Questão c97518c0-e8
Prova:FAG 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Conjunções: Relação de causa e consequência, Redação - Reescritura de texto, Morfologia

Cumpre-me, todavia, implorar perdão ao pobre Jeca.” Substituindo a conjunção em destaque sem acarretar prejuízo ao texto, temos:

Texto 1


    [...] Cumpre-me, todavia, implorar perdão ao pobre Jeca.
    Eu ignorava que eras assim, meu caro Tatu, por motivo de doenças tremendas. Está provado que tens no sangue e nas tripas um jardim zoológico da pior espécie. É essa bicharia cruel que te faz papudo, feio,molenga, inerte.
    Tens culpa disso? Claro que não. Assim, é com piedade infinita que te encara hoje o ignorantão que outrora só via em ti mamparra e ruindade.
    Perdoa-me, pois, pobre opilado, e crê no que te digo ao ouvido: és tudo isso que eu disse, sem tirar uma vírgula, mas inda és a melhor coisa que há no país. Os outros, que falam francês, dançam o tango, pitam havanas e, senhores de tudo, te mantêm neste geena dolorosa, para que possam a seu salvo viver vida folgada à custa do teu penoso trabalho, esses, caro Jeca, têm na alma todas as verminoses que tu só tens no corpo.
    Doente por doente, antes como tu, doente só do corpo... [...]
LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo: Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.

A
portanto
B
contudo
C
logo
D
por conseguinte
E
porquanto

Gabarito comentado

P
Pâmela ArrudaMonitor do Qconcursos

Tema central: O assunto desta questão é interpretação de texto e emprego correto das conjunções adversativas de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa.

No trecho analisado, a palavra “todavia” exerce a função de estabelecer um contraste entre o que foi dito antes e a ação que o narrador tomará a seguir. Na Língua Portuguesa, esse papel pertence às conjunções coordenativas adversativas, responsáveis por indicar oposição, quebra de expectativa ou ressalva entre ideias.

De acordo com Evanildo Bechara, na obra Moderna Gramática Portuguesa, as principais conjunções adversativas são: “mas”, “porém”, “todavia”, “contudo”, “entretanto” e “no entanto”. Todas podem ser usadas em sentidos similares, em contextos adversativos.

Justificativa da alternativa correta:

B) contudo – “Contudo” é uma conjunção adversativa sinônima de “todavia”. Trocar “todavia” por “contudo” preserva a ideia de oposição do texto, sem prejuízo semântico ou estilístico.
Exemplo: “Queria sair, contudo estava chovendo.” (oposição entre vontade e possibilidade)

Análise das alternativas incorretas:

A) portanto – É uma conjunção conclusiva, indica resultado, conclusão (“Estudei, portanto passei.”). Trocar por “todavia” quebra o sentido.
C) logo – Também conclusiva (“Não estudou, logo não passou.”). Perde-se a ideia de contraste.
D) por conseguinte – Conclusiva, expressa consequência, não oposição.
E) porquanto – Conjunção causal (“Porquanto estava cansado, dormiu cedo.”), não adversativa.

Dica valiosa: Sempre que se deparar com conectivos, isole a frase e troque a conjunção por outras de igual valor; se o sentido se mantiver (contraste/oposição), provavelmente pertencem à mesma classe. Conjunções conclusivas e causais não servem para contraste!

Resumo da regra: As conjunções adversativas (“todavia”, “contudo”, “porém”, etc.) estabelecem oposição entre ideias; conclusivas (“portanto”, “logo”, “por conseguinte”) e causais (“porquanto”) não podem substituí-las sem alterar o sentido.

Alternativa correta: B) contudo

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