Questõesde UNIOESTE sobre História

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UNIOESTE 2019 - História - História Geral, Renascimento Científico, Artístico e Cultural

“(...) nós, contemporâneos, enxergamos os antigos com admiração e grandiosidade. Sendo assim, deve-se destacar que, sempre no tempo presente, utilizamos de conceitos que remetem à Antiguidade para batizar objetos novos, com o intuito de lhes dar grandeza. Por meio de uma construção ideológica de Ocidente, o mais comum neste processo de busca do passado são as reivindicações do passado correspondente à Antiguidade Clássica, com a ideia de pertencimento ou legado da Grécia e Roma Antigas”.


BONFÁ, Douglas Cerdeira. “Antiguidade, identidade e os usos do passado”. In: Revista Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade. Campinas, nº 30, p. 13, jan-dez 2016.


Com base na afirmação acima, assinale a alternativa INCORRETA.

A
Maquiavel é um grande exemplo de pensador que rechaçou a valorização da Antiguidade, pois esta não fornecia bons exemplos para serem seguidos em outras épocas.
B
Os estudos clássicos, principalmente durante os séculos XIX e XX, desempenharam um papel central no esforço de legitimação histórica da cultura europeia ocidental.
C
A Antiguidade, a serviço da experiência totalitária italiana na primeira metade do século XX, foi idealizada com um exaustivo apelo ao chamado mito da romanidade.
D
Após o final da segunda grande guerra, o cinema (principalmente nos EUA) teve como uma das principais temáticas o gênero épico, em especial a Roma Antiga.
E
A ideia de império, em essência monárquico e com um poder por vezes centralizado e sacralizado, tem uma longa história que remonta à Antiguidade.
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UNIOESTE 2019 - História - República Oligárquica - 1889 a 1930, História do Brasil

“Canudos de hoje é a terceira da história. A primeira, criada no século 18, foi destruída pelo Exército em 1897, no fim da guerra. A segunda surgiu por volta de 1910, construída sobre as ruínas da anterior. Os primeiros habitantes eram sobreviventes do conflito. Em 1950, com o início das obras da barragem que inundaria o local, os moradores começaram a sair, formando um novo vilarejo a uma distância de cerca de 20 quilômetros. A segunda Canudos desapareceu sob as águas do açude do Cocorobó, em 1969. O vilarejo tornou-se, em 1985, a terceira Canudos.”


ALMEIDA, M. V. “Destruída duas vezes, Canudos sobrevive em meio a escombros e miséria”. Folha de São Paulo, São Paulo, 09 jun. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/06/destruida-duas-vezes-canudos-sobrevive-em-meio-a-escombros-e-miseria.shtml Acesso em: 09 jun. 2019.


A cidade atual, com seus mais de 16 mil habitantes, apresenta graves problemas sociais. Por isso, permanecer em Canudos expõe a resistência e tensão frente às péssimas condições de vida que, para a grande maioria, não são meras adversidades momentâneas. Em relação à historicidade que envolve Canudos é CORRETO afirmar.

A
Antônio Conselheiro conseguiu desviar a atenção da população, afastando-os das contestações sobre os altos impostos e se restringindo às crenças religiosas pacíficas.
B
O predomínio de uma imagem messiânica do conflito ocorrido em Canudos no século XIX permitiu um grande desenvolvimento econômico na região, advindo tanto do turismo quanto das explorações arqueológicas do lugar.
C
A tentativa de conservar modos de vida e garantir direitos se contrasta com a seca, fome, falta de perspectivas e renda na região. Por isso, hoje o povoado está abandonado.
D
A construção da barragem fez parte de um conjunto de ações sugeridas como parte do combate à seca e desenvolvimento econômico do Nordeste. Portanto, sua presença na história de Canudos não prejudicou a memória do lugar, pois conservou grande parte da cidade antiga.
E
O processo histórico que envolve a constituição da República, ao final do século XIX, indica contestações ao projeto de nação em curso, uma vez que muitos conflitos marcaram esse momento, apontando tensões e desigualdades fortemente repreendidas.
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UNIOESTE 2019 - História - História Geral, Revolução Industrial

Leia atentamente a afirmação abaixo:


“O momento seguinte da expansão da economia industrial, e aquele que mais diretamente nos interessa aqui, foi desencadeado pelo advento da chamada Segunda Revolução Industrial, também intitulada de Revolução Científico-Tecnológica, ocorrida de meados do século (XIX) à sua plena configuração em 1870 (...) No curso de seus desdobramentos surgirão, apenas para se ter uma breve ideia, os veículos automotores, os transatlânticos, os aviões, o telégrafo, o telefone, a iluminação elétrica e a ampla gama de utensílios domésticos, a fotografia, o cinema, a televisão, os arranha-céus e seus elevadores (...) o sabão em pó, os refrigerantes gasosos, o fogão a gás, o aquecedor elétrico, o refrigerante e o sorvete, as comidas enlatadas, as cervejas engarrafadas, a Coca-Cola, a aspirina, o Sonrisal (...) E não era só uma questão de variedade de novos equipamentos, produtos e processos que entravam para o cotidiano, mas o mais perturbador era o ritmo com que estas inovações invadiam o dia-a-dia das pessoas, principalmente no contexto de outro fenômeno derivado da revolução, as grandes metrópoles modernas (...)”


SEVCENKO, N. “O prelúdio republicano: astúcias da ordem e ilusões do progresso”. In: SEVCENKO, N. (Org.). História da vida privada no Brasil: da Belle Époque à era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, v. 3, p. 09-10.



Sobre os impactos causados pela chamada “Segunda Revolução Industrial” é CORRETO afirmar que:

A
como resultado das transformações históricas do capitalismo, exclusivamente nos Estados Unidos, esta revolução gerou uma sociedade baseada no consumismo.
B
todos os produtos, processos e equipamentos listados pelo autor na citação acima não pertencem mais ao cotidiano das pessoas que vivem no século XXI.
C
seu ritmo perturbador provocou mudanças nos hábitos e comportamentos sociais, destaque para as práticas do consumo de produtos industrializados.
D
uma das características desta revolução nos campos da ciência e da tecnologia foi ser responsável por transformar a União Soviética numa potência capitalista mundial.
E
as grandes metrópoles representaram um “fenômeno derivado da revolução”, porque foram nelas que a expansão da economia industrial trouxe o fim do consumismo.
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UNIOESTE 2019 - História - República Autoritária : 1964- 1984, História do Brasil

Preste atenção nas duas imagens que seguem abaixo:



IMAGEM 1: Selo comemorativo da conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira em junho de 1970. Disponível em: https://www.ludopedio.com.br/arquibancada/militarizacao-do-futebol-brasileiro-como- -selecao-foi-afetada-na-copa-de-1970/ Aceso em: 24 ago 2019.


IMAGEM 2: Charge de 1970, do cartunista Jaguar, expondo as contradições vividas pela população pobre no país na época da ditadWWura. Disponível em: https://trivela.com.br/a-charge-de-futebol-de-o-pasquim-que-quase-mandou-carlos-drummond-a-prisao/ Acesso em: 23 ago 2019.



Em 2020 completar-se-ão exatos 50 anos da conquista do tricampeonato mundial de futebol. Em 1970, vivíamos um período de endurecimento da Ditadura Militar no Brasil, mas, ao mesmo tempo, uma certa euforia em torno do chamado “Milagre Econômico”, que coincidia com a vitória da seleção brasileira no México. Contudo, a propaganda ufanista sobre o regime era contraposta pela visão crítica de que o “milagre” não seria uma conquista para todos os brasileiros.



Baseando-se nas imagens, é CORRETO afirmar que:

A
a situação de extrema miséria a que estava submetida as camadas populares no Brasil durante a ditadura influenciou decisivamente na conquista da Copa do Mundo de 1970.
B
de acordo com a charge, enquanto o regime militar usava o tricampeonato como propaganda do “milagre”, a maioria da população padecia na fome e na miséria social.
C
o “milagre econômico”, vivido no Brasil entre os anos de 1975 e 1979, propiciou um ciclo de desenvolvimento que beneficiou principalmente o grande empresariado.
D
durante a Copa do Mundo de 1970, realizada na Alemanha Ocidental, eram comuns nas páginas de jornais e revistas do país as propagandas que enalteciam o Regime Militar
E
entre as duas imagens não há quaisquer conexões, pois, durante a ditadura os governos militares erradicaram totalmente a fome e a miséria no Brasil.
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UNIOESTE 2019 - História - Medievalidade Europeia, História Geral

“No caso do que chamamos de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal preconceito, pois o termo expressava um desprezo indisfarçado em relação aos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVI. Este se via como o renascimento da civilização greco-latina, e, portanto, tudo que estivera entre aqueles picos de criatividade artístico-literária (de seu próprio ponto de vista, é claro) não passara de um hiato, de um intervalo. Logo, de um tempo intermediário, de uma Idade Média”.

FRANCO JÚNIOR, Hilário. Prefácio. In: A Idade Média: o nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001.


Tomando por base a referência acima, assinale a alternativa INCORRETA.

A
A sociedade feudal não terminou com o início da chamada Idade Moderna entre os séculos XVI e XVIII, pois no Japão, por exemplo, o Feudalismo sobreviveu ainda até o século XIX
B
Os Humanistas, por toda a Europa, dedicaram-se a traduzir e comentar os textos clássicos, pois acreditaram que o trabalho com as fontes antigas traria o conhecimento de forma rigorosa e apurada.
C
As estruturas sociais, políticas, filosóficas e econômicas da Idade Média foram reforçadas e alimentadas por dois importantes movimentos: O Renascimento e a Reforma Religiosa. Este último, teve em Lutero, um importante personagem.
D
Autores do movimento Iluminista acentuaram seu desprezo pela Idade Média, censurando uma forte religiosidade, uma escassa racionalidade bem como um exagerado peso político da Igreja.
E
A Europa Ocidental conviveu, ao longo da Idade Média, com duas significativas culturas: a Bizantina e a Árabe. Ambas tiveram influência em diversos campos do conhecimento.
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UNIOESTE 2016 - História - Medievalidade Europeia, História Geral

Sobre as cidades ao longo da História, assinale a alternativa INCORRETA.


"Uma vertente importante do pensamento sobre a cidade e o urbanismo está hoje ancorada na história. Isto vale não só para o Brasil, mas para muitos outros países. Diversas são as formas que tomam esse renovado interesse pela história: de um lado, mais pragmático, comparecem a valorização do patrimônio histórico – quase sempre de olho nas perspectivas oferecidas pelo desenvolvimento turístico – e a criação de novos espaços, consistente ou banal, inspirada em formas urbanas tradicionais; de outro, o enorme desenvolvimento de pesquisas que buscam conhecer a história de nossas cidades, os processos de sua transformação no tempo, os projetos realizados e não realizados, os protagonistas que ajudaram a dar-lhes uma nova forma e um novo sentido, as inflexões da constituição do urbanismo enquanto disciplina reflexiva e propositiva sobre a cidade".

FERNANDES, Ana; GOMES, Marcos Aurélio A. História da cidade e do urbanismo no Brasil: reflexões sobre a produção recente. Ciência e Cultura. São Paulo, v. 56, n. 2, p. 01, 2004.

A
As cidades inglesas do início da revolução industrial cresceram principalmente após os chamados “cercamentos”; fenômeno que provocou a expulsão dos camponeses de suas terras e uma crescente proletarização das áreas urbanas.
B
Os chamados “discursos de patrimônios culturais” estão presentes nas sociedades nacionais modernas e relatam a história de determinada coletividade e seus “heróis”. Ao fazer uso dessas narrativas, contribuem para a construção de identidades, tradições e memórias.
C
No Brasil, o discurso modernista debruçou-se acerca da construção de uma identidade nacional. Os intelectuais deste movimento iriam criticar um Brasil “europeizado”, característico do século XIX, e valorizar o século XVIII, considerando traços mais genuínos da cultura brasileira antes vistos como atrasados.
D
O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi marcado pela elaboração do “Plano de Metas”, dividido em seis grandes partes. Trazia como grande destaque a construção da cidade de Brasília, que viria a ser a sede da nova capital federal.
E
No início da Idade Média, com o renascimento comercial e urbano, as cidades voltaram a desenvolverse, tendo como elemento incentivar os burgos, como centros culturais e comerciais.
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UNIOESTE 2016 - História - História Geral, Antiguidade Ocidental (Gregos, Romanos e Macedônios)

Tendo como referência a reflexão abaixo, assinale a alternativa INCORRETA.


“A história da filosofia é a história dos problemas filosóficos, das teorias filosóficas e das argumentações filosóficas [...]. A história da filosofia ocidental é a história das ideias que informaram, ou seja, que deram forma à história do Ocidente. É um patrimônio para não ser dissipado, uma riqueza que não se deve perder”.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, 2003, p. 3.

A
O Príncipe foi uma obra escrita por Maquiavel em 1513 e teve como pano de fundo a Itália dividida por diversos conflitos. Considerado como o grande conselheiro político do Renascimento, ele defendeu no referido tratado que o Príncipe deveria ter total liberdade de ação nas questões do governo.
B
Durante o período denominado de Grécia Clássica (século V a.C.), a filosofia se debruçou sobre quatro conceitos: o bom, o belo, o bem e o justo. Neste contexto, ética e política eram objetos de reflexão constante dos filósofos.
C
O humanismo significou uma formação erudita nas artes e nas ciências e desenvolveu o lado humano do homem. A referida corrente, que não se limitou à Itália, tinha em Erasmo de Roterdã um dos seus maiores conhecedores de literatura antiga e literatura cristã.
D
Jean-Jacques Rousseau ao escrever seu romance pedagógico Émile (Emílio ou a Educação) defende que o homem é bom por natureza e que a principal causa da degradação moral do mesmo é a sociedade. Na referida obra, o autor propunha substituir o método de ensino tradicional por um modelo que ele chamou de “educação natural”
E
Uma data fundamental que marca a transição da filosofia antiga para a medieval é 529 d.C., quando o imperador Justiniano encerra as atividades da Academia Platônica. A reação contrária a essa atitude vem dos mosteiros que, na mesma época, tornaram-se estabelecimentos de ensino e centros intelectuais.
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UNIOESTE 2016 - História - República Oligárquica - 1889 a 1930, História do Brasil

Tomando-se por base a referência ao texto de José Murilo de Carvalho e a análise acima, assinale a alternativa CORRETA.

Leia atentamente o que segue abaixo:


“A maneira indireta de neutralizar a capital e as forças que nela se agitavam era fortalecer os estados, pacificando e cooptando suas oligarquias. Era reunir as oligarquias em torno de um arranjo que garantisse seu domínio local e sua participação no poder nacional de acordo com o cacife político de cada um [...]. Se os partidos não funcionavam como instrumentos de governo, se se dividiam em facções, se ficavam presos a caudilhos, a solução, para Campos Salles, era formar então um grande partido de governo com sustentação nas oligarquias estaduais [...]. O resumo é perfeito: governar o País por cima do tumulto das multidões agitadas da capital. O Rio podia ser caixa de ressonância, mas não ter força política própria porque uma população urbana mobilizada politicamente, socialmente heterogênea, indisciplinada, dividida por conflitos internos não podia dar sustentação a um governo que tivesse de representar as forças dominantes do Brasil agrário [...].” 

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 32-33.


O trecho refere-se a um dos momentos turbulentos e críticos da República brasileira: crises econômicas e financeiras, disputas políticas entre as oligarquias regionais, militares no poder com Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, a Revolta da Armada (1893), graves problemas sociais e urbanos nas cidades, como o Rio de Janeiro (Capital Federal), mas, também, as tensões no campo – basta citar a emblemática e sangrenta história de Canudos (1895-1897) – e a chegada dos civis ao poder, a contar de Prudente de Morais em 1894. Um contexto histórico, enfim, marcado por uma crise aguda de legitimidade institucional do regime republicano desde a sua implantação em 1889. Como sair da crise? O contexto e a questão não parecem soar estranhos aos nossos ouvidos, posto que a solução buscada pelo presidente Campos Salles (1898-1902) confunde-se, sem negar as especificidades de cada período histórico, com medidas autoritárias e conservadoras de nossos governantes.  

A
As duas principais medidas tomadas por Campos Salles, o “fortalecimento dos estados” e “governar o País por cima do tumulto das multidões”, podem ser consideradas em conjunto como um projeto institucional que beneficiou as camadas populares e a classe trabalhadora.
B
Podemos afirmar com segurança que a crise institucional vivida pelo regime republicano ao final do século XIX é claramente igual ao que estamos vivendo no Brasil nos últimos anos.
C
Apesar de o Rio de Janeiro ser a Capital Federal e contar com um aparato policial e militar para conter movimentos sociais contrários à “ordem” e ao “progresso”, o governo Campos Salles precisou fazer arranjos com as oligarquias estaduais para tentar garantir a estabilidade da República – o que ficou conhecido como a “Política dos Estados”.
D
Quando o autor se refere à necessidade do governo federal em “pacificar” e “cooptar” as oligarquias estaduais com vistas a formar “um grande partido de governo”, está muito evidente que ele quis nos alertar para a fragilidade e a pouca influência política (não a econômica) das oligarquias estaduais durante o período do governo de Campos Salles.
E
Caracterizado por ser um governo autoritário e conservador, com forte tendência a privilegiar os setores dominantes da sociedade brasileira, a presidência de Campos Salles ficou marcada pela história não somente por crises, tensões e mudanças de toda ordem, como a que mais promoveu projetos sociais voltados para a melhoria da vida dos negros libertos após a Abolição.
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UNIOESTE 2016 - História - História do Brasil, Era Vargas – 1930-1954

Após analisarmos tais considerações frente ao que se denominou "Era Vargas", podemos indicar como INCORRETA a seguinte alternativa:

Analise as indicações abaixo:


I - Censura e controle

“O samba O Bonde de São Januário, de autoria de Wilson Batista composta em 1940 e interpretado por Ataúfo Alves, foi censurado pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Esse órgão, criado pelo governo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo, exercia de forma severa a censura sobre os jornais, as revistas, o teatro, o cinema, a literatura, o rádio e as demais manifestações culturais. A letra original dizia: “O bonde de São Januário/leva mais um sócio otário/só eu não vou trabalhar”.”

Fonte: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=23459 

O Bonde de São Januário

Quem trabalha é quem tem razão

Eu digo e não tenho medo de errar

O Bonde de São Januário leva mais um operário

Sou eu que vou trabalhar

Antigamente eu não tinha juízo

Mas hoje eu penso melhor no futuro

Graças a Deus sou feliz vivo muito bem

A boemia não dá camisa a ninguém

Passe bem!

Composição: Wilson Batista


II - Expectativa de apoio estatal nas disputas de terra

“Deste Norte do Paraná, que já parecera o eldorado para milhares de brasileiros que para lá se deslocavam, chega a carta de José Arruda de Oliveira. A carta não serve apenas para pedir, mas também contar sua vida: “Trabalhei na Bahia em cinqüenta e cinco tarefas de cacau, mas só recebi mil cruzeiros por pé. Tenho sofrido muito na unha dos tubarões. Eu não queria trabalhar mais para os tubarões”. Tubarão, na linguagem da época, era o explorador que não plantava, mas colhia o resultado de seu plantio. Arruda continuava: “Formei quatro alqueire de café, e tenho uma posse. Mas agora homem da companhia agrícola de Catanduva diz que a terra é deles. Eu agaranto que é mata do Estado”. Ser mata do Estado abria para Arruda a esperança de que pudesse ficar em paz: “eu assisti o seu comício em Londrina e fiquei muito satisfeito. Eu queria muito conversar com o senhor pra contar o que acontece aqui no Paraná.”.”

RIBEIRO, Vanderlei V. Cartas da roça ao presidente: os camponeses ante Vargas e Perón. Revista de História Comparada, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 9, 2007.

A
O DIP atuou e interveio junto aos setores de comunicação e produção cultural com ênfase em abordagens que favorecessem ações e interesses do Estado, tais como a valorização do trabalho, em um momento de intensa tensão social no campo e na cidade.
B
A expressão "pai dos pobres e mãe dos ricos" corresponde a uma avaliação crítica que se fez (e faz) sobre as medidas e ações promovidas durante a presença de Vargas à frente do Estado brasileiro. Sugere a oscilante denominação de apresentar-se afeito às demandas populares, mas garante apoio e alianças a interesses dominantes.
C
A memória que prevaleceu sobre o período Vargas corresponde a uma leitura histórica em que a prática populista buscava garantir apoio popular e uma imagem de consenso social frente às medidas governamentais.
D
A Consolidação das Leis Trabalhistas durante a gestão do presidente Vargas surge como marco de mudança nas relações de trabalho, uma vez que desde então jamais houve descumprimento dos direitos trabalhistas.
E
A experiência do populismo na América do Sul no século XX permite destacar uma prática de governo em que se privilegiam ações de controle social, revestidas por demandas populares, ao mesmo tempo em que personifica a atuação do Estado na figura de seus governantes.
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UNIOESTE 2016 - História - História Geral, Segunda Grande Guerra – 1939-1945

Uma das características marcantes do nazismo – que colocou em cheque tanto a liberdade, a democracia e a dignidade humana, quanto os movimentos socialistas e comunistas – foi a disseminação de uma ideologia de extrema direita, de tradição xenófoba, nacionalista e antissemita, por uso sistemático e ostensivo dos modernos meios de informação e comunicação com o objetivo expresso de silenciar, controlar e conduzir as “massas” - daí a importância de Brecht dizer “Eu vivo em tempos sombrios”. Exemplos, aliás, desta prática – dadas às devidas proporções e aos contextos distintos – ainda persistem em nossos dias.

Baseando-se nos textos e no comentário apresentados a seguir, assinale a alternativa INCORRETA.


“Hitler considerava que a propaganda sempre deveria ser popular, dirigida às massas, desenvolvida de modo a levar em conta um nível de compreensão dos mais baixos. 'As grandes massas', dizia ele, 'têm uma capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca'. Por isso mesmo, a propaganda deveria restringir-se a pouquíssimos pontos, repetidos incessantemente […]. Tudo interessa no jogo da propaganda: mentiras, calúnias; para mentir, que seja grande a mentira, pois assim sendo, 'nem passará pela cabeça das pessoas ser possível arquitetar uma tão profunda falsificação da verdade.”

LENHARO, Alcir. Nazismo: “o triunfo da vontade”. 6ª. ed., São Paulo: Ática, 1998, p. 47-48.


“Eu vivo em tempos sombrios.

Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez,

Uma testa sem rugas é sinal de indiferença.

Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses,

Quando falar sobre flores é quase um crime,

Pois significa silenciar sobre tanta injustiça? [...]”.

Trecho de “Aos que virão depois de nós”, de Bertolt Brecht, 193?. 

A
É possível afirmar que, em ambos os textos, encontra-se presente a referência histórica às práticas de violência e dominação, levadas a cabo pelo governo alemão através de Adolf Hitler, também conhecido como “Führer”.
B
O conteúdo da poesia de Bertolt Brecht nada tem a ver com o processo histórico de ascensão ao poder de Adolf Hitler e do regime nazista em 1933, haja vista o motivo de sua escrita ser uma crítica veemente ao comunismo de Stálin na então União Soviética.
C
Uma das razões principais para que Hitler defendesse o uso “repetitivo” dos modernos meios de comunicação da época – especialmente, as rádios – estava na capacidade que eles tinham de conquistar as “massas” a qualquer custo, inclusive ao custo da liberdade de expressão.
D
Existe uma identificação entre o que denuncia a poesia de Brecht e a passagem analítica do texto de Lenharo, ao citar trechos de Mein Kümpf, de Hitler, na medida em que o silenciamento repressivo que anula o direito ao livre pensar crítico corresponderia ao bombardeio massivo de valores, símbolos e ideias caras ao nazismo, como a propaganda dirigida às massas.
E
A presença em nossa contemporaneidade de movimentos e grupos de extrema direita, que defendem a ausência de conhecimento crítico, a excessiva limitação da liberdade de pensamento e expressão e o preconceito contra questões de gênero, sexualidade e etnia guardam relativa ligação com a ideologia nazista.
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UNIOESTE 2016 - História - História Geral, Construção do Estado Liberal: Independência das Treze Colônias (EUA)

Tomando como base a citação abaixo, assinale a alternativa CORRETA.


“A história escrita do mundo é, em larga medida, uma história de guerras, porque os Estados em que vivemos nasceram de conquistas, guerras civis ou lutas pela independência. Ademais, os grandes estadistas da história escrita foram, em geral, homens de violência, pois ainda que não fossem guerreiros – e muitos o foram –, compreendiam o uso da violência e não hesitavam em colocá-la em prática para seus fins”. KEEGAN, John Uma História da Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 399

A
A Guerra dos Cem anos foi um conflito ininterrupto ocorrido no século XVI que envolveu duas das principais potências da Europa: Inglaterra e França. O cenário era marcado por fortes crises e pelo crescimento da economia urbana e do comércio.
B
O primeiro conflito bélico que teve proporções globais ocorreu entre 1941 e 1945 e foi chamado de Primeira Guerra Mundial, batizada por seus contemporâneos como “A grande guerra”.
C
O processo de independência dos Estados Unidos ocorreu na virada da década de 1770 para 1780. No Segundo Congresso Continental, ocorrido no dia 04 de julho de 1776, foi escrita a Declaração de Independência.
D
Entre 1965 e 1975 ocorreu a guerra do Vietnã: uma batalha sangrenta e custosa, mas que marcou a maior vitória americana na Ásia durante o século XX e a derrocada do comunismo naquela região do globo.
E
Liderado por Fulgêncio Batista e patrocinado pelos Estados Unidos, a Revolução Cubana marcou o fim do regime comunista que foi instaurado na ilha de Cuba por Fidel Castro e Che Guevara.
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UNIOESTE 2017 - História - República Autoritária : 1964- 1984, História do Brasil

Na década de 1960, os traços do autoritarismo presentes na sociedade brasileira foram potencializados com o golpe militar de 1964, que paradoxalmente foi batizado de “A Revolução de 1964”. Conhecido pelo tripé Estado-multinacionais-indústrias nacionais, o “regime” promoveu a militarização da vida cotidiana e instituiu leis de exceção com o intuito de combater o “inimigo interno”, inicialmente denominadas de ações subversivas e de guerrilha, mas também voltadas para o tratamento comum da população, em especial trabalhadores do campo e da cidade. Marilena Chaui – Conformismo e Resistência, São Paulo: Brasiliense, 1994. Tendo como bases o período histórico marcado pelo “Regime Militar” e o Golpe Militar de 1964, é CORRETO afirmar.

A
O golpe militar foi consequência direta de uma decisão interna dos militares em nome dos interesses das forças armadas, sem influências externas.
B
O golpe foi um mecanismo de autodefesa política de uma complexa situação de interesses, criada pelo capitalismo dependente, em um período de crise e de reorganização da América Latina.
C
Para favorecer o exército como agente político e categoria social com maior capacidade intelectual para conduzir o país à ordem e ao progresso.
D
O golpe militar tinha como objetivo contrariar os interesses privados dominantes que estavam ameaçados pela inquietação popular nas áreas urbanas e rurais.
E
As elites militares nunca se colocaram na condição de poder supremo e inquestionável, como a última fonte de legitimidade da ordem política e legal.
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UNIOESTE 2017 - História - Medievalidade Europeia, História Geral, Movimentos de Reforma Religiosa: protestantes e católicos, Mundo Árabe : de Maomé ao Império

O que nós chamamos Europa, é uma ideia, uma representação construída, cujas características dependem do respectivo recorte, do respectivo ponto de vista, das respectivas intenções, dos respectivos objetivos e fins ideológicos daquele que usa essa palavra. [...] A ideia da Europa representa somente uma construção intelectual ou um conceito, que varia de século a século, servindo como instrumento de argumentação, seja contra, seja a favor de algo.

MAINKA, Peter Johann. Os fundamentos da identidade europeia na antiguidade, na idade média e nos tempos modernos. Acta Scientiarum. Education. Maringá, v. 33, n. 1, p.67, 2011.


Tomando-se por base a citação acima, assinale a alternativa INCORRETA.

A
A sociedade moderna foi delineada a partir da perda de influência do divino e do sobrenatural. Sua identidade moldou-se pela ideia de que o homem é o responsável por sua história.
B
A Reforma Protestante, que fortaleceu a cristandade ocidental, referendou os dois poderes tradicionais dos chamados Estados pré-modernos nascentes: o Papado e o Império.
C
Na chamada transição da Antiguidade para o mundo medieval, a língua latina se tornou um grande instrumento de estabilidade. Ao conservar a erudição greco-romana, garantiu sua difusão até os Tempos Modernos.
D
Os gregos antigos, que se compreenderam como pertencentes à Europa, definiram-se culturalmente a partir de uma oposição à Ásia: essa, representando a monarquia e a tirania; aqueles a liberdade e a democracia.
E
A construção da identidade europeia foi confrontada, em meados do século VII, com a doutrina religiosa de Mohammed (Maomé) – a expansão do Islã e do mundo muçulmano.
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UNIOESTE 2017 - História - História Geral, Revolução Intelectual do século XVIII: Iluminismo

“Infelicidade! Nossos cidadãos encarcerados nesses locais,
Servem para cimentar esse alojamento odioso;
Com as próprias mãos eles erguem, nos ferros aviltados,
Essa morada do orgulho e da tirania.
Mas, creia-me, no momento em que eles virem seus vingadores
Eles mesmos destruirão essa assustadora obra,
Instrumento de sua vergonha e de sua escravidão”


Com esses dizeres, um “americano” do Peru conclama seu povo à libertação da escravidão na peça dramática Alzira, [...], escrita por Voltaire em 1736. O texto é piedoso com a sorte dos escravos do Novo Mundo, demonstra simpatia por sua revolta e saúda a possibilidade de uma reconciliação final baseada na liberdade coletiva.
Em 1766, o francês Joseph Mosneron assistiu à representação dessa obra a bordo do navio [francês][...]. Comoveu-se com os versos que ouviu, apesar de a princesa Alzira, a heroína que dá nome ao romance, ser representada por um vigoroso marinheiro com ares de Hércules. Enquanto o pontilhão servia de palco [improvisado] para os atores, nos porões embaixo dele aglomeravam-se centenas de seres humanos capturados na África. Eles estavam sendo transportados, justamente, para o Caribe.
Como explicar essa esquizofrenia? Como é possível que Mosneron tenha se abalado com a peça e não com os personagens reais que a inspiraram? Suponho que o próprio texto de Alzira contribui para isso, ao evocar a escravidão apenas dos “americanos”, e omitir qualquer menção ao tráfico transatlântico de africanos, em pleno apogeu quando Voltaire escreveu a peça. [...].
O século das Luzes, que assistiu à insurreição da filosofia contra o monarquismo, o absolutismo e a Igreja, foi também o ápice da expansão desse comércio absurdo. A França enviou, no total, 1,1 milhão de escravos para as colônias [...] antes da proibição definitiva do tráfico, em 1831. A abolição seria instituída em territórios franceses apenas em 1848.
Na verdade, esse tipo de negócio já era quase clandestino desde 3 de julho de 1315, quando um édito de Luís X baniu a possibilidade de escravidão em todo o reino. Porém, no século XV, a demanda por mão-de-obra aumentou nas colônias e fez-se necessário tomar certas atitudes. A solução inicial foi explorar as populações locais, exterminadas com rapidez. Recorreu-se, então, aos “alistados” brancos, homens geralmente forçados ao exílio que assinavam contratos válidos por três anos e eram tratados nas mesmas condições que os negros. Um panfleto anônimo, ‘Sobre a necessidade de se adotar a escravidão na França’, expressa a visão da época: era preciso ‘colocar pobres e indigentes para trabalhar’. Menosprezos racial e de classe não são incompatíveis [com a França iluminista]? [...]

GRESH, Alain. Escravidão à francesa. Le Monde Diplomatique. 1 abril 2008. Disponível em: http://diplomatique.org.br/escravidao-a-francesa/ Acesso em: 10 ago. 2017. [Adaptado]



A partir das considerações indicadas na matéria, as quais apontam a influência histórica dos pensadores iluministas e da participação francesa nos debates sobre liberdade e cidadania, é CORRETO afirmar.  

A
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, aboliu as desigualdades vivenciadas na França até aquele momento e, também, inspirou outros povos a buscarem essa noção de liberdade e cidadania em seus países.
B
Ao final do processo de contestação monárquico francês, a burguesia saiu fortalecida e houve o fim dos privilégios da nobreza, sendo redistribuída suas terras aos camponeses e população desabrigada.
C
Os princípios iluministas, envolvendo a valorização do conhecimento científico e de contestação à escravidão, foram amplamente difundidos por combaterem ações escravistas desenvolvidas em outros países, além de impedir tomadas de decisões francesas que fossem favoráveis à exploração escrava.
D
O princípio “liberdade, igualdade e fraternidade”, utilizado como slogan de mudança histórica, determinou o debate e a ação comum na França (incluindo políticas reparatórias) para que todos os cidadãos usufruíssem desses ideais a curto e longo prazo.
E
Os conflitos recentes na França (evidenciados em enfrentamentos nas ruas, canções, redes sociais e etc.) sugerem que a desigualdade social, aliada aos problemas étnicos, ainda não foram superados e suscitam discussões sobre noções de liberdade e cidadania no País.
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UNIOESTE 2017 - História - História Geral, Período Entre-Guerras: Revolução Russa de 1917

Para muitos, ela foi (e continua sendo) reconhecida como a maior revolução ocorrida desde o século XX; outros, porém, associam-na a um regime extremista que pregou o medo e a repressão; e, para outros tantos (talvez a maioria), as marcas de sua existência (caso explícito do “comunismo”) ainda rondam a memória individual e coletiva de homens e mulheres por todo o planeta, independentemente de suas colorações políticas e ideológicas.

Neste ano de 2017, lembramos dos cem anos da chamada “Revolução Russa” ou “Revolução Bolchevique” (outubro de 1917), um dos eventos históricos mais importantes do século XX – cujos debates ainda são acalorados – na medida em que, durante várias décadas, passou a disputar a hegemonia mundial com o capitalismo. Sobre a Revolução Russa e seus desdobramentos históricos, é CORRETO afirmar.

A
A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi um dos grandes elementos desencadeadores de uma série de greves e revoltas populares pelo País que culminaram com a derrubada do regime czarista de Nicolau II.
B
Uma das memórias mais vivas em nosso tempo presente acerca da chamada “Revolução Russa” – conhecida pela internet e em livros didáticos – é a imagem de Leon Trostky discursando para os trabalhadores na Praça Vermelha em maio de 1919.
C
A consolidação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922, depois de uma guerra civil de quase cinco anos, teve como seu grande líder Josef Stalin, um liberal democrata que defendia a necessidade de implantar uma reforma socialista.
D
Na Rússia do século XXI, em pleno ano do centenário da “Revolução Russa”, o governo de Vladimir Putin decidiu construir uma estátua em homenagem a Josef Stálin, o grande líder daquele evento histórico.
E
Os bolcheviques, liderados por Plekhanov e Tolstói e que representavam a ala mais conservadora dos revolucionários russos, foram derrotados pelos mencheviques nas jornadas de outubro de 1917.
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UNIOESTE 2017 - História - Colonialismo espanhol: Ocupação e exploração do território americano, História da América Latina

Leia o poema abaixo: 


Amor América


Antes do chinó e do fraque

foram os rios, rios arteriais:

foram as cordilheiras em cuja vaga puída

o condor ou a neve pareciam imóveis;

foi a umidade e a mata, o trovão,

sem nome ainda, as pampas planetárias.


O homem terra foi, vasilha, pálpebra

do barro trêmulo, forma de argila,

foi cântaro caraíba, pedra chibcha,

taça imperial ou sílica araucana.

Terno e sangrento foi, porém no punho

de sua arma de cristal umedecido

as iniciais da terra estavam escritas.


Ninguém pôde

recordá-las depois: o vento

as esqueceu, o idioma da água

foi enterrado, as chaves se perderam

ou se inundaram de silêncio ou sangue.


Não se perdeu a vida, irmãos pastorais.

Mas como uma rosa selvagem

caiu uma gota vermelha na floresta

e apagou-se uma lâmpada da terra.


Estou aqui para contar a história.

Da paz do búfalo

até as fustigadas areias

da terra final, nas espumas

acumuladas de luz antártica,

e pelas Lapas despenhadas

da sombria paz venezuelana,

te busquei, pai meu,

jovem guerreiro de treva e cobre,

ou tu, planta nupcial, cabeleira indomável,

mãe jacaré, pomba metálica.


Eu, incaico do lodo,

toquei a pedra e disse:

Quem me espera? E apertei a mão

sobre um punhado de cristal vazio.

Porém, andei entre flores zapotecas

e doce era a luz como um veado

e era a sombra como uma pálpebra verde.


Terra minha sem nome, sem América,

estame equinocial, lança de púrpura,

teu aroma me subiu pelas raízes

até a taça que bebia, até a mais delgada

palavra não nascida de minha boca. 


NERUDA, Pablo. Canto Geral. São Paulo: Círculo do Livro.1994, p. 17-18.



A partir da visão expressa no poema, é CORRETO afirmar sobre o contato entre os povos na América que 

A
o convívio estabelecido a partir do séc. XV entre indígenas e europeus favoreceu a permanência da cultura nativa e o estabelecimento de um pacto de exclusivismo comercial com espanhóis, respeitando os domínios existentes no continente.
B
houve mortes de nativos durante os confrontos destinados à pilhagem e ocupação do território, mas um grande número de indígenas foi dizimado em função do adoecimento, particularmente por varíola, devido ao contato com os europeus.
C
o controle estabelecido pelos espanhóis sobre os indígenas que sobreviveram após os primeiros contatos foi por aprisionamento e castigos, seguido de imediata negociação e liberação para o trabalho pago por jornadas diárias.
D
diante da divisão entre os povos indígenas (principalmente porque disputavam territórios e escravizavam povos nativos dominados), a inferioridade bélica dos europeus não foi um problema, com isso, muitos indígenas se aliaram aos espanhóis na exploração das riquezas naturais, convertendo-se imediatamente ao cristianismo.
E
ainda que houvesse vários povos indígenas no continente, a forma como organizavam o seu modo de vida era idêntica, inclusive o seu calendário agrícola, militar e religioso.