Questõesde UEMG sobre Português
No trecho “Eles disseram que ela, amorosa, enfraquece o sol e as suas sombras”, o termo "amorosa" possibilita
duas funções sintáticas distintas. Considerando a anáfora predominante no fragmento, a função sintática
prevalente é
[...] E os dois imigrantes, no silêncio dos caminhos, unidos enfim numa mesma comunhão de esperança e admiração, puseram-se a louvar a Terra de Canaã.
Eles disseram que ela era formosa com os seus trajes magníficos, vestida de sol, coberta com o manto do voluptuoso e infinito azul; que era amimada pelas coisas; sobre o seu colo águas dos rios fazem voltas e outras enlaçam-lhe a cintura desejada; [...]
Eles disseram que ela era opulenta, porque no seu bojo fantástico guarda a riqueza inumerável, o ouro puro e a pedra iluminada; porque os seus rebanhos fartam as suas nações e o fruto das suas árvores consola o amargor da existência; porque um só grão das suas areias fecundas fertilizaria o mundo inteiro e apagaria para sempre a miséria e a fome entre os homens. Oh! poderosa!...
Eles disseram que ela, amorosa, enfraquece o sol com as suas sombras; para o orvalho da noite fria tem o calor da pele aquecida, e os homens encontram nela, tão meiga e consoladora, o esquecimento instantâneo da agonia eterna...
Eles disseram que ela era feliz entre as outras, porque era a mãe abastada, a casa de ouro, a providência dos filhos despreocupados, que a não enjeitam por outra, não deixam as suas vestes protetoras e a recompensam com o gesto perpetuamente infantil e carinhoso, e cantam-lhe hinos saídos de um peito alegre...
Eles disseram que ela era generosa, porque distribui os seus dons preciosos aos que deles têm desejo; a sua porta não se fecha, as suas riquezas não têm dono; não é perturbada pela ambição e pelo orgulho; os seus olhos suaves e divinos não distinguem as separações miseráveis; o seu seio maternal se abre a todos como um farto e tépido agasalho... Oh! esperança nossa!
Eles disseram esses e outros louvores e caminharam dentro da luz...
ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.
A presença constante da repetição de termos e de expressões no início do parágrafo é conhecida como anáfora.
O uso da anáfora – Eles disseram – , no contexto, expressa tom
A presença constante da repetição de termos e de expressões no início do parágrafo é conhecida como anáfora.
O uso da anáfora – Eles disseram – , no contexto, expressa tom
[...] E os dois imigrantes, no silêncio dos caminhos, unidos enfim numa mesma comunhão de esperança e admiração, puseram-se a louvar a Terra de Canaã.
Eles disseram que ela era formosa com os seus trajes magníficos, vestida de sol, coberta com o manto do voluptuoso e infinito azul; que era amimada pelas coisas; sobre o seu colo águas dos rios fazem voltas e outras enlaçam-lhe a cintura desejada; [...]
Eles disseram que ela era opulenta, porque no seu bojo fantástico guarda a riqueza inumerável, o ouro puro e a pedra iluminada; porque os seus rebanhos fartam as suas nações e o fruto das suas árvores consola o amargor da existência; porque um só grão das suas areias fecundas fertilizaria o mundo inteiro e apagaria para sempre a miséria e a fome entre os homens. Oh! poderosa!...
Eles disseram que ela, amorosa, enfraquece o sol com as suas sombras; para o orvalho da noite fria tem o calor da pele aquecida, e os homens encontram nela, tão meiga e consoladora, o esquecimento instantâneo da agonia eterna...
Eles disseram que ela era feliz entre as outras, porque era a mãe abastada, a casa de ouro, a providência dos filhos despreocupados, que a não enjeitam por outra, não deixam as suas vestes protetoras e a recompensam com o gesto perpetuamente infantil e carinhoso, e cantam-lhe hinos saídos de um peito alegre...
Eles disseram que ela era generosa, porque distribui os seus dons preciosos aos que deles têm desejo; a sua porta não se fecha, as suas riquezas não têm dono; não é perturbada pela ambição e pelo orgulho; os seus olhos suaves e divinos não distinguem as separações miseráveis; o seu seio maternal se abre a todos como um farto e tépido agasalho... Oh! esperança nossa!
Eles disseram esses e outros louvores e caminharam dentro da luz...
ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.
O fragmento a seguir é um dos diálogos entre os dois estrangeiros que protagonizam Canaã.
— Parece que já vi este quadro em algum lugar — disse Milkau, cismando, — Mas não, este ar, este conjunto suave, este torpor instantâneo, e que se percebe vai passar daqui a pouco, é seguramente a primeira vez que conheço.
— E por quanto tempo aqui ficaremos? — disse o outro num bocejo de desalento; e o seu olhar pairava preguiçosamente sobre a paisagem.
— Não meço o tempo — respondeu Milkau —, porque não sei até quando viverei, e agora espero que este seja o quadro definitivo da minha existência. Sou um imigrado, e tenho a alma do repouso; este será o meu último movimento na terra...
— Mas nada o agita? Nada o impelirá para fora daqui, fora desta paz dolorosa, que é uma sepultura para nós?...
— Aqui fico. E se aqui está a paz, é a paz que procuro exatamente...Eu me conservarei na humildade; em torno de mim desejarei uma harmonia infinita.
ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.
A relação discurso/personagem está representada, corretamente, na seguinte associação:
O fragmento a seguir é um dos diálogos entre os dois estrangeiros que protagonizam Canaã.
— Parece que já vi este quadro em algum lugar — disse Milkau, cismando, — Mas não, este ar, este conjunto suave, este torpor instantâneo, e que se percebe vai passar daqui a pouco, é seguramente a primeira vez que conheço.
— E por quanto tempo aqui ficaremos? — disse o outro num bocejo de desalento; e o seu olhar pairava preguiçosamente sobre a paisagem.
— Não meço o tempo — respondeu Milkau —, porque não sei até quando viverei, e agora espero que este seja o quadro definitivo da minha existência. Sou um imigrado, e tenho a alma do repouso; este será o meu último movimento na terra...
— Mas nada o agita? Nada o impelirá para fora daqui, fora desta paz dolorosa, que é uma sepultura para nós?...
— Aqui fico. E se aqui está a paz, é a paz que procuro exatamente...Eu me conservarei na humildade; em torno de mim desejarei uma harmonia infinita.
ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.
A relação discurso/personagem está representada, corretamente, na seguinte associação:
Dos fragmentos a seguir, a palavra sublinhada cuja relação morfossintática difere das demais é
O (não) lugar do “pardo”
Lá no fim do século XIX e no começo do XX, o Brasil passava pelo dilema que todas as nações modernas enfrentaram (e, de certa maneira, ainda enfrentam): como criar uma identidade nacional que justifique e mantenha o Estado?
Notem que eu ouso criar, porque é bem isso mesmo, inventar uma história que servisse aos interesses da elite dominante e homogeneizasse a população brasileira. Ora, essa população era formada, principalmente, por pretos escravos ou ex-escravos, indígenas perseguidos e uma parcela de gente branca. No centro da discussão estava: quem seria o cidadão brasileiro.
Houve quem defendesse a educação para o trabalho: ensinar os pretos amolecidos e degenerados pela escravidão (faz me rir) a trabalhar resignado. Teve aqueles que achavam que a inferioridade dos pretos era tão grande que não adiantava educar nem nada, era melhor expulsar ou deixar morrer. O Brasil, em seus debates sobre a nação e seus cidadãos, bebeu muito das teorias racialistas que estavam em voga na Europa e sendo amplamente utilizadas para justificar a colonização na África depois de séculos e séculos de saque humano. [...]
Daí surge o pardo como a gente conhece hoje. O pardo não é raça, não é povo, não é cidadão brasileiro. Ele é o estágio transitório entre a base da pirâmide (os negros) e o topo (os brancos). Não é branco, ainda não chegou no estágio sublime de branquitude que garante o direito à vida, oportunidades e cidadania, mas é prova viva da boa vontade e do esforço de se embranquecer tão valorizado por uma elite branca que, desde sempre, morre de medo dos pretos fazerem daqui o Haiti.
Como fala Foucault, o poder, no estado moderno, não é negativo, ele é normatizador. Ou seja, estabelece normas de conduta, estéticas, discursivas, e beneficia aqueles que fazem o jogo. No caso do Brasil, o jogo da branquitude. Quanto mais branco você tentar ser, seja usando intervenções estéticas ou compartilhando o discurso político e social, mais “tolerável” você vai ser. Nisso, nós que somos claros, temos uma vantagem: o branqueamento estético é mais alcançável para nós. Mas nada disso garante que você vai passar de boa em uma sociedade racialmente hierarquizada, o embranquecimento é, sobretudo, uma mutilação. E pra quem ainda tem dúvidas, mutilação é sempre ruim ok? Não tem gradação de violência e mutilação. [...]
https://medium.com/@isabelapsena/o-n%C3%A3o-lugar-do-pardo
Considerando o contexto de circulação de um artigo de opinião e o propósito discursivo do produtor do texto
acima, os recursos argumentativos utilizados têm a função de
O (não) lugar do “pardo”
Lá no fim do século XIX e no começo do XX, o Brasil passava pelo dilema que todas as nações modernas enfrentaram (e, de certa maneira, ainda enfrentam): como criar uma identidade nacional que justifique e mantenha o Estado?
Notem que eu ouso criar, porque é bem isso mesmo, inventar uma história que servisse aos interesses da elite dominante e homogeneizasse a população brasileira. Ora, essa população era formada, principalmente, por pretos escravos ou ex-escravos, indígenas perseguidos e uma parcela de gente branca. No centro da discussão estava: quem seria o cidadão brasileiro.
Houve quem defendesse a educação para o trabalho: ensinar os pretos amolecidos e degenerados pela escravidão (faz me rir) a trabalhar resignado. Teve aqueles que achavam que a inferioridade dos pretos era tão grande que não adiantava educar nem nada, era melhor expulsar ou deixar morrer. O Brasil, em seus debates sobre a nação e seus cidadãos, bebeu muito das teorias racialistas que estavam em voga na Europa e sendo amplamente utilizadas para justificar a colonização na África depois de séculos e séculos de saque humano. [...]
Daí surge o pardo como a gente conhece hoje. O pardo não é raça, não é povo, não é cidadão brasileiro. Ele é o estágio transitório entre a base da pirâmide (os negros) e o topo (os brancos). Não é branco, ainda não chegou no estágio sublime de branquitude que garante o direito à vida, oportunidades e cidadania, mas é prova viva da boa vontade e do esforço de se embranquecer tão valorizado por uma elite branca que, desde sempre, morre de medo dos pretos fazerem daqui o Haiti.
Como fala Foucault, o poder, no estado moderno, não é negativo, ele é normatizador. Ou seja, estabelece normas de conduta, estéticas, discursivas, e beneficia aqueles que fazem o jogo. No caso do Brasil, o jogo da branquitude. Quanto mais branco você tentar ser, seja usando intervenções estéticas ou compartilhando o discurso político e social, mais “tolerável” você vai ser. Nisso, nós que somos claros, temos uma vantagem: o branqueamento estético é mais alcançável para nós. Mas nada disso garante que você vai passar de boa em uma sociedade racialmente hierarquizada, o embranquecimento é, sobretudo, uma mutilação. E pra quem ainda tem dúvidas, mutilação é sempre ruim ok? Não tem gradação de violência e mutilação. [...]
https://medium.com/@isabelapsena/o-n%C3%A3o-lugar-do-pardo
Analise o excerto a seguir, extraído do Texto
II, e assinale a alternativa INCORRETA.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as
vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança;”.
Analise o excerto a seguir, extraído do Texto II, e assinale a alternativa INCORRETA.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança;”.
Texto I
Laerte.
Disponível em: https://www.instagram.com/p/CWtk14SFixR/. Acesso em 19 jan. 2022.
Texto II
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Luiz Vaz de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Disponível em: https://www.escritas.org/pt/t/2513/mudam-se-ostempos-mudam-se-as-vontades. Acesso em 17 jan. 2022.
Glossário:
Soía: costumava
Assinale a alternativa correta a respeito de
elementos linguísticos presentes no Texto II.
Texto I
Laerte.
Disponível em: https://www.instagram.com/p/CWtk14SFixR/. Acesso em 19 jan. 2022.
Texto II
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Luiz Vaz de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Disponível em: https://www.escritas.org/pt/t/2513/mudam-se-ostempos-mudam-se-as-vontades. Acesso em 17 jan. 2022.
Glossário:
Soía: costumava
Entre dois mundos
(Vinícius Jatobá)
Há em João Ubaldo Ribeiro o encontro de duas linguagens conflitantes. De um lado, o
português bacharel, de vocabulário elitista, específico, extremamente literário, em que o
autor emula todo um conjunto de valores culturais aristocráticos (ainda presentes) da cultura
brasileira; e, por outro, o sabor vernáculo, em que gírias e jargões se acumulam em uma
prosa descabelada, equivocada, acumulada, repleta de energia. É um achado porque o
grande tema dos melhores livros de Ubaldo é esse conflito entre a história oficial,
bacharelada, floreada, timbrada, e a história dos anônimos, improvisada, analfabeta, gritada,
e Ubaldo escreve no coração desse conflito, desses dois mundos.
(http://goo.gl/UaH7R. Acesso: 14/03/2013. Adaptado.)
No que tange aos aspectos sociopolíticos, essa descrição da obra do romancista João
Ubaldo Ribeiro evidencia
Entre dois mundos
(Vinícius Jatobá)
Há em João Ubaldo Ribeiro o encontro de duas linguagens conflitantes. De um lado, o português bacharel, de vocabulário elitista, específico, extremamente literário, em que o autor emula todo um conjunto de valores culturais aristocráticos (ainda presentes) da cultura brasileira; e, por outro, o sabor vernáculo, em que gírias e jargões se acumulam em uma prosa descabelada, equivocada, acumulada, repleta de energia. É um achado porque o grande tema dos melhores livros de Ubaldo é esse conflito entre a história oficial, bacharelada, floreada, timbrada, e a história dos anônimos, improvisada, analfabeta, gritada, e Ubaldo escreve no coração desse conflito, desses dois mundos.
(http://goo.gl/UaH7R. Acesso: 14/03/2013. Adaptado.)
No que tange aos aspectos sociopolíticos, essa descrição da obra do romancista João
Ubaldo Ribeiro evidencia
Mílton e o concorrente
Moacyr Scliar
Mílton ainda não abriu a sua loja, mas o concorrente já abriu a dele; e já está anunciando,
já está vendendo, já está liquidando a preços abaixo do custo. Mílton ainda está na cama,
ao lado da amante, dessa mulher ilegítima, que nem bonita é, nem simpática; o concorrente
já está de pé, alerta, atrás do balcão. A esposa – fiel companheira de tantos anos – está ao
seu lado, alerta também. Mílton ainda não fez o desjejum (desjejum? Um cigarro, um copo
de vinho, isso é desjejum?) – o concorrente já tomou suco de laranja, já comeu ovo, torrada,
queijo, já sorveu uma grande xícara de café com leite. Já está nutrido.
Mílton ainda está nu, o concorrente já se apresenta elegantemente vestido. Mílton mal abriu
os olhos, o concorrente já leu os jornais da manhã, já está a par das cotações da bolsa e
das tendências do mercado. Mílton ainda não disse uma palavra, o concorrente já falou com
os clientes, com figurões da política, com o fiscal amigo, com os fornecedores. Mílton ainda
está no subúrbio; o concorrente vencendo todos os problemas do trânsito, já chegou ao
centro da cidade, já está solidamente no seu prédio próprio. Mílton ainda não sabe se o dia
é chuvoso, ou de sol, o concorrente já está solidamente informado de que vão subir os
preços dos artigos de couro. Mílton ainda não viu os filhos (sem falar da esposa, de quem
está separado); o concorrente já criou as filhas, já as formou em direito e química, já as
casou, já tem netos. Mílton ainda não começou a viver. O concorrente já está sentindo uma
dor no peito, já está caindo sobre o balcão, já está estertorando, os olhos arregalados – já
está morrendo enfim.
(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. pp.13-4)
Considere o enunciado: O concorrente já está sentindo uma dor no peito, já está caindo
sobre o balcão, já está estertorando, os olhos arregalados – já está morrendo enfim.
A opção que apresenta sentido equivalente ao da palavra grifada é:
Mílton e o concorrente
Moacyr Scliar
Mílton ainda não abriu a sua loja, mas o concorrente já abriu a dele; e já está anunciando, já está vendendo, já está liquidando a preços abaixo do custo. Mílton ainda está na cama, ao lado da amante, dessa mulher ilegítima, que nem bonita é, nem simpática; o concorrente já está de pé, alerta, atrás do balcão. A esposa – fiel companheira de tantos anos – está ao seu lado, alerta também. Mílton ainda não fez o desjejum (desjejum? Um cigarro, um copo de vinho, isso é desjejum?) – o concorrente já tomou suco de laranja, já comeu ovo, torrada, queijo, já sorveu uma grande xícara de café com leite. Já está nutrido. Mílton ainda está nu, o concorrente já se apresenta elegantemente vestido. Mílton mal abriu os olhos, o concorrente já leu os jornais da manhã, já está a par das cotações da bolsa e das tendências do mercado. Mílton ainda não disse uma palavra, o concorrente já falou com os clientes, com figurões da política, com o fiscal amigo, com os fornecedores. Mílton ainda está no subúrbio; o concorrente vencendo todos os problemas do trânsito, já chegou ao centro da cidade, já está solidamente no seu prédio próprio. Mílton ainda não sabe se o dia é chuvoso, ou de sol, o concorrente já está solidamente informado de que vão subir os preços dos artigos de couro. Mílton ainda não viu os filhos (sem falar da esposa, de quem está separado); o concorrente já criou as filhas, já as formou em direito e química, já as casou, já tem netos. Mílton ainda não começou a viver. O concorrente já está sentindo uma dor no peito, já está caindo sobre o balcão, já está estertorando, os olhos arregalados – já está morrendo enfim.
(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. pp.13-4)
Considere o enunciado: O concorrente já está sentindo uma dor no peito, já está caindo
sobre o balcão, já está estertorando, os olhos arregalados – já está morrendo enfim.
A opção que apresenta sentido equivalente ao da palavra grifada é:
Setembro tem recorde de calor e de gelo na Antártida
O mês de setembro de 2012 foi o mais quente já registrado, dizem cientistas de uma
agência governamental que estuda o clima e o oceano. A média da temperatura global dos
continentes e dos oceanos no mês passado foi de 15,67º C ou 0,67º C acima da média geral
do século XX. A temperatura média global nos continentes, em setembro, foi a terceira mais
quente já registrada para esse mês.
(http://goo.gl/HD7JP. Acesso: 29/10/2012. Adaptado.)
No texto, os termos em negrito apresentam, respectivamente, os sentidos de
Setembro tem recorde de calor e de gelo na Antártida
O mês de setembro de 2012 foi o mais quente já registrado, dizem cientistas de uma agência governamental que estuda o clima e o oceano. A média da temperatura global dos continentes e dos oceanos no mês passado foi de 15,67º C ou 0,67º C acima da média geral do século XX. A temperatura média global nos continentes, em setembro, foi a terceira mais quente já registrada para esse mês.
(http://goo.gl/HD7JP. Acesso: 29/10/2012. Adaptado.)
No texto, os termos em negrito apresentam, respectivamente, os sentidos de
Um dia, ao começar a escrever um livro didático sobre literatura, tive que dar
uma definição da poesia e embatuquei. Eu, que desde os dez anos de idade faço versos;
eu, que tantas vezes sentira a poesia passar em mim como uma corrente elétrica e afluir
aos meus olhos sob a forma de misteriosas lágrimas de alegria; não soube no momento
forjar já não digo uma definição racional, dessas que, segundo a regra da lógica devem
convir a todo o definido e só ao definido, mas uma definição puramente empírica, artística,
literária. No aperto me socorri de Schiller, em quem o crítico era tão grande quanto o poeta,
e disse com ele: “Poesia é a força que atua de maneira diversa e inapreendida, além e acima
da consciência.”
(Manuel Bandeira. Poesia e prosa. p. 1271).
A falta de uma definição de poesia fez com que Bandeira, um poeta, recorresse à definição
expressa por um outro poeta, Schiller. A definição de Schiller
Um dia, ao começar a escrever um livro didático sobre literatura, tive que dar
uma definição da poesia e embatuquei. Eu, que desde os dez anos de idade faço versos;
eu, que tantas vezes sentira a poesia passar em mim como uma corrente elétrica e afluir
aos meus olhos sob a forma de misteriosas lágrimas de alegria; não soube no momento
forjar já não digo uma definição racional, dessas que, segundo a regra da lógica devem
convir a todo o definido e só ao definido, mas uma definição puramente empírica, artística,
literária. No aperto me socorri de Schiller, em quem o crítico era tão grande quanto o poeta,
e disse com ele: “Poesia é a força que atua de maneira diversa e inapreendida, além e acima
da consciência.”
(Manuel Bandeira. Poesia e prosa. p. 1271).
A falta de uma definição de poesia fez com que Bandeira, um poeta, recorresse à definição
expressa por um outro poeta, Schiller. A definição de Schiller

(http://eduardoabril.blogspot.com. Acesso: 28/03/2010.)
O fato de as palavras “imtulho” e “aria” estarem escritas de forma diferente da padrão indica a
(http://eduardoabril.blogspot.com. Acesso: 28/03/2010.)
O fato de as palavras “imtulho” e “aria” estarem escritas de forma diferente da padrão indica a
Seja Feliz
(Marisa Monte)
Tão longa a estrada
Tão longa a sina
Tão curta a vida
Tão largo o céu
Tão largo o mar
Tão curta a vida
Curta a vida
(http://letras.mus.br/marisa-monte/1982242/. Acesso: 07/02/2013. Adaptado.)
No último verso, a palavra “curta” tem um sentido diferente do ocorrido no terceiro e sexto
versos, pois esse novo sentido expressa que a vida
Seja Feliz
(Marisa Monte)
Tão longa a estrada
Tão longa a sina
Tão curta a vida
Tão largo o céu
Tão largo o mar
Tão curta a vida
Curta a vida
(http://letras.mus.br/marisa-monte/1982242/. Acesso: 07/02/2013. Adaptado.)
No último verso, a palavra “curta” tem um sentido diferente do ocorrido no terceiro e sexto versos, pois esse novo sentido expressa que a vida
Leia o texto:
Desolado com a possibilidade de extinção da língua portuguesa, deputado apresenta projeto
de lei com o objetivo de proibir o uso de palavras de outros idiomas em meios de
comunicação, nomes comerciais, documentos oficiais, etc. [...]
A identidade das línguas não se esconde nos vocabulários, mas na maneira como eles se
articulam. Seus segredos estão em palavras que a maioria dos mortais relega a segundo
plano como artigos, preposições, conjunções, ou em processos relacionais como regências,
concordâncias, flexões, declinações, sintaxes. Enquanto os fanáticos por computadores
conjugarem o anglicismo “escanear” como se fosse “escaneio, escaneias, escaneia...” tudo
está bem: estão apenas repetindo processos que nos deram palavras preciosas como
“desolado” ou “parlamento”... – a última , um caso particularmente interessante, por nos
fornecer uma palavra latina por tabela, sua raiz é latina, mas sua existência se deve aos
ingleses. No dia em que começarmos a lidar com respeitáveis palavras de ascendência
diretamente romana como “falar” em termos de “eu fala, tu fala, ele fala, nós fala”, aí talvez
seja o momento de profetizar a agonia da “última flor de Lácio” [...]
O simples fato de determinada comunidade usar ou não determinada expressão contém
significado que jamais poderá ser traduzido por outra palavra. Voltando ao nosso apaixonado
por computadores, se ele começar a disparar verbos como “escanear”, “printar”, deletar ou
congêneres, saberemos de sua condição de info-fanático. Ninguém precisará nos dizer isso.
Além de nos informar que vai imprimir ou apagar algo, ele está nos dizendo, também, que
se quiser pode estourar o disco rígido de nosso computador sem que notemos. Quando um
executivo fala em personal banking, ele não se refere apenas à relação personalizada que
a informática permite entre ele e seu banco, informa-nos, também, sobre a tribo à qual
pertence [...] A lei contém, portanto, elemento limitador da expressão. Quando pretende se
impor a meios de comunicação, o problema torna-se mais grave. Além da redução
quantitativa de informações que permite à comunidade, realiza, também, uma redução
qualitativa: estabelece que certas categorias de informações simplesmente não podem ser
transmitidas. Antigamente isso se chamava censura.
(Texto adaptado de: AVELAR, Marcelo Castilho. O idioma está acima do controle das leis.
Estado de Minas, Belo Horizonte, 17 set. 2000. Espetáculo/Opinião, p.4.)
O dois-pontos usado no fragmento “[...] tudo está bem: estão apenas repetindo processos
que nos deram palavras preciosas [...]” dá idéia de ________ e pode ser substituído por
________.
Completa corretamente as lacunas:
Leia o texto:
Desolado com a possibilidade de extinção da língua portuguesa, deputado apresenta projeto de lei com o objetivo de proibir o uso de palavras de outros idiomas em meios de comunicação, nomes comerciais, documentos oficiais, etc. [...] A identidade das línguas não se esconde nos vocabulários, mas na maneira como eles se articulam. Seus segredos estão em palavras que a maioria dos mortais relega a segundo plano como artigos, preposições, conjunções, ou em processos relacionais como regências, concordâncias, flexões, declinações, sintaxes. Enquanto os fanáticos por computadores conjugarem o anglicismo “escanear” como se fosse “escaneio, escaneias, escaneia...” tudo está bem: estão apenas repetindo processos que nos deram palavras preciosas como “desolado” ou “parlamento”... – a última , um caso particularmente interessante, por nos fornecer uma palavra latina por tabela, sua raiz é latina, mas sua existência se deve aos ingleses. No dia em que começarmos a lidar com respeitáveis palavras de ascendência diretamente romana como “falar” em termos de “eu fala, tu fala, ele fala, nós fala”, aí talvez seja o momento de profetizar a agonia da “última flor de Lácio” [...] O simples fato de determinada comunidade usar ou não determinada expressão contém significado que jamais poderá ser traduzido por outra palavra. Voltando ao nosso apaixonado por computadores, se ele começar a disparar verbos como “escanear”, “printar”, deletar ou congêneres, saberemos de sua condição de info-fanático. Ninguém precisará nos dizer isso. Além de nos informar que vai imprimir ou apagar algo, ele está nos dizendo, também, que se quiser pode estourar o disco rígido de nosso computador sem que notemos. Quando um executivo fala em personal banking, ele não se refere apenas à relação personalizada que a informática permite entre ele e seu banco, informa-nos, também, sobre a tribo à qual pertence [...] A lei contém, portanto, elemento limitador da expressão. Quando pretende se impor a meios de comunicação, o problema torna-se mais grave. Além da redução quantitativa de informações que permite à comunidade, realiza, também, uma redução qualitativa: estabelece que certas categorias de informações simplesmente não podem ser transmitidas. Antigamente isso se chamava censura. (Texto adaptado de: AVELAR, Marcelo Castilho. O idioma está acima do controle das leis. Estado de Minas, Belo Horizonte, 17 set. 2000. Espetáculo/Opinião, p.4.)
O dois-pontos usado no fragmento “[...] tudo está bem: estão apenas repetindo processos que nos deram palavras preciosas [...]” dá idéia de ________ e pode ser substituído por ________.
Completa corretamente as lacunas:
ETC
Estou sozinho, estou triste, etc.
Quem virá com a nova brisa que penetra
Pelas frestas do meu ninho
Quem insiste em anunciar-se no desejo
Quem tanto não vejo ainda
Quem pessoa secreta
Vem, te chamo
Vem, etc.
(Caetano Veloso)
Sobre o uso do “etc” nesse texto, por tratar-se de uma expressão bastante corriqueira,
é correto dizer que
ETC
Estou sozinho, estou triste, etc.
Quem virá com a nova brisa que penetra
Pelas frestas do meu ninho
Quem insiste em anunciar-se no desejo
Quem tanto não vejo ainda
Quem pessoa secreta
Vem, te chamo
Vem, etc.
(Caetano Veloso)
Sobre o uso do “etc” nesse texto, por tratar-se de uma expressão bastante corriqueira, é correto dizer que
Esta música é um samba de Adoniran Barbosa e menciona o Brás, um bairro
situado na cidade de São Paulo.
O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás
Nós fumos não encontremos ninguém
Nós voltermos com uma baita de uma reiva
Da outra vez nós num vai mais
No outro dia encontremo com o Arnesto
Que pediu desculpas mais nós não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
Mas você devia ter ponhado um recado na porta
Um recado assim ói: “Ói, turma, num deu pra esperá
A duvido que isso, num faz mar, num tem importância,
Assinado em cruz porque não sei escrever”.
(http://goo.gl/QXibH. Acesso: 01/11/2012. Adaptado.)
Considerando que a nossa forma de falar, além de ser determinada pela situação
comunicativa em que estamos inseridos, pode representar nossa origem sociocultural, o
locutor do texto é representado por um
Esta música é um samba de Adoniran Barbosa e menciona o Brás, um bairro situado na cidade de São Paulo.
O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás
Nós fumos não encontremos ninguém
Nós voltermos com uma baita de uma reiva
Da outra vez nós num vai mais
No outro dia encontremo com o Arnesto
Que pediu desculpas mais nós não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
Mas você devia ter ponhado um recado na porta
Um recado assim ói: “Ói, turma, num deu pra esperá
A duvido que isso, num faz mar, num tem importância,
Assinado em cruz porque não sei escrever”.
(http://goo.gl/QXibH. Acesso: 01/11/2012. Adaptado.)
Considerando que a nossa forma de falar, além de ser determinada pela situação
comunicativa em que estamos inseridos, pode representar nossa origem sociocultural, o
locutor do texto é representado por um
No mundo nascem mais homens ou mulheres?
Em média, nascem cerca de 105 homens para cada 100 mulheres. Estranhamente, no geral,
existem mais espermatozoides com o cromossomo X, que determina o nascimento de
meninas, do que com o Y. Mas como os espermatozoides “fêmeas” são mais lentos, suas
chances de fertilizar o óvulo são menores. Esse descompasso inicial, no entanto, é
amenizado ao longo da vida. “Existe maior mortalidade de homens em relação a mulheres
desde o nascimento, principalmente entre os 18 e os 35 anos”, explicam especialistas. A
consequência disso é que a média da população global é de 101 homens para 100 mulheres.
E, em muitos países, inclusive no Brasil, há mais mulheres do que homens.
(http://goo.gl/qf9Fa. Acesso: 21/11/2012. Adaptado.)
Ao analisar o conteúdo desse texto, infere-se que ele foi escrito com o objetivo de
No mundo nascem mais homens ou mulheres?
Em média, nascem cerca de 105 homens para cada 100 mulheres. Estranhamente, no geral, existem mais espermatozoides com o cromossomo X, que determina o nascimento de meninas, do que com o Y. Mas como os espermatozoides “fêmeas” são mais lentos, suas chances de fertilizar o óvulo são menores. Esse descompasso inicial, no entanto, é amenizado ao longo da vida. “Existe maior mortalidade de homens em relação a mulheres desde o nascimento, principalmente entre os 18 e os 35 anos”, explicam especialistas. A consequência disso é que a média da população global é de 101 homens para 100 mulheres. E, em muitos países, inclusive no Brasil, há mais mulheres do que homens.
(http://goo.gl/qf9Fa. Acesso: 21/11/2012. Adaptado.)
Ao analisar o conteúdo desse texto, infere-se que ele foi escrito com o objetivo de

Esse cartaz contém um problema relacionado com a clareza textual, pois
Esse cartaz contém um problema relacionado com a clareza textual, pois