Questão dbd62d49-6e
Prova:UPE 2021
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para alcançar o seu interlocutor e convencê-lo a aderir às suas ideias, é comum o autor citar alguma autoridade no assunto. No Texto 6, Roman Krznaric é referido com diferentes expressões que servem não só para identificá-lo como também para defini-lo e mostrar ao leitor as suas credenciais. Assinale, entre as alternativas abaixo, a única expressão que NÃO está empregada no texto para referir Roman Krznaric.

Com a vida em xeque diante da COVID-19, ser humano descobre a empatia e a solidariedade como atos de preservação da espécie

Um olhar voltado para o cuidado e a atenção com o outro

"Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?" A indagação é de Henry David Thoreau, historiador e filósofo americano, que morreu em 1862. No mundo individualista do século 21, será que ainda há lugar para o ser humano praticar a empatia? Ser solidário? Ter olhar para a cooperação social? Sim. Ainda bem. Caso contrário, a espécie estaria com os dias contados. Não está. Ela sobrevive porque em toda parte há pessoas que espalham o antídoto do amor e da generosidade ao ajudar quem precisa. E não só para quem está à margem da sociedade.

Philia, termo tirado do tratado Ética a Nicômaco, de Aristóteles, pode ser traduzido como amizade, amor e também empatia, ou seja, uma espécie de afeição e apreço por outra pessoa. O modo como o filósofo aplicava o termo é uma inspiração para o tempo atual: ―Fazer o bem; fazer sem que seja solicitado‖. Assim agem muitos brasileiros diante dos desafios provocados pela pandemia do novo coronavírus. É um trabalho de formiguinha, incansável, com cada um fazendo um pouco, que somado a outro pouco leva esperança e alento a muitas pessoas.

O filósofo australiano Roman Krznaric, fundador da The School of Life de Londres (badalada escola inglesa que oferece cursos livres na área de Humanidades) e descrito pelo Observer com um dos mais importantes pensadores britânicos dedicados ao estudo dos estilos de vida, acredita que a empatia pode criar uma grande mudança social. Em seu livro Empathy – A handbook for revolution ("O poder da empatia – A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo‖, Editora Zahar), ele escreveu sobre o que chama de ―a tragédia da Era da Introspecção‖, com o intenso foco no eu.

Para o filósofo, é hora de tentar algo diferente. ―Há mais de 2 mil anos, Sócrates aconselhou que o melhor caminho para viver bem e com sabedoria era o 'conhece-te a ti mesmo'‖. Pensam convencionalmente que isso exige autorreflexão: que olhemos para dentro de nós e contemplemos nossas almas. Mas podemos também passar a nos conhecer saindo de nós mesmos e aprendendo sobre vidas e culturas diferentes das nossas. É hora de forjar a 'Era da Outrospecção', e a empatia é nossa maior esperança para fazer isso.‖

Não que a empatia seja uma panaceia universal para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas da vida, mas ela faz a diferença na vida do outro e na própria existência. São ações diversas, inspiradoras e que podem despertar a mesma atitude em mais pessoas em dias tão difíceis. [...]

O mundo vive um sofrimento global, talvez sem precedentes na história. Diante de um inimigo comum, todos são afetados. Logo, a única alternativa é enfrentá-lo juntos e com esperança de que tudo ―dará certo‖, como tem sido o lema mundial. O momento é, portanto, de comunhão. A psicóloga clínica Maria Clara Jost, pós-doutora em Psicologia, professora da Faculdade de Ciências Médicas e pós-graduada em Filosofia, lembra que quanto mais a pessoa se fecha em um casulo menos descobre sobre si e sobre os seus valores mais próprios, acabando por intensificar sofrimentos já existentes, tendendo ao adoecimento em diversas esferas do ser.

Por outro lado, ressalta Maria Clara, se somos constituídos na relação que estabelecemos com os outros, desde o útero, então, quanto mais nos posicionarmos no sentido de abertura ao mundo, ao outro e à coletividade, em um movimento autotranscendente, maior a possibilidade de encontrar quem, muitas vezes, estava escondido num turbilhão de afazeres, por vezes sem sentido: nós mesmos.


Lilian Monteiro. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2020/04/26/interna_bem_viver,1141208/com-avida-em-xeque-diante-da-covid-19-ser-humano-descobre-a-empatia.shtml Acesso em: 30/06/2020. (Adaptado)

A
"historiador e filósofo americano" (1º parágrafo)
B
"o filósofo australiano" (3º parágrafo)
C
"fundador da The School of Life de Londres" (3º parágrafo)
D
"um dos mais importantes pensadores britânicos"(3º parágrafo)
E
"o filósofo" (4º parágrafo)

Gabarito comentado

J
Julia LimaMonitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de texto – coesão referencial e perífrase. A questão exige que o candidato identifique no texto expressões diferentes empregadas para nomear uma mesma pessoa, analisando o mecanismo de coesão textual e o uso de perífrases, em total alinhamento com a norma-padrão da Língua Portuguesa.

Justificativa da alternativa correta (A):

A alternativa A) "historiador e filósofo americano" não está empregada para Roman Krznaric; refere-se claramente a outro personagem citado no 1º parágrafo, Henry David Thoreau. Segundo a estratégia de interpretação, é essencial observar o contexto imediato onde cada expressão aparece, pois textos de provas frequentemente inserem citações de diferentes autores para induzir ao erro pela distração.

Análise das alternativas incorretas:

  • B) "o filósofo australiano": Explicitamente empregado no texto para identificar Roman Krznaric.
  • C) "fundador da The School of Life de Londres": Menção presente no mesmo trecho referindo-se à atuação profissional de Krznaric.
  • D) "um dos mais importantes pensadores britânicos": Descrição atribuída diretamente ao filósofo em destaque.
  • E) "o filósofo": No contexto do 4º parágrafo, a referência permanece sendo Krznaric, lançado mão do recurso de coesão para evitar repetição do nome completo.

Conceitos envolvidos:

Coesão referencial (Bechara, Cunha & Cintra): é o uso de diferentes expressões para garantir continuidade ao texto sem recorrer à repetição de nomes próprios. Perífrase é a substituição de um termo por uma locução que o caracteriza, recurso muito empregado em textos dissertativos para enriquecer os referentes.

Pegadinhas e estratégias: Fique atento à troca de personagens ou à enumeração de frases em parágrafos diferentes. Ler atentamente o entorno da citação permite evitar confusões de referência, principalmente quando diferentes autoridades são mencionadas em um mesmo texto.

Portanto, a alternativa correta é a letra A, pois somente ela faz referência a outro personagem, não a Roman Krznaric.

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