• O romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, faz significativo uso da
linguagem figurada, o que dá ao texto uma fina dimensão estética. Assim, indique a alternativa em
que o fragmento não está corretamente classificado, de acordo com a figura que nele ocorre.
Gabarito comentado
Tema central: Esta questão aborda figuras de linguagem, um conteúdo essencial tanto para interpretação de textos quanto para análise estilística – competências cobradas em vestibulares e concursos públicos.
Justificativa da alternativa correta (C):
O fragmento “Quincas Borba não só estava louco, mas sabia que estava louco, e esse resto de consciência, como uma frouxa lamparina no meio das trevas, complicava muito o horror da situação.” foi classificado como eufemismo.
No entanto, pela norma-padrão e segundo Bechara (2009), eufemismo serve para suavizar ideias desagradáveis (Ex: “partiu desta para melhor”). Já aqui temos uma comparação explícita (“como uma frouxa lamparina no meio das trevas”), dado o uso do conectivo “como”, caracterizando a figura chamada comparação, não eufemismo. Portanto, C está incorreta na classificação.
Análise das alternativas incorretas:
A) Metáfora: “...o homem é uma errata pensante...” estabelece uma comparação implícita entre “homem” e “errata”, sem conectivo: é metáfora (Cunha & Cintra, 2017).
B) Onomatopeia: “ranger de porta”, “farfalhar de saias” reproduzem sons da realidade, funcionando como onomatopeias.
D) Antítese: A oposição “não morria, vivia. Viver não é morrer” cria o contraste típico da antítese.
Dica importante para provas: Fique atento ao uso de conectivos (“como”, “tal qual”) — eles indicam comparação. O eufemismo exige um conteúdo suavizado, enquanto a metáfora é sempre indireta. Palavras que imitam sons indicam onomatopeia.
Referências: Bechara (“Moderna Gramática Portuguesa”), Cunha & Cintra (“Nova Gramática”) e Rocha Lima. Eles reforçam a necessidade de observar os traços estilísticos internos à frase, indo muito além do sentido literal.
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