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Crianças Trabalham em Condições de Escravidão
Diz a Organização Internacional do Trabalho: as “piores formas de trabalho infantil” são as que podem
prejudicar a saúde e a segurança dos menores de 18 anos, as que envolvem trabalho escravo, ou as que
são consequência do tráfico humano. A colheita do cacau na Costa do Marfim e em Gana, os maiores
produtores mundiais da matéria-prima do chocolate, tem disso tudo. Crianças escravas, enganadas por
traficantes de pessoas, ou adolescentes que abandonaram a escola para ajudar a família na lavoura pesada, em contato intenso com agrotóxicos. Os fabricantes de chocolate têm sido cobrados por políticos
e consumidores.
E ganharam um prazo para diminuir o trabalho infantil no começo da feitura de seus doces. Mas a questão
é mais complexa que apenas apelar às boas intenções das multinacionais – porque envolve um ciclo
de miséria enraizado profundamente no solo africano.
A série de reportagens investigativas que denunciou o trabalho escravo de adolescentes e 12 crianças
em plantações de Gana e da Costa do Marfim já está fazendo15 anos, e muita coisa mudou de lá para cá
– graças à mobilização de entidades de combate ao tráfico infantil e iniciativas das próprias companhias
de chocolate. Mas um estudo divulgado pela Tulane University, de New Orleans, mostrou que o cenário
ainda é aterrador, mesmo para os padrões africanos. Segundo esse levantamento, 2,2 milhões de crian-
ças estavam trabalhando em 2014 nas plantações de cacau da Costa do Marfim e de Gana – e piorou
nos últimos cinco anos: 440 mil a mais que na última edição da pesquisa, em 2009. Desse total, 90% estão
envolvidas em atividades perigosas: manipulam facões para abrir os frutos (37% das crianças têm
ferimentos provocados pelo facão); carregam nos ombros ou sobre a cabeça sacos de mais de 10 kg
cheios de sementes de cacau, caminhando pelo solo irregular das plantações; têm contato direto e intenso
com pesticidas. Isso tudo sob um sol africano.
Dossiê Superinteressante, São Paulo: Abril, mai, 2016, p.39-41. Com adaptações.
I. As multinacionais fabricantes de chocolate ganharam um prazo para diminuir o trabalho infantil utilizado
na colheita do cacau.
II. A erradicação do trabalho infantil independe da boa vontade dos fabricantes de chocolate, porque
esbarra na miséria radicada nas terras africanas.
III. A Tulane University divulgou, há 15 anos, um estudo sobre o trabalho escravo envolvendo crianças e
adolescentes em plantações de Gana e da Costa do Marfim.
IV. A expressão “última edição da pesquisa” (17ª e 18ª linhas) refere-se a um levantamento feito cinco
anos antes de 2014 pela Tulane University.
V. A expressão “desse total” (18ª linha) refere-se aos 2,2 milhões de crianças.