Questõesde UEMG sobre Português

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Foram encontradas 119 questões
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UEMG 2022 - Português - Figuras de Linguagem

Entre os dois textos, embora os fatos atuem em épocas diferentes, as argumentações de ambos constroem uma literatura de caráter social em que se pode identificar uma relação de

TEXTO I

 Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela é, e sempre será um grande mal. Dela a decadência do comércio; porque o comércio, e a lavoura caminham de mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a lavoura; porque o seu trabalho é forçado. Ele não tem futuro; o seu trabalho não é indenizado; ainda dela nos vem o opróbrio, a vergonha; porque de fronte altiva e desassombrada não podemos encarar as nações
livres; por isso que o estigma da escravidão, pelo cruzamento das raças, estampa-se na fronte de todos nós. Embalde procurará um dentro nós convencer ao estrangeiro que em suas veias não gira uma só gota de sangue escravo...
 E depois, o caráter que nos imprime, e nos envergonha!
 O escravo é olhado por todos como vítima – e o é.

REIS, Maria Firmina dos. A escrava. <https://www.letras.ufmg.br/literafro


TEXTO II

E Lentz via por toda parte o homem branco apossando-se resolutamente da terra e expulsando definitivamente o homem moreno que ali se gerara. E Lentz sorria com orgulho na perspectiva da vitória e do domínio de sua raça. Um desdém pelo mulato, em que ele exprimia o seu desprezo pela languidez, pela fatuidade e fragilidade deste, turvou-lhe a visão radiosa que a natureza do país lhe imprimira no espírito. Tudo nele era agora um sonho de grandeza e triunfo...

ARANHA, Graça (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.
A
hipérbole. 
B
eufemismo. 
C
hipérbato.
D
paradoxo.
E
quiasmo.
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UEMG 2022 - Português - Sintaxe

No trecho “Eles disseram que ela, amorosa, enfraquece o sol e as suas sombras”, o termo "amorosa" possibilita duas funções sintáticas distintas. Considerando a anáfora predominante no fragmento, a função sintática prevalente é 

[...] E os dois imigrantes, no silêncio dos caminhos, unidos enfim numa mesma comunhão de esperança e admiração, puseram-se a louvar a Terra de Canaã.

Eles disseram que ela era formosa com os seus trajes magníficos, vestida de sol, coberta com o manto do voluptuoso e infinito azul; que era amimada pelas coisas; sobre o seu colo águas dos rios fazem voltas e outras enlaçam-lhe a cintura desejada; [...]

Eles disseram que ela era opulenta, porque no seu bojo fantástico guarda a riqueza inumerável, o ouro puro e a pedra iluminada; porque os seus rebanhos fartam as suas nações e o fruto das suas árvores consola o amargor da existência; porque um só grão das suas areias fecundas fertilizaria o mundo inteiro e apagaria para sempre a miséria e a fome entre os homens. Oh! poderosa!...

Eles disseram que ela, amorosa, enfraquece o sol com as suas sombras; para o orvalho da noite fria tem o calor da pele aquecida, e os homens encontram nela, tão meiga e consoladora, o esquecimento instantâneo da agonia eterna...

Eles disseram que ela era feliz entre as outras, porque era a mãe abastada, a casa de ouro, a providência dos filhos despreocupados, que a não enjeitam por outra, não deixam as suas vestes protetoras e a recompensam com o gesto perpetuamente infantil e carinhoso, e cantam-lhe hinos saídos de um peito alegre...

Eles disseram que ela era generosa, porque distribui os seus dons preciosos aos que deles têm desejo; a sua porta não se fecha, as suas riquezas não têm dono; não é perturbada pela ambição e pelo orgulho; os seus olhos suaves e divinos não distinguem as separações miseráveis; o seu seio maternal se abre a todos como um farto e tépido agasalho... Oh! esperança nossa!

Eles disseram esses e outros louvores e caminharam dentro da luz...


ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.

A
vocativo.
B
aposto explicativo.
C
predicativo do sujeito.
D
predicativo do objeto. 
E
adjunto adnominal.
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UEMG 2022 - Português - Figuras de Linguagem

A presença constante da repetição de termos e de expressões no início do parágrafo é conhecida como anáfora.

O uso da anáfora – Eles disseram – , no contexto, expressa tom 

[...] E os dois imigrantes, no silêncio dos caminhos, unidos enfim numa mesma comunhão de esperança e admiração, puseram-se a louvar a Terra de Canaã.

Eles disseram que ela era formosa com os seus trajes magníficos, vestida de sol, coberta com o manto do voluptuoso e infinito azul; que era amimada pelas coisas; sobre o seu colo águas dos rios fazem voltas e outras enlaçam-lhe a cintura desejada; [...]

Eles disseram que ela era opulenta, porque no seu bojo fantástico guarda a riqueza inumerável, o ouro puro e a pedra iluminada; porque os seus rebanhos fartam as suas nações e o fruto das suas árvores consola o amargor da existência; porque um só grão das suas areias fecundas fertilizaria o mundo inteiro e apagaria para sempre a miséria e a fome entre os homens. Oh! poderosa!...

Eles disseram que ela, amorosa, enfraquece o sol com as suas sombras; para o orvalho da noite fria tem o calor da pele aquecida, e os homens encontram nela, tão meiga e consoladora, o esquecimento instantâneo da agonia eterna...

Eles disseram que ela era feliz entre as outras, porque era a mãe abastada, a casa de ouro, a providência dos filhos despreocupados, que a não enjeitam por outra, não deixam as suas vestes protetoras e a recompensam com o gesto perpetuamente infantil e carinhoso, e cantam-lhe hinos saídos de um peito alegre...

Eles disseram que ela era generosa, porque distribui os seus dons preciosos aos que deles têm desejo; a sua porta não se fecha, as suas riquezas não têm dono; não é perturbada pela ambição e pelo orgulho; os seus olhos suaves e divinos não distinguem as separações miseráveis; o seu seio maternal se abre a todos como um farto e tépido agasalho... Oh! esperança nossa!

Eles disseram esses e outros louvores e caminharam dentro da luz...


ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.

A
profético. 
B
letárgico.
C
desesperador. 
D
piedoso. 
E
indiferente. 
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UEMG 2022 - Português - Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

O fragmento a seguir é um dos diálogos entre os dois estrangeiros que protagonizam Canaã.

— Parece que já vi este quadro em algum lugar — disse Milkau, cismando, — Mas não, este ar, este conjunto suave, este torpor instantâneo, e que se percebe vai passar daqui a pouco, é seguramente a primeira vez que conheço.

— E por quanto tempo aqui ficaremos? — disse o outro num bocejo de desalento; e o seu olhar pairava preguiçosamente sobre a paisagem.

— Não meço o tempo — respondeu Milkau —, porque não sei até quando viverei, e agora espero que este seja o quadro definitivo da minha existência. Sou um imigrado, e tenho a alma do repouso; este será o meu último movimento na terra...

— Mas nada o agita? Nada o impelirá para fora daqui, fora desta paz dolorosa, que é uma sepultura para nós?...

— Aqui fico. E se aqui está a paz, é a paz que procuro exatamente...Eu me conservarei na humildade; em torno de mim desejarei uma harmonia infinita.

ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.


A relação discurso/personagem está representada, corretamente, na seguinte associação:

A
a intenção de Lentz em garantir aos habitantes daquele lugar uma boa convivência com os habitantes daquele aprazível lugar.
B
a visão latente dos dois estrangeiros em resgatar memórias e saberes a fim de atender às necessidades sociais dos ainda cativos da hipocrisia dos proprietários das fazendas.
C
a mentalidade de Milkau marcada por uma sutil ambição e um pacto com Lentz, compondo assim uma liderança política naquela região.
D
a perseverança de Lentz em se manter, como Milkau, ativo e animado para conhecer a tradição significativa dos ancestrais daquela gente.
E
o ufanismo entusiasta e previsível do estrangeiro Milkau sobre essa terra do seu imaginário, em que pretendera uma vida útil e agradável vida social.
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UEMG 2022 - Português - Funções morfossintáticas da palavra QUE

Dos fragmentos a seguir, a palavra sublinhada cuja relação morfossintática difere das demais é

O (não) lugar do “pardo”

     Lá no fim do século XIX e no começo do XX, o Brasil passava pelo dilema que todas as nações modernas enfrentaram (e, de certa maneira, ainda enfrentam): como criar uma identidade nacional que justifique e mantenha o Estado?

     Notem que eu ouso criar, porque é bem isso mesmo, inventar uma história que servisse aos interesses da elite dominante e homogeneizasse a população brasileira. Ora, essa população era formada, principalmente, por pretos escravos ou ex-escravos, indígenas perseguidos e uma parcela de gente branca. No centro da discussão estava: quem seria o cidadão brasileiro.

     Houve quem defendesse a educação para o trabalho: ensinar os pretos amolecidos e degenerados pela escravidão (faz me rir) a trabalhar resignado. Teve aqueles que achavam que a inferioridade dos pretos era tão grande que não adiantava educar nem nada, era melhor expulsar ou deixar morrer. O Brasil, em seus debates sobre a nação e seus cidadãos, bebeu muito das teorias racialistas que estavam em voga na Europa e sendo amplamente utilizadas para justificar a colonização na África depois de séculos e séculos de saque humano. [...]

    Daí surge o pardo como a gente conhece hoje. O pardo não é raça, não é povo, não é cidadão brasileiro. Ele é o estágio transitório entre a base da pirâmide (os negros) e o topo (os brancos). Não é branco, ainda não chegou no estágio sublime de branquitude que garante o direito à vida, oportunidades e cidadania, mas é prova viva da boa vontade e do esforço de se embranquecer tão valorizado por uma elite branca que, desde sempre, morre de medo dos pretos fazerem daqui o Haiti.

     Como fala Foucault, o poder, no estado moderno, não é negativo, ele é normatizador. Ou seja, estabelece normas de conduta, estéticas, discursivas, e beneficia aqueles que fazem o jogo. No caso do Brasil, o jogo da branquitude. Quanto mais branco você tentar ser, seja usando intervenções estéticas ou compartilhando o discurso político e social, mais “tolerável” você vai ser. Nisso, nós que somos claros, temos uma vantagem: o branqueamento estético é mais alcançável para nós. Mas nada disso garante que você vai passar de boa em uma sociedade racialmente hierarquizada, o embranquecimento é, sobretudo, uma mutilação. E pra quem ainda tem dúvidas, mutilação é sempre ruim ok? Não tem gradação de violência e mutilação. [...]


https://medium.com/@isabelapsena/o-n%C3%A3o-lugar-do-pardo 

A
[...]Notem que eu ouso criar [...] ( §2º)
B
[...]criar uma identidade nacional que justifique [...] (§1º)
C
 [...]uma história que servisse aos interesses da elite [...] ( §2º)
D
[...]aqueles que achavam que a inferioridade dos pretos [...] ( §3º)
E
[...]das teorias racialistas que estavam em voga na Europa [...] ( §3º)
643dc68b-b0
UEMG 2022 - Português - Gêneros Textuais

Considerando o contexto de circulação de um artigo de opinião e o propósito discursivo do produtor do texto acima, os recursos argumentativos utilizados têm a função de 

O (não) lugar do “pardo”

     Lá no fim do século XIX e no começo do XX, o Brasil passava pelo dilema que todas as nações modernas enfrentaram (e, de certa maneira, ainda enfrentam): como criar uma identidade nacional que justifique e mantenha o Estado?

     Notem que eu ouso criar, porque é bem isso mesmo, inventar uma história que servisse aos interesses da elite dominante e homogeneizasse a população brasileira. Ora, essa população era formada, principalmente, por pretos escravos ou ex-escravos, indígenas perseguidos e uma parcela de gente branca. No centro da discussão estava: quem seria o cidadão brasileiro.

     Houve quem defendesse a educação para o trabalho: ensinar os pretos amolecidos e degenerados pela escravidão (faz me rir) a trabalhar resignado. Teve aqueles que achavam que a inferioridade dos pretos era tão grande que não adiantava educar nem nada, era melhor expulsar ou deixar morrer. O Brasil, em seus debates sobre a nação e seus cidadãos, bebeu muito das teorias racialistas que estavam em voga na Europa e sendo amplamente utilizadas para justificar a colonização na África depois de séculos e séculos de saque humano. [...]

    Daí surge o pardo como a gente conhece hoje. O pardo não é raça, não é povo, não é cidadão brasileiro. Ele é o estágio transitório entre a base da pirâmide (os negros) e o topo (os brancos). Não é branco, ainda não chegou no estágio sublime de branquitude que garante o direito à vida, oportunidades e cidadania, mas é prova viva da boa vontade e do esforço de se embranquecer tão valorizado por uma elite branca que, desde sempre, morre de medo dos pretos fazerem daqui o Haiti.

     Como fala Foucault, o poder, no estado moderno, não é negativo, ele é normatizador. Ou seja, estabelece normas de conduta, estéticas, discursivas, e beneficia aqueles que fazem o jogo. No caso do Brasil, o jogo da branquitude. Quanto mais branco você tentar ser, seja usando intervenções estéticas ou compartilhando o discurso político e social, mais “tolerável” você vai ser. Nisso, nós que somos claros, temos uma vantagem: o branqueamento estético é mais alcançável para nós. Mas nada disso garante que você vai passar de boa em uma sociedade racialmente hierarquizada, o embranquecimento é, sobretudo, uma mutilação. E pra quem ainda tem dúvidas, mutilação é sempre ruim ok? Não tem gradação de violência e mutilação. [...]


https://medium.com/@isabelapsena/o-n%C3%A3o-lugar-do-pardo 

A
defender a importância da tomada de consciência acerca de condutas sociais, a fim de estancar os preconceitos na sociedade brasileira.
B
influenciar o leitor para um comportamento social mais ético e moral, a fim de hierarquizar a sociedade racial brasileira. 
C
apresentar divergências raciais recorrentes, a fim de ocultar as condições de representatividade étnica.
D
ironizar práticas sociais existentes, a fim de chamar a atenção do leitor para as atitudes preconceituosas existentes na conduta brasileira.
E
refletir sobre as ideias expostas pelos intelectuais contemporâneos, a fim de ressaltar a topografia étnica brasileira.
37bb1839-9c
UEMG 2022 - Português - Análise sintática, Funções morfossintáticas da palavra SE, Morfologia - Verbos, Sintaxe

Analise o excerto a seguir, extraído do Texto II, e assinale a alternativa INCORRETA.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Muda-se o ser, muda-se a confiança;”.

Texto I




Laerte.

Disponível em: https://www.instagram.com/p/CWtk14SFixR/. Acesso em 19 jan. 2022.


Texto II

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Luiz Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.


Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem, se algum houve, as saudades.


O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E em mim converte em choro o doce canto.


E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto:

Que não se muda já como soía.


Disponível em: https://www.escritas.org/pt/t/2513/mudam-se-ostempos-mudam-se-as-vontades. Acesso em 17 jan. 2022.


Glossário:

Soía: costumava

A
O pronome “se” destacado, em todas as vezes em que foi empregado nesse excerto, funciona como partícula expletiva ou de realce, isto é, poderia ser retirado sem que houvesse mudança de sentido e/ou gramatical. 
B
Os termos “os tempos”, “as vontades”, “o ser” e “a confiança” têm a mesma função sintática nesse excerto, isto é, todos eles funcionam como sujeito do verbo “mudar”.
C
Esse excerto poderia ser reescrito como: “Os tempos são mudados, as vontades são mudadas, o ser é mudado, a confiança é mudada.”, mantendo a passividade da voz verbal empregada no trecho original.
D
O verbo “mudar”, em todas as vezes em que foi empregado nesse excerto, foi conjugado no presente do indicativo, indicando ações habituais e em curso.
37b90248-9c
UEMG 2022 - Português - Advérbios, Advérbios, Análise sintática, Morfologia, Morfologia - Pronomes, Sintaxe, Uso da Vírgula

Assinale a alternativa correta a respeito de elementos linguísticos presentes no Texto II.

Texto I




Laerte.

Disponível em: https://www.instagram.com/p/CWtk14SFixR/. Acesso em 19 jan. 2022.


Texto II

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Luiz Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.


Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem, se algum houve, as saudades.


O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E em mim converte em choro o doce canto.


E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto:

Que não se muda já como soía.


Disponível em: https://www.escritas.org/pt/t/2513/mudam-se-ostempos-mudam-se-as-vontades. Acesso em 17 jan. 2022.


Glossário:

Soía: costumava

A
No verso “Continuamente vemos novidades [...],”, o advérbio em destaque poderia ser substituído por “progressivamente”, sem prejuízo de sentido.
B
Em “O tempo cobre o chão de verde manto, / Que já coberto foi de neve fria[...],”, o pronome destacado retoma referencialmente seu antecedente “verde manto”.
C
Em “E do bem, se algum houve, as saudades.”, as vírgulas foram empregadas para isolar uma oração adverbial. Em todo caso, mesmo sem essa oração ali, haveria vírgula nesse verso, pois há elipse em “as saudades”.
D
No verso “Que não se muda já como soía.”, pode-se mudar a posição do pronome destacado, por exemplo: “Que não muda-se já como soía”, sem prejuízos gramaticais. 
3e901105-00
UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Entre dois mundos

(Vinícius Jatobá)


Há em João Ubaldo Ribeiro o encontro de duas linguagens conflitantes. De um lado, o português bacharel, de vocabulário elitista, específico, extremamente literário, em que o autor emula todo um conjunto de valores culturais aristocráticos (ainda presentes) da cultura brasileira; e, por outro, o sabor vernáculo, em que gírias e jargões se acumulam em uma prosa descabelada, equivocada, acumulada, repleta de energia. É um achado porque o grande tema dos melhores livros de Ubaldo é esse conflito entre a história oficial, bacharelada, floreada, timbrada, e a história dos anônimos, improvisada, analfabeta, gritada, e Ubaldo escreve no coração desse conflito, desses dois mundos. 

(http://goo.gl/UaH7R. Acesso: 14/03/2013. Adaptado.)


No que tange aos aspectos sociopolíticos, essa descrição da obra do romancista João Ubaldo Ribeiro evidencia

A
a relação entre desigualdade social e variação linguística.
B
o estilo incoerente ao qual se deve o mau êxito do escritor.
C
um ponto de vista que omite e encobre mazelas nacionais.
D
uma escrita literária que tenta harmonizar conflitos sociais.
3e8463de-00
UEMG 2019, UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Mílton e o concorrente

Moacyr Scliar

Mílton ainda não abriu a sua loja, mas o concorrente já abriu a dele; e já está anunciando, já está vendendo, já está liquidando a preços abaixo do custo. Mílton ainda está na cama, ao lado da amante, dessa mulher ilegítima, que nem bonita é, nem simpática; o concorrente já está de pé, alerta, atrás do balcão. A esposa – fiel companheira de tantos anos – está ao seu lado, alerta também. Mílton ainda não fez o desjejum (desjejum? Um cigarro, um copo de vinho, isso é desjejum?) – o concorrente já tomou suco de laranja, já comeu ovo, torrada, queijo, já sorveu uma grande xícara de café com leite. Já está nutrido. Mílton ainda está nu, o concorrente já se apresenta elegantemente vestido. Mílton mal abriu os olhos, o concorrente já leu os jornais da manhã, já está a par das cotações da bolsa e das tendências do mercado. Mílton ainda não disse uma palavra, o concorrente já falou com os clientes, com figurões da política, com o fiscal amigo, com os fornecedores. Mílton ainda está no subúrbio; o concorrente vencendo todos os problemas do trânsito, já chegou ao centro da cidade, já está solidamente no seu prédio próprio. Mílton ainda não sabe se o dia é chuvoso, ou de sol, o concorrente já está solidamente informado de que vão subir os preços dos artigos de couro. Mílton ainda não viu os filhos (sem falar da esposa, de quem está separado); o concorrente já criou as filhas, já as formou em direito e química, já as casou, já tem netos. Mílton ainda não começou a viver. O concorrente já está sentindo uma dor no peito, já está caindo sobre o balcão, já está estertorando, os olhos arregalados – já está morrendo enfim.


(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. pp.13-4)


Considere o enunciado: O concorrente já está sentindo uma dor no peito, já está caindo sobre o balcão, já está estertorando, os olhos arregalados – já está morrendo enfim. A opção que apresenta sentido equivalente ao da palavra grifada é:

A
Agonizando.
B
Dilacerando.
C
Entregando.
D
Relaxando.
3e8d200a-00
UEMG 2019 - Português - Artigos, Preposições, Morfologia

Setembro tem recorde de calor e de gelo na Antártida


O mês de setembro de 2012 foi o mais quente já registrado, dizem cientistas de uma agência governamental que estuda o clima e o oceano. A média da temperatura global dos continentes e dos oceanos no mês passado foi de 15,67º C ou 0,67º C acima da média geral do século XX. A temperatura média global nos continentes, em setembro, foi a terceira mais quente já registrada para esse mês.

(http://goo.gl/HD7JP. Acesso: 29/10/2012. Adaptado.)


No texto, os termos em negrito apresentam, respectivamente, os sentidos de

A
causa e direção.
B
direção e tempo.
C
instrumento e causa.
D
tempo e lugar.
3e8a472c-00
UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Um dia, ao começar a escrever um livro didático sobre literatura, tive que dar uma definição da poesia e embatuquei. Eu, que desde os dez anos de idade faço versos; eu, que tantas vezes sentira a poesia passar em mim como uma corrente elétrica e afluir aos meus olhos sob a forma de misteriosas lágrimas de alegria; não soube no momento forjar já não digo uma definição racional, dessas que, segundo a regra da lógica devem convir a todo o definido e só ao definido, mas uma definição puramente empírica, artística, literária. No aperto me socorri de Schiller, em quem o crítico era tão grande quanto o poeta, e disse com ele: “Poesia é a força que atua de maneira diversa e inapreendida, além e acima da consciência.”

(Manuel Bandeira. Poesia e prosa. p. 1271).

A falta de uma definição de poesia fez com que Bandeira, um poeta, recorresse à definição expressa por um outro poeta, Schiller. A definição de Schiller

A
conclui a dúvida de Bandeira.
B
contradiz a dúvida de Bandeira.
C
exemplifica a dúvida de Bandeira.
D
explica a dúvida de Bandeira.
3e874037-00
UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Um dia, ao começar a escrever um livro didático sobre literatura, tive que dar uma definição da poesia e embatuquei. Eu, que desde os dez anos de idade faço versos; eu, que tantas vezes sentira a poesia passar em mim como uma corrente elétrica e afluir aos meus olhos sob a forma de misteriosas lágrimas de alegria; não soube no momento forjar já não digo uma definição racional, dessas que, segundo a regra da lógica devem convir a todo o definido e só ao definido, mas uma definição puramente empírica, artística, literária. No aperto me socorri de Schiller, em quem o crítico era tão grande quanto o poeta, e disse com ele: “Poesia é a força que atua de maneira diversa e inapreendida, além e acima da consciência.”

(Manuel Bandeira. Poesia e prosa. p. 1271).

A falta de uma definição de poesia fez com que Bandeira, um poeta, recorresse à definição expressa por um outro poeta, Schiller. A definição de Schiller

A
Agonizando.
B
Dilacerando.
C
Entregando.
D
Relaxando.
bcaa2d5b-ff
UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

(http://eduardoabril.blogspot.com. Acesso: 28/03/2010.)


O fato de as palavras “imtulho” e “aria” estarem escritas de forma diferente da padrão indica a

A
falta de seriedade do autor ao produzir o texto.
B
necessidade de mudança na estrutura da língua.
C
preocupação do autor em atingir o leitor.
D
relação existente entre os sons e as letras.
bcad00ba-ff
UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Seja Feliz

(Marisa Monte)


Tão longa a estrada

Tão longa a sina

Tão curta a vida

Tão largo o céu

Tão largo o mar

Tão curta a vida

Curta a vida

(http://letras.mus.br/marisa-monte/1982242/. Acesso: 07/02/2013. Adaptado.)


No último verso, a palavra “curta” tem um sentido diferente do ocorrido no terceiro e sexto versos, pois esse novo sentido expressa que a vida

A
é breve e passageira.
B
é um curta-metragem.
C
deve ser aproveitada.
D
deve ser conservada.
bca48b26-ff
UEMG 2019 - Português - Uso dos conectivos, Uso dos dois-pontos, Sintaxe, Pontuação

Leia o texto:


Desolado com a possibilidade de extinção da língua portuguesa, deputado apresenta projeto de lei com o objetivo de proibir o uso de palavras de outros idiomas em meios de comunicação, nomes comerciais, documentos oficiais, etc. [...] A identidade das línguas não se esconde nos vocabulários, mas na maneira como eles se articulam. Seus segredos estão em palavras que a maioria dos mortais relega a segundo plano como artigos, preposições, conjunções, ou em processos relacionais como regências, concordâncias, flexões, declinações, sintaxes. Enquanto os fanáticos por computadores conjugarem o anglicismo “escanear” como se fosse “escaneio, escaneias, escaneia...” tudo está bem: estão apenas repetindo processos que nos deram palavras preciosas como “desolado” ou “parlamento”... – a última , um caso particularmente interessante, por nos fornecer uma palavra latina por tabela, sua raiz é latina, mas sua existência se deve aos ingleses. No dia em que começarmos a lidar com respeitáveis palavras de ascendência diretamente romana como “falar” em termos de “eu fala, tu fala, ele fala, nós fala”, aí talvez seja o momento de profetizar a agonia da “última flor de Lácio” [...] O simples fato de determinada comunidade usar ou não determinada expressão contém significado que jamais poderá ser traduzido por outra palavra. Voltando ao nosso apaixonado por computadores, se ele começar a disparar verbos como “escanear”, “printar”, deletar ou congêneres, saberemos de sua condição de info-fanático. Ninguém precisará nos dizer isso. Além de nos informar que vai imprimir ou apagar algo, ele está nos dizendo, também, que se quiser pode estourar o disco rígido de nosso computador sem que notemos. Quando um executivo fala em personal banking, ele não se refere apenas à relação personalizada que a informática permite entre ele e seu banco, informa-nos, também, sobre a tribo à qual pertence [...] A lei contém, portanto, elemento limitador da expressão. Quando pretende se impor a meios de comunicação, o problema torna-se mais grave. Além da redução quantitativa de informações que permite à comunidade, realiza, também, uma redução qualitativa: estabelece que certas categorias de informações simplesmente não podem ser transmitidas. Antigamente isso se chamava censura. (Texto adaptado de: AVELAR, Marcelo Castilho. O idioma está acima do controle das leis. Estado de Minas, Belo Horizonte, 17 set. 2000. Espetáculo/Opinião, p.4.)


O dois-pontos usado no fragmento “[...] tudo está bem: estão apenas repetindo processos que nos deram palavras preciosas [...]” dá idéia de ________ e pode ser substituído por ________.

Completa corretamente as lacunas:

A
Causa / uma vez que
B
Conseqüência / porque
C
Exemplificação / por isso
D
Explicação / logo
bca73a25-ff
UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

ETC

Estou sozinho, estou triste, etc.

Quem virá com a nova brisa que penetra

Pelas frestas do meu ninho

Quem insiste em anunciar-se no desejo

Quem tanto não vejo ainda

Quem pessoa secreta

Vem, te chamo

Vem, etc.

(Caetano Veloso)


Sobre o uso do “etc” nesse texto, por tratar-se de uma expressão bastante corriqueira, é correto dizer que

A
é um sinal de que tudo já foi dito e que o poeta não pode acrescentar mais nada ao sentimento amoroso.
B
representa uma crítica ao discurso da solidão, que o eu poético não se dá ao trabalho de repetir.
C
serve para demonstrar a eficiência na expressão dos sentimentos, atualmente baseada na preguiça.
D
rompe apenas aparentemente com a expressão poética, pois seu uso, no texto, revela um trabalho de linguagem bastante original.
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UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Esta música é um samba de Adoniran Barbosa e menciona o Brás, um bairro situado na cidade de São Paulo.


O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás

Nós fumos não encontremos ninguém

Nós voltermos com uma baita de uma reiva

Da outra vez nós num vai mais

No outro dia encontremo com o Arnesto

Que pediu desculpas mais nós não aceitemos

Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa

Mas você devia ter ponhado um recado na porta

Um recado assim ói: “Ói, turma, num deu pra esperá

A duvido que isso, num faz mar, num tem importância,

Assinado em cruz porque não sei escrever”.

(http://goo.gl/QXibH. Acesso: 01/11/2012. Adaptado.)


Considerando que a nossa forma de falar, além de ser determinada pela situação comunicativa em que estamos inseridos, pode representar nossa origem sociocultural, o locutor do texto é representado por um

A
adolescente que apresenta, na escola, um seminário sobre a vida cotidiana.
B
estrangeiro que fala pouco o português e se encontra num situação informal.
C
homem que usa a norma padrão da língua para escrever uma redação.
D
sujeito que narra uma situação em um linguajar marcado pela oralidade.
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UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No mundo nascem mais homens ou mulheres?

Em média, nascem cerca de 105 homens para cada 100 mulheres. Estranhamente, no geral, existem mais espermatozoides com o cromossomo X, que determina o nascimento de meninas, do que com o Y. Mas como os espermatozoides “fêmeas” são mais lentos, suas chances de fertilizar o óvulo são menores. Esse descompasso inicial, no entanto, é amenizado ao longo da vida. “Existe maior mortalidade de homens em relação a mulheres desde o nascimento, principalmente entre os 18 e os 35 anos”, explicam especialistas. A consequência disso é que a média da população global é de 101 homens para 100 mulheres. E, em muitos países, inclusive no Brasil, há mais mulheres do que homens.

(http://goo.gl/qf9Fa. Acesso: 21/11/2012. Adaptado.)


Ao analisar o conteúdo desse texto, infere-se que ele foi escrito com o objetivo de

A
apontar as causas do desequilíbrio entre o número de homens e o de mulheres no mundo.
B
apresentar explicações científicas para a existência de um número maior de espermatozóides X.
C
destacar algumas consequências do nascimento de mais homens em alguns países.
D
informar a existência do aumento da mortalidade de homens com idade entre 18 e 35 anos.
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UEMG 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto


Esse cartaz contém um problema relacionado com a clareza textual, pois

A
a palavra “muda” apresenta dois sentidos possíveis.
B
a palavra “vender” está conjugada incorretamente.
C
o cartaz apresenta variados problemas ortográficos.
D
o cartaz não especifica o que está sendo vendido.