Leia o Poema:

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!

Este mesmo que vem infatigavelmente,

Parodiar o sol e associar-se à lua

Quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões, acende e continua

Outros mais a acender imperturbavelmente,

À medida que a noite aos poucos se acentua

E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita:

Ele que doira à noite e ilumina a cidade,

Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua

Crenças, religiões, amor, felicidade,

Como este acendedor de lampiões da rua

(Jorge de Lima)

Sobre a figura do acendedor de lampiões, o eu lírico manifesta sentimentos de:

Comentário da Questão – Interpretação de Texto (Poema: "O acendedor de lampiões")

Tema central: Esta questão exige interpretação de texto, com foco em identificar sentimentos do eu lírico referentes à figura do acendedor de lampiões, observando palavras-chave e figuras de linguagem que revelam emoções no poema.

Justificativa da alternativa correta (C – simpatia e compaixão):

O eu lírico manifesta simpatia ao observar o acendedor como alguém que “parodia o sol” e “ilumina a cidade”, valorizando seu trabalho. Enxerga também compaixão ao notar a “triste ironia” de ele talvez “não ter luz na choupana em que habita”. Este contraste entre sua função social e sua própria privação gera empatia e solidariedade.

Como destaca Cunha & Cintra, a análise do sentimento no texto deve considerar expressões valorativas (como “triste ironia atroz”) e contextos simbólicos (“ele que doira a noite”). Bechara acrescenta que a correta interpretação requer perceber sentidos implícitos e a crítica social embutida.

Análise das alternativas incorretas:

A) antipatia e rejeição – Não há nenhum termo pejorativo ou de desprezo do eu lírico; pelo contrário, sobressai a valorização do acendedor.

B) indiferença – O envolvimento emocional e a reflexão sobre a vida do personagem mostram ausência de neutralidade, indicando interesse afetivo genuíno.

D) antipatia e admiração – A admiração existe, mas não há indícios de antipatia; ambos os sentimentos se opõem semanticamente.

E) antipatia e compaixão – Não se observa antagonismo do eu lírico, que demonstra compreensão e piedade, e não desagrado.

Estrategicamente: atente sempre ao vocabulário que revela valoração positiva ou negativa e à ironia como recurso interpretativo. Palavras como “triste”, “talvez não tenha luz” e a comparação com outros que “insinuam amor, felicidade” indicam profundidade afetiva, jamais indiferença ou rejeição.

Conclusão: A alternativa C é correta, pois evidencia claramente simpatia e compaixão do eu lírico pelo acendedor. Interpretar sentimentos exige leitura atenta às nuances do texto e ao contexto de expressões e metáforas.

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