mas a pressa, o fato de não estar vindo um carro pela outra via, a demora no sinal "justificam" eventualmente passar no sinal vermelho. A lei deixa de ser lei para se tornar uma referência apenas; ou, pior, algo que espero que os outros respeitem absolutamente, mas que infringirei quando me achar "justificado" a fazê-lo. Guiando desse jeito, vários pais mataram os próprios filhos – e isso continua acontecendo. Não precisaremos fortalecer, na condição de sociedade, a convicção de que para um bom convívio é preciso repudiar fortemente essas duas frases que, na sua euforia, os dois personagens pronunciaram sem saberem que estavam sendo gravados? Enquanto isso, nosso agradecimento aos repórteres que denunciaram esse crime.
RIBEIRO, Renato J. Valor econômico, 26/03/2012. (Texto adaptado)
A
A palavra ética tem sido utilizada de forma banal, fora do seu verdadeiro sentido.
B
Não se aprofunda sobre a possibilidade de o jornalista ter agido aeticamente na busca da notícia, por se considerar que esse não é o fato principal da discussão.
C
O autor renega intransigentemente o capitalismo, por seu caráter desumano e predatório, propondo uma busca por formas alternativas nas relações econômicas.
D
Só servidores públicos podem, numa perspectiva técnica, ser chamados de corruptos.
E
Todas as alternativas anteriores foram defendidas pelo autor e podem ser confirmadas no texto.
a6f25a0b-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Ortografia, Regência, Coesão e coerência, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Redação - Reescritura de texto, Grafia e Emprego de Iniciais Maiúsculas, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Além disso, trata-se de uma área em que cronicamente falta dinheiro, visto que os custos com a saúde costumam subir mais que a inflação, em parte devido aos grandes avanços que a medicina tem conquistado.” (linhas 6-8). Assinale a alternativa que contém uma redação inteiramente de acordo com os padrões da norma culta.

Texto 1

A “ÉTICA” DOS CORRUPTOS

    É ético um jornalista usar câmaras secretas para comprovar um crime que, depois, ele irá denunciar? Não discuto, aqui, a legalidade de sua ação, porque não tenho a formação jurídica necessária para me pronunciar sobre as leis e jurisprudência cabíveis no caso. Mas a questão adquire relevância diante do fato que movimentou a sociedade brasileira algumas semanas trás: a revelação, em imagens incontestáveis, de uma rede de corrupção atuando justamente nos hospitais – o que torna particularmente desumano o crime, porque está sendo cometido contra pessoas especialmente vulneráveis. Além disso, trata-se de uma área em que cronicamente falta dinheiro, visto que os custos com a saúde costumam subir mais que a inflação, em parte devido aos grandes avanços que a medicina tem conquistado.
    O que é flagrante é a falta de ética das pessoas diretamente envolvidas na falcatrua. Os corruptos (vou chamá-los assim, embora tecnicamente não o sejam, porque não são servidores públicos) não mostraram nenhum pudor. Imaginando-se a salvo, foram francos. Duas afirmações me chocaram em especial. A primeira se refere ao momento em que uma senhora diz que está praticando "a ética do mercado". Mas o que ela faz não é nada ético. A não ser, claro, que use "ética" num sentido apenas descritivo, como quando se diz que a "ética do bandido" é matar quem o alcagueta, ou que a "ética do machista" é assassinar a esposa suspeita de adultério. Nos últimos anos tem-se assistido à redução do emprego da palavra "ética". Uma expressão de Cláudio Abramo, frequentemente citada pelos profissionais da imprensa, é significativa – "A ética do jornalista é a mesma do marceneiro, de qualquer pessoa".
    Na verdade, até esperei, depois dessa frase sobre "a ética do mercado", que "o mercado" reagisse de alguma forma. Se ela dissesse que essa é a ética dos médicos, as associações não iriam protestar? É claro que "o mercado" não é um sujeito. Aliás, sua riqueza e eficácia estão, justamente, em ele não ser um sujeito único, mas uma rede em que se cruzam e se medem inúmeros sujeitos. No entanto, aqui se coloca uma questão crucial, sempre presente quando se trata do capitalismo. Brecht tem a frase famosa – "O que é roubar um banco, em comparação com fundar um banco?" O capitalismo sempre esteve assombrado pela diferença entre o lucro obtido legítima e legalmente e o que é extorsão, usura, roubo. Na Idade Média, a igreja cristã condenava a usura, dificultando as operações de financiamento. Por outro lado, com o capitalismo já consolidado, no final do século XIX, um grupo de grandes empresários norte-americanos era chamado de "robber barons", barões ladrões, tal a sua desonestidade. Contudo, o mesmo capitalismo cresce graças a uma ética extremamente forte, que Max Weber, num livro clássico, aproximou do protestantismo. Na verdade, a distinção entre o lucro e a extorsão é crucial para o capitalismo. Um dos desafios para ele funcionar, e em especial para se tornar popular, é convencer a sociedade de que seu compromisso ético – com a construção da riqueza pelo trabalho e o esforço – supera seus deslizes, os quais serão rigorosamente punidos. Ou seja, "o mercado" precisa reagir. O debate sobre esse caso não pode ficar circunscrito à área política. O “mercado” foi injuriado e tem de responder.
    O outro ponto assustador aconteceu quando um dos personagens gravados disse que sempre ensinava a seus filhos a virtude da solidariedade. Disse isso com outras palavras, mas ele considerava digno educar seus filhos na formação de quadrilha. Aqui, estamos diretamente na ética do crime. Mas, se na frase da senhora sobre o mercado podíamos ver alguma ironia ou resignação ("a vida como ela é"), na frase desse senhor se ouvia algo mais grave: a educação dos filhos, a construção do futuro segundo a ótica do criminoso. Uma coisa é resignar-se ao mundo como está e operar dentro dele. Outra, pior, é entender que ele não vai melhorar e que, portanto, a melhor educação que se deve dar aos pequenos é ensiná-los a serem bandidos. Aqui, a tarefa afeta, em especial, os educadores profissionais, como os professores, e a multidão de educadores leigos, que são os pais e todos os que cuidam de crianças. Mas, antes mesmo disso, ela passa por uma pergunta cândida: podemos melhorar, em termos de sociedade, no que se refere ao respeito à lei e aos outros? É possível convencermo-nos, e convencermos os outros, de que seguir os preceitos éticos é absolutamente necessário? Ou viveremos nas exceções? E isso diz respeito a todos nós.
    Ocorreu-me, uma vez, que no Brasil a lei tem papel mais indicativo do que prescritivo. Explico: todos concordamos que se deve parar no sinal vermelho – e a grande maioria o faz. Mas a pressa, o fato de não estar vindo um carro pela outra via, a demora no sinal "justificam" eventualmente passar no sinal vermelho. A lei deixa de ser lei para se tornar uma referência apenas; ou, pior, algo que espero que os outros respeitem absolutamente, mas que infringirei quando me achar "justificado" a fazê-lo. Guiando desse jeito, vários pais mataram os próprios filhos – e isso continua acontecendo. Não precisaremos fortalecer, na condição de sociedade, a convicção de que para um bom convívio é preciso repudiar fortemente essas duas frases que, na sua euforia, os dois personagens pronunciaram sem saberem que estavam sendo gravados? Enquanto isso, nosso agradecimento aos repórteres que denunciaram esse crime.
RIBEIRO, Renato J. Valor econômico, 26/03/2012. (Texto adaptado)
A
Além disso, tratam-se de setores para os quais cronicamente faltam recursos, visto que, o custo de equipamentos relativos à saúde, costumam subir mais que a inflação, devido, em parte, aos grandes avanços que a medicina têm conquistado.
B
Trata-se, além disso, de setores para os quais cronicamente faltam recursos, visto que o custo de equipamentos relativos à saúde costuma subir mais que a inflação, devido, em parte, aos grandes avanços que têm sido conquistados pela medicina.
C
Tratam-se, além disso, de setores em que falta, cronicamente, recursos, visto que o custo de equipamentos relativos à saúde costuma subir mais que a inflação, em parte devido aos grandes avanços que têm sido conquistados pela medicina.
D
São, além disso, setores aos quais falta, cronicamente, recursos, visto que o custo de equipamentos relativos à saúde, costumam subir mais que a inflação, devidos, em parte, aos grandes avanços que a medicina tem conquistado.
E
Todas as frases acima estão no padrão da norma culta.
a6ef25de-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa que contém uma assertiva que NÃO pode ser confirmada pelo texto 1.

Texto 1

A “ÉTICA” DOS CORRUPTOS

    É ético um jornalista usar câmaras secretas para comprovar um crime que, depois, ele irá denunciar? Não discuto, aqui, a legalidade de sua ação, porque não tenho a formação jurídica necessária para me pronunciar sobre as leis e jurisprudência cabíveis no caso. Mas a questão adquire relevância diante do fato que movimentou a sociedade brasileira algumas semanas trás: a revelação, em imagens incontestáveis, de uma rede de corrupção atuando justamente nos hospitais – o que torna particularmente desumano o crime, porque está sendo cometido contra pessoas especialmente vulneráveis. Além disso, trata-se de uma área em que cronicamente falta dinheiro, visto que os custos com a saúde costumam subir mais que a inflação, em parte devido aos grandes avanços que a medicina tem conquistado.
    O que é flagrante é a falta de ética das pessoas diretamente envolvidas na falcatrua. Os corruptos (vou chamá-los assim, embora tecnicamente não o sejam, porque não são servidores públicos) não mostraram nenhum pudor. Imaginando-se a salvo, foram francos. Duas afirmações me chocaram em especial. A primeira se refere ao momento em que uma senhora diz que está praticando "a ética do mercado". Mas o que ela faz não é nada ético. A não ser, claro, que use "ética" num sentido apenas descritivo, como quando se diz que a "ética do bandido" é matar quem o alcagueta, ou que a "ética do machista" é assassinar a esposa suspeita de adultério. Nos últimos anos tem-se assistido à redução do emprego da palavra "ética". Uma expressão de Cláudio Abramo, frequentemente citada pelos profissionais da imprensa, é significativa – "A ética do jornalista é a mesma do marceneiro, de qualquer pessoa".
    Na verdade, até esperei, depois dessa frase sobre "a ética do mercado", que "o mercado" reagisse de alguma forma. Se ela dissesse que essa é a ética dos médicos, as associações não iriam protestar? É claro que "o mercado" não é um sujeito. Aliás, sua riqueza e eficácia estão, justamente, em ele não ser um sujeito único, mas uma rede em que se cruzam e se medem inúmeros sujeitos. No entanto, aqui se coloca uma questão crucial, sempre presente quando se trata do capitalismo. Brecht tem a frase famosa – "O que é roubar um banco, em comparação com fundar um banco?" O capitalismo sempre esteve assombrado pela diferença entre o lucro obtido legítima e legalmente e o que é extorsão, usura, roubo. Na Idade Média, a igreja cristã condenava a usura, dificultando as operações de financiamento. Por outro lado, com o capitalismo já consolidado, no final do século XIX, um grupo de grandes empresários norte-americanos era chamado de "robber barons", barões ladrões, tal a sua desonestidade. Contudo, o mesmo capitalismo cresce graças a uma ética extremamente forte, que Max Weber, num livro clássico, aproximou do protestantismo. Na verdade, a distinção entre o lucro e a extorsão é crucial para o capitalismo. Um dos desafios para ele funcionar, e em especial para se tornar popular, é convencer a sociedade de que seu compromisso ético – com a construção da riqueza pelo trabalho e o esforço – supera seus deslizes, os quais serão rigorosamente punidos. Ou seja, "o mercado" precisa reagir. O debate sobre esse caso não pode ficar circunscrito à área política. O “mercado” foi injuriado e tem de responder.
    O outro ponto assustador aconteceu quando um dos personagens gravados disse que sempre ensinava a seus filhos a virtude da solidariedade. Disse isso com outras palavras, mas ele considerava digno educar seus filhos na formação de quadrilha. Aqui, estamos diretamente na ética do crime. Mas, se na frase da senhora sobre o mercado podíamos ver alguma ironia ou resignação ("a vida como ela é"), na frase desse senhor se ouvia algo mais grave: a educação dos filhos, a construção do futuro segundo a ótica do criminoso. Uma coisa é resignar-se ao mundo como está e operar dentro dele. Outra, pior, é entender que ele não vai melhorar e que, portanto, a melhor educação que se deve dar aos pequenos é ensiná-los a serem bandidos. Aqui, a tarefa afeta, em especial, os educadores profissionais, como os professores, e a multidão de educadores leigos, que são os pais e todos os que cuidam de crianças. Mas, antes mesmo disso, ela passa por uma pergunta cândida: podemos melhorar, em termos de sociedade, no que se refere ao respeito à lei e aos outros? É possível convencermo-nos, e convencermos os outros, de que seguir os preceitos éticos é absolutamente necessário? Ou viveremos nas exceções? E isso diz respeito a todos nós.
    Ocorreu-me, uma vez, que no Brasil a lei tem papel mais indicativo do que prescritivo. Explico: todos concordamos que se deve parar no sinal vermelho – e a grande maioria o faz. Mas a pressa, o fato de não estar vindo um carro pela outra via, a demora no sinal "justificam" eventualmente passar no sinal vermelho. A lei deixa de ser lei para se tornar uma referência apenas; ou, pior, algo que espero que os outros respeitem absolutamente, mas que infringirei quando me achar "justificado" a fazê-lo. Guiando desse jeito, vários pais mataram os próprios filhos – e isso continua acontecendo. Não precisaremos fortalecer, na condição de sociedade, a convicção de que para um bom convívio é preciso repudiar fortemente essas duas frases que, na sua euforia, os dois personagens pronunciaram sem saberem que estavam sendo gravados? Enquanto isso, nosso agradecimento aos repórteres que denunciaram esse crime.
RIBEIRO, Renato J. Valor econômico, 26/03/2012. (Texto adaptado)
A
A palavra ética tem sido utilizada de forma banal, fora do seu verdadeiro sentido.
B
Não se aprofunda sobre a possibilidade de o jornalista ter agido aeticamente na busca da notícia, por se considerar que esse não é o fato principal da discussão.
C
O autor renega intransigentemente o capitalismo, por seu caráter desumano e predatório, propondo uma busca por formas alternativas nas relações econômicas.
D
Só servidores públicos podem, numa perspectiva técnica, ser chamados de corruptos.
E
Todas as alternativas anteriores foram defendidas pelo autor e podem ser confirmadas no texto.
a6ea0646-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa que contém uma assertiva que NÃO foi defendida pelo autor nem pode ser confirmada pelo texto 1.

Texto 1

A “ÉTICA” DOS CORRUPTOS

    É ético um jornalista usar câmaras secretas para comprovar um crime que, depois, ele irá denunciar? Não discuto, aqui, a legalidade de sua ação, porque não tenho a formação jurídica necessária para me pronunciar sobre as leis e jurisprudência cabíveis no caso. Mas a questão adquire relevância diante do fato que movimentou a sociedade brasileira algumas semanas trás: a revelação, em imagens incontestáveis, de uma rede de corrupção atuando justamente nos hospitais – o que torna particularmente desumano o crime, porque está sendo cometido contra pessoas especialmente vulneráveis. Além disso, trata-se de uma área em que cronicamente falta dinheiro, visto que os custos com a saúde costumam subir mais que a inflação, em parte devido aos grandes avanços que a medicina tem conquistado.
    O que é flagrante é a falta de ética das pessoas diretamente envolvidas na falcatrua. Os corruptos (vou chamá-los assim, embora tecnicamente não o sejam, porque não são servidores públicos) não mostraram nenhum pudor. Imaginando-se a salvo, foram francos. Duas afirmações me chocaram em especial. A primeira se refere ao momento em que uma senhora diz que está praticando "a ética do mercado". Mas o que ela faz não é nada ético. A não ser, claro, que use "ética" num sentido apenas descritivo, como quando se diz que a "ética do bandido" é matar quem o alcagueta, ou que a "ética do machista" é assassinar a esposa suspeita de adultério. Nos últimos anos tem-se assistido à redução do emprego da palavra "ética". Uma expressão de Cláudio Abramo, frequentemente citada pelos profissionais da imprensa, é significativa – "A ética do jornalista é a mesma do marceneiro, de qualquer pessoa".
    Na verdade, até esperei, depois dessa frase sobre "a ética do mercado", que "o mercado" reagisse de alguma forma. Se ela dissesse que essa é a ética dos médicos, as associações não iriam protestar? É claro que "o mercado" não é um sujeito. Aliás, sua riqueza e eficácia estão, justamente, em ele não ser um sujeito único, mas uma rede em que se cruzam e se medem inúmeros sujeitos. No entanto, aqui se coloca uma questão crucial, sempre presente quando se trata do capitalismo. Brecht tem a frase famosa – "O que é roubar um banco, em comparação com fundar um banco?" O capitalismo sempre esteve assombrado pela diferença entre o lucro obtido legítima e legalmente e o que é extorsão, usura, roubo. Na Idade Média, a igreja cristã condenava a usura, dificultando as operações de financiamento. Por outro lado, com o capitalismo já consolidado, no final do século XIX, um grupo de grandes empresários norte-americanos era chamado de "robber barons", barões ladrões, tal a sua desonestidade. Contudo, o mesmo capitalismo cresce graças a uma ética extremamente forte, que Max Weber, num livro clássico, aproximou do protestantismo. Na verdade, a distinção entre o lucro e a extorsão é crucial para o capitalismo. Um dos desafios para ele funcionar, e em especial para se tornar popular, é convencer a sociedade de que seu compromisso ético – com a construção da riqueza pelo trabalho e o esforço – supera seus deslizes, os quais serão rigorosamente punidos. Ou seja, "o mercado" precisa reagir. O debate sobre esse caso não pode ficar circunscrito à área política. O “mercado” foi injuriado e tem de responder.
    O outro ponto assustador aconteceu quando um dos personagens gravados disse que sempre ensinava a seus filhos a virtude da solidariedade. Disse isso com outras palavras, mas ele considerava digno educar seus filhos na formação de quadrilha. Aqui, estamos diretamente na ética do crime. Mas, se na frase da senhora sobre o mercado podíamos ver alguma ironia ou resignação ("a vida como ela é"), na frase desse senhor se ouvia algo mais grave: a educação dos filhos, a construção do futuro segundo a ótica do criminoso. Uma coisa é resignar-se ao mundo como está e operar dentro dele. Outra, pior, é entender que ele não vai melhorar e que, portanto, a melhor educação que se deve dar aos pequenos é ensiná-los a serem bandidos. Aqui, a tarefa afeta, em especial, os educadores profissionais, como os professores, e a multidão de educadores leigos, que são os pais e todos os que cuidam de crianças. Mas, antes mesmo disso, ela passa por uma pergunta cândida: podemos melhorar, em termos de sociedade, no que se refere ao respeito à lei e aos outros? É possível convencermo-nos, e convencermos os outros, de que seguir os preceitos éticos é absolutamente necessário? Ou viveremos nas exceções? E isso diz respeito a todos nós.
    Ocorreu-me, uma vez, que no Brasil a lei tem papel mais indicativo do que prescritivo. Explico: todos concordamos que se deve parar no sinal vermelho – e a grande maioria o faz. Mas a pressa, o fato de não estar vindo um carro pela outra via, a demora no sinal "justificam" eventualmente passar no sinal vermelho. A lei deixa de ser lei para se tornar uma referência apenas; ou, pior, algo que espero que os outros respeitem absolutamente, mas que infringirei quando me achar "justificado" a fazê-lo. Guiando desse jeito, vários pais mataram os próprios filhos – e isso continua acontecendo. Não precisaremos fortalecer, na condição de sociedade, a convicção de que para um bom convívio é preciso repudiar fortemente essas duas frases que, na sua euforia, os dois personagens pronunciaram sem saberem que estavam sendo gravados? Enquanto isso, nosso agradecimento aos repórteres que denunciaram esse crime.
RIBEIRO, Renato J. Valor econômico, 26/03/2012. (Texto adaptado)
A
A área social específica de que trata a denúncia é responsável por se atribuir uma conotação ainda mais grave para o teor da reportagem veiculada.
B
Demonstra-se preocupação com a forma como certos pais agem na educação dos filhos: às vezes ensina-se que o crime é uma atividade como qualquer outra.
C
Esperava-se uma contestação corporativa, já que a denúncia sobre os métodos utilizados pelas empresas denunciadas teria indiretamente atingido todo o segmento.
D
Por ser da índole do brasileiro, deve-se aceitar de bom grado que cada um, com responsabilidade, cometa pequenos ilícitos desde que não se afetem outras pessoas.
E
Todas as alternativas anteriores foram defendidas pelo autor e podem ser confirmadas no texto.
a6e4d732-e7
FAG 2018 - Português - Uso do ponto, do ponto de exclamação e do ponto de interrogação, Uso do ponto e vírgula, Parênteses, Travessão, Pontuação, Uso da Vírgula

“Outra, pior, é entender que ele não vai melhorar e que, portanto, a melhor educação que se deve dar aos pequenos é ensiná-los a serem bandidos.” (4º parágrafo). Assinale a alternativa que contém uma redação em que se preserva o sentido básico sem se incorrer em erro gramatical.

Texto 1

A “ÉTICA” DOS CORRUPTOS

    É ético um jornalista usar câmaras secretas para comprovar um crime que, depois, ele irá denunciar? Não discuto, aqui, a legalidade de sua ação, porque não tenho a formação jurídica necessária para me pronunciar sobre as leis e jurisprudência cabíveis no caso. Mas a questão adquire relevância diante do fato que movimentou a sociedade brasileira algumas semanas trás: a revelação, em imagens incontestáveis, de uma rede de corrupção atuando justamente nos hospitais – o que torna particularmente desumano o crime, porque está sendo cometido contra pessoas especialmente vulneráveis. Além disso, trata-se de uma área em que cronicamente falta dinheiro, visto que os custos com a saúde costumam subir mais que a inflação, em parte devido aos grandes avanços que a medicina tem conquistado.
    O que é flagrante é a falta de ética das pessoas diretamente envolvidas na falcatrua. Os corruptos (vou chamá-los assim, embora tecnicamente não o sejam, porque não são servidores públicos) não mostraram nenhum pudor. Imaginando-se a salvo, foram francos. Duas afirmações me chocaram em especial. A primeira se refere ao momento em que uma senhora diz que está praticando "a ética do mercado". Mas o que ela faz não é nada ético. A não ser, claro, que use "ética" num sentido apenas descritivo, como quando se diz que a "ética do bandido" é matar quem o alcagueta, ou que a "ética do machista" é assassinar a esposa suspeita de adultério. Nos últimos anos tem-se assistido à redução do emprego da palavra "ética". Uma expressão de Cláudio Abramo, frequentemente citada pelos profissionais da imprensa, é significativa – "A ética do jornalista é a mesma do marceneiro, de qualquer pessoa".
    Na verdade, até esperei, depois dessa frase sobre "a ética do mercado", que "o mercado" reagisse de alguma forma. Se ela dissesse que essa é a ética dos médicos, as associações não iriam protestar? É claro que "o mercado" não é um sujeito. Aliás, sua riqueza e eficácia estão, justamente, em ele não ser um sujeito único, mas uma rede em que se cruzam e se medem inúmeros sujeitos. No entanto, aqui se coloca uma questão crucial, sempre presente quando se trata do capitalismo. Brecht tem a frase famosa – "O que é roubar um banco, em comparação com fundar um banco?" O capitalismo sempre esteve assombrado pela diferença entre o lucro obtido legítima e legalmente e o que é extorsão, usura, roubo. Na Idade Média, a igreja cristã condenava a usura, dificultando as operações de financiamento. Por outro lado, com o capitalismo já consolidado, no final do século XIX, um grupo de grandes empresários norte-americanos era chamado de "robber barons", barões ladrões, tal a sua desonestidade. Contudo, o mesmo capitalismo cresce graças a uma ética extremamente forte, que Max Weber, num livro clássico, aproximou do protestantismo. Na verdade, a distinção entre o lucro e a extorsão é crucial para o capitalismo. Um dos desafios para ele funcionar, e em especial para se tornar popular, é convencer a sociedade de que seu compromisso ético – com a construção da riqueza pelo trabalho e o esforço – supera seus deslizes, os quais serão rigorosamente punidos. Ou seja, "o mercado" precisa reagir. O debate sobre esse caso não pode ficar circunscrito à área política. O “mercado” foi injuriado e tem de responder.
    O outro ponto assustador aconteceu quando um dos personagens gravados disse que sempre ensinava a seus filhos a virtude da solidariedade. Disse isso com outras palavras, mas ele considerava digno educar seus filhos na formação de quadrilha. Aqui, estamos diretamente na ética do crime. Mas, se na frase da senhora sobre o mercado podíamos ver alguma ironia ou resignação ("a vida como ela é"), na frase desse senhor se ouvia algo mais grave: a educação dos filhos, a construção do futuro segundo a ótica do criminoso. Uma coisa é resignar-se ao mundo como está e operar dentro dele. Outra, pior, é entender que ele não vai melhorar e que, portanto, a melhor educação que se deve dar aos pequenos é ensiná-los a serem bandidos. Aqui, a tarefa afeta, em especial, os educadores profissionais, como os professores, e a multidão de educadores leigos, que são os pais e todos os que cuidam de crianças. Mas, antes mesmo disso, ela passa por uma pergunta cândida: podemos melhorar, em termos de sociedade, no que se refere ao respeito à lei e aos outros? É possível convencermo-nos, e convencermos os outros, de que seguir os preceitos éticos é absolutamente necessário? Ou viveremos nas exceções? E isso diz respeito a todos nós.
    Ocorreu-me, uma vez, que no Brasil a lei tem papel mais indicativo do que prescritivo. Explico: todos concordamos que se deve parar no sinal vermelho – e a grande maioria o faz. Mas a pressa, o fato de não estar vindo um carro pela outra via, a demora no sinal "justificam" eventualmente passar no sinal vermelho. A lei deixa de ser lei para se tornar uma referência apenas; ou, pior, algo que espero que os outros respeitem absolutamente, mas que infringirei quando me achar "justificado" a fazê-lo. Guiando desse jeito, vários pais mataram os próprios filhos – e isso continua acontecendo. Não precisaremos fortalecer, na condição de sociedade, a convicção de que para um bom convívio é preciso repudiar fortemente essas duas frases que, na sua euforia, os dois personagens pronunciaram sem saberem que estavam sendo gravados? Enquanto isso, nosso agradecimento aos repórteres que denunciaram esse crime.
RIBEIRO, Renato J. Valor econômico, 26/03/2012. (Texto adaptado)
A
Outra – pior – é entender que ele não vai melhorar e que a melhor educação que se deve dar os pequenos é, pois, ensinar eles a ser bandidos.
B
Outra (pior!) é entender que ele não vai ser melhorado e que, não obstante, a melhor educação que se devem dar para os pequenos é ensinar-lhes a serem bandidos.
C
Outra – pior – é entender que ele não vai melhorar; logo a melhor educação que se deve dar aos pequenos é ensinar-lhes como ser bandidos.
D
Outra (pior!) é entender que ele não será melhorado, posto que a melhor educação que se deve dar os pequenos é ensinar eles a serem bandidos.
E
Nenhuma alternativa anterior.
c97b52cb-e8
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência

Em: “Geralmente, o paciente posta essas selfies em suas redes sociais para receber aceitação por meio de likes e comentários.”., “essas” é usado porque.

Texto 2


O que é a síndrome deselfie?

É uma compulsão que consiste em tirar fotos de si em número excessivo. Geralmente, o paciente posta essas selfies em suas redes sociais para receber aceitação por meio de likes e comentários. Apesar de já ser reconhecida por alguns profissionais e debatida em consultório desde 2014, a síndrome de selfie não foi catalogada na quinta e última versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês), lançada também naquele ano. Caso uma pessoa perceba os sintomas em si, é importante procurar um especialista. Os tratamentos podem envolver uma diminuição no contato com a tecnologia, além de psicoterapias atreladas a um uso de remédio psiquiátrico.
Gabriela Monteiro - https://mundoestranho.abril.com.br/comportamento/o-que-e-a-sindrome-de-selfie/
A
as selfies ainda serão mencionadas.
B
as selfies já haviam sido mencionadas.
C
o texto relata um fato atual.
D
o texto se passa no momento presente.
E
Nenhuma das alternativas anteriores
c971cdf3-e8
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre o Texto 1:


1. É possível depreender que o escritor usa o termo “mamparra” para comentar a agilidade com que o personagem realizava suas atividades.
2. O escritor se desculpa com Jeca Tatu quando percebe que o personagem agia assim por viver em um mundo ditoso.
3. O narrador faz uma crítica em relação às condições que vivia Jeca Tatu.
4. Pode-se deduzir que Jeca era um homem moroso.


Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas:

Texto 1


    [...] Cumpre-me, todavia, implorar perdão ao pobre Jeca.
    Eu ignorava que eras assim, meu caro Tatu, por motivo de doenças tremendas. Está provado que tens no sangue e nas tripas um jardim zoológico da pior espécie. É essa bicharia cruel que te faz papudo, feio,molenga, inerte.
    Tens culpa disso? Claro que não. Assim, é com piedade infinita que te encara hoje o ignorantão que outrora só via em ti mamparra e ruindade.
    Perdoa-me, pois, pobre opilado, e crê no que te digo ao ouvido: és tudo isso que eu disse, sem tirar uma vírgula, mas inda és a melhor coisa que há no país. Os outros, que falam francês, dançam o tango, pitam havanas e, senhores de tudo, te mantêm neste geena dolorosa, para que possam a seu salvo viver vida folgada à custa do teu penoso trabalho, esses, caro Jeca, têm na alma todas as verminoses que tu só tens no corpo.
    Doente por doente, antes como tu, doente só do corpo... [...]
LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo: Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
A
1, 2 e 3
B
1 e 4
C
2 e 4
D
1 e 3
E
Somente 4
c9784e0e-e8
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais

Do ponto de vista do gênero, o texto 2 é uma:

Texto 2


O que é a síndrome deselfie?

É uma compulsão que consiste em tirar fotos de si em número excessivo. Geralmente, o paciente posta essas selfies em suas redes sociais para receber aceitação por meio de likes e comentários. Apesar de já ser reconhecida por alguns profissionais e debatida em consultório desde 2014, a síndrome de selfie não foi catalogada na quinta e última versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês), lançada também naquele ano. Caso uma pessoa perceba os sintomas em si, é importante procurar um especialista. Os tratamentos podem envolver uma diminuição no contato com a tecnologia, além de psicoterapias atreladas a um uso de remédio psiquiátrico.
Gabriela Monteiro - https://mundoestranho.abril.com.br/comportamento/o-que-e-a-sindrome-de-selfie/
A
crônica.
B
lenda.
C
notícia.
D
Reportagem.
E
Nenhuma das anteriores.
c97518c0-e8
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Conjunções: Relação de causa e consequência, Redação - Reescritura de texto, Morfologia

Cumpre-me, todavia, implorar perdão ao pobre Jeca.” Substituindo a conjunção em destaque sem acarretar prejuízo ao texto, temos:

Texto 1


    [...] Cumpre-me, todavia, implorar perdão ao pobre Jeca.
    Eu ignorava que eras assim, meu caro Tatu, por motivo de doenças tremendas. Está provado que tens no sangue e nas tripas um jardim zoológico da pior espécie. É essa bicharia cruel que te faz papudo, feio,molenga, inerte.
    Tens culpa disso? Claro que não. Assim, é com piedade infinita que te encara hoje o ignorantão que outrora só via em ti mamparra e ruindade.
    Perdoa-me, pois, pobre opilado, e crê no que te digo ao ouvido: és tudo isso que eu disse, sem tirar uma vírgula, mas inda és a melhor coisa que há no país. Os outros, que falam francês, dançam o tango, pitam havanas e, senhores de tudo, te mantêm neste geena dolorosa, para que possam a seu salvo viver vida folgada à custa do teu penoso trabalho, esses, caro Jeca, têm na alma todas as verminoses que tu só tens no corpo.
    Doente por doente, antes como tu, doente só do corpo... [...]
LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo: Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
A
portanto
B
contudo
C
logo
D
por conseguinte
E
porquanto
cae7123c-e6
FAG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

De acordo com o texto 2, o “vício tecnológico” pode ser explicado por:

Texto 2


O vício da tecnologia


    Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os olhos voltados para uma exposição de novidades eletrônicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre as inovações, estavam produtos relacionados a experiências de realidade virtual e à utilização de inteligência artificial — que hoje é um dos temas que mais desperta interesse em profissionais da área, tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diversos segmentos.
    Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma ansiedade tão grande para consumir produtos que prometem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dispõe a dormir em filas gigantescas só para ser um dos primeiros a comprar um novo modelo de smartphone? Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que serão realmente úteis em nossas rotinas?
    A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford (Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada” por novos gadgets. De modo geral, em nosso processo evolutivo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e status social.
    Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica atende a essa última necessidade citada: nós nos sentimos melhores e superiores, ainda que momentaneamente, quando surgimos em nossos círculos sociais com um produto que quase ninguém ainda possui.
    Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativavam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativadas quando uma pessoa muito religiosa se depara com um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião para os mais entusiastas.
    O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado dopamina, responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo que represente uma recompensa.
    O grande problema é que a busca excessiva por recompensas pode resultar em comportamentos impulsivos, que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo, podemos observar a situação problematizada aqui: gasto excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes apresentam poucas mudanças em relação ao modelo anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou inovadora no cotidiano.
    No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a conter os impulsos na hora de comprar um novo smartphone ou alguma novidade de mercado: compare o efeito momentâneo da dopamina com o impacto de imaginar como ficarão as faturas do seu cartão de crédito com a nova compra. O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a respeito da aquisição.
DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan. 2018. Adaptado.
A
curiosidade de testar produtos que envolvam experiências de realidade virtual e de inteligência artificial.
B
dependência de relacionamento virtual que só pode ser obtido pelo acesso a redes sociais.
C
necessidade de transformar aparelhos em elementos sagrados pelo excesso de religiosidade.
D
prazer produzido pelo status social derivado da utilização de um produto que quase ninguém possui.
E
tendência à manifestação de uma personalidade dominada por vícios como jogos de azar e alcoolismo.
cae28fa4-e6
FAG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

De acordo com o ordenamento das ideias no texto 2, observa-se que, depois de explicar a função da dopamina no cérebro, o texto se refere à ideia de que:

Texto 2


O vício da tecnologia


    Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os olhos voltados para uma exposição de novidades eletrônicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre as inovações, estavam produtos relacionados a experiências de realidade virtual e à utilização de inteligência artificial — que hoje é um dos temas que mais desperta interesse em profissionais da área, tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diversos segmentos.
    Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma ansiedade tão grande para consumir produtos que prometem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dispõe a dormir em filas gigantescas só para ser um dos primeiros a comprar um novo modelo de smartphone? Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que serão realmente úteis em nossas rotinas?
    A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford (Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada” por novos gadgets. De modo geral, em nosso processo evolutivo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e status social.
    Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica atende a essa última necessidade citada: nós nos sentimos melhores e superiores, ainda que momentaneamente, quando surgimos em nossos círculos sociais com um produto que quase ninguém ainda possui.
    Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativavam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativadas quando uma pessoa muito religiosa se depara com um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião para os mais entusiastas.
    O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado dopamina, responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo que represente uma recompensa.
    O grande problema é que a busca excessiva por recompensas pode resultar em comportamentos impulsivos, que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo, podemos observar a situação problematizada aqui: gasto excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes apresentam poucas mudanças em relação ao modelo anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou inovadora no cotidiano.
    No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a conter os impulsos na hora de comprar um novo smartphone ou alguma novidade de mercado: compare o efeito momentâneo da dopamina com o impacto de imaginar como ficarão as faturas do seu cartão de crédito com a nova compra. O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a respeito da aquisição.
DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan. 2018. Adaptado.
A
é preciso refletir sobre as causas de tanta gente se dispor a dormir em filas gigantescas só para ser um dos primeiros a comprar um novo modelo de smartphone.
B
o mapeamento cerebral mostra que imagens de produtos tecnológicos ativam as mesmas partes do cérebro que um objeto sagrado para pessoas religiosas.
C
o nosso cérebro aprendeu a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e status social.
D
os profissionais da área de tecnologia têm demonstrado grande interesse por produtos relacionados a experiências de realidade virtual e à utilização de inteligência artificial.
E
as pessoas podem desenvolver comportamentos impulsivos, como o gasto excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem sempre trazem novidade.
cadcc6f2-e6
FAG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando a estrutura, a forma e o conteúdo, assinale a alternativa que corresponde a uma característica do texto 1 apresentado.

Texto 1


    Duas pulgas estavam reclamando da vida quando uma disse para a outra: “sabe qual é o nosso problema? Nós não sabemos voar. Só sabemos saltar. Aí, quando o cachorro percebe nossa presença, nossa chance de sobrevivência é zero. É por isso que existem mais moscas do que pulgas nesse mundo – moscas voam.”
    E aí as duas pulgas fizeram um curso de mosca e aprenderam a voar. Mas não ficaram satisfeitas. E uma disse para a outra: “sabe qual é o nosso grande problema? Nós ficamos grudadas no corpo do cachorro. Daí nosso tempo de reação é mais lento que a coçada dele. Temos que fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam voo rapidamente”. E as duas pulgas fizeram um curso de abelha. Mas não ficaram satisfeitas. E uma disse para a outra: “sabe qual é o nosso grande problema? Nosso estômago é muito pequeno. Escapar do cachorro a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando adequadamente. Temos que ser como os pernilongos, que têm aquele barrigão enorme”. E aí as duas pulgas fizeram um curso de pernilongo. Mas não ficaram satisfeitas porque, com aquele barrigão, eram facilmente percebidas pelo cachorro e eram espantadas antes mesmo de conseguirem pousar.
    Então, totalmente frustradas porque nada na vida delas dava certo, as duas pulgas encontraram uma saltitante pulguinha. Como viram que a pulguinha estava forte e saudável, as duas pulgas perguntaram: “escuta, o que é que você mudou que nós ainda não mudamos?”. E a pulguinha respondeu: “nada, ué”. “Como assim nada?”, perguntaram as pulgonas. “Como é que você escapa da coçada do cachorro?”. E a pulguinha respondeu: “Ah, é simples. Eu sento na nuca do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança”.
GEHRINGER, Max. O melhor de Max Gehringer na CBN: 120 conselhos sobre carreira, currículo, comportamento e liderança. Vol. 1. São Paulo: Globo, 2006, p. 109 (fragmento), com adaptações
A
Relato detalhado dos personagens, de modo que o leitor possa criar uma imagem mental do que foi exposto.
B
Explanação de uma sequência de ações dos personagens, relativas a um acontecimento em um determinado espaço e durante certo tempo.
C
Explicação dos fatos no intuito de induzir o leitor à efetivação de uma ação.
D
Apresentação das informações com abordagem objetiva, enumerando todas as particularidades dos personagens.
E
Argumentação a respeito do tema em defesa de um ponto de vista.
cad3cfe9-e6
FAG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base na leitura compreensiva do texto 1, infere-se que a (o):

Texto 1


    Duas pulgas estavam reclamando da vida quando uma disse para a outra: “sabe qual é o nosso problema? Nós não sabemos voar. Só sabemos saltar. Aí, quando o cachorro percebe nossa presença, nossa chance de sobrevivência é zero. É por isso que existem mais moscas do que pulgas nesse mundo – moscas voam.”
    E aí as duas pulgas fizeram um curso de mosca e aprenderam a voar. Mas não ficaram satisfeitas. E uma disse para a outra: “sabe qual é o nosso grande problema? Nós ficamos grudadas no corpo do cachorro. Daí nosso tempo de reação é mais lento que a coçada dele. Temos que fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam voo rapidamente”. E as duas pulgas fizeram um curso de abelha. Mas não ficaram satisfeitas. E uma disse para a outra: “sabe qual é o nosso grande problema? Nosso estômago é muito pequeno. Escapar do cachorro a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando adequadamente. Temos que ser como os pernilongos, que têm aquele barrigão enorme”. E aí as duas pulgas fizeram um curso de pernilongo. Mas não ficaram satisfeitas porque, com aquele barrigão, eram facilmente percebidas pelo cachorro e eram espantadas antes mesmo de conseguirem pousar.
    Então, totalmente frustradas porque nada na vida delas dava certo, as duas pulgas encontraram uma saltitante pulguinha. Como viram que a pulguinha estava forte e saudável, as duas pulgas perguntaram: “escuta, o que é que você mudou que nós ainda não mudamos?”. E a pulguinha respondeu: “nada, ué”. “Como assim nada?”, perguntaram as pulgonas. “Como é que você escapa da coçada do cachorro?”. E a pulguinha respondeu: “Ah, é simples. Eu sento na nuca do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança”.
GEHRINGER, Max. O melhor de Max Gehringer na CBN: 120 conselhos sobre carreira, currículo, comportamento e liderança. Vol. 1. São Paulo: Globo, 2006, p. 109 (fragmento), com adaptações
A
eficiência de uma decisão está diretamente relacionada à capacidade de reflexão e análise para se fazerem os ajustes pertinentes.
B
compartilhamento da demanda com o máximo de pessoas possível é fundamental para a tomada de decisão.
C
resolução de problemas compreende uma metodologia que prevê a frustração como fase necessária à mudança.
D
ato de se comparar com o outro é imprescindível no processo de tomada de decisão.
E
aceitação pacífica de determinada situação é a melhor conduta a ser seguida diante de uma adversidade.
c81b2494-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O texto 2 defende a ideia de que:

Texto 2


    Uma visão realista do papel da informação e do conhecimento nos atuais processos produtivos leva a crer que nem uma nem outro conduzem necessariamente à igualdade social. Isso implica considerar que as novas tecnologias da informação, embora representem avanços em diversas áreas, também conduzem a formas inéditas de exclusão social.
    Percebe-se, de um lado, o avanço da tecnologia, o desenvolvimento de recursos cada vez mais sofisticados.
    De outro lado, mais uma forma de disparidade social: a exclusão da sociedade do conhecimento, caracterizada pela distância entre os que dominam as novas tecnologias e aqueles que mal as compreendem ou até as desconhecem nas mais diferentes regiões do planeta.
    Os países também vivem de forma desigual o ingresso na sociedade do conhecimento. Exemplo mais evidente disso é a chamada rede mundial de computadores, a internet, que conseguiu interconectar, em poucos anos, milhões de pessoas nos lugares mais remotos do mundo. Contudo o acesso à rede é desigualmente distribuído: 75% dos usuários vivem nos países industrializados (14% da população mundial). Outra disparidade está no interior dos países: a maioria dos usuários da rede vive em zonas urbanas, possuem melhor escolaridade e condição socioeconômica, são jovens e a maior parte é do sexo masculino.
    No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contou mais de 32 milhões de usuários da internet.
    A maioria desses usuários é do sexo masculino, tem média de idade de 28 anos, 10,7 de estudo e rendimento médio mensal familiar per capita de 1 milhão.
    O perfil de quem não utiliza a rede de computadores - ou seja, não navega na internet - é claramente distinto: mais de 37 anos de idade, entre 5 e 6 anos de tempo de estudo e rendimento médio mensal de R$ 300.
    Investir em educação - sobretudo no ensino de ciências desde o nível fundamental - está no ponto de partida para reverter a situação de quase letargia em que a América Latina se encontra se comparada aos países mais desenvolvidos, científica e tecnologicamente, de outras regiões do planeta.
    No âmbito da tecnologia, há, em todo o globo, iniciativas voltadas para a redução da crescente lacuna digital, como o desenvolvimento de software (programa) livre e de computadores de baixo custo.
    A revolução tecnológica, porém, não pode ser reduzida à mera incorporação ou ao acúmulo de maior número de máquinas e sistemas de informação e comunicação.
    A inovação deve ter caráter social (sustentada com políticas educativas e de desenvolvimento social).
    Somente a educação garantirá que as novas tecnologias da informação e da comunicação promovam qualidade de vida ao maior número possível de cidadãos.
Jorge Werthdn
A
os avanços tecnológicos e científicos têm oportunizado, de uma forma ou de outra, a melhoria da qualidade de vida da maior parte da população mundial.
B
a sofisticação dos recursos tecnológicos vem cumprindo, na prática o seu papel social ao exigir a implementação de políticas que priorizem a educação e o desenvolvimento do país.
C
o ingresso na sociedade do conhecimento está muito mais relacionada com o desenvolvimento do país em que a pessoa vive do que propriamente com suas condições socioeconômicas.
D
as possibilidades de a América Latina sair do marasmo em que se encontra, do ponto de vista tecnocientífico em relação a outras reações, dependem de os países que a compõem reverem seus valores educacionais.
E
Nenhuma das alternativas anteriores.
c81fd112-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre o texto 2, uma das afirmações abaixo NÃO encontra respaldo no texto:

Texto 2


    Uma visão realista do papel da informação e do conhecimento nos atuais processos produtivos leva a crer que nem uma nem outro conduzem necessariamente à igualdade social. Isso implica considerar que as novas tecnologias da informação, embora representem avanços em diversas áreas, também conduzem a formas inéditas de exclusão social.
    Percebe-se, de um lado, o avanço da tecnologia, o desenvolvimento de recursos cada vez mais sofisticados.
    De outro lado, mais uma forma de disparidade social: a exclusão da sociedade do conhecimento, caracterizada pela distância entre os que dominam as novas tecnologias e aqueles que mal as compreendem ou até as desconhecem nas mais diferentes regiões do planeta.
    Os países também vivem de forma desigual o ingresso na sociedade do conhecimento. Exemplo mais evidente disso é a chamada rede mundial de computadores, a internet, que conseguiu interconectar, em poucos anos, milhões de pessoas nos lugares mais remotos do mundo. Contudo o acesso à rede é desigualmente distribuído: 75% dos usuários vivem nos países industrializados (14% da população mundial). Outra disparidade está no interior dos países: a maioria dos usuários da rede vive em zonas urbanas, possuem melhor escolaridade e condição socioeconômica, são jovens e a maior parte é do sexo masculino.
    No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contou mais de 32 milhões de usuários da internet.
    A maioria desses usuários é do sexo masculino, tem média de idade de 28 anos, 10,7 de estudo e rendimento médio mensal familiar per capita de 1 milhão.
    O perfil de quem não utiliza a rede de computadores - ou seja, não navega na internet - é claramente distinto: mais de 37 anos de idade, entre 5 e 6 anos de tempo de estudo e rendimento médio mensal de R$ 300.
    Investir em educação - sobretudo no ensino de ciências desde o nível fundamental - está no ponto de partida para reverter a situação de quase letargia em que a América Latina se encontra se comparada aos países mais desenvolvidos, científica e tecnologicamente, de outras regiões do planeta.
    No âmbito da tecnologia, há, em todo o globo, iniciativas voltadas para a redução da crescente lacuna digital, como o desenvolvimento de software (programa) livre e de computadores de baixo custo.
    A revolução tecnológica, porém, não pode ser reduzida à mera incorporação ou ao acúmulo de maior número de máquinas e sistemas de informação e comunicação.
    A inovação deve ter caráter social (sustentada com políticas educativas e de desenvolvimento social).
    Somente a educação garantirá que as novas tecnologias da informação e da comunicação promovam qualidade de vida ao maior número possível de cidadãos.
Jorge Werthdn
A
As ideias do terceiro parágrafo mantêm com as do segundo uma relação de confronto.
B
O articulista, na defesa de sua tese, aponta, além das novas tecnologias da informação, outras causas de exclusão social.
C
As transformações esperadas com a revolução tecnológica se efetivaram plenamente nos países desenvolvidos.
D
As informações veiculadas no texto levam à conclusão de que a revolução tecnológica demarcou fronteiras socioculturais no mundo globalizado.
E
Nenhuma das alternativas anteriores.
c8231d65-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O propósito do texto 3 é:

Texto 3


Ler pensamentos já é possível


    Pense em um objeto. Vale qualquer coisa mesmo, e nem precisa ser bem um objeto. Pode ser uma emoção, uma pessoa, um lugar. Agora, vamos tentar adivinhar o que é fazendo algumas perguntas e você só pode responder “sim” ou “não”. É possível que você já conheça essa brincadeira. Nos EUA, esse jogo leva o nome “20 questions”, porque quem tenta adivinhar o pensamento do outro só pode fazer 20 perguntas.
    Num estudo recente da Universidade de Washington, 10 pessoas foram convidadas a jogar. Os cinco pares chegaram às respostas certas 72% das vezes. A novidade é que os participantes não trocaram uma palavra sequer. Aliás, eles nem mesmo estavam na mesma sala. O que aconteceu foi um caso bem-sucedido de transmissão de pensamento. Em outras palavras, os participantes conseguiram ler o pensamento uns dos outros.
    Não é a primeira vez que tentam algo do tipo em laboratório. Mas, dessa vez, a ciência foi além. A experiência funcionou assim: os voluntários foram divididos em duas categorias: os “respondedores” e os “perguntadores”. Os respondedores usavam um capacete conectado com um eletroencefalógrafo, um instrumento que registra e grava as atividades cerebrais. Eles ficavam de frente para uma tela que mostrava objetos. Aí, era só eles escolherem um e aguardar as perguntas.
    Num outro laboratório, os perguntadores usavam um capacete equipado com uma bobina magnética e podiam escolher o que questionar, a partir de um banco de perguntas previamente estabelecido.
    Quando os respondentes recebiam as perguntas via computador, tinham que olhar para uma das duas luzes piscantes que ficavam ao lado da sua tela. Olhar para a da direita queria dizer “sim”. Olhar para a da esquerda era o mesmo que responder “não”. É aí que a mágica da ciência aconteceu. As luzes tinham frequências diferentes. Quando o respondente olha fixamente para o “sim”, o seu capacete cerebral registra essa atividade e envia para o perguntador. O mecanismo magnético do capacete do perguntador faz com que apareça um flash de luz em seus olhos. Resumindo: se aparecesse uma luz nos olhos do perguntador, significava que o cara do outro lado da cidade tinha respondido “sim” para a sua pergunta. Transmissão de pensamento de verdade.
    Se o seu lado stalker já ficou animado, acalme-se. O pessoal da Universidade de Washington deixou claro que o objetivo da coisa toda é bem mais nobre do que simplesmente sair por aí lendo o pensamento alheio. Assim que as pesquisas na área evoluírem, pode ser possível, por exemplo, transferir informações de um cérebro saudável para um que tenha algum tipo de problema, como o de uma pessoa com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
Otavio Cohen - https://super.abril.com.br/ideias/ler-pensamentos-ja-e-possivel/
A
aguçar a curiosidade dos leitores para a leitura de pensamentos.
B
apresentar o novo estudo da Universidade de Washington.
C
avaliar a importância da nova descoberta para as pessoas em geral.
D
mostrar como se comportam as pessoas que são pesquisadas.
E
nenhuma das alternativas anteriores.
c827142a-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

São características do estudo feito pela Universidade de Washington, EXCETO:

Texto 3


Ler pensamentos já é possível


    Pense em um objeto. Vale qualquer coisa mesmo, e nem precisa ser bem um objeto. Pode ser uma emoção, uma pessoa, um lugar. Agora, vamos tentar adivinhar o que é fazendo algumas perguntas e você só pode responder “sim” ou “não”. É possível que você já conheça essa brincadeira. Nos EUA, esse jogo leva o nome “20 questions”, porque quem tenta adivinhar o pensamento do outro só pode fazer 20 perguntas.
    Num estudo recente da Universidade de Washington, 10 pessoas foram convidadas a jogar. Os cinco pares chegaram às respostas certas 72% das vezes. A novidade é que os participantes não trocaram uma palavra sequer. Aliás, eles nem mesmo estavam na mesma sala. O que aconteceu foi um caso bem-sucedido de transmissão de pensamento. Em outras palavras, os participantes conseguiram ler o pensamento uns dos outros.
    Não é a primeira vez que tentam algo do tipo em laboratório. Mas, dessa vez, a ciência foi além. A experiência funcionou assim: os voluntários foram divididos em duas categorias: os “respondedores” e os “perguntadores”. Os respondedores usavam um capacete conectado com um eletroencefalógrafo, um instrumento que registra e grava as atividades cerebrais. Eles ficavam de frente para uma tela que mostrava objetos. Aí, era só eles escolherem um e aguardar as perguntas.
    Num outro laboratório, os perguntadores usavam um capacete equipado com uma bobina magnética e podiam escolher o que questionar, a partir de um banco de perguntas previamente estabelecido.
    Quando os respondentes recebiam as perguntas via computador, tinham que olhar para uma das duas luzes piscantes que ficavam ao lado da sua tela. Olhar para a da direita queria dizer “sim”. Olhar para a da esquerda era o mesmo que responder “não”. É aí que a mágica da ciência aconteceu. As luzes tinham frequências diferentes. Quando o respondente olha fixamente para o “sim”, o seu capacete cerebral registra essa atividade e envia para o perguntador. O mecanismo magnético do capacete do perguntador faz com que apareça um flash de luz em seus olhos. Resumindo: se aparecesse uma luz nos olhos do perguntador, significava que o cara do outro lado da cidade tinha respondido “sim” para a sua pergunta. Transmissão de pensamento de verdade.
    Se o seu lado stalker já ficou animado, acalme-se. O pessoal da Universidade de Washington deixou claro que o objetivo da coisa toda é bem mais nobre do que simplesmente sair por aí lendo o pensamento alheio. Assim que as pesquisas na área evoluírem, pode ser possível, por exemplo, transferir informações de um cérebro saudável para um que tenha algum tipo de problema, como o de uma pessoa com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
Otavio Cohen - https://super.abril.com.br/ideias/ler-pensamentos-ja-e-possivel/
A
O jogo leva o nome “20 questions”, porque quem tenta adivinhar o pensamento do outro só pode fazer 20 perguntas.
B
Os perguntadores usavam um capacete equipado com uma bobina magnética e podiam escolher o que questionar.
C
Os respondentes recebiam as perguntas via computador e tinham que olhar para uma das duas luzes piscantes que ficavam ao lado da sua tela.
D
Os voluntários foram divididos em duas categorias: os “respondedores” e os “perguntadores”.
E
Nenhuma das alternativas anteriores.
c82b2472-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em: “Geralmente, o paciente posta essas selfies em suas redes sociais para receber aceitação por meio de likes e comentários.”., “essas” é usado porque.

Texo 4


O que é a síndrome deselfie?


É uma compulsão que consiste em tirar fotos de si em número excessivo. Geralmente, o paciente posta essas selfies em suas redes sociais para receber aceitação por meio de likes e comentários. Apesar de já ser reconhecida por alguns profissionais e debatida em consultório desde 2014, a síndrome de selfie não foi catalogada na quinta e última versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês), lançada também naquele ano. Caso uma pessoa perceba os sintomas em si, é importante procurar um especialista. Os tratamentos podem envolver uma diminuição no contato com a tecnologia, além de psicoterapias atreladas a um uso de remédio psiquiátrico.
Gabriela Monteiro - https://mundoestranho.abril.com.br/comportamento/o-que-e-a-sindrome-de-selfie/
A
as selfies ainda serão mencionadas.
B
as selfies já haviam sido mencionadas.
C
o texto relata um fato atual.
D
o texto se passa no momento presente.
E
Nenhuma das alternativas anteriores
c812c8db-e7
FAG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Argumentando-se com o texto 1, é CORRETO afirmar:

Texto 1


    O que vou dizer é um paradoxo: uma boa razão para o Brasil encarar com otimismo o futuro difícil que se desenha a sua frente para os próximos anos é o fantástico grau de desperdício que caracterizou o desenvolvimento do país. Se o Brasil aprender a evitar esse desperdício, nenhum grande milagre surgirá daí, mas estará sendo acionado um potencial de crescimento com baixo investimento.
    Não falo só de coisas como jogar fora o liquidificador que poderia ser consertado ou de aposentar um automóvel que ainda teria vida útil pela frente. Falo de coisas mais graves, de um tipo de desperdício menos visível, embutido em vários aspectos do cotidiano brasileiro. Vamos a alguns casos ilustrativos. Uma cidade como São Paulo, por exemplo, tem 42% de seus terrenos vazios e metade deles com área superior a 5.000 metros quadrados. Se uma porção reduzida desses terrenos — digamos, 10% deles — fosse utilizada para a plantação de hortas, teríamos algo em torno de 100.000 hortas familiares produzindo para a cidade e dando ocupação e comida a muita gente.
    Quando se fala do aproveitamento do lixo — outro assunto que merece atenção —, apela-se com frequência para uma visão sofisticada do que deva ser essa operação. Ora, o lixo é valioso, mas deve ser encarado com modéstia. Além de servir para nivelar terrenos erodidos, criando solo para a construção de moradias populares pelas próprias pessoas que vão habitá-las, ele pode ser transformado em adubo ou ainda gerar gás para movimentar ônibus.
    O brasileiro que vive no Sul come papaias da Amazônia e os moradores de Belém consomem alface do Sul. Gasta-se uma enormidade de energia no transporte desses produtos. Pergunto: por que não dar um jeito de plantar perto dos centros consumidores e com isso reforçar as economias locais, aproveitando o potencial latente de terras e mão-de-obra?
    E o que dizer do desperdício de combustível pelos veículos que circulam nas estradas do país? Todo motorista sabe que um carro bem regulado permite uma economia de 5% a 10% de combustível. Pois bem, um cálculo simples mostra que seria possível economizar 10.000 barris de óleo diesel por dia, no Brasil, com a simples manutenção correta dos motores dos caminhões e ônibus. Isso equivaleria a mais de 300.000 salários mínimos economizados mensalmente e a um aumento correspondente de vagas para trabalhadores em oficinas mecânicas, sem falar na economia de divisas.
    Coordeno um programa de estudos para a Universidade das Nações Unidas, com sede em Tóquio, que procura criar alternativas de desenvolvimento a partir de dois fatores fundamentais, o alimento e a energia. As crises alimentar e energética não apenas se conjugam como, infelizmente, se reforçam, já que energia cara significa sempre comida mais cara.
    O problema do desperdício, é bom notar, apresenta-se em todo o mundo, mas com configurações diferentes e possíveis soluções também diferentes. Entre os vários tipos de desperdício, o mais gritante é certamente o gasto de 970 bilhões de dólares por ano no mundo com armamentos. Isso significa que se queima quase dez vezes o valor de toda a dívida externa brasileira, a cada ano, com instrumentos de destruição.
A
O aproveitamento do lixo é solução sofisticada, e, portanto, inviável para o desperdício no Brasil.
B
O aproveitamento do lixo urbano é de natureza versátil e economicamente recomendável.
C
A sofisticação na transformação do lixo urbano torna essa operação um exemplo de desperdício.
D
A utilização do lixo para fins de urbanização é muito perigosa.
E
Nenhuma alternativa anterior esta correta.
1828b3dd-e6
FAG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o Poema:


Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!


Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.


Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele que doira à noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.


Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua

(Jorge de Lima)



Sobre a figura do acendedor de lampiões, o eu lírico manifesta sentimentos de:

A
antipatia e rejeição.
B
indiferença.
C
simpatia e compaixão
D
antipatia e admiração.
E
antipatia e compaixão.