Questõesde PUC - SP 2017 sobre Português
• Ainda em relação ao trecho mencionado
na questão anterior, feminino e feminista
remetem-se, respectivamente, a um blog
“Tropeçou ao resumir o episódio como
‘brincadeira’ e tentar dividir sua culpa com a
geração de homens acima de 60 anos, como
se fossem vítimas de uma catequese única e
perversa”. [sexto parágrafo]
• Ao empregar o verbo tropeçar, a ombudsman
“Tropeçou ao resumir o episódio como ‘brincadeira’ e tentar dividir sua culpa com a geração de homens acima de 60 anos, como se fossem vítimas de uma catequese única e perversa”. [sexto parágrafo]
• Ao empregar o verbo tropeçar, a ombudsman
• No sétimo parágrafo da coluna, um leitor faz
referência à “operação abafa”, a fim de
“É dever das titulares de um blog feminino
e feminista trazer a público, sabendo ser
verdadeira, uma denúncia de prática machista.”
• Nesse trecho do antepenúltimo parágrafo, a
intercalação da oração demarcada por vírgulas
implica
“É dever das titulares de um blog feminino e feminista trazer a público, sabendo ser verdadeira, uma denúncia de prática machista.”
• Nesse trecho do antepenúltimo parágrafo, a intercalação da oração demarcada por vírgulas implica
• Indique em qual passagem as aspas são
empregadas para assinalar o pronunciamento
do jornal:
• Nos segundo, décimo e último parágrafos, a
ombudsman se vale de aspectos quantitativos
como argumento de que,
• No segundo parágrafo, “neste espaço” refere-se
• Cumprindo sua função de ombudsman, Paula
Cesarino Costa
O sol cresce, amadurece. Mas eles estão esperando
é a febre, mais o tremor. Primo Ribeiro parece um
defunto – sarro de amarelo na cara chupada, olhos
sujos, desbrilhados, e as mãos pendulando, compondo
o equilíbrio, sempre a escorar dos lados a bambeza do
corpo. Mãos moles, sem firmeza, que deixam cair tudo
quanto ele queira pegar. Baba, baba, cospe, cospe,
vai fincando o queixo no peito; e trouxe cá para fora a
caixinha de remédio, a cornicha de pó e mais o cobertor.
• O trecho acima integra o conto Sarapalha e faz
parte da obra Sagarana de João Guimarães Rosa.
Dessa narrativa como um todo, é errado afirmar que
O sol cresce, amadurece. Mas eles estão esperando é a febre, mais o tremor. Primo Ribeiro parece um defunto – sarro de amarelo na cara chupada, olhos sujos, desbrilhados, e as mãos pendulando, compondo o equilíbrio, sempre a escorar dos lados a bambeza do corpo. Mãos moles, sem firmeza, que deixam cair tudo quanto ele queira pegar. Baba, baba, cospe, cospe, vai fincando o queixo no peito; e trouxe cá para fora a caixinha de remédio, a cornicha de pó e mais o cobertor.
• O trecho acima integra o conto Sarapalha e faz
parte da obra Sagarana de João Guimarães Rosa.
Dessa narrativa como um todo, é errado afirmar que
• Do conto “A Volta do Marido Pródigo”, que
integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa,
não é correto afirmar que
• Carlos Drummond de Andrade escreveu a
obra Claro Enigma. Sobre ela é correto afirmar
que
• O poema acima é de Carlos Drummond de
Andrade e integra a obra Claro Enigma. Da
leitura dele não se pode concluir que
• O poema acima é de Carlos Drummond de
Andrade e integra a obra Claro Enigma. Da
leitura dele não se pode concluir que
Entre o Ser e as Coisas
Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.
Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.
N’água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.
E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.
• O romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, faz significativo uso da
linguagem figurada, o que dá ao texto uma fina dimensão estética. Assim, indique a alternativa em
que o fragmento não está corretamente classificado, de acordo com a figura que nele ocorre.
O Almocreve
Vai então, empacou o jumento em que eu vinha
montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois
mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela,
com tal desastre, que o pé esquerdo me ficou preso no
estribo; tento agarrar-me ao ventre do animal, mas
já então, espantado, disparou pela estrada fora. Digo
mal: tentou disparar, e efetivamente deu dois saltos,
mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo
de lhe pegar na rêdea e detê-lo, não sem esforço
nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do
estribo e pus-me de pé.
- Olhe do que vosmecê escapou, disse o almocreve.
( ...) Resolvi dar-lhe (...) uma recompensa digna da
dedicação com que ele me salvou.
• Este trecho é retirado do capítulo que
exemplifica bem a personalidade e o caráter
do narrador. Assim, considerando o episódio
como um todo, no ato final da recompensa,
Brás Cubas
O Almocreve
Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela, com tal desastre, que o pé esquerdo me ficou preso no estribo; tento agarrar-me ao ventre do animal, mas já então, espantado, disparou pela estrada fora. Digo mal: tentou disparar, e efetivamente deu dois saltos, mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rêdea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.
- Olhe do que vosmecê escapou, disse o almocreve.
( ...) Resolvi dar-lhe (...) uma recompensa digna da dedicação com que ele me salvou.
• Este trecho é retirado do capítulo que exemplifica bem a personalidade e o caráter do narrador. Assim, considerando o episódio como um todo, no ato final da recompensa, Brás Cubas
• Segundo o crítico Araripe Jr., referindo-se à produção de Alencar no romance Iracema, “os
assuntos pouco interessavam à sua musa fértil; a linguagem era tudo”. Ou seja, o como se diz é
mais importante do que aquilo que se diz. Assim, é correto afirmar que, na linguagem da obra,
O camucim, que recebeu o corpo de Iracema, embebido de resinas odoríferas, foi enterrado ao pé do coqueiro, à
borda do rio. Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e deitou-o no jazigo de sua esposa.
A jandaia pousada no olho da palmeira repetia tristemente:
- Iracema!
• O trecho acima, do romance Iracema, refere a morte da personagem, cuja causa deu-se
O camucim, que recebeu o corpo de Iracema, embebido de resinas odoríferas, foi enterrado ao pé do coqueiro, à borda do rio. Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e deitou-o no jazigo de sua esposa.
A jandaia pousada no olho da palmeira repetia tristemente:
- Iracema!
• O trecho acima, do romance Iracema, refere a morte da personagem, cuja causa deu-se
AUTOR: Valdevino Soares de Oliveira.
Mas, infelizmente para a quietação do Silvério, Jacinto lançara raízes, e rijas, e amorosas raízes na sua rude
serra. Era realmente como se o tivessem plantado de estaca naquele antiquíssimo chão, donde brotara a sua
raça, e o antiquíssimo húmus refluísse e o penetrasse todo, e o andasse transformando num Jacinto rural, quase
vegetal, tão do chão, e preso ao chão, como as árvores que ele tanto amava.
• O trecho acima é do romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós. Do personagem Jacinto,
aí referido e do conhecimento que se possa ter dele ao longo da obra, não é correto afirmar que
AUTOR: Valdevino Soares de Oliveira.
Mas, infelizmente para a quietação do Silvério, Jacinto lançara raízes, e rijas, e amorosas raízes na sua rude serra. Era realmente como se o tivessem plantado de estaca naquele antiquíssimo chão, donde brotara a sua raça, e o antiquíssimo húmus refluísse e o penetrasse todo, e o andasse transformando num Jacinto rural, quase vegetal, tão do chão, e preso ao chão, como as árvores que ele tanto amava.
• O trecho acima é do romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós. Do personagem Jacinto,
aí referido e do conhecimento que se possa ter dele ao longo da obra, não é correto afirmar que
A perspectiva temática comum nos três textos diz respeito
A abundância, quem diria, se tornou um problema. A humanidade passou milênios tentando sobreviver à fome, ao desabrigo e à escassez: hoje precisa aprender a lidar com excesso.
Temos alimentos demais, bugigangas demais, roupas, carros, embalagens, papéis, remédios, drogas, livros, filmes, eletrônicos e diversões demais. Ainda estamos aprendendo a viver no meio de tantas coisas. É uma delícia de problema, é claro. Até o século 18, a teoria malthusiana fazia sentido. O crescimento da população levava à escassez de comida e assim à diminuição da poluição. Crises de fome ceifavam multidões todos os séculos. A Revolução Industrial nos fez escapar dessa armadilha. Produzindo mais com menos esforço, operamos um milagre: a população explodiu e a riqueza também. A fome, até então uma condição natural da humanidade, se tornou uma anomalia.
Luxos que antes eram reservados a reis ou milionários (chás ou janelas com vidros e cortinas, por exemplo) entraram na casa de trabalhadores comuns.
É claro que boa parte do mundo ainda enfrenta a fome e a escassez. Mas não é por falta de conhecimento que isso acontece. Pelo contrário, o caminho da prosperidade já está mais ou menos mapeado e pavimentado.
A abundância é um tipo de problema chique, que todo mundo gostaria de ter. Como o da grã-fina que está cansada de passar as férias em Paris. Mas ainda assim é um problema.
Muitas más notícias que os jornais publicam hoje são produtos da abundância: o trânsito, a obesidade, a poluição, o lixo, o tempo que crianças gastam em frente a telas. Não só crianças, mas os adultos — que em média tocam 2600 vezes no celular por dia.
As pessoas parecem meio perdidas entre tanto conforto e atrações que desviam a atenção. Se perdem em realizações imediatas de consumo, sem foco e força de vontade para perseguir grandes desejos ou objetivos mais ousados.
Se o problema já é grave hoje, imagine no futuro. O autocontrole será cada vez mais necessário. Nossos filhos e netos terão que aprender desde cedo a se controlar diante do excesso de comida, de drogas, de opções de vida e de diversão.
O mundo capitalista já resolveu o problema da escassez: precisa agora de uma educação para a abundância.
Leandro Narloch - Jornalista, mestre em filosofia e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/leandro-narloch/2018/04/desafio-da-nossa-epoca-e-lidar-com-a-abundancia.shtm> Acesso em: 25 abr. 2018.
Consumo e desperdício: as duas faces das desigualdades
Ana Tereza Caceres Cortez - Professora adjunta do Departamento de Geografia
Instituto de Geociências e Ciências Exatas - IGCE/Unesp, Rio Claro
Um dos símbolos do sucesso das economias capitalistas modernas é a abundância dos bens de consumo, continuamente produzidos pelo sistema industrial. Essa fartura passou a receber uma conotação negativa, sendo objeto de críticas que consideram o consumismo um dos principais problemas das sociedades industriais modernas.
Consumismo é o ato de consumir produtos ou serviços, muitas vezes, sem consciência. Há várias discussões a respeito do tema, entre elas o tipo de papel que a propaganda e a publicidade exercem nas pessoas, induzindo-as ao consumo, mesmo que não necessitem de um produto comprado. Muitas vezes, as pessoeas compram produtos que não têm utilidade para elas, ou até mesmo coisas desnecessárias apenas por vontade de comprar, evidenciando até uma doença.
Segundo o Dicionário Houaiss, consumismo é “ato, efeito, fato ou prática de consumir (‘comprar em demasia’)” e “consumo ilimitado de bens duráveis, especialmente artigos supérfluos”.
O simples “consumo” é entendido como as aquisições racionais, controladas e seletivas baseadas em fatores sociais e ambientais e no respeito pelas gerações futuras. Já o consumismo pode ser definido como uma compulsão para consumir. Mas como fazer para não aderir ao perfil consumista? A fórmula clássica e aparentemente simples é distinguir o essencial do necessário e o necessário do supérfluo. No entanto, é muito difícil estabelecer o limite entre consumo e consumismo, pois a definição de necessidades básicas e supérfluas está intimamente ligada às características culturais da sociedade e do grupo a que pertencemos. O que é básico para uns pode ser supérfluo para outros e vice-versa.
Trecho de CORTEZ, Ana Tereza Caceres. Consumo e desperdício: as duas faces das desigualdades. In:
CORTEZ, A.T.C.; ORTIGOZA, S.A.G. (Org.). Da produção ao consumo: impactos socioambientais no
espaço urbano. São Paulo: UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em:
Em relação à linguagem empregada na construção
dos textos:
A abundância, quem diria, se tornou um problema. A humanidade passou milênios tentando sobreviver à fome, ao desabrigo e à escassez: hoje precisa aprender a lidar com excesso.
Temos alimentos demais, bugigangas demais, roupas, carros, embalagens, papéis, remédios, drogas, livros, filmes, eletrônicos e diversões demais. Ainda estamos aprendendo a viver no meio de tantas coisas. É uma delícia de problema, é claro. Até o século 18, a teoria malthusiana fazia sentido. O crescimento da população levava à escassez de comida e assim à diminuição da poluição. Crises de fome ceifavam multidões todos os séculos. A Revolução Industrial nos fez escapar dessa armadilha. Produzindo mais com menos esforço, operamos um milagre: a população explodiu e a riqueza também. A fome, até então uma condição natural da humanidade, se tornou uma anomalia.
Luxos que antes eram reservados a reis ou milionários (chás ou janelas com vidros e cortinas, por exemplo) entraram na casa de trabalhadores comuns.
É claro que boa parte do mundo ainda enfrenta a fome e a escassez. Mas não é por falta de conhecimento que isso acontece. Pelo contrário, o caminho da prosperidade já está mais ou menos mapeado e pavimentado.
A abundância é um tipo de problema chique, que todo mundo gostaria de ter. Como o da grã-fina que está cansada de passar as férias em Paris. Mas ainda assim é um problema.
Muitas más notícias que os jornais publicam hoje são produtos da abundância: o trânsito, a obesidade, a poluição, o lixo, o tempo que crianças gastam em frente a telas. Não só crianças, mas os adultos — que em média tocam 2600 vezes no celular por dia.
As pessoas parecem meio perdidas entre tanto conforto e atrações que desviam a atenção. Se perdem em realizações imediatas de consumo, sem foco e força de vontade para perseguir grandes desejos ou objetivos mais ousados.
Se o problema já é grave hoje, imagine no futuro. O autocontrole será cada vez mais necessário. Nossos filhos e netos terão que aprender desde cedo a se controlar diante do excesso de comida, de drogas, de opções de vida e de diversão.
O mundo capitalista já resolveu o problema da escassez: precisa agora de uma educação para a abundância.
Leandro Narloch - Jornalista, mestre em filosofia e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/leandro-narloch/2018/04/desafio-da-nossa-epoca-e-lidar-com-a-abundancia.shtm> Acesso em: 25 abr. 2018.
Consumo e desperdício: as duas faces das desigualdades
Ana Tereza Caceres Cortez - Professora adjunta do Departamento de Geografia
Instituto de Geociências e Ciências Exatas - IGCE/Unesp, Rio Claro
Um dos símbolos do sucesso das economias capitalistas modernas é a abundância dos bens de consumo, continuamente produzidos pelo sistema industrial. Essa fartura passou a receber uma conotação negativa, sendo objeto de críticas que consideram o consumismo um dos principais problemas das sociedades industriais modernas.
Consumismo é o ato de consumir produtos ou serviços, muitas vezes, sem consciência. Há várias discussões a respeito do tema, entre elas o tipo de papel que a propaganda e a publicidade exercem nas pessoas, induzindo-as ao consumo, mesmo que não necessitem de um produto comprado. Muitas vezes, as pessoeas compram produtos que não têm utilidade para elas, ou até mesmo coisas desnecessárias apenas por vontade de comprar, evidenciando até uma doença.
Segundo o Dicionário Houaiss, consumismo é “ato, efeito, fato ou prática de consumir (‘comprar em demasia’)” e “consumo ilimitado de bens duráveis, especialmente artigos supérfluos”.
O simples “consumo” é entendido como as aquisições racionais, controladas e seletivas baseadas em fatores sociais e ambientais e no respeito pelas gerações futuras. Já o consumismo pode ser definido como uma compulsão para consumir. Mas como fazer para não aderir ao perfil consumista? A fórmula clássica e aparentemente simples é distinguir o essencial do necessário e o necessário do supérfluo. No entanto, é muito difícil estabelecer o limite entre consumo e consumismo, pois a definição de necessidades básicas e supérfluas está intimamente ligada às características culturais da sociedade e do grupo a que pertencemos. O que é básico para uns pode ser supérfluo para outros e vice-versa.
Trecho de CORTEZ, Ana Tereza Caceres. Consumo e desperdício: as duas faces das desigualdades. In:
CORTEZ, A.T.C.; ORTIGOZA, S.A.G. (Org.). Da produção ao consumo: impactos socioambientais no
espaço urbano. São Paulo: UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em: