Questõessobre Literatura

1
Foram encontradas 1544 questões
3ee05667-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia os segmentos abaixo do ensaio A nova narrativa, de Antônio Candido, sobre a ficção brasileira a partir da década de 1960.

O esforço do escritor atual e inverso. Ele deseja apagar as distancias sociais, identificando-se com a matéria popular. Por isso usa a primeira pessoa como recurso para confundir autor e personagem, adotando uma espécie de discurso direto permanente e desconvencionalizado, que permite fusão maior que a do indireto livre. Esta abdicação estilística e um traço da maior importância na atual ficção brasileira.
[ ... ]
Este animo de experimentar e renovar talvez enfraqueça a ambição criadora, porque se concentra no pequeno fazer de cada texto. Daí o abandono dos grandes projetos de antanho. [ ... ] O ímpeto narrativo se atomiza e a unidade ideal acaba sendo o canto, a crônica, o sketch, que permitem manter a tensão difícil da violência, do insólito ou da visão fulgurante.

Considere as seguintes afirmações.

I - O autor procura justificar a tendência crescente de romances brasileiros narrados em primeira pessoa, que se verifica ate hoje.
II - Os "grandes projetos" podem ser exemplificados em obras como o Cicio da cana-de-açúcar, de Jose Lins do Rego, como os Romances da Bahia, de Jorge Amado, como O tempo e o vento, de Erico Verissimo.
III- O autor procura justificar a emergência de narrativas curtas no Brasil, coma o canto e a crônica.

Quais estão corretas?

A
Apenas I.
B
Apenas III.
C
Apenas I e II.
D
Apenas II e III.
E
I, II e III.
3edca32f-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Instrução: A questão refere-se a obra As meninas, de Lygia Fagundes Telles.


Leia o fragmento a seguir da obra, em que a personagem Lia conversa com o motorista de Lorena.


- A filha também lhe da alegria? Ele demora na resposta. Vejo sua boca entortar. - Essa moda que vocês tem, essa de liberdade. Cismou de andar solta demais e não topo isso. Agora inventou de estudar de novo. Entrou num curso de madureza.

- E isso não e bom? - S6 sei que antes de fechar os olhos quero ver a garota casada, e s6 o que peço a Deus. Ver ela casada.

- Garantida, o senhor quer dizer. Mas ela pode estudar, ter uma profissão e casar também, não e mais garantido assim? Se casar errado, fica desempregada. Mais velha, com filhos, entende [ ... ].

- A Loreninha também fala assim mas vocês são de família rica, podem ter esses luxos. Minha filha e moça pobre e lugar de moça pobre e em casa, com o marido, com os filhos. Estudar s6 serve pra atrapalhar a cabeça dela quando estiver lavando roupa no tanque.


Considere as afirmac;6es abaixo, a respeito da situação da mulher, tema ilustrado no fragmento acima e presente em outros momentos do romance.


I - 0 discurso do motorista e exemplo de postura patriarcalista, que desaprova a liberdade da mulher, especialmente se ela for de classe baixa, pois a maior aspiração que ela pode ter na vida e o casamento.

II - A sexualidade feminina não e tema tratado no romance, aparecendo apenas de modo difuso, a fim de escapar da censura vigente a época de sua publicação, em 1973.

III- As ideias de Lia mostram sua postura libertaria em relação ao papel da mulher na sociedade, contrariando as vis6es estereotipadas que a reduzem a um ser passivo e dependente dos homens.


Quais estao corretas?

A
Apenas I.
B
Apenas II.
C
Apenas I e III.
D
Apenas II e III.
E
I, II e III.
3ed91aa7-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Instrução: A questão refere-se a obra As meninas, de Lygia Fagundes Telles.

No bloco superior abaixo, estão listadas personagens do romance; no inferior, características dessas personagens.

Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.

1. Lorena Vaz Leme
2. Lia de Melo Shultz
3. Ana Clara Conceição

( ) E modelo, viciada em drogas, e divide-se entre o noivo rico e o amante traficante.
( ) Envolve-se na militância política contra a ditadura e presencia a prisão de seu namorado.
( ) E culta, vive trancada em seu quarto-concha, possui um passado trágico, relacionado a morte do irmão e a loucura do pai.
( ) E filha de mãe baiana, vai para São Paulo estudar Ciências Sociais, fugindo do passado sombrio do pai, um ex-militar nazista.

A sequencia correta, de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, e

A
3 - 2 - 1 - 3.
B
2 - 3 - 3 - 2.
C
2 - 3 - 3 - 1.
D
1 - 2 - 1 - 2.
E
3 - 2 - 1 - 2.
3eb752c6-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Naturalismo, Modernismo, Escolas Literárias

Considere as seguintes afirmações sobre os romances abaixo.

I - A personagem Bertoleza, de O cortiço, representa um entrave as ambições de Joao Romão de ascender socialmente, razão pela qual ele planeja devolve-la ao seu antigo senhor, na condição de escrava que era.
II - Euclides da Cunha narra, em "A luta", terceira parte de Os sertões, as formas de organização e as estratégias de combate dos sertanejos, liderados por Antonio Conselheiro, que derrotam o Exercito Republicano.
III- O personagem Ricardo Coração dos Outros, em Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, e um musico popular, que goza da estima da mais alta sociedade carioca, por ser a expressão característica da alma nacional.

Quais estão corretas?

A
Apenas I.
B
Apenas III.
C
Apenas I e II.
D
Apenas II e III.
E
I, II e III.
3ec86ed7-f9
UFRGS 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Instrução: A questão refere-se a obra São Bernardo, de Graciliano Ramos.

Assinale a alternativa correta a respeito do romance.

A
0 romance inicia com uma discussão sabre o processo de escrita, que o narrador delega a pessoas cultas, par julga-las mais capazes de representar literariamente os modos de falar da gente do sertão.
B
Paulo Hon6rio, apesar da realidade hostil e da decadência moral e material que se abate sobre ele, registra, ao escrever suas mem6rias, as amizades que acumulou ao longo da vida, o amor e a harmoniosa convivência ao lado da esposa Madalena.
C
0 sentimento de posse e de propriedade por bens materiais domina a personalidade de Paulo Honório, estendendo-se as suas relações afetivas, concretizadas em termos utilitários.
D
A narrativa de Paulo Honório e objetiva, seca e curta, uma vez que reflete a personalidade autoritária de seu autor, sem abrir espaço para indagações, hesitações, negações ou duvidas.
E
A objetividade e a assertividade da escrita, diante dos fatos duros e cruéis do mundo, impedem que se desencadeie um processo de tomada de consciência, revelador das contradições do narrador.
8ca090e6-f8
UEG 2015 - Literatura - Barroco, Vanguardas Europeias, Parnasianismo, Escolas Literárias, Arcadismo

Considerando o experimentalismo surgido com as vanguardas do século XX, constata-se que os poemas de Campos e Pontes são respectivamente

Observe os dois poemas a seguir para responder à questão.

Haroldo de Campos. Cristal, em fome de forma In: AGUILAR, Gonçalo. Poesia brasileira As vanguardas na encruzilhada modernista. São Paulo: UNESP, 2005 p. 195



Hugo Pontes. In:<https://www.germinaliteratura.com.br/>. Acesso: 24 mar. de 2015.
A
poema árcade e poesia futurista.
B
poesia concreta e poema processo.
C
poema abstrato e poesia surreal.
D
poesia parnasiana e poema barroco.
8c9adc34-f8
UEG 2015 - Literatura - Escolas Literárias, Arcadismo

Embora O Uraguai seja considerado a melhor realização épica do Arcadismo brasileiro, nota-se, na obra, uma quebra do modelo da epopeia clássica. Em termos de conteúdo, tanto no trecho quanto na pintura apresentados, essa quebra se evidencia

Observe a pintura e leia o fragmento a seguir para responder à questão.


MEIRELLES, Victor. Batalha dos Guararapes. Disponível em:<https://www.museus.gov.br/tag/victor-meirelles/>. Acesso em: 24 mar. 2015.

Vinha logo de guardas rodeado
Fonte de crimes, militar tesouro,
Por quem deixa no rego o curto arado
O lavrador, que não conhece a glória;
E vendendo a vil preço o sangue e a vida
Move, e nem sabe por que move a guerra. 
GAMA, Basílio. O Uraguai. In. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 67.

A
pela representação de situações tragicômicas.
B
pelo retrato de episódios de bravura e heroísmo.
C
pela alusão a heróis mitológicos da Grécia Antiga.
D
pelo questionamento da guerra como algo positivo.
bb4f33a1-f7
UEG 2016 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

A produção artística no Paleolítico se caracteriza pelo

A
uso de pedras polidas, a partir da descoberta de que, mediante o atrito, as pedras poderiam ser polidas e utilizadas no processo de confecção artística.
B
naturalismo, pois as imagens da época são naturalistas, ou seja, representam os seres conforme a visão que os homens da época tinham da natureza.
C
uso dos metais, o que foi possibilitado a partir do domínio do fogo, com o qual os homens derretiam o metal para, depois, trabalharem-no artisticamente.
D
naturalismo, uma vez que as imagens do período estavam intimamente ligadas à religião, servindo de veículo para propagação de crenças religiosas.
E
uso de pedras preciosas e de metais nobres, o que propiciou a criação de artefatos imponentes e valiosos, tanto do ponto de vista artístico quanto material.
ad1c004d-fa
FASEH 2019 - Literatura - Barroco, Escolas Literárias

Leia o soneto de Gregório de Matos.

Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a
quem queria bem

Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:

Tu, que um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.

(MATOS, Gregório de. In: Wisnik, José Miguel [Sel. e org.]. Poemas
escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.)

Analise as assertivas a seguir.

I. As contradições, presentes no Barroco, demonstram sentimentos despertados no eu lírico.
II. No fim do poema, os elementos que produzem as imagens opostas são fundidos havendo, assim, uma conciliação dos opostos.
III. O interlocutor a quem o eu lírico se dirige no poema pode ser identificado como a própria dama a quem entregara seus sentimentos amorosos.
IV. Trata-se de um soneto em versos decassílabos com a presença de rimas intercaladas demonstrando a organização dada aos poemas pelos poetas barrocos.

Estão corretas apenas as afirmativas


A
I e II.
B
III e IV.
C
I, II e IV.
D
II, III e IV.
ad2ec73d-fa
FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Escolas Literárias, Arcadismo

“Iluminismo” é a denominação dada ao conjunto das tendências ideológicas, filosóficas e científicas desenvolvidas no século XVIII, como consequência da recuperação de um espírito experimental, racional, que buscava o saber enciclopédico. O Iluminismo foi uma forte influência para a estética literária designada:

A
Realismo-Naturalismo.
B
Primeira fase Modernista.
C
Quinhentismo ou Literatura de Informação.
D
Arcadismo; também conhecida como Neoclassicismo.
ad1f727c-fa
FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Acerca do Modernismo no Brasil, pode-se afirmar que tal período literário passou por três fases com características próprias e distintas. Dentre as afirmativas a seguir sobre tal assunto, estão todas corretas com EXCEÇÃO de:

A
Na terceira fase modernista, as obras literárias alcançam destaque pela complexidade estética e densidade psicológica.
B
Os modernistas da primeira fase defendiam a difusão das técnicas de vanguarda assim como a manutenção da tradição ignorando a cultura popular.
C
O vínculo entre narrador e personagens teve continuidade na terceira fase modernista por meio da pesquisa de linguagem e aplicação de técnicas apropriadas.
D
Na segunda fase do Modernismo, é possível observar o emprego de técnicas narrativas que aproximavam um narrador culto de personagens desfavorecidas e oprimidas.
ad2b0392-fa
FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

“O _______________________ contou com importantes cronistas, que documentaram a modernização do país e seus contrastes. Um deles foi ____________________, autor de “Triste fim de Policarpo Quaresma.” Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa anterior.

A
Realismo / Mário de Andrade
B
Pré-Modernismo / Lima Barreto
C
Modernismo / Machado de Assis
D
Quinhentismo / Euclides da Cunha
ad270815-fa
FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

O poema a seguir, de Vinicius de Moraes, publicado no livro “Antologia poética” (1954) remete ao ataque nuclear no final da Segunda Guerra Mundial.

A rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada.
(MORAES, Vinicius de. Poesia completa e prosa. São Paulo: Companhia
das Letras, 1992.)

Imagem da explosão da bomba atômica, que serve como tema para a
composição de Vinicius de Moraes.

Comparando a imagem da explosão da bomba atômica com as imagens criadas pelo eu lírico em “A rosa de Hiroshima”, pode-se afirmar que:

A
A linguagem denotativa empregada no poema remete com clareza e objetividade às consequências causadas pelas armas atômicas da segunda guerra.
B
Ocorre uma “distorção” da visão dos resultados da Guerra, conforme mostra a imagem, por meio do poema “A rosa de Hiroshima”; objetivando a sua aceitação.
C
Por meio de uma imagem metafórica que referencia a imagem da explosão, resultado do lançamento da bomba, o autor revela características de participação social.
D
A partir de um tom solene e a utilização do formato tradicional do poema clássico, o poeta demonstra características, no poema em análise, da segunda geração modernista para expressar os horrores da Segunda Guerra Mundial.
ad2301b4-fa
FASEH 2019, FASEH 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia a seguir alguns trechos do poema “Ode ao burguês” de Mário de Andrade, publicado na obra “Pauliceia desvairada” (1922).

Ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
O burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

[...]

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte e infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
Sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Ela!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!...

Em relação ao poema, indique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) O título demonstra, após a leitura do poema, a intenção crítica do eu lírico diante do elemento “burguês”.
( ) A expressão “burguês-níquel” demonstra a importância que o eu lírico concede ao dinheiro, ao materialismo.
( ) As características quanto ao tema e ao estilo apresentados tornam o poema um exemplo da literatura da primeira fase do Modernismo no Brasil.
( ) A preocupação com o emprego constante de conectores lógicos demonstra o cuidado com o uso da linguagem, característica marcante da primeira fase modernista.

A sequência está correta em

A
V, V, F, F.
B
F, F, V, F.
C
V, F, V, F.
D
F, V, V, V.
ad180d24-fa
FASEH 2019 - Literatura - Gênero Épico ou Narrativo, Gêneros Literários

Em relação à estrutura de um poema épico, cujas partes são denominadas cantos, relacione adequadamente as colunas a seguir.

1. Proposição.
2. Invocação.
3. Narração.
4. Conclusão.

( ) Definição do tema e do herói do poema.
( ) Ocorre após o relato dos feitos gloriosos que marcaram a trajetória do herói.
( ) Refere-se à apresentação da sequência cronológica dos fatos que envolvem as aventuras do herói.
( ) Pedido do poeta à Musa para que lhe inspire, para que desenvolva perfeitamente o tema de seu poema.

Está correta a sequência em

Vida pós-Zika

Com ajuda de mães, estudo descobre imunidade após
contato com o vírus.

     Um estudo feito em parceria com 50 mães que tiveram Zika durante a gravidez concluiu que a maior parte delas — e de seus filhos — desenvolveu imunidade ao vírus. A descoberta, feita por pesquisadores da Fiocruz e do Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense, será apresentada hoje às mães.
     As mulheres, que participam da pesquisa voluntariamente, tiveram a infecção durante a gestação e são acompanhadas desde 2016, ao lado de seus filhos. Alguns deles nasceram com a síndrome da Zika Congênita, caracterizada principalmente pela microcefalia; outros têm alterações neurológicas, embora não possuam a síndrome; e o último grupo é assintomático.
    No Hospital Antônio Pedro, 36 profissionais fazem o acompanhamento clínico em que avaliam e estimulam o desenvolvimento das crianças, moradoras de Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí. Ali, coletam o sangue que é estudado por 22 cientistas da Fiocruz. Há três principais linhas de pesquisa, sendo a de maior impacto para a população a que resultou na descoberta sobre a imunidade.
    Segundo Luzia Maria de Oliveira Pinto, pesquisadora do Laboratório de Imunologia Viral do Instituto Oswaldo Cruz, que coordena os estudos, os dados finais ainda estão sendo concluídos, mas já se pode cravar que a maioria das pessoas pesquisadas desenvolveu, sim, imunidade ao vírus.
   Outros dois estudos estão sendo finalizados: um avalia se a intensidade da resposta inflamatória do organismo para combater o vírus na gravidez tem impacto no desfecho clínico do bebê; e o outro verifica se as células podem produzir proteínas e anticorpos contra o vírus.
    — Sem essas mães não conseguiríamos fazer as pesquisas. A consequência da infecção já aconteceu. Por isso é um ato que não vai ajudá-las diretamente, mas pode ajudar outras famílias, até porque podem ocorrer novas epidemias — enfatiza a pesquisadora.
   Mesmo sem poder se beneficiar diretamente do impacto das pesquisas, nenhuma mãe atendida pelo Hospital Antônio Pedro se recusou a colaborar com os cientistas.
   — Por isso quisemos dar uma resposta a elas, mostrar: “olha como vocês contribuíram para a ciência”. A maioria dessas mães era produtiva, tinha emprego, e tudo mudou completamente. A vida delas é dedicada às crianças. Levam os filhos de duas a três vezes por semana para estimulação com fisioterapia, psicologia, fonoaudióloga… São lutadoras — afirma a coordenadora do projeto, Claudete Araújo Cardoso, infectologista pediátrica da Faculdade de Medicina da UFF.
    A pesquisadora conta ainda que pretende acompanhar os casos até os bebês crescerem:
   — Essas crianças vão ter que continuar sendo estimuladas. Como protocolo de pesquisa, o Ministério da Saúde orienta acompanhá-las por três anos, e decidimos acompanhar por cinco. Mas vou acompanhá-las até virarem adultas.
  Na mesma semana em que descobriu que estava grávida, manchas vermelhas apareceram no corpo de Kamila Mitidieri, de 23 anos. Era Zika. Sophia nasceu com a síndrome. Agora tem 2 anos e 9 meses e faz fisioterapia motora e respiratória e frequenta a fonoaudióloga.
   — Ela está se desenvolvendo bem melhor. Aprendeu até a falar “mãe”. Eu sempre soube que ela precisaria de um cuidado maior do que uma criança que não tem nada. Há três meses consegui um emprego, mas tive que sair porque a dona do salão não aceitava que eu levasse minha filha ao médico.
   Apesar das dificuldades do dia a dia, ela não hesita em ajudar nas pesquisas e enfrenta seus temores:
   — Realmente eu odeio tirar sangue, mas toda vez que me pedem eu tiro. Tenho vontade de ter outro filho, mas tenho medo.
  Logo depois que Elisangela Patricia, de 37 anos, recebeu o diagnóstico de Zika, descobriu que estava grávida. Na hora, os médicos disseram que seu filho teria microcefalia, mas não foi o que aconteceu. Ele nasceu sem sintomas, mas, com o passar do tempo, alterações foram sendo descobertas. Samuel Travassos, de 2 anos e 10 meses, tem pequenos cistos no cérebro, atraso no desenvolvimento e suspeita de autismo.
   — Fico com ele o tempo todo, 24 horas por dia. É cansativo, não consigo cuidar de mim, tenho pressão alta e bronquite, mas ele precisa mais que eu. É grudado em mim, toma meu tempo todo, mas eu sempre participo de tudo. Se dizem que tem uma pesquisa, eu ajudo, mesmo não sabendo o que é. Tem que estudar, que pesquisar. Eles ajudam a gente, e a gente ajuda eles.
(TATSCH, Constança. O Globo. 05 de outubro de 2019.)
A
1, 2, 3, 4.
B
2, 3, 4, 1.
C
3, 4, 2, 1.
D
1, 4, 3, 2.
50875e25-f7
UNEMAT 2016 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

I
Óbito do autor

“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Móises, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.

Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova: - ‘Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a Humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas: tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado’.

Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.” [...]

ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 2. ed. São Paulo; Martin Claret, 2010, página 17. PAZ, Octavio. Signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 2003.

Segundo o mexicano Octavio Paz, os elementos da ironia e do humor são marcas fundantes do romance moderno. A ironia é o elemento que consiste em exprimir o contrário daquilo que se está pensando ou sentindo, e na maioria das vezes traz um toque de sarcasmo ou depreciação, maneira também de fazer críticas a alguma situação ou a algum comportamento de alguém. O humor, enquanto isso, consiste no elemento ou construção de enunciado que aponta para o cômico, o divertido, sendo ele também uma maneira de fazer críticas.

No trecho transcrito do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, constata-se a ironia no seguinte enunciado:

A
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar meu nascimento ou a minha morte.”
B
“Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara do Catumbi.”
C
“Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.”
D
“Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
E
“Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.”
508af688-f7
UNEMAT 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

CUNHATÃ


Vinha do Pará

Chamava Siquê.

Quatro anos. Escurinha. O riso gutural da raça.

Piá branca nenhuma corria mais do que ela.


Tinha uma cicatriz no meio da testa:

- Que foi isto, Siquê?

Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra:

- Minha mãe (a madrasta) estava costurando

Disse vai ver se tem fogo

Eu soprei eu soprei eu soprei não vi fogo

Aí ela se levantou e esfregou com minha cabeça na brasa


Rui, riu, riu


Uêrêquitáua.

O ventilador era a coisa que roda.

Quando se machucava, dizia: Ai Zizus!


BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 138.


O poema de Bandeira foi publicado em 1930 e traz algumas palavras da língua indígena misturadas ao português. Já em seu título comparece uma palavra de origem da língua tupi, cunhatã, que significa “menina, moça, mulher adolescente”.


Ao fazer o uso de uma língua indígena nesse poema, observa-se que o autor:

A
Aponta para a questão racial sugerindo a separação entre brancos e negros, sobretudo na primeira estrofe que traz com ênfase as palavras “Escurinha” e “Piá branca”.
B
Ressalta uma marca da cultura indígena, que se mantém bastante presente não somente na produção cultural brasileira, mas também integrada na língua portuguesa do Brasil.
C
Propõe a valorização da língua tupi com o objetivo de dar ênfase à origem do povo brasileiro e de mostrar o valor dos povos da região norte do Brasil, quando cita o lugar de onde veio a menina, Pará.
D
Promove uma crítica com um toque de humor ao português falado fora do padrão culto, ao fazer a reprodução da oralidade.
E
Faz uma crítica bastante severa à violência praticada às crianças no seio familiar.
509077a6-f7
UNEMAT 2016 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

Mas ao cabo de três meses, João Romão, [...] retornou à sua primitiva preocupação com o Miranda, única rivalidade que verdadeiramente o estimulava. Desde que o vizinho surgiu com o baronato, o vendeiro transformava-se por dentro e por fora a causar pasmo. Mandou fazer boas roupas e aos domingos refestelava-se de casaco branco e de meias, assentado defronte da venda, a ler jornais. Depois deu para sair a passeio, vestido de casemira, calçado e de gravata. [...] Já não era o mesmo lambuzão.

Bertoleza é que continuava na cepa torta, sempre a mesma crioula suja, sempre atrapalhada de serviço, sem domingo nem dia santo; essa, em nada, em nada absolutamente, participava das novas regalias Vestibular 2016/2 Página 15 do amigo; pelo contrário, à medida que ele galgava posição social, a desgraçada fazia-se mais e mais escrava e rasteira. [...] p.142

AZEVEDO, Aluisio. O cortiço. 5ª edição. São Paulo: Martin Claret, 2010.

A composição dos personagens é um dos elementos a serem considerados na interpretação de uma obra narrativa. No excerto destacado, tem-se o caso de um personagem que não se modifica no desenrolar da trama e de outro que se transforma na perspectiva da ascensão social e, sobre essa composição, observa-se que:

A
o português João Romão, no romance, representa um tipo que na vida social contemporânea denomina-se “novo-rico” e que corresponde àquela pessoa que enriquece financeiramente e, na mesma proporção e de modo espontâneo, muda seus hábitos socioculturais, que não se restringem apenas às aparências.
B
o fato de um personagem ascender economicamente e de outro manter-se na marginalidade, no romance em questão, possibilita uma reflexão sobre as complexas relações envolvidas nas discrepâncias entre as classes sociais no Brasil e o modo como a literatura lida com tais relações.
C
uma leitura atenta da obra, desde o começo até o final, permite a afirmação de que João Romão enriquece pelo esforço próprio, sem exploração da mão de obra alheia, e graças aos atributos da raça superior a que pertence.
D
Bertoleza, negra, permanece na marginalidade até o final da obra, quando recebe um desfecho trágico. Essa permanência na marginalidade não pode ser questionada no romance, porque o destino das personagens é algo que não sofre qualquer tipo de determinação e não se discute no plano da referida narrativa.
E
a única motivação de João Romão era o acúmulo de capital. Sua rivalidade com Miranda, que obtivera o título de Barão, não levava em conta o prestígio social advindo do baronato, fato que João Romão desprezava.
5093f780-f7
UNEMAT 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

SAPO-CURURU

Sapo-cururu
Da beira do rio.
Oh que sapo gordo!
Oh que sapo feio!
Sapo-cururu
Da beira do rio.
Quando o sapo coaxa,
Povoléu tem frio.

Que sapo mais danado,
Ó maninha, Ó maninha!
Sapo-cururu é o bicho
Pra comer de sobreposse.

Sapo-cururu
Da barriga inchada.
Vôte! Brinca com ele...
Sapo cururu é senador da República.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

No texto de Bandeira está explícito o procedimento de intertextualidade caracterizado pelo diálogo que um texto estabelece com outro, o que faz desse poema:

A
uma paródia da cantiga popular “sapo cururu”, em que elementos da canção são mantidos e outros acrescentados com o intuito de satirizar um senador da República.
B
uma paráfrase, pois, embora haja modificações, os sentidos do texto fonte são mantidos, o sapo cururu não é personificado.
C
um hino popular em que se observa que o termo “vôte” não é restrito ao falar cuiabano, pois o autor do texto era um nordestino que vivia em São Paulo e compôs esse poema nas primeiras décadas do século XX.
D
um plágio, pois o autor faz cópia de um texto já existente e isso não é aconselhável.
E
uma apropriação indevida de texto alheio, procedimento comum entre os escritores modernistas.
2144cf7b-f7
UEG 2015 - Literatura - Barroco, Naturalismo, Modernismo, Quinhentismo, Realismo, Escolas Literárias, Arcadismo

Verifica-se que os versos e a pintura, em razão das características que lhes são peculiares, pertencem respectivamente aos períodos

Leia o poema e observe a pintura a seguir para responder à questão.


                                                      Destes penhascos fez a natureza

                                                      O berço, em que nasci: oh quem cuidara,

                                                      Que entre pedras tão duras se criara

                                                      Uma alma terna, um peito sem dureza!


                                                      Amor, que vence os tigres, por empresa

                                                      Tomou logo render-me ele declara

                                                      Centra o meu coração guerra tão rara,

                                                      Que não me foi bastante a fortaleza


                                                      Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,

                                                      A que dava ocasião minha brandura,

                                                      Nunca pude fugir ao cego engano:


                                                      Vós, que ostentais a condição mais dura,

                                                      Temei, penhas, temei; que Amor tirano,

                                                      Onde há mais resistência mais se apura


COSTA, Claudio Manuel da. Soneto XCVIII. Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>.  Acesso em: 26 ago. 2015



CARAVAGGIO, Michelangelo. Conversão de São Paulo – 1600-1601. Óleo sobre tela. Disponível em: <galleryhip.com>.  Acesso em: 26 ago. 2015.

A
Árcade e Barroco
B
Romântico e Realista
C
Quinhentista e Naturalista
D
Modernista e Vanguardista