Questõessobre Escolas Literárias

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3ef39039-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Instrução: A questão refere-se a obra Feliz ano velho, de Marcelo Rubens Paiva.


A propósito da obra, é correto afirmar que

A
o romance e marcadamente autobiográfico, sem deixar de abarcar reflex6es sabre a época da redemocratização no Brasil, momento que despertava sentimentos de euforia e duvida vividos pelas personagens.
B
o romance foi escrito em época anterior a Lei de Anistia, promulgada em 1979, no governo de Joao Batista Figueiredo.
C
a frase Mesmo com ditadura, o carioca sabe usar o que tem de melhor: a praia não se aplica ao contexto do romance, pois as ações narradas transcorrem em São Paulo e Belo Horizonte.
D
o narrador conta, em terceira pessoa, a história de um adolescente envolvido em um grave acidente que vai mudar radicalmente a sua vida.
E
a perda do pai na infância e o acidente que impede o protagonista de andar dão a ele muita certeza sabre seu futuro, com coragem para transmitir força e lições de superação as pessoas.
3ea7e509-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis.

( ) O romance e narrado em primeira pessoa por Úrsula, jovem negra escrava, que aprendeu a ler com a patroa, D. Susana.
( ) Adelaide e a menina pobre que busca ascensão social através do casamento, como muitas mulheres faziam na época.
( ) A crítica ao modelo patriarcal esta especialmente centrada nas figuras de Tancredo e de seu pai.
( ) O romance caracteriza-se como transgressor a produção romanesca do período, ao apresentar Tulio e Antero como sujeitos constituídos de humanidade.

A sequencia correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, e

A
V - V - F - F.
B
V - F - F - V.
C
F - V - V - V.
D
F - F - V - V.
E
V - V- V - F.
3eab5dec-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o Partenon Literário.

( ) Foi um empreendimento cultural, inaugurado em 1868, responsável por 20 anos de atividades culturais no Rio Grande do Sul.
( ) Publicou, durante uma década, a Revista Mensal do Partenon Literário.
( ) Contribuiu para a implanta<;ao do Regionalismo, adotando o tipo humano rural como base da representação artística.
( ) Inspirou-se no Romantismo de Jose de Alencar como forma de construção da identidade sul-rio-grandense.

A sequencia correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, e

A
V - V - F - F.
B
V - V - V - V.
C
V - V - F - V.
D
F - F - V - V.
E
F - F - V - F.
3efaa5c9-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Assinale a alternativa correta sabre o romance a máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mae.

A
O romance apresenta intertextualidade com o poema "Mensagem", de Fernando Pessoa.
B
A morte da mãe Laura leva os filhos a internarem o pai, Antônio Silva, no Lar da Feliz Idade.
C
A relação com os filhos, Ricardo e Elisa, estreita-se depois da morte de Laura.
D
O romance constr6i-se a partir da narra<;ao precisa e linear de Antônio Silva, que quer contar a própria história.
E
A ditadura salazarista aparece na narrativa, através da participação de Antônio Silva na luta armada.
3eecc951-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Instrução: A questão refere-se a obra Bagagem, de Adélia Prado.


Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sabre poemas da obra.

( ) "Com licença poética" apresenta intertextualidade com a obra de Carlos Drummond de Andrade.

( ) "Sedução" trata do homem amado, prometido para o casamento.

( ) "Antes do nome" caracteriza-se como reflexão sobre o fazer poético.

( ) "Pascoa" caracteriza a velhice.


A sequencia correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, e

A
F - V - F - F.
B
V - V - F - V.
C
V - F - V - V.
D
F - V - V - V.
E
V - F - V - F.
3ee05667-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia os segmentos abaixo do ensaio A nova narrativa, de Antônio Candido, sobre a ficção brasileira a partir da década de 1960.

O esforço do escritor atual e inverso. Ele deseja apagar as distancias sociais, identificando-se com a matéria popular. Por isso usa a primeira pessoa como recurso para confundir autor e personagem, adotando uma espécie de discurso direto permanente e desconvencionalizado, que permite fusão maior que a do indireto livre. Esta abdicação estilística e um traço da maior importância na atual ficção brasileira.
[ ... ]
Este animo de experimentar e renovar talvez enfraqueça a ambição criadora, porque se concentra no pequeno fazer de cada texto. Daí o abandono dos grandes projetos de antanho. [ ... ] O ímpeto narrativo se atomiza e a unidade ideal acaba sendo o canto, a crônica, o sketch, que permitem manter a tensão difícil da violência, do insólito ou da visão fulgurante.

Considere as seguintes afirmações.

I - O autor procura justificar a tendência crescente de romances brasileiros narrados em primeira pessoa, que se verifica ate hoje.
II - Os "grandes projetos" podem ser exemplificados em obras como o Cicio da cana-de-açúcar, de Jose Lins do Rego, como os Romances da Bahia, de Jorge Amado, como O tempo e o vento, de Erico Verissimo.
III- O autor procura justificar a emergência de narrativas curtas no Brasil, coma o canto e a crônica.

Quais estão corretas?

A
Apenas I.
B
Apenas III.
C
Apenas I e II.
D
Apenas II e III.
E
I, II e III.
3ee862c6-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Instrução: A questão refere-se a obra Bagagem, de Adélia Prado.

Leia as seguintes afirmações sobre o poema "Ensinamento".

I - O sujeito Iírico mostra que o sentimento e revelado pelas ações das pessoas.
II - A cena recuperada mostra o gesto de amor da mãe para com o pai.
III- O ensinamento do poema e que o amor e mais importante do que a instrução.

Quais estão corretas?

A
Apenas I.
B
Apenas II.
C
Apenas III.
D
Apenas I e III.
E
I, II e III.
3eb752c6-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Naturalismo, Modernismo, Escolas Literárias

Considere as seguintes afirmações sobre os romances abaixo.

I - A personagem Bertoleza, de O cortiço, representa um entrave as ambições de Joao Romão de ascender socialmente, razão pela qual ele planeja devolve-la ao seu antigo senhor, na condição de escrava que era.
II - Euclides da Cunha narra, em "A luta", terceira parte de Os sertões, as formas de organização e as estratégias de combate dos sertanejos, liderados por Antonio Conselheiro, que derrotam o Exercito Republicano.
III- O personagem Ricardo Coração dos Outros, em Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, e um musico popular, que goza da estima da mais alta sociedade carioca, por ser a expressão característica da alma nacional.

Quais estão corretas?

A
Apenas I.
B
Apenas III.
C
Apenas I e II.
D
Apenas II e III.
E
I, II e III.
8c9adc34-f8
UEG 2015 - Literatura - Escolas Literárias, Arcadismo

Embora O Uraguai seja considerado a melhor realização épica do Arcadismo brasileiro, nota-se, na obra, uma quebra do modelo da epopeia clássica. Em termos de conteúdo, tanto no trecho quanto na pintura apresentados, essa quebra se evidencia

Observe a pintura e leia o fragmento a seguir para responder à questão.


MEIRELLES, Victor. Batalha dos Guararapes. Disponível em:<https://www.museus.gov.br/tag/victor-meirelles/>. Acesso em: 24 mar. 2015.

Vinha logo de guardas rodeado
Fonte de crimes, militar tesouro,
Por quem deixa no rego o curto arado
O lavrador, que não conhece a glória;
E vendendo a vil preço o sangue e a vida
Move, e nem sabe por que move a guerra. 
GAMA, Basílio. O Uraguai. In. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 67.

A
pela representação de situações tragicômicas.
B
pelo retrato de episódios de bravura e heroísmo.
C
pela alusão a heróis mitológicos da Grécia Antiga.
D
pelo questionamento da guerra como algo positivo.
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UEG 2015 - Literatura - Barroco, Vanguardas Europeias, Parnasianismo, Escolas Literárias, Arcadismo

Considerando o experimentalismo surgido com as vanguardas do século XX, constata-se que os poemas de Campos e Pontes são respectivamente

Observe os dois poemas a seguir para responder à questão.

Haroldo de Campos. Cristal, em fome de forma In: AGUILAR, Gonçalo. Poesia brasileira As vanguardas na encruzilhada modernista. São Paulo: UNESP, 2005 p. 195



Hugo Pontes. In:<https://www.germinaliteratura.com.br/>. Acesso: 24 mar. de 2015.
A
poema árcade e poesia futurista.
B
poesia concreta e poema processo.
C
poema abstrato e poesia surreal.
D
poesia parnasiana e poema barroco.
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UEG 2016 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

A produção artística no Paleolítico se caracteriza pelo

A
uso de pedras polidas, a partir da descoberta de que, mediante o atrito, as pedras poderiam ser polidas e utilizadas no processo de confecção artística.
B
naturalismo, pois as imagens da época são naturalistas, ou seja, representam os seres conforme a visão que os homens da época tinham da natureza.
C
uso dos metais, o que foi possibilitado a partir do domínio do fogo, com o qual os homens derretiam o metal para, depois, trabalharem-no artisticamente.
D
naturalismo, uma vez que as imagens do período estavam intimamente ligadas à religião, servindo de veículo para propagação de crenças religiosas.
E
uso de pedras preciosas e de metais nobres, o que propiciou a criação de artefatos imponentes e valiosos, tanto do ponto de vista artístico quanto material.
ad2b0392-fa
FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

“O _______________________ contou com importantes cronistas, que documentaram a modernização do país e seus contrastes. Um deles foi ____________________, autor de “Triste fim de Policarpo Quaresma.” Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa anterior.

A
Realismo / Mário de Andrade
B
Pré-Modernismo / Lima Barreto
C
Modernismo / Machado de Assis
D
Quinhentismo / Euclides da Cunha
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FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Escolas Literárias, Arcadismo

“Iluminismo” é a denominação dada ao conjunto das tendências ideológicas, filosóficas e científicas desenvolvidas no século XVIII, como consequência da recuperação de um espírito experimental, racional, que buscava o saber enciclopédico. O Iluminismo foi uma forte influência para a estética literária designada:

A
Realismo-Naturalismo.
B
Primeira fase Modernista.
C
Quinhentismo ou Literatura de Informação.
D
Arcadismo; também conhecida como Neoclassicismo.
ad270815-fa
FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

O poema a seguir, de Vinicius de Moraes, publicado no livro “Antologia poética” (1954) remete ao ataque nuclear no final da Segunda Guerra Mundial.

A rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada.
(MORAES, Vinicius de. Poesia completa e prosa. São Paulo: Companhia
das Letras, 1992.)

Imagem da explosão da bomba atômica, que serve como tema para a
composição de Vinicius de Moraes.

Comparando a imagem da explosão da bomba atômica com as imagens criadas pelo eu lírico em “A rosa de Hiroshima”, pode-se afirmar que:

A
A linguagem denotativa empregada no poema remete com clareza e objetividade às consequências causadas pelas armas atômicas da segunda guerra.
B
Ocorre uma “distorção” da visão dos resultados da Guerra, conforme mostra a imagem, por meio do poema “A rosa de Hiroshima”; objetivando a sua aceitação.
C
Por meio de uma imagem metafórica que referencia a imagem da explosão, resultado do lançamento da bomba, o autor revela características de participação social.
D
A partir de um tom solene e a utilização do formato tradicional do poema clássico, o poeta demonstra características, no poema em análise, da segunda geração modernista para expressar os horrores da Segunda Guerra Mundial.
ad1c004d-fa
FASEH 2019 - Literatura - Barroco, Escolas Literárias

Leia o soneto de Gregório de Matos.

Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a
quem queria bem

Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:

Tu, que um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.

(MATOS, Gregório de. In: Wisnik, José Miguel [Sel. e org.]. Poemas
escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.)

Analise as assertivas a seguir.

I. As contradições, presentes no Barroco, demonstram sentimentos despertados no eu lírico.
II. No fim do poema, os elementos que produzem as imagens opostas são fundidos havendo, assim, uma conciliação dos opostos.
III. O interlocutor a quem o eu lírico se dirige no poema pode ser identificado como a própria dama a quem entregara seus sentimentos amorosos.
IV. Trata-se de um soneto em versos decassílabos com a presença de rimas intercaladas demonstrando a organização dada aos poemas pelos poetas barrocos.

Estão corretas apenas as afirmativas


A
I e II.
B
III e IV.
C
I, II e IV.
D
II, III e IV.
ad2301b4-fa
FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia a seguir alguns trechos do poema “Ode ao burguês” de Mário de Andrade, publicado na obra “Pauliceia desvairada” (1922).

Ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
O burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

[...]

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte e infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
Sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Ela!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!...

Em relação ao poema, indique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) O título demonstra, após a leitura do poema, a intenção crítica do eu lírico diante do elemento “burguês”.
( ) A expressão “burguês-níquel” demonstra a importância que o eu lírico concede ao dinheiro, ao materialismo.
( ) As características quanto ao tema e ao estilo apresentados tornam o poema um exemplo da literatura da primeira fase do Modernismo no Brasil.
( ) A preocupação com o emprego constante de conectores lógicos demonstra o cuidado com o uso da linguagem, característica marcante da primeira fase modernista.

A sequência está correta em

A
V, V, F, F.
B
F, F, V, F.
C
V, F, V, F.
D
F, V, V, V.
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FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Acerca do Modernismo no Brasil, pode-se afirmar que tal período literário passou por três fases com características próprias e distintas. Dentre as afirmativas a seguir sobre tal assunto, estão todas corretas com EXCEÇÃO de:

A
Na terceira fase modernista, as obras literárias alcançam destaque pela complexidade estética e densidade psicológica.
B
Os modernistas da primeira fase defendiam a difusão das técnicas de vanguarda assim como a manutenção da tradição ignorando a cultura popular.
C
O vínculo entre narrador e personagens teve continuidade na terceira fase modernista por meio da pesquisa de linguagem e aplicação de técnicas apropriadas.
D
Na segunda fase do Modernismo, é possível observar o emprego de técnicas narrativas que aproximavam um narrador culto de personagens desfavorecidas e oprimidas.
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UNEMAT 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

CUNHATÃ


Vinha do Pará

Chamava Siquê.

Quatro anos. Escurinha. O riso gutural da raça.

Piá branca nenhuma corria mais do que ela.


Tinha uma cicatriz no meio da testa:

- Que foi isto, Siquê?

Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra:

- Minha mãe (a madrasta) estava costurando

Disse vai ver se tem fogo

Eu soprei eu soprei eu soprei não vi fogo

Aí ela se levantou e esfregou com minha cabeça na brasa


Rui, riu, riu


Uêrêquitáua.

O ventilador era a coisa que roda.

Quando se machucava, dizia: Ai Zizus!


BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 138.


O poema de Bandeira foi publicado em 1930 e traz algumas palavras da língua indígena misturadas ao português. Já em seu título comparece uma palavra de origem da língua tupi, cunhatã, que significa “menina, moça, mulher adolescente”.


Ao fazer o uso de uma língua indígena nesse poema, observa-se que o autor:

A
Aponta para a questão racial sugerindo a separação entre brancos e negros, sobretudo na primeira estrofe que traz com ênfase as palavras “Escurinha” e “Piá branca”.
B
Ressalta uma marca da cultura indígena, que se mantém bastante presente não somente na produção cultural brasileira, mas também integrada na língua portuguesa do Brasil.
C
Propõe a valorização da língua tupi com o objetivo de dar ênfase à origem do povo brasileiro e de mostrar o valor dos povos da região norte do Brasil, quando cita o lugar de onde veio a menina, Pará.
D
Promove uma crítica com um toque de humor ao português falado fora do padrão culto, ao fazer a reprodução da oralidade.
E
Faz uma crítica bastante severa à violência praticada às crianças no seio familiar.
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UNEMAT 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

SAPO-CURURU

Sapo-cururu
Da beira do rio.
Oh que sapo gordo!
Oh que sapo feio!
Sapo-cururu
Da beira do rio.
Quando o sapo coaxa,
Povoléu tem frio.

Que sapo mais danado,
Ó maninha, Ó maninha!
Sapo-cururu é o bicho
Pra comer de sobreposse.

Sapo-cururu
Da barriga inchada.
Vôte! Brinca com ele...
Sapo cururu é senador da República.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

No texto de Bandeira está explícito o procedimento de intertextualidade caracterizado pelo diálogo que um texto estabelece com outro, o que faz desse poema:

A
uma paródia da cantiga popular “sapo cururu”, em que elementos da canção são mantidos e outros acrescentados com o intuito de satirizar um senador da República.
B
uma paráfrase, pois, embora haja modificações, os sentidos do texto fonte são mantidos, o sapo cururu não é personificado.
C
um hino popular em que se observa que o termo “vôte” não é restrito ao falar cuiabano, pois o autor do texto era um nordestino que vivia em São Paulo e compôs esse poema nas primeiras décadas do século XX.
D
um plágio, pois o autor faz cópia de um texto já existente e isso não é aconselhável.
E
uma apropriação indevida de texto alheio, procedimento comum entre os escritores modernistas.
509077a6-f7
UNEMAT 2016 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

Mas ao cabo de três meses, João Romão, [...] retornou à sua primitiva preocupação com o Miranda, única rivalidade que verdadeiramente o estimulava. Desde que o vizinho surgiu com o baronato, o vendeiro transformava-se por dentro e por fora a causar pasmo. Mandou fazer boas roupas e aos domingos refestelava-se de casaco branco e de meias, assentado defronte da venda, a ler jornais. Depois deu para sair a passeio, vestido de casemira, calçado e de gravata. [...] Já não era o mesmo lambuzão.

Bertoleza é que continuava na cepa torta, sempre a mesma crioula suja, sempre atrapalhada de serviço, sem domingo nem dia santo; essa, em nada, em nada absolutamente, participava das novas regalias Vestibular 2016/2 Página 15 do amigo; pelo contrário, à medida que ele galgava posição social, a desgraçada fazia-se mais e mais escrava e rasteira. [...] p.142

AZEVEDO, Aluisio. O cortiço. 5ª edição. São Paulo: Martin Claret, 2010.

A composição dos personagens é um dos elementos a serem considerados na interpretação de uma obra narrativa. No excerto destacado, tem-se o caso de um personagem que não se modifica no desenrolar da trama e de outro que se transforma na perspectiva da ascensão social e, sobre essa composição, observa-se que:

A
o português João Romão, no romance, representa um tipo que na vida social contemporânea denomina-se “novo-rico” e que corresponde àquela pessoa que enriquece financeiramente e, na mesma proporção e de modo espontâneo, muda seus hábitos socioculturais, que não se restringem apenas às aparências.
B
o fato de um personagem ascender economicamente e de outro manter-se na marginalidade, no romance em questão, possibilita uma reflexão sobre as complexas relações envolvidas nas discrepâncias entre as classes sociais no Brasil e o modo como a literatura lida com tais relações.
C
uma leitura atenta da obra, desde o começo até o final, permite a afirmação de que João Romão enriquece pelo esforço próprio, sem exploração da mão de obra alheia, e graças aos atributos da raça superior a que pertence.
D
Bertoleza, negra, permanece na marginalidade até o final da obra, quando recebe um desfecho trágico. Essa permanência na marginalidade não pode ser questionada no romance, porque o destino das personagens é algo que não sofre qualquer tipo de determinação e não se discute no plano da referida narrativa.
E
a única motivação de João Romão era o acúmulo de capital. Sua rivalidade com Miranda, que obtivera o título de Barão, não levava em conta o prestígio social advindo do baronato, fato que João Romão desprezava.