Questão 2bb13b6d-c3
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Considero-me um realista, mas sou realista não à maneira naturalista — que falseia a vida
— mas à maneira de nossa maravilhosa literatura popular, que transfigura a vida com a imaginação
para ser fiel à vida. [...] O que eu procuro atingir, portanto, é, se não a verdade do mundo, a verdade
de meu mundo, afinal inapreensível em sua totalidade, mas mesmo assim, ou por isso mesmo,
tentador e belo [...] Assim, sem exageros que acabem a ilusão consentida do público, é melhor não
apelar para as muletas do verismo nem esconder as traves da arquitetura teatral — sejam as do
autor, as do encenador ou as dos atores, pois todos nós temos as nossas; assim o público, vendo
que não pretendemos enganá-lo, que não queremos competir com a vida, aceita nossos andaimes
de papel, madeira e cola e pode, graças a essa generosidade, participar de nossa maravilhosa
realidade transfigurada.
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 26 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012. p. 16-17.
Sobre o texto acima, da “nota do autor” de O santo e a porca, e a peça em si, é correto
afirmar que
Considero-me um realista, mas sou realista não à maneira naturalista — que falseia a vida
— mas à maneira de nossa maravilhosa literatura popular, que transfigura a vida com a imaginação
para ser fiel à vida. [...] O que eu procuro atingir, portanto, é, se não a verdade do mundo, a verdade
de meu mundo, afinal inapreensível em sua totalidade, mas mesmo assim, ou por isso mesmo,
tentador e belo [...] Assim, sem exageros que acabem a ilusão consentida do público, é melhor não
apelar para as muletas do verismo nem esconder as traves da arquitetura teatral — sejam as do
autor, as do encenador ou as dos atores, pois todos nós temos as nossas; assim o público, vendo
que não pretendemos enganá-lo, que não queremos competir com a vida, aceita nossos andaimes
de papel, madeira e cola e pode, graças a essa generosidade, participar de nossa maravilhosa
realidade transfigurada.
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 26 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012. p. 16-17.
Sobre o texto acima, da “nota do autor” de O santo e a porca, e a peça em si, é correto
afirmar que
A
com o claro objetivo de retratar a vida como ela é no sertão, Suassuna investe em um teatro
realista, que não “esconda as traves da arquitetura teatral”.
B
Suassuna recusa “apelar para as muletas do verismo”, motivo pelo qual a peça contém
elementos chamados “fantásticos”, como a porca falante.
C
faz parte da “generosidade” do leitor aceitar momentos da trama pouco verossímeis, como o
sumiço e a reaparição espontâneos da estátua de Santo Antônio.
D
há momentos da peça, como os disfarces múltiplos dos personagens, que dependem da “ilusão
consentida do público”.