Questõesde PUC - PR sobre Português

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Foram encontradas 47 questões
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PUC - PR 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Uma das habilidades que a compreensão adequada de um texto exige é a identificação da anterioridade e posterioridade das informações relatadas. A leitura do texto permite identificar como CORRETA a seguinte relação: 

Leia o texto a seguir. 

Uma mulher negra na nova nota de 20 dólares

A última e única vez que uma mulher estampou uma cédula de dólar ocorreu pelos idos de 1800 quando Martha Washington, a esposa do 1º presidente americano George Washington – e, por conseguinte, a 1ª primeira-dama da nação –, figurou na nota de um dólar pelo motivo de ser... a esposa de George Washington.

Desta vez, a escolha recaiu sobre Harriet Tubman, nascida escrava no distrito de Dorchester, Maryland, de onde fugiu para a Filadélfia em 1849 e logo em seguida retornou para resgatar sua família. Primeiramente resgatou seus familiares e posteriormente dezenas de outros escravos. Orgulhava-se de nunca ter perdido um só “passageiro”. Quando eclodiu a guerra civil americana, Tubman, se alistou no exército da União sendo cozinheira, enfermeira e espiã. Foi a primeira mulher a liderar uma expedição armada na guerra, comandando o ataque no rio Combahee, onde libertou mais de setecentos escravos. Após o final da guerra, tornou-se uma forte ativista pelos direitos das mulheres, em especial pelo direito de voto. 

Disponível em: < http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/uma-mulher-negra-na-nova-nota-de-20-dolares>. Acesso em: 7/5/2016. (excerto). 

A
Harriet Tubman participou da guerra civil americana e então fugiu para a Filadélfia, ainda no século XIX.
B
Martha Washington e Harriet Tubman foram ativistas pelos direitos das mulheres no mesmo período.
C
Marta Whashington e Harriet Tubman são as únicas mulheres em aproximadamente 200 anos a figurarem na cédula de 20 dólares.
D
Harriet Tubman fugiu para a Filadélfia, alistou-se na guerra, libertou mais de setecentos escravos e voltou para libertar sua família.
E
Harriet Tubman é a segunda mulher a estampar uma cédula de dólar em aproximadamente 200 anos.
84ab5920-c0
PUC - PR 2016 - Português - Estrutura das Palavras: Radical, Desinência, Prefixo e Sufixo, Morfologia

O conhecimento de certas unidades menores das palavras pode nos favorecer quando encontramos um vocábulo que não fazia parte do nosso inventário lexical até o momento. Normalmente oriundos de línguas como o latim ou o grego, esses elementos são muito comuns na formação de palavras que usamos modernamente. No texto, em

No final do ano passado, a campanha #MeuAmigoSecreto tomou conta das redes sociais com milhares de histórias relatadas por mulheres sobre casos de machismo e violência de gênero envolvendo pessoas próximas, como amigos, companheiros, chefes, parentes etc.

Para dar continuidade aos debates do mundo virtual, o coletivo feminista Não Me Kahlo vai lançar em abril o livro #MeuAmigoSecreto: Feminismo além das redes (Edições de Janeiro). A obra reúne artigos das cinco integrantes do coletivo sobre assuntos ligados a um objetivo em comum: a desconstrução do machismo.  

"Não é um livro com relatos; é um livro que fala dos problemas que levam a misoginia a ser naturalizada na sociedade. Debruçamo-nos em pesquisas para criar um material consistente que sirva de apoio para aqueles que quiserem compreender melhor as raízes do machismo e quais são as pautas feministas", afirmam as autoras e participantes do Não Me Kahlo ao Catraca Livre. 

Disponível em:<https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/coletivo-feminista-lanca-livro-sobre-temas-discutidos-nacampanha-meuamigosecreto/> . Acesso em: 04/05/2016. 

A
machismo, o sufixo indica movimento religioso.
B
integrantes, o sufixo indica agente.
C
desconstrução, o prefixo indica intensidade.
D
misoginia, o elemento miso– significa mulher.
E
Debruçamo-nos, o radical origina-se de braço.
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PUC - PR 2016 - Português - Colocação Pronominal, Morfologia - Pronomes

Observe a tirinha.

A fala da garota na tirinha explica-se porque o

A
menino não usou a colocação pronominal prescrita pela norma culta em “Nunca deixe-me”.
B
pronome “me” não poderia estar depois das formas verbais “Abrace” e “Beije”, de acordo com as normas da gramática tradicional.
C
uso de “me” em “Beije-me” fere a prescrição gramatical, que recomenda o uso de “eu” nesse caso.
D
menino ora usa o pronome “me” depois do verbo, ora antes dele, o que não mantém a uniformidade pronominal.
E
emprego do pronome de primeira pessoa “me” não pode ocorrer junto de uma forma verbal no imperativo.
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PUC - PR 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Da leitura desse trecho, é possível afirmar que o segundo parágrafo, em relação ao primeiro,

Quando estava na escola, uma professora pedia relatórios gigantescos e os avaliava mais pela quantidade de páginas escritas que pela qualidade delas. Como a turma era bastante numerosa, sabíamos que ela não conseguiria ler toda nossa produção, então escrevíamos com capricho o início e o final do trabalho e o resto preenchíamos com geradores de texto falso. Ninguém nunca foi reprovado por isso, mas, mesmo que tenha lido, a professora não deve ter entendido as reflexões criadas por computador. 

Essa trapaça (da qual não me orgulho) aconteceu no início dos anos 2000, nos primórdios dos geradores de texto. Hoje, com o avanço da tecnologia, não seria tanta enganação assim. Contos já foram escritos por inteligência artificial e é possível programar matérias jornalísticas com algoritmos - algumas agências de notícias fazem isso com publicações que têm estruturas previsíveis, como esporte e mercado financeiro. [...]  

Disponível em:<http://super.abril.com.br/tecnologia/leitores-confiam-mais-em-textos-gerados-por-maquina> . Acesso em: 05/05/2016.

A
exime o autor da culpa por ter enganado a professora.
B
sugere que atualmente o mesmo ato seria tolerado.
C
antevê uma prática que já seria natural há alguns anos.
D
faz uma relativização temporal do ato descrito.
E
mostra uma causa do que já era feito em 2000.
84ae428e-c0
PUC - PR 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe a charge.

A linguagem não verbal usada pelo chargista nessa ilustração deixa clara certa atitude dos personagens que se soma às palavras da vassoura. Assim, cria-se o efeito de humor, centrado no fato de

A
o livro estar desolado com sua possível extinção em um futuro próximo.
B
o livro depender dos conselhos de outro objeto para sentir-se melhor.
C
a vassoura tentar consolar o livro com base na experiência passada dela.
D
a vassoura ter sobrevivido à sua suposta extinção no passado.
E
os personagens terem em comum uma experiência prévia.
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PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considere as afirmativas abaixo sobre os aspectos formais do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles:

I. Apegada ao estilo simbolista, do qual nunca se afastou, a autora escreve no livro apenas sonetos de temática amorosa ambientada no contexto da proclamação da República no Brasil.

II. Encarnando até as últimas consequências o espírito da neovanguarda dos anos 1950, a autora escreve no livro uma série de poemas concretos sobre a história do Brasil, colocando como centro da luta pela liberdade assumida pelo movimento abolicionista.

III. Embora se abra a uma variedade de metros poéticos, predominam no texto as redondilhas maiores (de sete sílabas) e as redondilhas menores (de cinco sílabas). Isso demonstra o apego da autora à tradição e, ao mesmo tempo, a busca por exprimir vivacidade e musicalidade que, segundo os teóricos, são alcançados de modo mais pleno nesse tipo de métrica.

IV. Composto de “romances”, tomados como narrativas de tom lírico, o romanceiro é uma referência à tradição poética medieval, para a qual o termo romance tinha um sentido diferente do atual. Primordialmente, havia romances que não eram escritos em prosa. Essa ligação com o passado hibrido – narrativo e lírico – da forma romance é trabalhada esteticamente nos textos do livro, que contam uma ação, mas com elementos poéticos.

É correto o que se afirma SOMENTE em:

A
III.
B
II, III e IV.
C
II e III.
D
III e IV.
E
I, II e III.
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PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe as afirmativas abaixo a respeito de Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector:

I. Os contos do livro são todos narrados em terceira pessoa e primam pela objetividade, típica do estilo realista adotado pela autora no todo de sua obra. A temática das desigualdades sociais é a que prevalece nas narrativas.

II. Clarice Lispector é uma experimentadora da linguagem. Explorando o regionalismo e a escrita carregada de neologismos, sua obra tem nos contos de Felicidade Clandestina seu ponto alto, com destaque para o modo como se narram as aventuras que se passam no interior do Brasil.

III. O universo fantástico é amplamente explorado nas ações dos contos. Vista como uma seguidora de Franz Kafka, a autora exagera na descrição de situações que, num primeiro momento, parecem absurdas, com a presença de seres maravilhosos e a humanização de animais. Contudo, esse absurdo é funcional para a análise crítica da sociedade e dos valores humanos feita em sua obra.

IV. Há nos contos muito de autobiográfico, especialmente nas ações que envolvem crianças. Mas o diferencial da obra de Clarice Lispector é o primor na descrição do universo interior dos personagens, com a investigação de subjetividades em crise, experienciando revelações e epifanias. A inquietação íntima dos personagens vem da busca por uma identidade e pelo reconhecimento do mundo em sua complexidade.

É correto o que se afirma SOMENTE em:

A
IV.
B
III.
C
II, III e IV.
D
II e III.
E
I, II e III.
50ae5a5b-77
PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe as afirmativas abaixo a respeito das inovações presentes no texto de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis:

I. A estrutura da composição das memórias de Brás Cubas é carregada de metalinguagem, com a revelação de que estamos diante de uma construção em curso, sujeita a todas as vicissitudes da escrita “ao correr da pena”.

Revela-se a consciência de que o que as memórias conseguem ser é a representação (sempre precária) de uma vida e que, como tal, ela é afetada pelos limites do ponto de vista do narrador.

II. No texto, há o uso constante (e muito rico esteticamente) das digressões. A ação tem vários momentos de interrupção para o narrador fazer alguns comentários, seja sobre o processo de escrita, seja sobre o significado das ações narradas. Mas, além dos comentários em si, as digressões revelam algo sobre a concepção literária a que o livro se filia: o narrador busca se livrar da obrigação de “contar tudo” e, suspendendo a ação, abre-se à exploração da incerteza quanto ao que narra, preenchendo os vazios do texto com essas ponderações à margem do conteúdo narrado.

III. Memórias Póstumas de Brás Cubas investe no mergulho no psicológico. A confissão do narrador busca, na reconstituição do passado a elucidação de um caso nebuloso do seu relacionamento com a esposa. A suspeita da traição é um fardo. Amparado por indícios que, embora tenham consistência, não se configuram “provas” e, sem contar com a confissão de Vergília, o advogado Brás busca, na reconstituição de dados de sua vida, um reforço à sua argumentação para defender, diante dos leitores, a tese de que foi traído, o que explica a sua situação de desesperança no momento em que faz a narração.

IV. Memórias Póstumas de Brás Cubas parece investir num novo modo de se relacionar com a recepção. As constantes interpelações à figura do “leitor” - em geral admoestado de modo agressivo pelo narrador – partem do pressuposto de que o leitor deve se adequar a um novo tipo de experiência leitora, na qual, mais do que a história detalhista, com ações encadeadas de modo linear, ele receberá uma trama feita de elipses e incompletudes, cabendo-lhe agir de modo inteligente diante dessa proposição. Tal procedimento, que, em certa medida, apela à participação do leitor na composição da obra, é bastante moderno.

Estão corretas APENAS as afirmativas

A
I e II.
B
I, II e IV.
C
II, III e IV.
D
II e III.
E
I e III.
509efd02-77
PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Dar ou não esmolas é uma questão controversa. Refletir sobre o significado desse ato leva-nos a ponderar sobre um conjunto de fatores envolvidos e, em consequência, permite a apresentação tanto de argumentos favoráveis como contrários. Nas asserções abaixo, há argumentos para a defesa de ambas as posições. Identifique-os.

I. O ato de dar esmola deve ser entendido como a resposta individual e paliativa possível, num quadro no qual o poder público tem dado respostas muito aquém das reais necessidades dos mais pobres.

II. A esmola garante apenas uma precária e incerta sobrevivência para um número cada vez mais elevado de miseráveis urbanos.

III. Há momentos em que o melhor que você pode fazer por alguém em situação-limite é abrir a carteira, por uma questão de solidariedade.

IV. O ato de dar esmolas estimula a dependência e a acomodação dos que a recebem ou alimenta estratégias bem estruturadas de exploração de crianças por adultos.

V. Para o grupo social que vive numa situação-limite, receber uma esmola é a diferença entre passar fome e dormir de barriga cheia.

A
II, III e V são argumentos favoráveis; I e IV são contrários.
B
III e V são argumentos favoráveis; I, II e IV são contrários.
C
I e V são argumentos favoráveis; II, III e IV são contrários.
D
III é argumento favorável; I, II, IV e V são contrários.
E
I, III e V são argumentos favoráveis; II e IV são contrários.
50a91d61-77
PUC - PR 2012 - Português - Encontros vocálicos: Ditongo, Tritongo, Hiato, Emprego do hífen, Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

A ortografia da língua portuguesa sofreu algumas alterações, a fim de unificar a escrita do português brasileiro e do português europeu. Entre as alterações estão as seguintes:

1 - Eliminação do acento agudo nos ditongos abertos -ei, -oi e -eu das palavras paroxítonas.

2 - Inclusão do hífen em vocábulos derivados por prefixação cujo prefixo terminar por vogal igual à vogal inicial do segundo elemento.

3 - Eliminação do hífen em vocábulos derivados por prefixação, cujo prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar com consoante.

Levando-se em conta as regras acima, analise as asserções e, em seguida, marque a alternativa CORRETA:

I. Em geleia, heroico e Coreia, o acento agudo foi eliminado atendendo ao acordo.

II. As palavras anéis, herói e chapéu se enquadram na regra 1, portanto aqui estão indevidamente grafadas com acento.

III. Contrarregra e microssistema passaram a ser escritos sem hífen, atendendo ao que está explicitado na regra 3.

IV. Co-operar e co-ordenar passaram a ser grafadas com hífen, atendendo à regra 2.

A
Apenas I é verdadeira.
B
Apenas I, II e III são verdadeiras.
C
Apenas I e III são verdadeiras.
D
Apenas I e IV são verdadeiras.
E
Apenas I, III e IV são verdadeiras.
50a431de-77
PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Os infográficos, textos que combinam linguagem verbal com linguagem visual, vêm sendo largamente utilizados no meio jornalístico. O exemplar, a seguir está publicado em uma reportagem sobre antibióticos. Analise-o e indique a asserção INCORRETA a respeito desse gênero textual.


A
Por combinarem dois tipos de linguagem, facilitam a compreensão pelo leitor, nos casos em que o uso de palavras apenas poderia ser cansativo e a imagem sozinha seria insuficiente.
B
O infográfico combina informação verbal com informação visual, portanto o leitor deve realizar a leitura simultânea de imagens e palavras.
C
Infográficos exigem maior grau de conhecimento sobre o assunto abordado, por isso não são apropriados para leigos no tema de que tratam.
D
A multimodalidade nos textos, ou seja, combinação de dois ou mais tipos de linguagem, é um recurso que exige novos modos de ler e escrever nas sociedades letradas.
E
O infográfico apresentado é um texto autônomo, ou seja, sua compreensão não está na dependência das informações contidas na reportagem que o acompanha.
50962002-77
PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O fragmento a seguir foi extraído do artigo de opinião Guerra em torno da língua, escrito pelo linguista Carlos A. Faraco. Leia-o e, em seguida, identifique a alternativa CORRETA em relação ao conteúdo apresentado pelo autor.

(...) “Sem muita exceção, as colunas de vários jornais brasileiros, nas quais se condenam raivosamente vários fenômenos perfeitamente normais no nosso português, deixam transparecer sua espantosa ignorância da realidade linguística nacional; operam em confusão ao não distinguirem adequadamente a língua falada da língua escrita e a língua falada formal da informal. Pior: tentam impingir, sem o menor fundamento, um absurdo modelo único e anacrônico de língua. Sustentam-se no danoso equívoco de que a língua padrão é uma camisa-de-força que não admite variação nem se altera no tempo.

Essas colunas semanais, embora inócuas para o que se propõem, têm um efeito lastimável sobre nossa auto-estima linguística (fica sempre a imagem de que não sabemos falar e isso tem resultados negativos de grande monta para o cidadão em geral e para a educação linguística em particular). Elas têm também um efeito desastroso sobre nossa compreensão cultural do que deve ser o cultivo de um desejável padrão de língua.”(...)

Folha de S. Paulo, 25 de março de 2011.

I. Os colunistas que escrevem sobre a língua portuguesa conseguem impedir que a língua sofra alterações e se transforme no tempo.

II. Língua falada e escrita apresentam aspectos que as distinguem.

III. As colunas jornalísticas sobre língua portuguesa, além de não conseguirem alcançar os objetivos a que se propõem, ainda propagam uma falsa ideia sobre o que seja língua padrão.

IV. A língua padrão também apresenta diversidade e sofre alterações ao longo do tempo.

A
Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
B
Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
C
Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
D
Apenas as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
E
Todas as afirmativas são verdadeiras.
508c3903-77
PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Ordene coerentemente o conjunto de enunciados a seguir, de forma a recompor o texto Pesquisa da Fiocruz sobre transmissão do HIV é campeã, publicado na revista Pharmacia Brasileira, n. 84 (jan./fev. 2012).

I. A revista norte-americana Science, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, publicou um ranking das dez maiores inovações de 2011 e elegeu como campeã a pesquisa HPTN 052, realizada, no Brasil, pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre, e coordenada pelo Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), no Rio de Janeiro.

II. No Brasil, o Ipec, incluído na HPTN, desde 2001, coordenou a participação de mais dois centros – o GHC e o Hospital Geral de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.

III. O mérito da pesquisa, segundo a publicação, é provar que o tratamento com antirretrovirais, medicamentos que controlam a ação do vírus HIV no organismo, também pode diminuir a transmissão do mesmo, ou seja, servem como um método de prevenção contra a doença. “Em conjunto com outros ensaios clínicos promissores, os resultados concretizam esforços para acabar com a epidemia de Aids, no mundo, de uma forma inconcebível, até um ano atrás”, afirma o Editor-Chefe da Science, Bruce Alberts.

IV. Iniciado em 2005, o estudo HPTN 052 contou com a participação de 1.763 casais sorodiscordantes (97% heterossexuais) e foi realizado em 13 centros de saúde que fazem parte da Rede de Testes, localizados em países da Ásia, África e Américas.

V. O estudo é um ensaio clínico pioneiro da Rede de Testes para prevenção de HIV (HPTN, na sigla em inglês) que demonstrou que, se indivíduos HIV positivos aderem a um esquema eficaz de terapia antirretroviral, o risco de transmissão do vírus ao parceiro sexual sem infecção pode ser reduzido em até 96%. A sequência CORRETA é:

A
I, II, III, V, IV
B
I, V, III, IV, II
C
IV, II, III, V, I
D
IV, II, V, III, I
E
II, IV, V, I, III
5090fc32-77
PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A Infarma é uma sessão de revista onde pesquisadores podem publicar os resultados de estudos científicos, segundo normas estabelecidas por esse periódico. Leia uma parte das normas para apresentação de trabalhos nessa revista.

Informações gerais

A Infarma, sessão da revista Pharmacia Brasileira, é voltada exclusivamente à publicação de artigos, revisões, resenhas, ensaios e traduções técnico-científicos na área farmacêutica. Trabalhos cujos assuntos sejam de interesse da profissão, dirigidos à prática ou à formação continuada. Só serão aceitas resenhas de livros que tenham sido publicados, no Brasil, nos últimos dois anos, e no exterior, nos quatro últimos anos. Os trabalhos deverão ser redigidos em português. (...)

Considere as seguintes assertivas para substituir o segmento sublinhado no texto.

I. Trabalhos contendo assuntos de interesse da profissão.

II. Trabalhos cujos assuntos deles sejam de interesse da profissão.

III. Trabalhos cujos os assuntos deles sejam de interesse da profissão.

IV. Trabalho cujos os assuntos sejam de interesse da profissão.

Assinale a alternativa que apresenta uma(s) forma(s) coerente(s) e em conformidade com a norma padrão da língua:

A
Apenas I e III.
B
Apenas II.
C
Apenas I.
D
Apenas II e IV.
E
Apenas I e IV.
50823978-77
PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Uso dos conectivos, Coesão e coerência, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise os quatro fragmentos do texto, apresentados a seguir, em relação ao uso e função dos conectivos. Depois, indique a asserção que propõe uma substituição de conectivos inadequada, responsável por comprometer a coerência do texto.

...Mas nem a OMS nem o Conselho Federal de Medicina recomendam a doação porque esses órgãos também podem apresentar má-formação...

...Interromper a gestação de um feto anencefálico é menos do que nas duas situações já previstas pelo Código Penal, pois tanto no caso de estupro quanto no de riscos para a mãe, o feto tem potencialidade de vida...

...Barroso fundamenta a ação em mais dois pilares. Primeiro, alega que a interrupção da gestação de um anencéfalo, tecnicamente, não pode ser considerada aborto porque o feto não é uma vida em potencial. (...) A outra tese de Barroso é a de que a lei brasileira permite o aborto em duas ocasiões: se a gravidez é resultado de estupro ou se há riscos para a mãe...

...Porém, as explicações do vídeo podem ser contestadas pela medicina especializada em anencefalia, o que aumenta a discussão...

Leia o seguinte texto, adaptado da revista IstoÉ, que servirá de base para a próxima questão:

                                              A vida depois do aborto  

                                                                                                                         Solange Azevedo

    A paulistana Camila Moreira Olímpio, 27 anos, deu pulos de alegria quando engravidou. Antes de completar três meses de gestação, sua casa já estava abarrotada de roupinhas de bebê. O enxoval era todo rosa porque ela nunca teve dúvidas de que a criança que carregava no ventre era uma menina. Até o nome estava escolhido: Stacy. Com o berço e o guarda-roupa instalados no quarto, Camila e o marido foram construindo sonhos. “Daí veio a desilusão. Fui fazer o ultrassom e o médico disse que o meu bebê não tinha calota craniana nem massa encefálica”, lamenta Camila. “Desci da maca e saí correndo do posto de saúde. Parei na beira da avenida. Ali, vi o meu castelo desabar.” Ela descobriu que a criança que tanto amava era mesmo uma menina. Mas constatou, também, que Stacy não sobreviveria porque sofria de uma grave má-formação fetal chamada anencefalia. Uma anomalia congênita irreversível e incompatível com a vida.

“E agora, o que eu faço?”, perguntou aos médicos. Eles explicaram que a gestação de um bebê anencefálico traria mais riscos que uma gravidez comum. Camila ficou dez dias enfurnada em casa. Não abria a janela, não tomava banho, não penteava o cabelo, não comia, não levantava da cama. “Entrei em depressão. Estar grávida e saber que não teria minha filha comigo estava me matando”, lembra. “Se eu não antecipasse o parto, perderia a chance de ter outro filho porque eu morreria junto.” Camila decidiu se valer de uma liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que permitia que grávidas de anencéfalos fizessem aborto. Conseguiu realizar o procedimento no 5º mês de gestação. Ela foi uma das cerca de 60 beneficiadas entre 1º de julho e 20 de outubro de 2004, período em que a decisão provisória vigorou. Começava ali uma batalha jurídica entre grupos de defesa dos direitos humanos e entidades de cunho religioso – a qual se estende até hoje. “Obrigar uma mulher a passar meses, entre o diagnóstico e o parto, dormindo e acordando sabendo que não terá aquele filho, é impor a ela um imenso sofrimento inútil. Isso viola o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana”, afirma o advogado Luís Roberto Barroso, da CNTS. “É uma situação equiparável à tortura. Interromper ou não a gestação deve ser uma opção da mulher e de seu médico. O Estado, o Judiciário ou quem quer que seja não têm o direito de interferir nessa decisão.” Barroso fundamenta a ação em mais dois pilares. Primeiro, alega que a interrupção da gestação de um anencéfalo, tecnicamente, não pode ser considerada aborto porque o feto não é uma vida em potencial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que define a morte é a falta de atividade cerebral e, como o anencéfalo não tem cérebro, ele seria um natimorto. Um dos argumentos dos grupos contrários é que, caso a gestação chegue aos nove meses, os órgãos do bebê podem ser doados. Mas nem a OMS nem o Conselho Federal de Medicina recomendam a doação porque esses órgãos também podem apresentar má-formação.

A outra tese de Barroso é a de que a lei brasileira permite o aborto em duas ocasiões: se a gravidez é resultado de estupro ou se há riscos para a mãe. “Interromper a gestação de um feto anencefálico é menos do que nas duas situações já previstas pelo Código Penal, pois tanto no caso de estupro quanto no de riscos para a mãe, o feto tem potencialidade de vida”, relata o advogado. “O nosso Código Penal não contempla a hipótese do feto inviável porque foi elaborado em 1940, quando o diagnóstico da anencefalia não era possível.” Paulo Fernando da Costa, vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, entidade que atua no combate ao aborto, contesta. “Não podemos condenar uma pessoa à morte. O aborto dos anencéfalos abre uma janela para a legalização completa do aborto”, afirma. Costa conta que a Associação fez um filme sobre Marcela de Jesus – uma menina do interior paulista, que morreu em agosto de 2008, com 1 ano e 8 meses. A história de Marcela se tornou uma das principais bandeiras de grupos religiosos na cruzada antiaborto. Porém, as explicações do vídeo podem ser contestadas pela medicina especializada em anencefalia, o que aumenta a discussão. “Marcela não era anencéfala. Tinha merocrania”, garante o geneticista Thomaz Gollop, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto. O médico explica que o que distingue esse quadro da anencefalia é a presença de um cérebro muito rudimentar – um pouco mais de massa encefálica, coberta por uma membrana. Isso faz com que o indivíduo sobreviva um pouco mais. Mas não faz com que tenha cérebro nem que interaja. “Quando a anencefalia é diagnosticada, não estamos discutindo a vida, mas a morte certa”, diz Gollop. 

Camila Moreira afirma que, mesmo com a liminar de Marco Aurélio, batalhou para conseguir um hospital que aceitasse fazer o aborto. “Entrei em trabalho de parto no dia 18 de outubro. No dia 20, a liminar caiu”, lembra. “Foi um desespero. Algumas mulheres que estavam internadas foram mandadas de volta para casa. Se eu saísse de lá, grávida, não resistiria. Ia enlouquecer.” O casamento de Camila terminou um ano depois. Ela desistiu de tentar ser mãe depois de descobrir que é alérgica aos comprimidos de ácido fólico, uma vitamina do complexo B essencial para prevenir a má-formação fetal. “Tenho muito medo de passar por tudo de novo, por aquela desilusão”, diz. 

    “Minha filha nasceu viva. Morreu dez segundos depois. Eu não quis ver, preferi guardar a imagem que eu tinha dela na minha cabeça”. Camila leva uma vida pacata. Divide uma casa simples em Cotia, na Grande São Paulo, com duas amigas e os três filhos delas. Passa a maior parte do tempo trabalhando como demonstradora de café num supermercado.

O medo de que alguma coisa dê errada é comum às gestantes. Quando a mulher tem um passado traumático essa sensação é multiplicada. Foi assim com a paulista Érica Souza do Nascimento, 22 anos. Ela fez a antecipação do parto dias antes de Camila, na 17ª semana de gestação, no mesmo hospital. “Foi complicado emocionalmente. Imagina ter consciência de que seu filho vai nascer e morrer, e você não vai poder fazer nada”, diz Érica. “Não tive dúvidas de que interromper a gestação era a melhor opção. Não queria sentir o meu neném mexer e, depois, ter de enterrá-lo.” Durante um bom tempo, Érica não conseguia ver crianças. Doía. Machucava. “Isso só passou quando engravidei de novo”, conta Érica, aos prantos. “No ultrassom, eu e minha mãe estávamos apreensivas. A gente queria perguntar se a cabecinha do neném estava bem, mas não tivemos coragem. A gente esperou o laudo sair para ver o que estava escrito. Foi uma das melhores sensações que tive na vida.” Yasmin, uma menina de 5 anos toda serelepe, é a alegria dos pais. “Foi ela que me ajudou a esquecer”, garante Érica. “Minha filha é tudo na minha vida.”

Fonte: Revista IstoÉ, n. 2177, 29 de julho de 2011. 

A
Mas nem a OMS nem o Conselho... pode ser substituído por Entretanto, não só a OMS como também o Conselho...
B
...pois tanto no caso de estupro quanto no de riscos para a mãe... pode ser substituído por visto que no caso de estupro bem como no de riscos para a mãe....
C
Barroso fundamenta a ação em mais dois pilares. Primeiro, alega que a interrupção da gestação de um anencéfalo ... pode ser substituído por Barroso fundamenta a ação em mais dois pilares. Um deles é a alegação de que a interrupção da gestação de um anencéfalo...
D
Porém, as explicações do vídeo podem ser contestadas ... pode ser substituído por Além disso, as explicações do vídeo podem ser contestadas ....
E
A outra tese de Barroso é a de que a lei brasileira permite o aborto em duas ocasiões: se a gravidez é resultado de estupro ou se há riscos para a mãe pode ser substituído por Outro argumento usado por Barroso é o de que a lei brasileira permite o aborto em duas ocasiões: se a gravidez é resultado de estupro ou se há riscos para a mãe.
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PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Intertextualidade, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise os fragmentos dando atenção aos verbos selecionados para a introdução de discursos diretos no texto. Depois, assinale a alternativa que contém uma afirmação INCORRETA:

“Daí veio a desilusão. Fui fazer o ultrassom e o médico disse que o meu bebê não tinha calota craniana nem massa encefálica”, lamenta Camila.

“Entrei em depressão. Estar grávida e saber que não teria minha filha comigo estava me matando”, lembra (Camila).

“Tenho muito medo de passar por tudo de novo, por aquela desilusão”, diz (Camila Moreira).

“Isso só passou quando engravidei de novo”, conta Érica, aos prantos.

“Não podemos condenar uma pessoa à morte. O aborto dos anencéfalos abre uma janela para a legalização completa do aborto”, afirma (Paulo Fernando da Costa, vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família).

“Obrigar uma mulher a passar meses, entre o diagnóstico e o parto, dormindo e acordando sabendo que não terá aquele filho, é impor a ela um imenso sofrimento inútil. Isso viola o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana”, afirma o advogado Luís Roberto Barroso, da CNTS.

“Marcela não era anencéfala. Tinha merocrania”, garante o geneticista Thomaz Gollop, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto.

Leia o seguinte texto, adaptado da revista IstoÉ, que servirá de base para a próxima questão:

                                              A vida depois do aborto  

                                                                                                                         Solange Azevedo

    A paulistana Camila Moreira Olímpio, 27 anos, deu pulos de alegria quando engravidou. Antes de completar três meses de gestação, sua casa já estava abarrotada de roupinhas de bebê. O enxoval era todo rosa porque ela nunca teve dúvidas de que a criança que carregava no ventre era uma menina. Até o nome estava escolhido: Stacy. Com o berço e o guarda-roupa instalados no quarto, Camila e o marido foram construindo sonhos. “Daí veio a desilusão. Fui fazer o ultrassom e o médico disse que o meu bebê não tinha calota craniana nem massa encefálica”, lamenta Camila. “Desci da maca e saí correndo do posto de saúde. Parei na beira da avenida. Ali, vi o meu castelo desabar.” Ela descobriu que a criança que tanto amava era mesmo uma menina. Mas constatou, também, que Stacy não sobreviveria porque sofria de uma grave má-formação fetal chamada anencefalia. Uma anomalia congênita irreversível e incompatível com a vida.

“E agora, o que eu faço?”, perguntou aos médicos. Eles explicaram que a gestação de um bebê anencefálico traria mais riscos que uma gravidez comum. Camila ficou dez dias enfurnada em casa. Não abria a janela, não tomava banho, não penteava o cabelo, não comia, não levantava da cama. “Entrei em depressão. Estar grávida e saber que não teria minha filha comigo estava me matando”, lembra. “Se eu não antecipasse o parto, perderia a chance de ter outro filho porque eu morreria junto.” Camila decidiu se valer de uma liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que permitia que grávidas de anencéfalos fizessem aborto. Conseguiu realizar o procedimento no 5º mês de gestação. Ela foi uma das cerca de 60 beneficiadas entre 1º de julho e 20 de outubro de 2004, período em que a decisão provisória vigorou. Começava ali uma batalha jurídica entre grupos de defesa dos direitos humanos e entidades de cunho religioso – a qual se estende até hoje. “Obrigar uma mulher a passar meses, entre o diagnóstico e o parto, dormindo e acordando sabendo que não terá aquele filho, é impor a ela um imenso sofrimento inútil. Isso viola o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana”, afirma o advogado Luís Roberto Barroso, da CNTS. “É uma situação equiparável à tortura. Interromper ou não a gestação deve ser uma opção da mulher e de seu médico. O Estado, o Judiciário ou quem quer que seja não têm o direito de interferir nessa decisão.” Barroso fundamenta a ação em mais dois pilares. Primeiro, alega que a interrupção da gestação de um anencéfalo, tecnicamente, não pode ser considerada aborto porque o feto não é uma vida em potencial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que define a morte é a falta de atividade cerebral e, como o anencéfalo não tem cérebro, ele seria um natimorto. Um dos argumentos dos grupos contrários é que, caso a gestação chegue aos nove meses, os órgãos do bebê podem ser doados. Mas nem a OMS nem o Conselho Federal de Medicina recomendam a doação porque esses órgãos também podem apresentar má-formação.

A outra tese de Barroso é a de que a lei brasileira permite o aborto em duas ocasiões: se a gravidez é resultado de estupro ou se há riscos para a mãe. “Interromper a gestação de um feto anencefálico é menos do que nas duas situações já previstas pelo Código Penal, pois tanto no caso de estupro quanto no de riscos para a mãe, o feto tem potencialidade de vida”, relata o advogado. “O nosso Código Penal não contempla a hipótese do feto inviável porque foi elaborado em 1940, quando o diagnóstico da anencefalia não era possível.” Paulo Fernando da Costa, vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, entidade que atua no combate ao aborto, contesta. “Não podemos condenar uma pessoa à morte. O aborto dos anencéfalos abre uma janela para a legalização completa do aborto”, afirma. Costa conta que a Associação fez um filme sobre Marcela de Jesus – uma menina do interior paulista, que morreu em agosto de 2008, com 1 ano e 8 meses. A história de Marcela se tornou uma das principais bandeiras de grupos religiosos na cruzada antiaborto. Porém, as explicações do vídeo podem ser contestadas pela medicina especializada em anencefalia, o que aumenta a discussão. “Marcela não era anencéfala. Tinha merocrania”, garante o geneticista Thomaz Gollop, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto. O médico explica que o que distingue esse quadro da anencefalia é a presença de um cérebro muito rudimentar – um pouco mais de massa encefálica, coberta por uma membrana. Isso faz com que o indivíduo sobreviva um pouco mais. Mas não faz com que tenha cérebro nem que interaja. “Quando a anencefalia é diagnosticada, não estamos discutindo a vida, mas a morte certa”, diz Gollop. 

Camila Moreira afirma que, mesmo com a liminar de Marco Aurélio, batalhou para conseguir um hospital que aceitasse fazer o aborto. “Entrei em trabalho de parto no dia 18 de outubro. No dia 20, a liminar caiu”, lembra. “Foi um desespero. Algumas mulheres que estavam internadas foram mandadas de volta para casa. Se eu saísse de lá, grávida, não resistiria. Ia enlouquecer.” O casamento de Camila terminou um ano depois. Ela desistiu de tentar ser mãe depois de descobrir que é alérgica aos comprimidos de ácido fólico, uma vitamina do complexo B essencial para prevenir a má-formação fetal. “Tenho muito medo de passar por tudo de novo, por aquela desilusão”, diz. 

    “Minha filha nasceu viva. Morreu dez segundos depois. Eu não quis ver, preferi guardar a imagem que eu tinha dela na minha cabeça”. Camila leva uma vida pacata. Divide uma casa simples em Cotia, na Grande São Paulo, com duas amigas e os três filhos delas. Passa a maior parte do tempo trabalhando como demonstradora de café num supermercado.

O medo de que alguma coisa dê errada é comum às gestantes. Quando a mulher tem um passado traumático essa sensação é multiplicada. Foi assim com a paulista Érica Souza do Nascimento, 22 anos. Ela fez a antecipação do parto dias antes de Camila, na 17ª semana de gestação, no mesmo hospital. “Foi complicado emocionalmente. Imagina ter consciência de que seu filho vai nascer e morrer, e você não vai poder fazer nada”, diz Érica. “Não tive dúvidas de que interromper a gestação era a melhor opção. Não queria sentir o meu neném mexer e, depois, ter de enterrá-lo.” Durante um bom tempo, Érica não conseguia ver crianças. Doía. Machucava. “Isso só passou quando engravidei de novo”, conta Érica, aos prantos. “No ultrassom, eu e minha mãe estávamos apreensivas. A gente queria perguntar se a cabecinha do neném estava bem, mas não tivemos coragem. A gente esperou o laudo sair para ver o que estava escrito. Foi uma das melhores sensações que tive na vida.” Yasmin, uma menina de 5 anos toda serelepe, é a alegria dos pais. “Foi ela que me ajudou a esquecer”, garante Érica. “Minha filha é tudo na minha vida.”

Fonte: Revista IstoÉ, n. 2177, 29 de julho de 2011. 

A
Analisando-se a carga semântica dos verbos que introduziram citações dos discursos das autoridades e das pessoas comuns mencionadas, pode-se inferir que, na produção textual, não há neutralidade total do autor.
B
Os verbos garantir e afirmar acentuam a importância das opiniões emitidas pelo geneticista e advogado, respectivamente.
C
Contar, dizer , lembrar e lamentar são verbos que, no universo de opiniões, revelam menor grau de credibilidade do que afirmar ou garantir.
D
Na escolha dos verbos para introduzir as citações, observa-se variação vocabular. A diversidade lexical foi apenas uma estratégia para evitar o uso reiterado do verbo dizer, recurso que tornaria o texto deselegante.
E
A análise dos verbos destacados nos fragmentos dão indícios de que ao citar o pensamento de alguém, além de se fornecer uma informação, também toma-se uma posição diante do exposto.
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PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base na leitura do texto de Solange Azevedo, assinale a única assertiva cuja explicação sintetiza CORRETAMENTE as ideias apresentadas pela jornalista:

Leia o seguinte texto, adaptado da revista IstoÉ, que servirá de base para a próxima questão:

                                              A vida depois do aborto  

                                                                                                                         Solange Azevedo

    A paulistana Camila Moreira Olímpio, 27 anos, deu pulos de alegria quando engravidou. Antes de completar três meses de gestação, sua casa já estava abarrotada de roupinhas de bebê. O enxoval era todo rosa porque ela nunca teve dúvidas de que a criança que carregava no ventre era uma menina. Até o nome estava escolhido: Stacy. Com o berço e o guarda-roupa instalados no quarto, Camila e o marido foram construindo sonhos. “Daí veio a desilusão. Fui fazer o ultrassom e o médico disse que o meu bebê não tinha calota craniana nem massa encefálica”, lamenta Camila. “Desci da maca e saí correndo do posto de saúde. Parei na beira da avenida. Ali, vi o meu castelo desabar.” Ela descobriu que a criança que tanto amava era mesmo uma menina. Mas constatou, também, que Stacy não sobreviveria porque sofria de uma grave má-formação fetal chamada anencefalia. Uma anomalia congênita irreversível e incompatível com a vida.

“E agora, o que eu faço?”, perguntou aos médicos. Eles explicaram que a gestação de um bebê anencefálico traria mais riscos que uma gravidez comum. Camila ficou dez dias enfurnada em casa. Não abria a janela, não tomava banho, não penteava o cabelo, não comia, não levantava da cama. “Entrei em depressão. Estar grávida e saber que não teria minha filha comigo estava me matando”, lembra. “Se eu não antecipasse o parto, perderia a chance de ter outro filho porque eu morreria junto.” Camila decidiu se valer de uma liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que permitia que grávidas de anencéfalos fizessem aborto. Conseguiu realizar o procedimento no 5º mês de gestação. Ela foi uma das cerca de 60 beneficiadas entre 1º de julho e 20 de outubro de 2004, período em que a decisão provisória vigorou. Começava ali uma batalha jurídica entre grupos de defesa dos direitos humanos e entidades de cunho religioso – a qual se estende até hoje. “Obrigar uma mulher a passar meses, entre o diagnóstico e o parto, dormindo e acordando sabendo que não terá aquele filho, é impor a ela um imenso sofrimento inútil. Isso viola o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana”, afirma o advogado Luís Roberto Barroso, da CNTS. “É uma situação equiparável à tortura. Interromper ou não a gestação deve ser uma opção da mulher e de seu médico. O Estado, o Judiciário ou quem quer que seja não têm o direito de interferir nessa decisão.” Barroso fundamenta a ação em mais dois pilares. Primeiro, alega que a interrupção da gestação de um anencéfalo, tecnicamente, não pode ser considerada aborto porque o feto não é uma vida em potencial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que define a morte é a falta de atividade cerebral e, como o anencéfalo não tem cérebro, ele seria um natimorto. Um dos argumentos dos grupos contrários é que, caso a gestação chegue aos nove meses, os órgãos do bebê podem ser doados. Mas nem a OMS nem o Conselho Federal de Medicina recomendam a doação porque esses órgãos também podem apresentar má-formação.

A outra tese de Barroso é a de que a lei brasileira permite o aborto em duas ocasiões: se a gravidez é resultado de estupro ou se há riscos para a mãe. “Interromper a gestação de um feto anencefálico é menos do que nas duas situações já previstas pelo Código Penal, pois tanto no caso de estupro quanto no de riscos para a mãe, o feto tem potencialidade de vida”, relata o advogado. “O nosso Código Penal não contempla a hipótese do feto inviável porque foi elaborado em 1940, quando o diagnóstico da anencefalia não era possível.” Paulo Fernando da Costa, vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, entidade que atua no combate ao aborto, contesta. “Não podemos condenar uma pessoa à morte. O aborto dos anencéfalos abre uma janela para a legalização completa do aborto”, afirma. Costa conta que a Associação fez um filme sobre Marcela de Jesus – uma menina do interior paulista, que morreu em agosto de 2008, com 1 ano e 8 meses. A história de Marcela se tornou uma das principais bandeiras de grupos religiosos na cruzada antiaborto. Porém, as explicações do vídeo podem ser contestadas pela medicina especializada em anencefalia, o que aumenta a discussão. “Marcela não era anencéfala. Tinha merocrania”, garante o geneticista Thomaz Gollop, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto. O médico explica que o que distingue esse quadro da anencefalia é a presença de um cérebro muito rudimentar – um pouco mais de massa encefálica, coberta por uma membrana. Isso faz com que o indivíduo sobreviva um pouco mais. Mas não faz com que tenha cérebro nem que interaja. “Quando a anencefalia é diagnosticada, não estamos discutindo a vida, mas a morte certa”, diz Gollop. 

Camila Moreira afirma que, mesmo com a liminar de Marco Aurélio, batalhou para conseguir um hospital que aceitasse fazer o aborto. “Entrei em trabalho de parto no dia 18 de outubro. No dia 20, a liminar caiu”, lembra. “Foi um desespero. Algumas mulheres que estavam internadas foram mandadas de volta para casa. Se eu saísse de lá, grávida, não resistiria. Ia enlouquecer.” O casamento de Camila terminou um ano depois. Ela desistiu de tentar ser mãe depois de descobrir que é alérgica aos comprimidos de ácido fólico, uma vitamina do complexo B essencial para prevenir a má-formação fetal. “Tenho muito medo de passar por tudo de novo, por aquela desilusão”, diz. 

    “Minha filha nasceu viva. Morreu dez segundos depois. Eu não quis ver, preferi guardar a imagem que eu tinha dela na minha cabeça”. Camila leva uma vida pacata. Divide uma casa simples em Cotia, na Grande São Paulo, com duas amigas e os três filhos delas. Passa a maior parte do tempo trabalhando como demonstradora de café num supermercado.

O medo de que alguma coisa dê errada é comum às gestantes. Quando a mulher tem um passado traumático essa sensação é multiplicada. Foi assim com a paulista Érica Souza do Nascimento, 22 anos. Ela fez a antecipação do parto dias antes de Camila, na 17ª semana de gestação, no mesmo hospital. “Foi complicado emocionalmente. Imagina ter consciência de que seu filho vai nascer e morrer, e você não vai poder fazer nada”, diz Érica. “Não tive dúvidas de que interromper a gestação era a melhor opção. Não queria sentir o meu neném mexer e, depois, ter de enterrá-lo.” Durante um bom tempo, Érica não conseguia ver crianças. Doía. Machucava. “Isso só passou quando engravidei de novo”, conta Érica, aos prantos. “No ultrassom, eu e minha mãe estávamos apreensivas. A gente queria perguntar se a cabecinha do neném estava bem, mas não tivemos coragem. A gente esperou o laudo sair para ver o que estava escrito. Foi uma das melhores sensações que tive na vida.” Yasmin, uma menina de 5 anos toda serelepe, é a alegria dos pais. “Foi ela que me ajudou a esquecer”, garante Érica. “Minha filha é tudo na minha vida.”

Fonte: Revista IstoÉ, n. 2177, 29 de julho de 2011. 

A
Ainda que apresente a posição daqueles que alegam que abortar fetos anencefálicos equivale a condená-los à morte e abre precedente para a legalização total do aborto, a autora dá a entender, na reportagem, que o aborto de anencéfalos ameniza o sofrimento das mães, dado que a anencefalia, como exposto já no primeiro parágrafo, é “uma anomalia congênita irreversível e incompatível com a vida”.
B
Por mais que apresente os dois lados da moeda, ou seja, posições favoráveis e contrárias ao aborto de fetos anencéfalos, a autora dá a entender, em sua notícia, que o aborto é uma prática que deve ser legalizada, dado que a criminalização do ato apenas posterga o sofrimento materno, ceifando inúmeras vidas ao longo dos anos.
C
Ainda que apresente posições favoráveis, baseadas em argumentos médicos, como a explicação do geneticista Thomaz Gollop, e legais, como a visão do constitucionalista Luís Roberto Barroso, a autora deixa claro, em seu artigo de opinião, que a anencefalia apresenta variantes, podendo ou não acarretar a morte prematura do bebê, o que torna a legalização do aborto algo bastante temerário.
D
Por mais que apresente os dois lados da moeda, ou seja, posições favoráveis e contrárias ao aborto de fetos anencéfalos, a autora dá a entender, em seu artigo de opinião, que há estudos médicos, como o do geneticista da USP Thomaz Gollop, que refutam a ideia de que a anencefalia não apresenta variantes mais brandas; com isso, expõe o posicionamento contrário à prática abortiva.
E
Ao não apresentar com a mesma proporção os dois lados da moeda, a autora prioriza, em sua notícia, a justificativa das mães que praticaram o aborto sob o respaldo legal concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello, o que serve, no plano argumentativo, para endossar a ideia central do texto: o aborto deve ser legalizado, ainda que grupos contrários, baseados em conceitos médicos, tenham comprovado que a anencefalia não acarreta a morte dos bebês.
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PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A partir da leitura do texto, assinale a única assertiva CORRETA:

Leia o seguinte texto, adaptado da revista IstoÉ, que servirá de base para a próxima questão:

                                              A vida depois do aborto  

                                                                                                                         Solange Azevedo

    A paulistana Camila Moreira Olímpio, 27 anos, deu pulos de alegria quando engravidou. Antes de completar três meses de gestação, sua casa já estava abarrotada de roupinhas de bebê. O enxoval era todo rosa porque ela nunca teve dúvidas de que a criança que carregava no ventre era uma menina. Até o nome estava escolhido: Stacy. Com o berço e o guarda-roupa instalados no quarto, Camila e o marido foram construindo sonhos. “Daí veio a desilusão. Fui fazer o ultrassom e o médico disse que o meu bebê não tinha calota craniana nem massa encefálica”, lamenta Camila. “Desci da maca e saí correndo do posto de saúde. Parei na beira da avenida. Ali, vi o meu castelo desabar.” Ela descobriu que a criança que tanto amava era mesmo uma menina. Mas constatou, também, que Stacy não sobreviveria porque sofria de uma grave má-formação fetal chamada anencefalia. Uma anomalia congênita irreversível e incompatível com a vida.

“E agora, o que eu faço?”, perguntou aos médicos. Eles explicaram que a gestação de um bebê anencefálico traria mais riscos que uma gravidez comum. Camila ficou dez dias enfurnada em casa. Não abria a janela, não tomava banho, não penteava o cabelo, não comia, não levantava da cama. “Entrei em depressão. Estar grávida e saber que não teria minha filha comigo estava me matando”, lembra. “Se eu não antecipasse o parto, perderia a chance de ter outro filho porque eu morreria junto.” Camila decidiu se valer de uma liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que permitia que grávidas de anencéfalos fizessem aborto. Conseguiu realizar o procedimento no 5º mês de gestação. Ela foi uma das cerca de 60 beneficiadas entre 1º de julho e 20 de outubro de 2004, período em que a decisão provisória vigorou. Começava ali uma batalha jurídica entre grupos de defesa dos direitos humanos e entidades de cunho religioso – a qual se estende até hoje. “Obrigar uma mulher a passar meses, entre o diagnóstico e o parto, dormindo e acordando sabendo que não terá aquele filho, é impor a ela um imenso sofrimento inútil. Isso viola o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana”, afirma o advogado Luís Roberto Barroso, da CNTS. “É uma situação equiparável à tortura. Interromper ou não a gestação deve ser uma opção da mulher e de seu médico. O Estado, o Judiciário ou quem quer que seja não têm o direito de interferir nessa decisão.” Barroso fundamenta a ação em mais dois pilares. Primeiro, alega que a interrupção da gestação de um anencéfalo, tecnicamente, não pode ser considerada aborto porque o feto não é uma vida em potencial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que define a morte é a falta de atividade cerebral e, como o anencéfalo não tem cérebro, ele seria um natimorto. Um dos argumentos dos grupos contrários é que, caso a gestação chegue aos nove meses, os órgãos do bebê podem ser doados. Mas nem a OMS nem o Conselho Federal de Medicina recomendam a doação porque esses órgãos também podem apresentar má-formação.

A outra tese de Barroso é a de que a lei brasileira permite o aborto em duas ocasiões: se a gravidez é resultado de estupro ou se há riscos para a mãe. “Interromper a gestação de um feto anencefálico é menos do que nas duas situações já previstas pelo Código Penal, pois tanto no caso de estupro quanto no de riscos para a mãe, o feto tem potencialidade de vida”, relata o advogado. “O nosso Código Penal não contempla a hipótese do feto inviável porque foi elaborado em 1940, quando o diagnóstico da anencefalia não era possível.” Paulo Fernando da Costa, vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, entidade que atua no combate ao aborto, contesta. “Não podemos condenar uma pessoa à morte. O aborto dos anencéfalos abre uma janela para a legalização completa do aborto”, afirma. Costa conta que a Associação fez um filme sobre Marcela de Jesus – uma menina do interior paulista, que morreu em agosto de 2008, com 1 ano e 8 meses. A história de Marcela se tornou uma das principais bandeiras de grupos religiosos na cruzada antiaborto. Porém, as explicações do vídeo podem ser contestadas pela medicina especializada em anencefalia, o que aumenta a discussão. “Marcela não era anencéfala. Tinha merocrania”, garante o geneticista Thomaz Gollop, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto. O médico explica que o que distingue esse quadro da anencefalia é a presença de um cérebro muito rudimentar – um pouco mais de massa encefálica, coberta por uma membrana. Isso faz com que o indivíduo sobreviva um pouco mais. Mas não faz com que tenha cérebro nem que interaja. “Quando a anencefalia é diagnosticada, não estamos discutindo a vida, mas a morte certa”, diz Gollop. 

Camila Moreira afirma que, mesmo com a liminar de Marco Aurélio, batalhou para conseguir um hospital que aceitasse fazer o aborto. “Entrei em trabalho de parto no dia 18 de outubro. No dia 20, a liminar caiu”, lembra. “Foi um desespero. Algumas mulheres que estavam internadas foram mandadas de volta para casa. Se eu saísse de lá, grávida, não resistiria. Ia enlouquecer.” O casamento de Camila terminou um ano depois. Ela desistiu de tentar ser mãe depois de descobrir que é alérgica aos comprimidos de ácido fólico, uma vitamina do complexo B essencial para prevenir a má-formação fetal. “Tenho muito medo de passar por tudo de novo, por aquela desilusão”, diz. 

    “Minha filha nasceu viva. Morreu dez segundos depois. Eu não quis ver, preferi guardar a imagem que eu tinha dela na minha cabeça”. Camila leva uma vida pacata. Divide uma casa simples em Cotia, na Grande São Paulo, com duas amigas e os três filhos delas. Passa a maior parte do tempo trabalhando como demonstradora de café num supermercado.

O medo de que alguma coisa dê errada é comum às gestantes. Quando a mulher tem um passado traumático essa sensação é multiplicada. Foi assim com a paulista Érica Souza do Nascimento, 22 anos. Ela fez a antecipação do parto dias antes de Camila, na 17ª semana de gestação, no mesmo hospital. “Foi complicado emocionalmente. Imagina ter consciência de que seu filho vai nascer e morrer, e você não vai poder fazer nada”, diz Érica. “Não tive dúvidas de que interromper a gestação era a melhor opção. Não queria sentir o meu neném mexer e, depois, ter de enterrá-lo.” Durante um bom tempo, Érica não conseguia ver crianças. Doía. Machucava. “Isso só passou quando engravidei de novo”, conta Érica, aos prantos. “No ultrassom, eu e minha mãe estávamos apreensivas. A gente queria perguntar se a cabecinha do neném estava bem, mas não tivemos coragem. A gente esperou o laudo sair para ver o que estava escrito. Foi uma das melhores sensações que tive na vida.” Yasmin, uma menina de 5 anos toda serelepe, é a alegria dos pais. “Foi ela que me ajudou a esquecer”, garante Érica. “Minha filha é tudo na minha vida.”

Fonte: Revista IstoÉ, n. 2177, 29 de julho de 2011. 

A
Pode-se dizer que a autora teve a preocupação de mostrar os dois lados do aborto de anencéfalos com a mesma proporção; daí a ideia de que o texto de Solange Azevedo preza pela neutralidade.
B
Pode-se dizer que a autora dá mais ênfase ao lado daqueles que são favoráveis ao aborto de fetos anencéfalos; logo, o texto de Solange Azevedo não pode ser considerado neutro.
C
Não se pode falar que o texto de Solange Azevedo é neutro, uma vez que a autora apresenta uma série de argumentos contrários ao aborto de anencéfalos, defendendo, indiretamente, a posição da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família.
D
Não se pode falar que o texto de Solange Azevedo é neutro, uma vez que a autora apresenta uma série de argumentos favoráveis ao aborto, ao defender explicitamente a tese de que o feto é parte do corpo da mulher; logo, a mãe teria o direito de abortar livremente, em qualquer situação.
E
Pode-se dizer que Solange Azevedo apresenta a posição da Associação Nacional Pró-Vida e Pró- Família a fim de endossar a tese defendida desde o início do texto: o respaldo legal pode autorizar indiscriminadamente a prática do aborto, o que deve ser combatido.
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PUC - PR 2014 - Português - Interpretação de Textos

No conto Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, a protagonista termina a narrativa com a seguinte frase: “Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante".

(LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro, Rocco,1998.)

Com base nessa frase, assinale a alternativa CORRETA.

A
A autora expressa que a menina cresceu e não se interessou mais pelo livro porque tem um amante.
B
Clarice Lispector expressa que a menina já não se interessa mais pelo livro, e que a felicidade clandestina se realizou no momento em que o conseguiu.
C
A autora define com uma metáfora o que é a felicidade clandestina, já que uma mulher ao ter um amante vive situações de perigo, mas que lhe proporcionam felicidade.
D
Clarice Lispector expressa a relação entre a infância e a vida adulta da protagonista.
E
Clarice Lispector expressa a troca do livro por um amante.
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PUC - PR 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre o livro Muitas vozes, lançado em 1999 por Ferreira Gullar, é VERDADEIRO afirmar:

A
Muitas vozes assinala o ponto alto na tomada de posição de Ferreira Gullar no sentido de uma poesia engajada, comprometida com a luta contra a opressão e a injustiça.
B
É neste livro que se reúnem os poemas neoconcretos de Gullar, consolidando a cisão do poeta maranhense em relação ao concretismo elaborado e teorizado pelos paulistas Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos.
C
Muitas vozes é a única incursão de Ferreira Gullar na poesia dramática, em que cada uma das vozes do poema que dá nome ao livro representa personagens típicos do Nordeste brasileiro: o beato, o cangaceiro, o coronel, o padre etc.
D
É um volume de poemas em que o poeta se afasta da temática engajada dos livros anteriores, voltando-se, preferencialmente, para temas memorialísticos e de reflexão sobre a passagem do tempo e a morte.
E
Em Muitas vozes, Ferreira Gullar rompe definitivamente com o ideário estético da Geração de 1945, ao qual, de certa forma, estivera preso até então.