Uma das características marcantes do nazismo – que colocou em cheque tanto a liberdade, a democracia e a
dignidade humana, quanto os movimentos socialistas e comunistas – foi a disseminação de uma ideologia
de extrema direita, de tradição xenófoba, nacionalista e antissemita, por uso sistemático e ostensivo dos
modernos meios de informação e comunicação com o objetivo expresso de silenciar, controlar e conduzir as
“massas” - daí a importância de Brecht dizer “Eu vivo em tempos sombrios”. Exemplos, aliás, desta prática
– dadas às devidas proporções e aos contextos distintos – ainda persistem em nossos dias.
Baseando-se nos textos e no comentário apresentados a seguir, assinale a alternativa INCORRETA.
“Hitler considerava que a propaganda sempre deveria ser popular, dirigida às massas, desenvolvida de modo
a levar em conta um nível de compreensão dos mais baixos. 'As grandes massas', dizia ele, 'têm uma
capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca'. Por isso mesmo, a
propaganda deveria restringir-se a pouquíssimos pontos, repetidos incessantemente […]. Tudo interessa no
jogo da propaganda: mentiras, calúnias; para mentir, que seja grande a mentira, pois assim sendo, 'nem
passará pela cabeça das pessoas ser possível arquitetar uma tão profunda falsificação da verdade.”
LENHARO, Alcir. Nazismo: “o triunfo da vontade”. 6ª. ed., São Paulo: Ática, 1998, p. 47-48.
“Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez,
Uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.
Que tempos são esses,
Quando falar sobre flores é quase um crime,
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça? [...]”.
Trecho de “Aos que virão depois de nós”, de Bertolt Brecht, 193?.
Baseando-se nos textos e no comentário apresentados a seguir, assinale a alternativa INCORRETA.
“Hitler considerava que a propaganda sempre deveria ser popular, dirigida às massas, desenvolvida de modo a levar em conta um nível de compreensão dos mais baixos. 'As grandes massas', dizia ele, 'têm uma capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca'. Por isso mesmo, a propaganda deveria restringir-se a pouquíssimos pontos, repetidos incessantemente […]. Tudo interessa no jogo da propaganda: mentiras, calúnias; para mentir, que seja grande a mentira, pois assim sendo, 'nem passará pela cabeça das pessoas ser possível arquitetar uma tão profunda falsificação da verdade.”
LENHARO, Alcir. Nazismo: “o triunfo da vontade”. 6ª. ed., São Paulo: Ática, 1998, p. 47-48.
“Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez,
Uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.
Que tempos são esses,
Quando falar sobre flores é quase um crime,
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça? [...]”.
Trecho de “Aos que virão depois de nós”, de Bertolt Brecht, 193?.
Gabarito comentado
Alternativa correta (incorreta no enunciado): B
Tema central: compreensão de como propaganda de massas e o silenciamento político caracterizaram o nazismo e como uma poesia de Bertolt Brecht dialoga com esse contexto. É preciso relacionar textos literários e fontes históricas ao processo de dominação nazista.
Resumo teórico rápido: o regime nazista (1933‑1945) usou meios modernos — rádio, jornalismo, cinema, ralis — e técnicas (mensagem simples, repetição, "big lie", direção por Goebbels) para mobilizar e neutralizar a oposição. Fontes básicas: Mein Kampf (Hitler), estudos sobre Joseph Goebbels e o Reichsministerium für Volksaufklärung und Propaganda.
Por que a alternativa B é a resposta certa (ou seja, INCORRETA no enunciado): a assertiva diz que o poema de Brecht “nada tem a ver” com a ascensão de Hitler, pois seria crítica apenas a Stalin. Isso é falso. O texto de Brecht, escrito nos anos 1930, denuncia tempos de opressão, silêncio e injustiça — leituras claras para o avanço do nazismo e sua política de intimidação e censura. Brecht foi crítico do fascismo e viveu no exílio por causa dos nazistas; seu verso dialoga com o contexto europeu da década de 1930, não sendo exclusiva crítica a Stalin.
Análise das demais alternativas:
A — Verdadeira: ambos os trechos referenciam práticas de violência/dominação associadas ao nazismo — um analítico (Lenharo/Hitler) e outro lírico (Brecht) que denomina os "tempos sombrios".
C — Verdadeira: Hitler defendia o uso repetitivo dos meios de comunicação (rádio, cartazes, eventos) para conquistar as massas, mesmo sacrificando liberdades — alinhado ao conceito de propaganda de massa e ao "big lie".
D — Verdadeira: há identificação entre a denúncia brechtiana (silenciamento, anestesia moral) e a análise sobre propaganda massiva em Mein Kampf/Lenharo: ambas apontam para o apagamento do pensamento crítico.
E — Verdadeira: movimentos de extrema direita contemporâneos podem compartilhar elementos ideológicos com o nazismo — anti‑pluralismo, ataque ao pensamento crítico e preconceitos — o que justifica a comparação (com cautela e considerando contextos distintos).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





