Questão dbe45342-6e
Prova:
Disciplina:
Assunto:
A literatura e a fotografia podem ser compreendidas como instrumentos de denúncia social. Na
literatura, as obras Morte e Vida Severina e Auto da Compadecida destacam-se na representação de
personagens que revelam seus conflitos no enfrentamento de questões sociais, como: fome, pobreza,
desemprego e violência. Na fotografia, Sebastião Salgado imprime maior dramaticidade à cena, ao
empregar o preto e o branco. Considerando a leitura dos Textos 7, 8, 9 e 10, as características
estilísticas e o contexto de produção das obras de João Cabral de Melo Neto e de Ariano Suassuna,
assinale a alternativa CORRETA.
A literatura e a fotografia podem ser compreendidas como instrumentos de denúncia social. Na
literatura, as obras Morte e Vida Severina e Auto da Compadecida destacam-se na representação de
personagens que revelam seus conflitos no enfrentamento de questões sociais, como: fome, pobreza,
desemprego e violência. Na fotografia, Sebastião Salgado imprime maior dramaticidade à cena, ao
empregar o preto e o branco. Considerando a leitura dos Textos 7, 8, 9 e 10, as características
estilísticas e o contexto de produção das obras de João Cabral de Melo Neto e de Ariano Suassuna,
assinale a alternativa CORRETA.
Texto 7
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
[...]
MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina. Excertos.
Disponível em:
https://www.passeiweb.com/estudos/livros/morte_e_vida_severina/
Acesso em: 30/07/2020.
Texto 9
A COMPADECIDA – João foi um pobre
como nós, meu filho. Teve de suportar as
maiores dificuldades, numa terra seca e
pobre como a nossa. Não o condene,
deixe João ir para o purgatório.
JOÃO GRILO – Para o purgatório? Não,
não faça isso assim não. [Chamando a
Compadecida à parte]. Não repare eu
dizer isso, mas é que o diabo é muito
negociante e com esse povo a gente
pede o mais para impressionar.
A senhora pede o céu, porque aí o acordo
fica mais fácil a respeito do purgatório.
A COMPADECIDA – Isso dá certo lá no
sertão, João! Aqui se passa tudo de outro
jeito! Que é isso? Não confia mais na sua
advogada?
JOÃO GRILO – Confio, Nossa Senhora,
mas esse camarada enrolando nós dois.
A COMPADECIDA – Deixe comigo. [a
Manuel]. Peço-lhe então, muito
simplesmente, que não condene João.
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de
Janeiro, Agir, 2005. Excertos. Disponível em:
https://vermelho.org.br/2014/07/25/auto-dacompadecida/ Acesso em: 09/08/2020.
Texto 7
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
[...]
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
[...]
MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina. Excertos.
Disponível em:
https://www.passeiweb.com/estudos/livros/morte_e_vida_severina/
Acesso em: 30/07/2020.
Texto 9
A COMPADECIDA – João foi um pobre
como nós, meu filho. Teve de suportar as
maiores dificuldades, numa terra seca e
pobre como a nossa. Não o condene,
deixe João ir para o purgatório.
JOÃO GRILO – Para o purgatório? Não,
não faça isso assim não. [Chamando a
Compadecida à parte]. Não repare eu
dizer isso, mas é que o diabo é muito
negociante e com esse povo a gente
pede o mais para impressionar.
A senhora pede o céu, porque aí o acordo
fica mais fácil a respeito do purgatório.
A COMPADECIDA – Isso dá certo lá no
sertão, João! Aqui se passa tudo de outro
jeito! Que é isso? Não confia mais na sua
advogada?
JOÃO GRILO – Confio, Nossa Senhora,
mas esse camarada enrolando nós dois.
A COMPADECIDA – Deixe comigo. [a
Manuel]. Peço-lhe então, muito
simplesmente, que não condene João.
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de
Janeiro, Agir, 2005. Excertos. Disponível em:
https://vermelho.org.br/2014/07/25/auto-dacompadecida/ Acesso em: 09/08/2020.
A
A obra Morte e Vida Severina revela a trajetória de Severino, personagem que representa
simbolicamente a condição social de muitos nordestinos: "Somos muitos Severinos/iguais em tudo
na vida".
B
A obra Auto da Compadecida (Texto 9) foi adaptada para o cinema brasileiro (Texto 10) com
significativas alterações para a linguagem fílmica. A narrativa apresentada no filme explora
intensamente a comédia e não revela sintonia com o enredo do texto dramático de Ariano
Suassuna.
C
No Texto 9, cena da obra original do Auto da Compadecida, a Compadecida intercede por João
Grilo, justificando os erros dele como decorrentes da sua precária condição social. Essa cena não
foi apresentada na adaptação do Auto para o cinema, considerando o filme dirigido por Guel
Arraes.
D
Exemplos da prosa regionalista de 1930, os Textos 7 e 9 dialogam na denúncia social quando
apresentam Severino e João Grilo como estereótipos do nordestino brasileiro. Tais personagens
têm em comum a astúcia, a preguiça e a falta de fé.
E
O Texto 7 estabelece conexões com o Texto 8 na representação romântica da vida Severina,
considerando a imagem dos pés de "pobres trabalhadores da terra". Literatura e fotografia unemse na denúncia social por meio de linguagens não verbais.