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dbf734cb-6e
UPE 2021 - Português - Ortografia, Regência, Crase, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal

Nos textos literários, os aspectos formais podem ser analisados como elementos que colaboram para a expressividade. Acerca de aspectos formais dos Textos 15, 16 e 17, analise as proposições abaixo.


1) No que se refere ao nível de formalidade, podemos dizer que o Texto 17 tende para a informalidade. Apesar disso, sua autora segue as normas de regência nominal, o que se observa, por exemplo, no trecho ―Estou consciente de que tudo o que sei não posso dizer‖. A regência estaria igualmente atendida se a autora tivesse escrito: "Não faço alusão a tudo o que sei".

2) Observe a concordância feita no seguinte trecho do Texto 15: "e nem o rubro galo do sol / nem a andorinha azul da lua / podem levar qualquer recado [...]". O plural empregado na primeira forma verbal (podem) indica que a ação expressa por ―podem levar‖ é praticada, concomitantemente, pelo "rubro galo do sol" e pela "andorinha azul da lua".

3) O sinal indicativo de crase presente no trecho "podem levar qualquer recado / à prisão por onde as mulheres / se convertem em sal e muro" (Texto 15) deveria manter-se se o termo "prisão" fosse substituído pelo termo "cárcere".

4) Para indicar que o Texto 16 tematiza o cotidiano do século passado, nele está preservada a norma ortográfica que era vigente nesse século, a exemplo de "Adélia", "dói" e "pôr", formas que, após o último Acordo Ortográfico, devem ser grafadas sem acento.


Estão CORRETAS:

Texto 15

PRISÃO
Cecília Meireles

Nesta cidade
quatro mulheres estão no cárcere.
Apenas quatro.
Uma na cela que dá para o rio,
outra na cela que dá para o monte,
outra na cela que dá para a igreja
e a última na do cemitério
ali embaixo.

[...]

Quatrocentas mulheres
quatrocentas, digo, estão presas:
cem por ódio, cem por amor,
cem por orgulho, cem por desprezo
em celas de ferro, em celas de fogo,
em celas sem ferro nem fogo, somente
de dor e silêncio,
quatrocentas mulheres, numa outra cidade,
quatrocentas, digo, estão presas. 

Quatro mil mulheres, no cárcere,
e quatro milhões – e já nem sei a conta,
em cidades que não se dizem,
em lugares que ninguém sabe,
estão presas, estão para sempre –
sem janela e sem esperança,
umas voltadas para o presente,
outras para o passado, e as outras
para o futuro, e o resto – o resto,
sem futuro, passado ou presente,
presas em prisão giratória,
presas em delírio, na sombra,
presas por outros e por si mesmas,
tão presas que ninguém as solta,
e nem o rubro galo do sol
nem a andorinha azul da lua
podem levar qualquer recado
à prisão por onde as mulheres
se convertem em sal e muro.

MEIRELES, Cecília. Prisão. Excertos. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104- 83332006000200013&script=sci_arttext Acesso em: 08/08/2020.


Texto 16

GRANDE DESEJO

Adélia Prado

Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia,
sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como.
Aos domingos bato o osso no prato pra chamar
o cachorro
e atiro os restos.
Quando dói, grito ai,
quando é bom, fico bruta,
as sensibilidades sem governo.
Mas tenho meus prantos,
claridades atrás do meu estômago humilde
e fortíssima voz pra cânticos de festa.
Quando escrever o livro com o meu nome
e o nome que eu vou pôr nele, vou com ele a uma
igreja,
a uma lápide, a um descampado,
para chorar, chorar e chorar,
requintada e esquisita como uma dama.

Disponível em: https://www.tudoepoema.com.br/adelia-prado-grande-desejo/ Acesso em: 08/08/2020.


Texto 17

"Estou consciente de que tudo o que sei não posso dizer, só sei pintando ou pronunciando, sílabas cegas de sentido. [...] Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa se escreveu."

LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1993. Excertos. pp.15-25. (Adaptado)


A
1, 2, 3 e 4.
B
1 e 2, apenas.
C
2 e 3, apenas.
D
1, 3 e 4, apenas.
E
2 e 4, apenas.
dc0266f1-6e
UPE 2021 - Matemática - Pontos e Retas, Geometria Analítica

Flávia, aluna do 3º ano do Ensino Médio, em uma aula de matemática, traçou os eixos x e y do sistema cartesiano ortogonal na malha abaixo e, em seguida, marcou os pontos A (-3, 1), B (0, 4), C (5, 4) e D (-2, -3). Se os quadradinhos da malha têm lado unitário, qual é a medida da área do quadrilátero cujos vértices são os pontos A, B, C e D do plano cartesiano criado por Flávia?



A
14 √2
B
22
C
18 √2
D
24
E
25
dbe45342-6e
UPE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A literatura e a fotografia podem ser compreendidas como instrumentos de denúncia social. Na literatura, as obras Morte e Vida Severina e Auto da Compadecida destacam-se na representação de personagens que revelam seus conflitos no enfrentamento de questões sociais, como: fome, pobreza, desemprego e violência. Na fotografia, Sebastião Salgado imprime maior dramaticidade à cena, ao empregar o preto e o branco. Considerando a leitura dos Textos 7, 8, 9 e 10, as características estilísticas e o contexto de produção das obras de João Cabral de Melo Neto e de Ariano Suassuna, assinale a alternativa CORRETA.

Texto 7

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar terra sempre mais extinta,
[...]

MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina. Excertos. Disponível em: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/morte_e_vida_severina/ Acesso em: 30/07/2020. 



Texto 9

A COMPADECIDA – João foi um pobre como nós, meu filho. Teve de suportar as maiores dificuldades, numa terra seca e pobre como a nossa. Não o condene, deixe João ir para o purgatório.

JOÃO GRILO – Para o purgatório? Não, não faça isso assim não. [Chamando a Compadecida à parte]. Não repare eu dizer isso, mas é que o diabo é muito negociante e com esse povo a gente pede o mais para impressionar. A senhora pede o céu, porque aí o acordo fica mais fácil a respeito do purgatório. 

A COMPADECIDA – Isso dá certo lá no sertão, João! Aqui se passa tudo de outro jeito! Que é isso? Não confia mais na sua advogada?

JOÃO GRILO – Confio, Nossa Senhora, mas esse camarada enrolando nós dois.

A COMPADECIDA – Deixe comigo. [a Manuel]. Peço-lhe então, muito simplesmente, que não condene João.

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro, Agir, 2005. Excertos. Disponível em: https://vermelho.org.br/2014/07/25/auto-dacompadecida/ Acesso em: 09/08/2020. 


A
A obra Morte e Vida Severina revela a trajetória de Severino, personagem que representa simbolicamente a condição social de muitos nordestinos: "Somos muitos Severinos/iguais em tudo na vida".
B
A obra Auto da Compadecida (Texto 9) foi adaptada para o cinema brasileiro (Texto 10) com significativas alterações para a linguagem fílmica. A narrativa apresentada no filme explora intensamente a comédia e não revela sintonia com o enredo do texto dramático de Ariano Suassuna.
C
No Texto 9, cena da obra original do Auto da Compadecida, a Compadecida intercede por João Grilo, justificando os erros dele como decorrentes da sua precária condição social. Essa cena não foi apresentada na adaptação do Auto para o cinema, considerando o filme dirigido por Guel Arraes.
D
Exemplos da prosa regionalista de 1930, os Textos 7 e 9 dialogam na denúncia social quando apresentam Severino e João Grilo como estereótipos do nordestino brasileiro. Tais personagens têm em comum a astúcia, a preguiça e a falta de fé.
E
O Texto 7 estabelece conexões com o Texto 8 na representação romântica da vida Severina, considerando a imagem dos pés de "pobres trabalhadores da terra". Literatura e fotografia unemse na denúncia social por meio de linguagens não verbais.
dbe9781b-6e
UPE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Uso dos conectivos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Também os textos literários são elaborados com enunciados nos quais geralmente podemos reconhecer algumas relações semânticas. Acerca dessas relações, assinale a alternativa CORRETA.

Texto 7

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar terra sempre mais extinta,
[...]

MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina. Excertos. Disponível em: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/morte_e_vida_severina/ Acesso em: 30/07/2020. 



Texto 9

A COMPADECIDA – João foi um pobre como nós, meu filho. Teve de suportar as maiores dificuldades, numa terra seca e pobre como a nossa. Não o condene, deixe João ir para o purgatório.

JOÃO GRILO – Para o purgatório? Não, não faça isso assim não. [Chamando a Compadecida à parte]. Não repare eu dizer isso, mas é que o diabo é muito negociante e com esse povo a gente pede o mais para impressionar. A senhora pede o céu, porque aí o acordo fica mais fácil a respeito do purgatório. 

A COMPADECIDA – Isso dá certo lá no sertão, João! Aqui se passa tudo de outro jeito! Que é isso? Não confia mais na sua advogada?

JOÃO GRILO – Confio, Nossa Senhora, mas esse camarada enrolando nós dois.

A COMPADECIDA – Deixe comigo. [a Manuel]. Peço-lhe então, muito simplesmente, que não condene João.

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro, Agir, 2005. Excertos. Disponível em: https://vermelho.org.br/2014/07/25/auto-dacompadecida/ Acesso em: 09/08/2020. 


A
"Como há muitos Severinos, / que é santo de romaria, / deram então de me chamar / Severino de Maria;". Nesse trecho do Texto 7, o conjunto dos dois primeiros versos mantém com os versos subsequentes uma relação de causa.
B
"Somos muitos Severinos / iguais em tudo e na sina: / a de abrandar estas pedras / suando-se muito em cima,". Nesse trecho do Texto 7, o conjunto dos dois versos finais mantém com os versos anteriores uma relação de consequência.
C
"Não repare eu dizer isso, mas é que o diabo é muito negociante [...]". Nesse trecho do Texto 9, a relação que se percebe entre os segmentos é de conclusão, embora eles estejam conectados por um "mas".
D
"Peço-lhe então, muito simplesmente, que não condene João.". Nesse trecho do Texto 9, o conectivo "então" explicita uma relação semântica de condição.
E
No Texto 10, entre "O auto da compadecida" e "A comédia mais engraçada do ano." está implícita uma relação semântica de comparação.
dbd62d49-6e
UPE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para alcançar o seu interlocutor e convencê-lo a aderir às suas ideias, é comum o autor citar alguma autoridade no assunto. No Texto 6, Roman Krznaric é referido com diferentes expressões que servem não só para identificá-lo como também para defini-lo e mostrar ao leitor as suas credenciais. Assinale, entre as alternativas abaixo, a única expressão que NÃO está empregada no texto para referir Roman Krznaric.

Com a vida em xeque diante da COVID-19, ser humano descobre a empatia e a solidariedade como atos de preservação da espécie

Um olhar voltado para o cuidado e a atenção com o outro

"Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?" A indagação é de Henry David Thoreau, historiador e filósofo americano, que morreu em 1862. No mundo individualista do século 21, será que ainda há lugar para o ser humano praticar a empatia? Ser solidário? Ter olhar para a cooperação social? Sim. Ainda bem. Caso contrário, a espécie estaria com os dias contados. Não está. Ela sobrevive porque em toda parte há pessoas que espalham o antídoto do amor e da generosidade ao ajudar quem precisa. E não só para quem está à margem da sociedade.

Philia, termo tirado do tratado Ética a Nicômaco, de Aristóteles, pode ser traduzido como amizade, amor e também empatia, ou seja, uma espécie de afeição e apreço por outra pessoa. O modo como o filósofo aplicava o termo é uma inspiração para o tempo atual: ―Fazer o bem; fazer sem que seja solicitado‖. Assim agem muitos brasileiros diante dos desafios provocados pela pandemia do novo coronavírus. É um trabalho de formiguinha, incansável, com cada um fazendo um pouco, que somado a outro pouco leva esperança e alento a muitas pessoas.

O filósofo australiano Roman Krznaric, fundador da The School of Life de Londres (badalada escola inglesa que oferece cursos livres na área de Humanidades) e descrito pelo Observer com um dos mais importantes pensadores britânicos dedicados ao estudo dos estilos de vida, acredita que a empatia pode criar uma grande mudança social. Em seu livro Empathy – A handbook for revolution ("O poder da empatia – A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo‖, Editora Zahar), ele escreveu sobre o que chama de ―a tragédia da Era da Introspecção‖, com o intenso foco no eu.

Para o filósofo, é hora de tentar algo diferente. ―Há mais de 2 mil anos, Sócrates aconselhou que o melhor caminho para viver bem e com sabedoria era o 'conhece-te a ti mesmo'‖. Pensam convencionalmente que isso exige autorreflexão: que olhemos para dentro de nós e contemplemos nossas almas. Mas podemos também passar a nos conhecer saindo de nós mesmos e aprendendo sobre vidas e culturas diferentes das nossas. É hora de forjar a 'Era da Outrospecção', e a empatia é nossa maior esperança para fazer isso.‖

Não que a empatia seja uma panaceia universal para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas da vida, mas ela faz a diferença na vida do outro e na própria existência. São ações diversas, inspiradoras e que podem despertar a mesma atitude em mais pessoas em dias tão difíceis. [...]

O mundo vive um sofrimento global, talvez sem precedentes na história. Diante de um inimigo comum, todos são afetados. Logo, a única alternativa é enfrentá-lo juntos e com esperança de que tudo ―dará certo‖, como tem sido o lema mundial. O momento é, portanto, de comunhão. A psicóloga clínica Maria Clara Jost, pós-doutora em Psicologia, professora da Faculdade de Ciências Médicas e pós-graduada em Filosofia, lembra que quanto mais a pessoa se fecha em um casulo menos descobre sobre si e sobre os seus valores mais próprios, acabando por intensificar sofrimentos já existentes, tendendo ao adoecimento em diversas esferas do ser.

Por outro lado, ressalta Maria Clara, se somos constituídos na relação que estabelecemos com os outros, desde o útero, então, quanto mais nos posicionarmos no sentido de abertura ao mundo, ao outro e à coletividade, em um movimento autotranscendente, maior a possibilidade de encontrar quem, muitas vezes, estava escondido num turbilhão de afazeres, por vezes sem sentido: nós mesmos.


Lilian Monteiro. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2020/04/26/interna_bem_viver,1141208/com-avida-em-xeque-diante-da-covid-19-ser-humano-descobre-a-empatia.shtml Acesso em: 30/06/2020. (Adaptado)
A
"historiador e filósofo americano" (1º parágrafo)
B
"o filósofo australiano" (3º parágrafo)
C
"fundador da The School of Life de Londres" (3º parágrafo)
D
"um dos mais importantes pensadores britânicos"(3º parágrafo)
E
"o filósofo" (4º parágrafo)
dbdaeb74-6e
UPE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual

Releia o seguinte trecho do Texto 6: "(...) podemos também passar a nos conhecer saindo de nós mesmos e aprendendo sobre vidas e culturas diferentes das nossas. É hora de forjar a 'Era da Outrospecção' (...)" (4º parágrafo). Considerando que o autor busca aconselhar o seu interlocutor e persuadi-lo a realizar uma ação (É hora de forjar a 'Era da Outrospecção‘), conclui-se que essa sequência do texto é de tipologia

Com a vida em xeque diante da COVID-19, ser humano descobre a empatia e a solidariedade como atos de preservação da espécie

Um olhar voltado para o cuidado e a atenção com o outro

"Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?" A indagação é de Henry David Thoreau, historiador e filósofo americano, que morreu em 1862. No mundo individualista do século 21, será que ainda há lugar para o ser humano praticar a empatia? Ser solidário? Ter olhar para a cooperação social? Sim. Ainda bem. Caso contrário, a espécie estaria com os dias contados. Não está. Ela sobrevive porque em toda parte há pessoas que espalham o antídoto do amor e da generosidade ao ajudar quem precisa. E não só para quem está à margem da sociedade.

Philia, termo tirado do tratado Ética a Nicômaco, de Aristóteles, pode ser traduzido como amizade, amor e também empatia, ou seja, uma espécie de afeição e apreço por outra pessoa. O modo como o filósofo aplicava o termo é uma inspiração para o tempo atual: ―Fazer o bem; fazer sem que seja solicitado‖. Assim agem muitos brasileiros diante dos desafios provocados pela pandemia do novo coronavírus. É um trabalho de formiguinha, incansável, com cada um fazendo um pouco, que somado a outro pouco leva esperança e alento a muitas pessoas.

O filósofo australiano Roman Krznaric, fundador da The School of Life de Londres (badalada escola inglesa que oferece cursos livres na área de Humanidades) e descrito pelo Observer com um dos mais importantes pensadores britânicos dedicados ao estudo dos estilos de vida, acredita que a empatia pode criar uma grande mudança social. Em seu livro Empathy – A handbook for revolution ("O poder da empatia – A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo‖, Editora Zahar), ele escreveu sobre o que chama de ―a tragédia da Era da Introspecção‖, com o intenso foco no eu.

Para o filósofo, é hora de tentar algo diferente. ―Há mais de 2 mil anos, Sócrates aconselhou que o melhor caminho para viver bem e com sabedoria era o 'conhece-te a ti mesmo'‖. Pensam convencionalmente que isso exige autorreflexão: que olhemos para dentro de nós e contemplemos nossas almas. Mas podemos também passar a nos conhecer saindo de nós mesmos e aprendendo sobre vidas e culturas diferentes das nossas. É hora de forjar a 'Era da Outrospecção', e a empatia é nossa maior esperança para fazer isso.‖

Não que a empatia seja uma panaceia universal para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas da vida, mas ela faz a diferença na vida do outro e na própria existência. São ações diversas, inspiradoras e que podem despertar a mesma atitude em mais pessoas em dias tão difíceis. [...]

O mundo vive um sofrimento global, talvez sem precedentes na história. Diante de um inimigo comum, todos são afetados. Logo, a única alternativa é enfrentá-lo juntos e com esperança de que tudo ―dará certo‖, como tem sido o lema mundial. O momento é, portanto, de comunhão. A psicóloga clínica Maria Clara Jost, pós-doutora em Psicologia, professora da Faculdade de Ciências Médicas e pós-graduada em Filosofia, lembra que quanto mais a pessoa se fecha em um casulo menos descobre sobre si e sobre os seus valores mais próprios, acabando por intensificar sofrimentos já existentes, tendendo ao adoecimento em diversas esferas do ser.

Por outro lado, ressalta Maria Clara, se somos constituídos na relação que estabelecemos com os outros, desde o útero, então, quanto mais nos posicionarmos no sentido de abertura ao mundo, ao outro e à coletividade, em um movimento autotranscendente, maior a possibilidade de encontrar quem, muitas vezes, estava escondido num turbilhão de afazeres, por vezes sem sentido: nós mesmos.


Lilian Monteiro. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2020/04/26/interna_bem_viver,1141208/com-avida-em-xeque-diante-da-covid-19-ser-humano-descobre-a-empatia.shtml Acesso em: 30/06/2020. (Adaptado)
A
argumentativa.
B
descritiva.
C
dialogal.
D
injuntiva.
E
narrativa.
dbdf83d5-6e
UPE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Acerca dos processos figurativos empregados no Texto 7 e de sua repercussão na interpretação desse poema, analise as afirmativas a seguir.


1) A expressão ―vida severina‖ institui um conceito metafórico que pode ser associado a uma vida plena, porque profundamente identificada com o ambiente físico do Nordeste.

2) Nos versos: ―Somos muitos Severinos/ iguais em tudo na vida/ iguais em tudo e na sina‖, opera-se uma metonímia em que o ―homem indivíduo‖, tomado como ―homem coletivo‖, perde sua singularidade, sua identidade.

3) A metáfora do ―sangue com pouca tinta‖ alude ao estado de desnutrição dos muitos severinos que passam privações.

4) A expressão ―abrandar estas pedras‖ pode ser interpretada como suavizar a luta cotidiana pela sobrevivência, em um meio físico bastante adverso.


Estão CORRETAS:

Texto 7

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar terra sempre mais extinta,
[...]

MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina. Excertos. Disponível em: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/morte_e_vida_severina/ Acesso em: 30/07/2020. 



Texto 9

A COMPADECIDA – João foi um pobre como nós, meu filho. Teve de suportar as maiores dificuldades, numa terra seca e pobre como a nossa. Não o condene, deixe João ir para o purgatório.

JOÃO GRILO – Para o purgatório? Não, não faça isso assim não. [Chamando a Compadecida à parte]. Não repare eu dizer isso, mas é que o diabo é muito negociante e com esse povo a gente pede o mais para impressionar. A senhora pede o céu, porque aí o acordo fica mais fácil a respeito do purgatório. 

A COMPADECIDA – Isso dá certo lá no sertão, João! Aqui se passa tudo de outro jeito! Que é isso? Não confia mais na sua advogada?

JOÃO GRILO – Confio, Nossa Senhora, mas esse camarada enrolando nós dois.

A COMPADECIDA – Deixe comigo. [a Manuel]. Peço-lhe então, muito simplesmente, que não condene João.

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro, Agir, 2005. Excertos. Disponível em: https://vermelho.org.br/2014/07/25/auto-dacompadecida/ Acesso em: 09/08/2020. 


A
1, 2 e 3, apenas.
B
1 e 4, apenas.
C
2, 3 e 4, apenas.
D
3 e 4, apenas.
E
1, 2, 3 e 4.
dbd096d4-6e
UPE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para desenvolver sua tese, a autora do Texto 6 se respalda no pensamento de alguns filósofos. Em relação a Roman Krznaric, por exemplo, a autora demonstra sua adesão à seguinte ideia:

Com a vida em xeque diante da COVID-19, ser humano descobre a empatia e a solidariedade como atos de preservação da espécie

Um olhar voltado para o cuidado e a atenção com o outro

"Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?" A indagação é de Henry David Thoreau, historiador e filósofo americano, que morreu em 1862. No mundo individualista do século 21, será que ainda há lugar para o ser humano praticar a empatia? Ser solidário? Ter olhar para a cooperação social? Sim. Ainda bem. Caso contrário, a espécie estaria com os dias contados. Não está. Ela sobrevive porque em toda parte há pessoas que espalham o antídoto do amor e da generosidade ao ajudar quem precisa. E não só para quem está à margem da sociedade.

Philia, termo tirado do tratado Ética a Nicômaco, de Aristóteles, pode ser traduzido como amizade, amor e também empatia, ou seja, uma espécie de afeição e apreço por outra pessoa. O modo como o filósofo aplicava o termo é uma inspiração para o tempo atual: ―Fazer o bem; fazer sem que seja solicitado‖. Assim agem muitos brasileiros diante dos desafios provocados pela pandemia do novo coronavírus. É um trabalho de formiguinha, incansável, com cada um fazendo um pouco, que somado a outro pouco leva esperança e alento a muitas pessoas.

O filósofo australiano Roman Krznaric, fundador da The School of Life de Londres (badalada escola inglesa que oferece cursos livres na área de Humanidades) e descrito pelo Observer com um dos mais importantes pensadores britânicos dedicados ao estudo dos estilos de vida, acredita que a empatia pode criar uma grande mudança social. Em seu livro Empathy – A handbook for revolution ("O poder da empatia – A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo‖, Editora Zahar), ele escreveu sobre o que chama de ―a tragédia da Era da Introspecção‖, com o intenso foco no eu.

Para o filósofo, é hora de tentar algo diferente. ―Há mais de 2 mil anos, Sócrates aconselhou que o melhor caminho para viver bem e com sabedoria era o 'conhece-te a ti mesmo'‖. Pensam convencionalmente que isso exige autorreflexão: que olhemos para dentro de nós e contemplemos nossas almas. Mas podemos também passar a nos conhecer saindo de nós mesmos e aprendendo sobre vidas e culturas diferentes das nossas. É hora de forjar a 'Era da Outrospecção', e a empatia é nossa maior esperança para fazer isso.‖

Não que a empatia seja uma panaceia universal para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas da vida, mas ela faz a diferença na vida do outro e na própria existência. São ações diversas, inspiradoras e que podem despertar a mesma atitude em mais pessoas em dias tão difíceis. [...]

O mundo vive um sofrimento global, talvez sem precedentes na história. Diante de um inimigo comum, todos são afetados. Logo, a única alternativa é enfrentá-lo juntos e com esperança de que tudo ―dará certo‖, como tem sido o lema mundial. O momento é, portanto, de comunhão. A psicóloga clínica Maria Clara Jost, pós-doutora em Psicologia, professora da Faculdade de Ciências Médicas e pós-graduada em Filosofia, lembra que quanto mais a pessoa se fecha em um casulo menos descobre sobre si e sobre os seus valores mais próprios, acabando por intensificar sofrimentos já existentes, tendendo ao adoecimento em diversas esferas do ser.

Por outro lado, ressalta Maria Clara, se somos constituídos na relação que estabelecemos com os outros, desde o útero, então, quanto mais nos posicionarmos no sentido de abertura ao mundo, ao outro e à coletividade, em um movimento autotranscendente, maior a possibilidade de encontrar quem, muitas vezes, estava escondido num turbilhão de afazeres, por vezes sem sentido: nós mesmos.


Lilian Monteiro. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2020/04/26/interna_bem_viver,1141208/com-avida-em-xeque-diante-da-covid-19-ser-humano-descobre-a-empatia.shtml Acesso em: 30/06/2020. (Adaptado)
A
A introspecção é o caminho mais seguro para uma verdadeira mudança social.
B
Para quem pretende conhecer-se a si mesmo, o segredo é manter o foco no eu.
C
As relações empáticas têm forte poder transformador em nossa sociedade.
D
A autorreflexão nos obriga a aprender sobre vidas e culturas diferentes das nossas.
E
Pela 'outrospecção‘, olhamos para dentro de nós e contemplamos nossas almas.
dbc9ba8c-6e
UPE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para compreender a argumentação pretendida no Texto 4, em seus elementos contextuais mais relevantes e atuais, é necessário admitir que o autor



Texto 5

POÉTICA

Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e                                                                                                      [manifestações de apreço ao Sr. Diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho
                                                                                                                [vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos secretário do amante exemplar
                                                                                        [com cem modelos de cartas e as diferentes
                                                                                        [maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


BANDEIRA, Manuel. Poética. In: MORICONI, Ítalo. Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
(Adaptado)
A
apresenta uma mulher negra como representante da Justiça, ao invés da tradicional deusa grega, como forma de protestar contra as políticas afirmativas.
B
cita o famoso personagem de Mário de Andrade com a intenção explícita de enaltecer o Brasil, sua tradição e, principalmente, sua gente.
C
emprega elementos gráficos inspirados na linguagem do grafite para representar pontos de vista discordantes.
D
revela a intenção de atualizar a famosa obra de Mário de Andrade (Macunaíma, o herói sem nenhum caráter), tornando-a mais atraente a novos leitores.
E
satiriza a ineficiência da Justiça brasileira quando a representa por meio do personagem ―Macunaíma‖ e seu conhecido bordão ―Ai que preguiça!‖.
dbc2f95d-6e
UPE 2021 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

A primeira fase do Modernismo brasileiro contemplou artistas diversos que exploraram diferentes tendências e estilos. A Semana de Arte Moderna foi um marco nessa fase e teve a participação de artistas que defendiam uma nova visão de arte, a partir de uma estética inovadora, inspirada nas vanguardas europeias. Com base nas leituras dos Textos 1, 2, 3, 4 e 5, e considerando as características da primeira fase do Modernismo no Brasil, assinale a alternativa CORRETA.



Texto 5

POÉTICA

Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e                                                                                                      [manifestações de apreço ao Sr. Diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho
                                                                                                                [vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos secretário do amante exemplar
                                                                                        [com cem modelos de cartas e as diferentes
                                                                                        [maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


BANDEIRA, Manuel. Poética. In: MORICONI, Ítalo. Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
(Adaptado)
A
A obra Abaporu (Texto 1) marca a fase futurista da pintora Tarsila do Amaral. O Texto 2 é uma releitura da tela Abaporu e incorpora elementos do Futurismo, como a valorização da tecnologia e da velocidade.
B
O Manifesto Antropofágico (Texto 3), elaborado por Oswald de Andrade, pregava a assimilação de outras culturas, copiando fielmente características e reproduzindo estilos europeus canônicos para valorizar a identidade brasileira.
C
A Semana de Arte Moderna mostrou forte influência das vanguardas europeias e buscou divulgar padrões estéticos realistas e naturalistas na construção idealizada de uma identidade nacional.
D
O Texto 4 destaca a preguiça, característica principal do protagonista da novela surrealista Macunaíma, escrita por Mário de Andrade, autor cuja participação na Semana de Arte Moderna (1922) foi discreta e limitada.
E
No Texto 5 (Poética), propõe-se uma nova forma de lirismo, com foco na concepção libertária da criação poética: "Não quero mais saber do lirismo que não é libertação". 
dbcd0b2b-6e
UPE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando a proposta temática do Texto 6, é CORRETO afirmar que duas de suas palavraschave são:

Com a vida em xeque diante da COVID-19, ser humano descobre a empatia e a solidariedade como atos de preservação da espécie

Um olhar voltado para o cuidado e a atenção com o outro

"Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?" A indagação é de Henry David Thoreau, historiador e filósofo americano, que morreu em 1862. No mundo individualista do século 21, será que ainda há lugar para o ser humano praticar a empatia? Ser solidário? Ter olhar para a cooperação social? Sim. Ainda bem. Caso contrário, a espécie estaria com os dias contados. Não está. Ela sobrevive porque em toda parte há pessoas que espalham o antídoto do amor e da generosidade ao ajudar quem precisa. E não só para quem está à margem da sociedade.

Philia, termo tirado do tratado Ética a Nicômaco, de Aristóteles, pode ser traduzido como amizade, amor e também empatia, ou seja, uma espécie de afeição e apreço por outra pessoa. O modo como o filósofo aplicava o termo é uma inspiração para o tempo atual: ―Fazer o bem; fazer sem que seja solicitado‖. Assim agem muitos brasileiros diante dos desafios provocados pela pandemia do novo coronavírus. É um trabalho de formiguinha, incansável, com cada um fazendo um pouco, que somado a outro pouco leva esperança e alento a muitas pessoas.

O filósofo australiano Roman Krznaric, fundador da The School of Life de Londres (badalada escola inglesa que oferece cursos livres na área de Humanidades) e descrito pelo Observer com um dos mais importantes pensadores britânicos dedicados ao estudo dos estilos de vida, acredita que a empatia pode criar uma grande mudança social. Em seu livro Empathy – A handbook for revolution ("O poder da empatia – A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo‖, Editora Zahar), ele escreveu sobre o que chama de ―a tragédia da Era da Introspecção‖, com o intenso foco no eu.

Para o filósofo, é hora de tentar algo diferente. ―Há mais de 2 mil anos, Sócrates aconselhou que o melhor caminho para viver bem e com sabedoria era o 'conhece-te a ti mesmo'‖. Pensam convencionalmente que isso exige autorreflexão: que olhemos para dentro de nós e contemplemos nossas almas. Mas podemos também passar a nos conhecer saindo de nós mesmos e aprendendo sobre vidas e culturas diferentes das nossas. É hora de forjar a 'Era da Outrospecção', e a empatia é nossa maior esperança para fazer isso.‖

Não que a empatia seja uma panaceia universal para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas da vida, mas ela faz a diferença na vida do outro e na própria existência. São ações diversas, inspiradoras e que podem despertar a mesma atitude em mais pessoas em dias tão difíceis. [...]

O mundo vive um sofrimento global, talvez sem precedentes na história. Diante de um inimigo comum, todos são afetados. Logo, a única alternativa é enfrentá-lo juntos e com esperança de que tudo ―dará certo‖, como tem sido o lema mundial. O momento é, portanto, de comunhão. A psicóloga clínica Maria Clara Jost, pós-doutora em Psicologia, professora da Faculdade de Ciências Médicas e pós-graduada em Filosofia, lembra que quanto mais a pessoa se fecha em um casulo menos descobre sobre si e sobre os seus valores mais próprios, acabando por intensificar sofrimentos já existentes, tendendo ao adoecimento em diversas esferas do ser.

Por outro lado, ressalta Maria Clara, se somos constituídos na relação que estabelecemos com os outros, desde o útero, então, quanto mais nos posicionarmos no sentido de abertura ao mundo, ao outro e à coletividade, em um movimento autotranscendente, maior a possibilidade de encontrar quem, muitas vezes, estava escondido num turbilhão de afazeres, por vezes sem sentido: nós mesmos.


Lilian Monteiro. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2020/04/26/interna_bem_viver,1141208/com-avida-em-xeque-diante-da-covid-19-ser-humano-descobre-a-empatia.shtml Acesso em: 30/06/2020. (Adaptado)
A
"sobrevivência" e "sociedade".
B
"alteridade" e "autoconhecimento".
C
"coronavírus" e "introspecção".
D
"pandemia" e "philia".
E
"empatia" e "inimigo".
1289e78a-6a
UPE 2021 - Filosofia - A Política


Cenas do Drama Épico Germinal – Claude Berri, 1993.


O longa metragem Germinal é uma adaptação do célebre romance de Émile Zola, publicado em 1885. O filme, assim como o livro, retrata as condições de vida dos trabalhadores franceses no século XIX, a partir de uma greve de mineiros. A narrativa procura demonstrar algo que as análises de Marx e Proudhon, dentre outros pensadores e ativistas socialistas de meados do século XIX, perceberam. Esses filósofos defendiam que a melhora nas condições de vida dos trabalhadores só poderia ocorrer com a participação desses na política. Isso se devia, entre outras coisas, a uma profunda diferença na concepção do Estado desses filósofos com relação a outros teóricos modernos da política.


Assinale a alternativa que corresponde a essa forma de compreender o Estado.

A
O Estado deve ser neutro, não interferindo na organização dos trabalhadores.
B
O Estado mínimo é uma das soluções apresentadas pelos socialistas para resolver os problemas da exploração do trabalho.
C
Assim como os liberais, os socialistas acreditam que o Estado é fruto de um contrato social primitivo. Desse modo, é necessária a luta dos trabalhadores pelo reconhecimento político.
D
Para os socialistas, em especial Marx, o Estado é um instrumento de dominação de uma classe sobre a outra, por isso a necessidade de organização política dos trabalhadores como classe social.
E
Tanto o Estado quanto a sociedade não podem ser vistos como lugar de conflito. Por essa razão, os socialistas apontam para a necessidade de a classe trabalhadora se organizar em um partido como forma de exigir seus direitos.
12907ab0-6a
UPE 2021 - Filosofia - O que é a Filosofia, O Fazer Filosófico

“A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às ideias da experiência cotidiana, ao que „todo mundo diz e pensa‟, ao estabelecido. A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos.”

Marilena Chauí – Convite à Filosofia

Assinale a alternativa que corresponde ao ato de filosofar, conforme a autora.

A
A atitude filosófica é semelhante aos procedimentos científicos, isto é, desenvolve teorias e experimentos para comprovar a verdade.
B
Dada à segunda característica, a atitude filosófica é positivista.
C
Todos nós temos algum tipo de filosofia, porque pensar diferentemente da maioria já é uma atitude filosófica.
D
Assim como a prática religiosa, o ato de filosofar pode nos oferecer um caminho seguro para superar nossas dúvidas.
E
Embora rejeite o senso comum, a filosofia pode estar acessível a todos, pois suas indagações iniciais se referem ao cotidiano.
1273f2a6-6a
UPE 2021 - Filosofia - Os Contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau), A Política

Na modernidade, a principal preocupação dos filósofos que pensavam o problema da política era a de descobrir a origem do Estado. Para chegar até essa origem, tiveram que imaginar um estado pré-político da humanidade, assim como as razões pelas quais os homens saíram desse estado e se organizaram em sociedade. Surge assim a famosa hipótese do Estado de Natureza x Estado Civil ou Estado Político. De maneira geral, o argumento consistia na ideia de que, a partir de um pacto primitivo, a humanidade decide, em consenso, delegar certo poderes a uma instituição que estivesse acima de todos: o Estado. Encontramos esses argumentos principalmente nas obras de Hobbes, Locke e Rousseau.

Esses pensadores, mais tarde, acabaram ficando conhecidos como

A
Pré-Socráticos.
B
Modernistas.
C
Contratualistas.
D
Socialistas.
E
Teólogos.
12785f85-6a
UPE 2021 - Filosofia - O que é a Filosofia, O Fazer Filosófico

Dentre algumas das características da filosofia, a partir da modernidade, encontramos a necessidade da crítica. O pensamento e a obra de Kant são um marco nos procedimentos críticos da filosofia.

Assinale a alternativa que corresponde à função da crítica na filosofia.

A
Analisar o conhecimento sobre cada realidade particular.
B
Distinguir a filosofia da religião.
C
Superar o dogmatismo em todo conhecimento verdadeiro.
D
A crítica tem papel essencial na filosofia, pois ela possibilita o progresso do pensamento. 
E
Ser o único critério para determinar se todo e qualquer método filosófico são verdadeiros. 
127059e2-6a
UPE 2021 - Inglês - Vocabulário | Vocabulary, Pronome indefinido | Indefinite Pronouns, Preposições | Prepositions, Interpretação de texto | Reading comprehension, Advérbios e conjunções | Adverbs and conjunctions, Pronomes | Pronouns

Considere o gênero textual, o contexto e a gramática da língua inglesa, e assinale a afirmativa INCORRETA para a análise linguística apresentada.

Text 2

Home


No one leaves

home unless home is the mouth of a shark

you only run for the border

when you see the whole city running as well


Your neighbors running faster than you

breath bloody in their throats

the boy you went to school with

who kissed you dizzy behind the old tin factory

is holding a gun bigger than his body

you only leave homewhen

home won‘t let you stay.


No one leaves home unless home chases you

fire under feet

hot blood in your belly

it‘s not something you ever thought of doing

until the blade burnt threats into

your neck

and even then you carried the anthem under

your breath

only tearing up your passport in an airport toilet

sobbing as each mouthful of paper

made it clear that you wouldn‘t be going back.


You have to understand,

that no one puts their children in a boat

unless the water is safer than the land

no one burns their palms

under trains

beneath carriages (…)


I want to go home,

but home is the mouth of a shark

home is the barrel of the gun

and no one would leave home

unless home chased you to the shore

unless home told you to quicken your legs

leave your clothes behind

crawl through the desert

wade through the oceans (…)


No one leaves home until home is a sweaty voice in your ear

saying –

leave,

run away from me now

I dont know what I‘ve become

but I know that anywhere

is safer than here.


By Warsan Shire. Disponível em: https://www.facinghistory.org/educator-resources/current-events/many-faces-global-migration#8 Excertos. Acesso em: set. 2020.

A
Nos versos: “I want to go home, / but home is the mouth of a shark / home is the barrel of the gun…”, a poetisa usa duas imagens poéticas que evocam pavor e violência respectivamente.
B
Nos versos: “You have to understand, / that no one puts their children in a boat/unless the water is safer than the land…”, há uma ideia de condição que se revela na conjunção em destaque.
C
Na 2ª estrofe: “your neighbors running faster than you / breath bloody in their throats / the boy you went to school with / who kissed you dizzy behind the old tin factory / is holding a gun bigger than his body / you only leave home / when home won‟t let you stay.”, foram feitas duas comparações de superioridade.
D
No verso: "No one leaves home until home is a sweaty voice in your ear…”, o indefinido em destaque pode ser substituído por everyone, sem que se altere o sentido original.
E
Nos versos: "leave your clothes behind / crawl through the desert / wade through the oceans (…)”, há duas preposições, sendo que uma delas se repete, indicando movimento.
127f0716-6a
UPE 2021 - Filosofia - O que é a Filosofia

Observe a tirinha a seguir:


Segundo ela, a filosofia

A
é uma ciência que pode contribuir para o bom comportamento das pessoas.
B
é um gênero de autoajuda, todavia mais sofisticada, pois é questionadora.
C
só pode ser praticada por filósofos diplomados, uma vez que exige competências legais para exercê-la.
D
não contribui para a mudança no comportamento das pessoas, já que se ocupa, apenas, com as ideias.
E
é uma forma de relacionamento com o mundo bastante coerente, pois traz dúvidas e questionamentos para quem a pratica.
1283a59a-6a
UPE 2021 - Filosofia - A Metafísica de Aristóteles, Filosofia e a Grécia Antiga

"Só o homem entre os viventes possui a linguagem. A voz, de fato, é sinal da dor e do prazer e, por isso, ela pertence também aos outros viventes (a natureza deles, de fato, chegou até a sensação da dor e do prazer e a representá-los entre si), mas a linguagem serve para manifestar o conveniente e o inconveniente, assim como também o justo e o injusto; isso é próprio do homem com relação aos outros viventes, somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e das outras coisas do mesmo gênero, e a comunidade dessas coisas faz a habitação e a cidade."

Aristóteles – Política

Nessa passagem da Política de Aristóteles, temos uma das primeiras formulações da principal característica que distingue os seres humanos dos animais. 

Assinale a alternativa que corresponde a essa distinção. 

A
Natureza e Cultura
B
Bem e Mal
C
Anatomia humana e anatomia animal
D
Dor e prazer
E
Conhecimento e Ignorância
126c140e-6a
UPE 2021 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

Em determinado momento, a autora revela uma lembrança terna que se mistura aos outros sentimentos evocados no poema. Assinale-a.

Text 2

Home


No one leaves

home unless home is the mouth of a shark

you only run for the border

when you see the whole city running as well


Your neighbors running faster than you

breath bloody in their throats

the boy you went to school with

who kissed you dizzy behind the old tin factory

is holding a gun bigger than his body

you only leave homewhen

home won‘t let you stay.


No one leaves home unless home chases you

fire under feet

hot blood in your belly

it‘s not something you ever thought of doing

until the blade burnt threats into

your neck

and even then you carried the anthem under

your breath

only tearing up your passport in an airport toilet

sobbing as each mouthful of paper

made it clear that you wouldn‘t be going back.


You have to understand,

that no one puts their children in a boat

unless the water is safer than the land

no one burns their palms

under trains

beneath carriages (…)


I want to go home,

but home is the mouth of a shark

home is the barrel of the gun

and no one would leave home

unless home chased you to the shore

unless home told you to quicken your legs

leave your clothes behind

crawl through the desert

wade through the oceans (…)


No one leaves home until home is a sweaty voice in your ear

saying –

leave,

run away from me now

I dont know what I‘ve become

but I know that anywhere

is safer than here.


By Warsan Shire. Disponível em: https://www.facinghistory.org/educator-resources/current-events/many-faces-global-migration#8 Excertos. Acesso em: set. 2020.

A
Uma caminhada na praia e o prazer que teve de brincar com os amigos de infância.
B
O prazer de sentar-se em frente à sua casa, conversando sem compromisso com os irmãos e vizinhos.
C
O garoto com quem ia à escola e o beijo trocado que a deixou tonta, atrás de uma antiga fábrica.
D
Os locais por onde passava diariamente, na companhia de seus colegas, até chegar à escola.
E
A leveza das roupas, as histórias e as brincadeiras que fizeram parte de sua infância.
12681d58-6a
UPE 2021 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

O poema Home, da escritora e poeta somali Warsan Shire, traz em seu cerne uma questão relevante nas pautas e discussões mundiais da atualidade. Nele, percebe-se, principalmente, que a autora

Text 2

Home


No one leaves

home unless home is the mouth of a shark

you only run for the border

when you see the whole city running as well


Your neighbors running faster than you

breath bloody in their throats

the boy you went to school with

who kissed you dizzy behind the old tin factory

is holding a gun bigger than his body

you only leave homewhen

home won‘t let you stay.


No one leaves home unless home chases you

fire under feet

hot blood in your belly

it‘s not something you ever thought of doing

until the blade burnt threats into

your neck

and even then you carried the anthem under

your breath

only tearing up your passport in an airport toilet

sobbing as each mouthful of paper

made it clear that you wouldn‘t be going back.


You have to understand,

that no one puts their children in a boat

unless the water is safer than the land

no one burns their palms

under trains

beneath carriages (…)


I want to go home,

but home is the mouth of a shark

home is the barrel of the gun

and no one would leave home

unless home chased you to the shore

unless home told you to quicken your legs

leave your clothes behind

crawl through the desert

wade through the oceans (…)


No one leaves home until home is a sweaty voice in your ear

saying –

leave,

run away from me now

I dont know what I‘ve become

but I know that anywhere

is safer than here.


By Warsan Shire. Disponível em: https://www.facinghistory.org/educator-resources/current-events/many-faces-global-migration#8 Excertos. Acesso em: set. 2020.

A
expressa o amor pela pátria – sua casa em sentido amplo –, e algumas situações que vão do momento atual à vida que deixou para trás, recordando atividades corriqueiras, como andar na praia, pescar tubarões, correr pela cidade, ir à escola etc.
B
expõe a pressão, a violência e os riscos pelos quais as pessoas passam ao deixar suas casas – seu lar, seu país de origem –, justificando as razões que as fazem partir em busca de um lugar seguro, além do sentimento de serem estrangeiras, de viverem em outro país.
C
deixa transparecer a saudade da casa que deixou para trás; dos momentos vividos com a família e com os vizinhos; das diversões com os colegas da escola, enfim, da vida que tinha antes de se tornar uma imigrante.
D
expõe sua revolta contra líderes políticos e rebeldes do país que era sua casa, seu lar, o qual foi deixado para trás em razão de seus pais não aceitarem as ideias e forma de governo que lhes foram impostas com grande violência.
E
destaca a necessidade que os imigrantes têm de voltar para seu país de origem antes que tudo mude radicalmente e eles acabem perdendo seus parentes e bens materiais, entre os quais a própria casa.