Observe as afirmativas abaixo a respeito das
inovações presentes no texto de Memórias Póstumas
de Brás Cubas, de Machado de Assis:
I. A estrutura da composição das memórias de
Brás Cubas é carregada de metalinguagem, com
a revelação de que estamos diante de uma
construção em curso, sujeita a todas as
vicissitudes da escrita “ao correr da pena”.
Revela-se a consciência de que o que as
memórias conseguem ser é a representação
(sempre precária) de uma vida e que, como tal,
ela é afetada pelos limites do ponto de vista do
narrador.
II. No texto, há o uso constante (e muito rico
esteticamente) das digressões. A ação tem
vários momentos de interrupção para o narrador
fazer alguns comentários, seja sobre o processo
de escrita, seja sobre o significado das ações
narradas. Mas, além dos comentários em si, as
digressões revelam algo sobre a concepção
literária a que o livro se filia: o narrador busca se
livrar da obrigação de “contar tudo” e,
suspendendo a ação, abre-se à exploração da
incerteza quanto ao que narra, preenchendo os
vazios do texto com essas ponderações à
margem do conteúdo narrado.
III. Memórias Póstumas de Brás Cubas investe no
mergulho no psicológico. A confissão do
narrador busca, na reconstituição do passado a
elucidação de um caso nebuloso do seu
relacionamento com a esposa. A suspeita da
traição é um fardo. Amparado por indícios que,
embora tenham consistência, não se configuram
“provas” e, sem contar com a confissão de
Vergília, o advogado Brás busca, na
reconstituição de dados de sua vida, um reforço
à sua argumentação para defender, diante dos
leitores, a tese de que foi traído, o que explica a
sua situação de desesperança no momento em
que faz a narração.
IV. Memórias Póstumas de Brás Cubas parece
investir num novo modo de se relacionar com a
recepção. As constantes interpelações à figura
do “leitor” - em geral admoestado de modo
agressivo pelo narrador – partem do
pressuposto de que o leitor deve se adequar a
um novo tipo de experiência leitora, na qual,
mais do que a história detalhista, com ações
encadeadas de modo linear, ele receberá uma
trama feita de elipses e incompletudes, cabendo-lhe
agir de modo inteligente diante dessa
proposição. Tal procedimento, que, em certa
medida, apela à participação do leitor na
composição da obra, é bastante moderno.
Estão corretas APENAS as afirmativas
Observe as afirmativas abaixo a respeito das inovações presentes no texto de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis:
I. A estrutura da composição das memórias de Brás Cubas é carregada de metalinguagem, com a revelação de que estamos diante de uma construção em curso, sujeita a todas as vicissitudes da escrita “ao correr da pena”.
Revela-se a consciência de que o que as memórias conseguem ser é a representação (sempre precária) de uma vida e que, como tal, ela é afetada pelos limites do ponto de vista do narrador.
II. No texto, há o uso constante (e muito rico esteticamente) das digressões. A ação tem vários momentos de interrupção para o narrador fazer alguns comentários, seja sobre o processo de escrita, seja sobre o significado das ações narradas. Mas, além dos comentários em si, as digressões revelam algo sobre a concepção literária a que o livro se filia: o narrador busca se livrar da obrigação de “contar tudo” e, suspendendo a ação, abre-se à exploração da incerteza quanto ao que narra, preenchendo os vazios do texto com essas ponderações à margem do conteúdo narrado.
III. Memórias Póstumas de Brás Cubas investe no mergulho no psicológico. A confissão do narrador busca, na reconstituição do passado a elucidação de um caso nebuloso do seu relacionamento com a esposa. A suspeita da traição é um fardo. Amparado por indícios que, embora tenham consistência, não se configuram “provas” e, sem contar com a confissão de Vergília, o advogado Brás busca, na reconstituição de dados de sua vida, um reforço à sua argumentação para defender, diante dos leitores, a tese de que foi traído, o que explica a sua situação de desesperança no momento em que faz a narração.
IV. Memórias Póstumas de Brás Cubas parece investir num novo modo de se relacionar com a recepção. As constantes interpelações à figura do “leitor” - em geral admoestado de modo agressivo pelo narrador – partem do pressuposto de que o leitor deve se adequar a um novo tipo de experiência leitora, na qual, mais do que a história detalhista, com ações encadeadas de modo linear, ele receberá uma trama feita de elipses e incompletudes, cabendo-lhe agir de modo inteligente diante dessa proposição. Tal procedimento, que, em certa medida, apela à participação do leitor na composição da obra, é bastante moderno.
Estão corretas APENAS as afirmativas