Questõesde UFU-MG sobre Literatura

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UFU-MG 2019 - Literatura - Naturalismo, Realismo, Escolas Literárias

Considero-me um realista, mas sou realista não à maneira naturalista — que falseia a vida — mas à maneira de nossa maravilhosa literatura popular, que transfigura a vida com a imaginação para ser fiel à vida. [...] O que eu procuro atingir, portanto, é, se não a verdade do mundo, a verdade de meu mundo, afinal inapreensível em sua totalidade, mas mesmo assim, ou por isso mesmo, tentador e belo [...] Assim, sem exageros que acabem a ilusão consentida do público, é melhor não apelar para as muletas do verismo nem esconder as traves da arquitetura teatral — sejam as do autor, as do encenador ou as dos atores, pois todos nós temos as nossas; assim o público, vendo que não pretendemos enganá-lo, que não queremos competir com a vida, aceita nossos andaimes de papel, madeira e cola e pode, graças a essa generosidade, participar de nossa maravilhosa realidade transfigurada.

SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 26 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012. p. 16-17.


Sobre o texto acima, da “nota do autor” de O santo e a porca, e a peça em si, é correto afirmar que

A
com o claro objetivo de retratar a vida como ela é no sertão, Suassuna investe em um teatro realista, que não “esconda as traves da arquitetura teatral”.
B
Suassuna recusa “apelar para as muletas do verismo”, motivo pelo qual a peça contém elementos chamados “fantásticos”, como a porca falante.
C
faz parte da “generosidade” do leitor aceitar momentos da trama pouco verossímeis, como o sumiço e a reaparição espontâneos da estátua de Santo Antônio.
D
há momentos da peça, como os disfarces múltiplos dos personagens, que dependem da “ilusão consentida do público”.
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UFU-MG 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre o poema acima, de Waly Salomão, é INCORRETO afirmar que


MORICONI, Italo. Destino: poesia. 2.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2016. p. 115. 

A
o poeta escreve, a partir de sua “alta razão”, ou seja, é a sua racionalidade que comanda a ação de compor e domina as emoções.
B
a presença de anacolutos torna a leitura mais “hermética”, ou seja, truncada e complexa.
C
o poeta cria efeitos de reforço no significado de algumas palavras com a enumeração de sinônimos.
D
os versos com recuos gráficos à direita geram um destaque de seus significados, por ficarem em evidência gráfica.
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UFU-MG 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Morte e vida severina e O santo e a porca foram concebidas como peças de teatro, ou seja, foram projetadas para interpretação no palco. Considerando-se tal especificidade e seus enredos, assinale a alternativa que apresenta características comuns às obras.

A
Estrutura do texto dramático; humor como recurso prevalente; crítica social.
B
Retrato do sertão nordestino; divisão em três atos; presença de rubricas.
C
Estrutura do texto dramático; retrato do sertão nordestino; presença de rubricas.
D
Humor como recurso prevalente; escrita em versos; crítica social.
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UFU-MG 2019 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como a couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo do qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se sustinha.”

KAFKA, Franz. A metamorfose. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 7.

A partir das sentenças iniciais de A metamorfose, de Franz Kafka, e de seu conhecimento sobre o livro, é correto dizer que

A
o narrador kafkiano evita o desenrolar dos fatos, encadeando digressões e adjetivações que travam o prosseguimento do enredo
B
o narrador kafkiano apresenta, na primeira frase, o clímax da narrativa, demonstrando naturalidade e impassibilidade diante do absurdo.
C
apesar de chocante, a metamorfose é elucidada, ao longo da trama, a partir dos fatos físicos que levaram a ela.
D
a partir da conflituosa comunicação verbal do inseto com a família, o narrador passa a tomar partido de Gregor, gerando empatia do leitor com ele.
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UFU-MG 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

A partir do trecho acima, de Morte e vida Severina, e de seu conhecimento sobre a obra, assinale a alternativa correta.

ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO

— Essa cova em que estás,
com palmos medida,
é a conta menor que tiraste em vida.
— É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe deste latifúndio.
— Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias ver dividida.
— É uma cova grande
para teu pouco defunto,
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
— É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
— É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca.

MELO NETO, João Cabral de. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p.159-160.
A
Como grande parte dos poetas do Modernismo, João Cabral de Melo Neto abdica totalmente da rima em seu texto.
B
Conhecido como o “poeta-engenheiro”, João Cabral de Melo Neto arquiteta todo o seu poema em redondilhas maiores, ou seja, com sete sílabas poéticas.
C
O trecho aborda, a partir dos comentários dos amigos do trabalhador morto, temas sociais amplos, como a desigualdade na distribuição de terras e a fome.
D
No trecho, ambientado no enterro do personagem-narrador Severino, questiona-se a falência da reforma agrária no nordeste, na época marcada pela presença dos latifúndios.
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UFU-MG 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Esta história poderia chamar-se "As estátuas". Outro nome possível é "O assassinato". E também "Como matar baratas". Farei então pelo menos três histórias, verdadeiras, porque nenhuma delas mente a outra. Embora uma única, seriam mil e uma, se mil e uma noites me dessem.
LISPECTOR, Clarice, “A quinta história”, In: Felicidade clandestina, Rio de Janeiro: Rocco, 2013. p. 128.

O parágrafo acima inicia o conto “A quinta história”, de Clarice Lispector. Considerando-se as características peculiares à obra da escritora, presentes no conto, é correto afirmar que

A
a linguagem simbólica e as reflexões existenciais justificam por que Clarice foi considerada uma importante representante da “corrente espiritualista” do Modernismo brasileiro.
B
como é comum nas obras da escritora, o enredo desencadeado a partir de um fato banal leva suas personagens a se questionarem, repensando suas certezas estabelecidas.
C
a metalinguagem e as referências às obras literárias do passado revelam o cuidado da escritora com a forma, fruto de sua busca por uma arte pura, afastada das questões sociais.
D
a angústia da mulher com a morte das baratas pode ser vista como uma crítica ao patriarcado e ao seu domínio violento sobre os seres vulneráveis, tema central na obra de Clarice.
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UFU-MG 2019 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

A temporalidade é um elemento essencial ao gênero narrativo. Sobre a representação do tempo no romance Quincas Borba, de Machado de Assis, assinale a alternativa INCORRETA.

A
A narrativa não segue uma linearidade temporal exata, ocorrendo algumas idas e vindas entre os diferentes momentos da vida de Rubião.
B
A obra começa num momento avançado da ação, para depois voltar ao início dos acontecimentos, procedimento conhecido como in media res.
C
O narrador em terceira pessoa é que define a ordem da narração dos acontecimentos, combinando tempo cronológico e tempo psicológico.
D
Para melhor compreender a trajetória do protagonista Murilo Rubião, a obra retoma parte da infância do professor, na cidade de Barbacena.
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UFU-MG 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

O excerto abaixo, retirado da obra Terra sonâmbula de Mia Couto, é a reprodução do diálogo entre Kindzu e Surendra.

Antoninho, o ajudante, escutava com absurdez. Para ele eu era um traidor da raça, negro fugido das tradições africanas. Passou por entre nós dois, desdelicado provocador, só para mostrar seus desdéns. No passeio, gargalhou-se alto e mau som. Me vieram à lembrança as hienas. Surendra disse, então:

– Não gosto de pretos, Kindzu.
– Como? Então gosta de quem? Dos brancos?
– Também não.
– Já sei: gosta de indianos, gosta da sua raça.
– Não. Eu gosto de homens que não têm raça. É por isso que eu gosto de si, Kindzu.

COUTO, Mia. Terra sonâmbula, São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 15.


Com base no diálogo transcrito e no enredo do romance, é correto afirmar que

A
a conversa ocorre ainda no início da guerra quando Kindzu havia impedido a destruição da loja do indiano por parte de alguns negros moçambicanos.
B
o romance mostra como o racismo que atravessa a sociedade moçambicana, devastada pelas guerras, é consequência imediata da colonização portuguesa.
C
o romance pretende apresentar os dilemas que geraram os conflitos entre negros e indianos, povos de etnias distintas que lutam pelo território moçambicano.
D
a fala de Surendra revela um desejo radical de convívio harmônico entre os diferentes, capaz de superar noções de identidade baseadas só na raça.
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UFU-MG 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

O romance Terra Sonâmbula, de Mia Couto, é uma das mais importantes obras da literatura moçambicana após a independência do país. Sobre a elaboração dessa trama narrativa, assinale a alternativa INCORRETA.

A
Mesmo em se tratando de uma guerra, a obra não apresenta tom épico, pois não há ênfase nas cenas de batalha, estando o foco nos efeitos devastadores da guerra.
B
O romance se compõe de múltiplas narrativas que se cruzam na obra; o próprio ato de narrar aparece como essencial ao ato de permanecer vivo.
C
A combinação entre a tradição oral moçambicana e a tradição literária, de origem europeia, ocorre sempre de modo tenso, mostrando a distância entre elas.
D
A obra pode ser vista como narrativa de viagem, porém, em vários momentos, o deslocamento experimentado é mais temporal e psicológico do que espacial.
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UFU-MG 2019 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

As relações familiares são o tema central do romance O filho eterno, de Cristovão Tezza. Levando-se em consideração as peculiaridades da família representada pela obra, é INCORRETO afirmar que

A
a depressão pós-parto da mãe a afasta do filho, levando o pai a assumir, com dificuldade, a responsabilidade pela criação do menino.
B
em grande parte da obra, a mãe é a principal provedora do sustento financeiro da casa, pois o pai se dedica ao difícil sonho de viver como escritor literário.
C
dar-se-á a desconstrução da figura paterna, pois o pai é apresentado como um jovem egoísta e imaturo, ele mesmo em processo de amadurecimento.
D
o pai desempenha função ativa nos cuidados e na educação de Felipe desde quando esse era bebê, estando sempre presente no cotidiano da criança.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Com base nos fragmentos abaixo, extraídos do conto Paraísos Artificiais, assinale a alternativa correta.

Você está sentado numa cadeira. Você está sentado nesta cadeira já faz bastante tempo. Você fica sentado nesta cadeira durante muito tempo, diariamente. Você não conseguiria ficar parado em pé por tanto tempo; logo você ficaria cansado, com dor nas pernas. Também não conseguiria permanecer tanto tempo assim deitado na cama, de cara para o teto; essa posição se tornaria cada vez mais incômoda com o passar do tempo, até fazê-lo virar-se para um lado [...] mas depois de alguns minutos de bem-estar, seu corpo seria dominado pouco a pouco por uma sensação de desconforto que gradualmente se transformaria numa idéia, de início vaga, depois mais nítida, mais e mais, até cristalizar-se nas palavras: “Esta posição é a menos confortável que há”, e essas palavras em pouco tempo levariam a estas: “A posição mais confortável de todas seria ficar virado para a direita”. A nova sensação, porém, não perduraria por muito tempo; logo você seria obrigado a trocar de posição mais uma vez, e todo o ciclo recomeçaria.
[...]
Mas há uma maneira simples de alterar essa situação – quer dizer, não alterá-la objetivamente, o que seria impossível, e sim modificar o modo como você a vivencia (e como você só sabe das situações o que vivencia delas, para todos os fins práticos modificar sua percepção de uma situação é a mesma coisa que modificar a situação em si): basta sentar-se na cadeira, pegar um lápis e uma folha de papel, e começar a escrever.

A
Mais que a descrição de inúmeras e prováveis sensações, o conto encerra uma poética da escrita como exercício ficcional.
B
O título do conto Paraísos artificiais remete ao livro do escritor francês Charles Baudelaire, sugerindo, portanto, um tom decadentista/simbolista.
C
O incômodo da personagem deste conto se reflete nos outros contos do livro, em que a fragmentação acentua o isolamento de cada uma das narrativas.
D
O isolamento da personagem tem por objetivo distanciar o leitor e demonstrar que esta é uma das características do homem contemporâneo.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

As personagens de “Sarapalha”, Primo Argemiro e Primo Ribeiro, caracterizam-se, respectivamente, por:

A
manutenção de certas ilusões e ausência total de esperança.
B
gostar de silêncio e ter medo do silêncio.
C
predominância de estado e predominância de ações.
D
demonstrar quietude e demonstrar inquietação.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

A afirmação a seguir diz respeito a Primo Argemiro, um dos protagonistas de “Sarapalha”:

Ele, nos seus acessos, não varia nunca: não tem licença: se delirar, pode revelar o seu segredo.
Tem de ter tento na cabeça e de subjugar a doideira, e sofre o demônio, por via disso.

A revelação desse segredo está presente em qual das sequências abaixo?

A
“Ainda ficava mais triste, se soubesse que ela andava penando por aí à-toa”.
B
“Bem que havia de ser razoável ter podido ao menos dizer à prima que ela era o seu amor...”
C
“E ela, eu tinha obrigação de matar também, e sabia que a coragem p’ra isso havia de faltar”.
D
“Foi o moço-bonito que apareceu, vestido com roupa de dia-de-domingo e com a viola enfeitada de fitas”.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

As afirmações abaixo referem-se a Calabar. Assinale a alternativa correta.

A
No personagem Sebastião de Souto, a traição cotidiana e mesquinha se agiganta e se transforma num ato de vingança.
B
Cabalar é essencialmente teatral na medida em que segue as regras habituais da dramaturgia e conserva uma linha dramática consequente e objetiva.
C
Bárbara, a mulher de Calabar, não mede conseqüências para desvendar a traição e o traidor.
D
Recurso decisivo para sustentar a complexidade do tema da traição, Calabar é um “ser de palavras”, personagem construído pelo que dizem dele os demais no drama encenado.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas

Sobre O Monstro: três histórias de amor, de Sérgio Sant’anna, assinale a alternativa correta.

A
O leitor se depara com um conto que tematiza as relações de mercado, impregnadas na feitura de um livro, desde a criação do texto até sua comercialização.
B
O impulso experimental do autor gera uma mistura de vozes, gêneros, textos e linguagens diferentes, entre as quais comparecem a epístola, a entrevista policial, o jornalismo, o cinema e a TV, com certa dose de ironia.
C
A montagem dos contos desmonta o fluxo narrativo tradicional, mas preserva a lógica narrativa, em que a adoção do tempo cronológico está a serviço de uma linguagem jornalística.
D
No conto O monstro, o repórter Alfredo Novalis assume a narrativa a partir da entrevista concedida pelo professor Antenor Lott Marçal, condenado pela autoria do crime da jovem Frederica.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia os textos abaixo.

A CASA

Vendam logo esta casa, ela está cheia de fantasmas.

Na livraria, há um avô que faz cartões de boas-festas com corações de
purpurina.
Na tipografia, um tio que imprime avisos fúnebres e programas de circo.
Na sala de visitas, um pai que lê romances policiais até o fim dos tempos.
No quarto, uma mãe que está sempre parindo a última filha.
Na sala de jantar, uma tia que lustra cuidadosamente o seu próprio caixão.
Na copa, uma prima que passa a ferro todas as mortalhas da família.
Na cozinha, uma avó que conta noite e dia histórias do outro mundo.
No quintal, um preto velho que morreu na Guerra do Paraguai rachando lenha.
E no telhado um menino medroso que espia todos eles; só que está vivo:
trouxe-o até ali o pássaro dos sonhos.
Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vendam-na depressa.
Antes que ele acorde e se descubra também morto.

PAES, J. P. Prosas seguidas de Odes mínimas. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p.33.

EVOCAÇÃO DO RECIFE [fragmento]

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois –
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância

A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
[e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras, mexericos, namoros
[risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:

Coelho sai!
Não sai!
[...]
BANDEIRA, M. Melhores poemas de Manuel Bandeira. 16. ed. São Paulo: Global, 2004. p.92.

Todas as alternativas a seguir contêm elementos comuns a ambos os poemas, EXCETO:

A
ênfase na visão subjetiva do espaço.
B
recordação afetiva de personagens da infância.
C
utilização de linguagem mais prosaica.
D
presença de uma voz lírica na primeira pessoa.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

amar é um elo
entre o azul
e o amarelo
LEMINSKI, P. La vie en close. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.126.

Com base na leitura do poema acima, assinale a afirmativa que NÃO se aplica à poesia de Paulo Leminski contida em La vie en close.

A
Observa-se o emprego do haicai, tomado à tradição literária japonesa, evidenciando o gosto pelo poema breve.
B
Nota-se a predominância do eixo sintagmático sobre o paradigmático, conferindo ao poema um caráter mais discursivo.
C
Destaca-se a preferência pelo trocadilho e pelo jogo de palavras, marcados por efeitos de surpresa e condensação.
D
Ressalta-se, em relação ao signo verbal, a exploração dos significantes, vistos em relativa autonomia quanto aos significados.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

No livro Prosas seguidas de Odes mínimas, de José Paulo Paes, a primeira parte intitulada “Prosas” abre-se com a seguinte epígrafe: “À memória de Fernando Góes, que um dia chamou de Poesias um livro seu de crônicas”.
Tendo em vista o caráter de poemas em prosa de muitos dos textos que constituem a referida parte, assinale a alternativa que contém uma interpretação condizente para essa epígrafe:

A
Demonstra a existência de distinções rigorosas entre prosa e poesia.
B
Revela a intenção efetiva do autor de escrever um livro de crônicas.
C
Evidencia o caráter convencional e precário da teoria dos gêneros literários.
D
Chama a atenção do leitor para a natureza exclusivamente poética dos textos.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

A ESTRELA

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

BANDEIRA, M. Melhores poemas de Manuel Bandeira. 16. ed. São Paulo: Global, 2004. p.120.

Todas as características abaixo, próprias do gênero lírico, encontram-se no poema de Manuel Bandeira transcrito acima, EXCETO:

A
valorização do ritmo pelo recurso à redondilha maior.
B
ênfase no significado denotativo das palavras.
C
presença de uma voz lírica altamente subjetiva.
D
utilização de paralelismo, especialmente da anáfora.
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UFU-MG 2010 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

LIMITES AO LÉU
POESIA: “words set to music” (Dante
via Pound), “uma viagem ao
desconhecido” (Maiakóvski), “cernes e
medulas” (Ezra Pound), “a fala do
infalável” (Goethe), “linguagem
voltada para a sua própria
materialidade” (Jákobson),
“permanente hesitação entre som e
sentido” (Paul Valéry), “fundação do
ser mediante a palavra” (Heidegger),
“a religião original da humanidade”
(Novalis), “as melhores palavras na
melhor ordem” (Coleridge), “emoção
relembrada na tranquilidade”
(Wordsworth), “ciência e paixão”
(Alfred de Vigny), “se faz com
palavras, não com idéias” (Mallarmé),
“música que se faz com idéias”
(Ricardo Reis/ Fernando Pessoa), “um
fingimento deveras” (Fernando
Pessoa), “criticism of life” (Mathew
Arnold), “palavra-coisa” (Sartre),
“linguagem em estado de pureza
selvagem” (Octavio Paz), “poetry is to
inspire” (Bob Dylan), “design de
linguagem” (Décio Pignatari), “lo
imposible hecho posible” (Garcia
Lorca), “aquilo que se perde na
tradução” (Robert Frost), “a liberdade
da minha linguagem” (Paulo
Leminski)...

LEMINSKI, P. La vie en close. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.6.

Em relação ao poema acima, de Paulo Leminski, é INCORRETO afirmar que:

A
apresenta uma colagem de definições científicas para a poesia.
B
tem como modelo, no plano formal, o verbete do dicionário.
C
convida o leitor a também formular sua definição de poesia, ao final.
D
contém um caráter metapoético – a poesia voltada sobre ela mesma.