Espaço e memória
O termo “Na minha casa...” é uma metáfora que guarda múltiplas acepções para o conjunto de pessoas, de
adeptos, dos que creem nos orixás. Múltiplos deuses que a diáspora negra trouxe para o Brasil. Refere-se ao espaço
onde as comunidades edificaram seus templos, referência de orgulho, aludindo ao patrimônio cultural de matriz
africana, reelaborado em novo território.
O espaço é fundamental na constituição da história de um povo. Halbwachs (1941, p. 85), ao afirmar que “não
há memória coletiva que não se desenvolva em um quadro espacial”, aponta para a importância de aspecto tão
significativo no desenvolvimento da vida social.
Lugar para onde está voltada a memória, onde aqueles que viveram a condição-limite de escravo podiam
pensar-se como seres humanos, exercer essa humanidade e encontrar os elementos que lhes conferiam e
garantiam uma identidade religiosa diferenciada, com características próprias, que constituiu um “patrimônio
simbólico do negro brasileiro (a memória cultural da África), afirmou-se aqui como território político-mítico-religioso
para sua transmissão e preservação” (SODRÉ, 1988, p. 50).
BARROS, J. F. P. Na minha casa. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.
Na construção desse texto acadêmico, o autor se vale de estratégia argumentativa bastante comum a esse gênero
textual, a intertextualidade, cujas marcas são
Espaço e memória
O termo “Na minha casa...” é uma metáfora que guarda múltiplas acepções para o conjunto de pessoas, de adeptos, dos que creem nos orixás. Múltiplos deuses que a diáspora negra trouxe para o Brasil. Refere-se ao espaço onde as comunidades edificaram seus templos, referência de orgulho, aludindo ao patrimônio cultural de matriz africana, reelaborado em novo território.
O espaço é fundamental na constituição da história de um povo. Halbwachs (1941, p. 85), ao afirmar que “não há memória coletiva que não se desenvolva em um quadro espacial”, aponta para a importância de aspecto tão significativo no desenvolvimento da vida social.
Lugar para onde está voltada a memória, onde aqueles que viveram a condição-limite de escravo podiam pensar-se como seres humanos, exercer essa humanidade e encontrar os elementos que lhes conferiam e garantiam uma identidade religiosa diferenciada, com características próprias, que constituiu um “patrimônio simbólico do negro brasileiro (a memória cultural da África), afirmou-se aqui como território político-mítico-religioso para sua transmissão e preservação” (SODRÉ, 1988, p. 50).
BARROS, J. F. P. Na minha casa. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.
Na construção desse texto acadêmico, o autor se vale de estratégia argumentativa bastante comum a esse gênero textual, a intertextualidade, cujas marcas são
Gabarito comentado
Tema central: A questão explora interpretação de texto e o conceito de intertextualidade — relação entre diferentes textos, comum em textos acadêmicos.
Justificativa da alternativa correta (B): A intertextualidade aparece fortemente nos textos acadêmicos por meio das citações de autores consagrados. Esse recurso traz autoridade e embasamento ao argumento, permitindo que o autor associe sua fala ao conhecimento já estabelecido. No excerto apresentado, há menção direta a Halbwachs e Sodré, acompanhadas de trechos literais ou paráfrases — clara demonstração da intertextualidade pela norma-padrão.
Segundo Ingedore Koch e também conforme detalhado por Celso Cunha e Lindley Cintra, a citação é o mecanismo normativo mais legítimo de intertextualidade em textos científicos e didáticos — ela evidencia diálogo entre textos e constrói sentido a partir de saberes reconhecidos.
Análise das alternativas incorretas:
- A) Aspas indicam trechos citados ou termos destacados, não necessariamente questionamento parcial do ponto de vista. Aspas podem servir para citações diretas ("não há memória coletiva..."), mas seu uso isolado não caracteriza intertextualidade por si só.
- C) Construções sintáticas referem-se à estruturação das frases, não à criação de relações entre textos ou argumentos por meio de intertextualidade.
- D) Comparações entre pontos de vista antagônicos são estratégias argumentativas, mas não caracterizam, obrigatoriamente, intertextualidade, pois esta depende de relação com outros textos.
- E) Parênteses servem para inserção de informações acessórias ou explicativas, não configurando a marca central da intertextualidade em textos acadêmicos.
Dica para concursos: Ao identificar citações de outros autores no texto (nome, ano, página, ou trechos destacados acompanhados de referência), associe rapidamente à intertextualidade — especialmente em produções acadêmicas.
Conclusão: A intertextualidade, no contexto cobrado, aparece como citações de autores consagrados para respaldar argumentos.
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