Questõesde FGV 2018 sobre Português

1
1
1
Foram encontradas 30 questões
61d6239e-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Nesse poema de Carlos Drummond de Andrade, encontram-se presentes, entre outras, as seguintes linhas formais e temáticas bastante características de Claro enigma:

I o emprego de modalidades tradicionais de composição, como, no caso, o verso decassílabo, com rimas cruzadas;
II a desilusão quanto à integração entre a poesia e o mundo exterior;
III a madureza, como consciência crescente da finitude do ser;
IV o recurso à forma fixa do soneto.

Completa de maneira adequada o que se afirma no início da questão o que está em

Texto para a questão


Remissão


Tua memória, pasto de poesia,

tua poesia, pasto dos vulgares,

vão se engastando numa coisa fria

a que tu chamas: vida, e seus pesares.


Mas, pesares de quê? perguntaria,

se esse travo de angústia nos cantares,

se o que dorme na base da elegia

vai correndo e secando pelos ares,


e nada resta, mesmo, do que escreves

e te forçou ao exílio das palavras,

senão contentamento de escrever,


enquanto o tempo, em suas formas breves

ou longas, que sutil interpretavas,

se evapora no fundo de teu ser?


Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.

A
II e IV, somente.
B
I e III, somente.
C
I e II, somente.
D
II e III, somente.
E
I, II, III e IV.
61d354a4-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No texto, o poeta

Texto para a questão


Remissão


Tua memória, pasto de poesia,

tua poesia, pasto dos vulgares,

vão se engastando numa coisa fria

a que tu chamas: vida, e seus pesares.


Mas, pesares de quê? perguntaria,

se esse travo de angústia nos cantares,

se o que dorme na base da elegia

vai correndo e secando pelos ares,


e nada resta, mesmo, do que escreves

e te forçou ao exílio das palavras,

senão contentamento de escrever,


enquanto o tempo, em suas formas breves

ou longas, que sutil interpretavas,

se evapora no fundo de teu ser?


Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.

A
questiona incisivamente o seu fazer poético, pondo em causa o sentido mesmo dessa prática.
B
interpela diretamente o leitor, instando-o a abandonar as ilusões literárias tradicionais remanescentes.
C
invoca o espectro do pai morto, para pedir-lhe que o redima de seus fracassos.
D
apostrofa a memória de Mário de Andrade, seu primeiro mestre de poesia, dedicando-lhe um canto alegórico.
E
dialoga com um escritor classicista imaginário, interrogando-o a respeito das contradições em que incorre.
61cf38bd-16
FGV 2018 - Português - Estrutura das Palavras: Radical, Desinência, Prefixo e Sufixo, Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Morfologia

Considerado no contexto do trecho de Guimarães Rosa, o prefixo sublinhado assume sentido intensificador, e não ideia de negação ou de oposição, na seguinte palavra do texto:

Texto para a questão 

    Vindos do norte, da fronteira velha-de-guerra, bem montados, bem enroupados, bem apessoados, chegaram uns oito homens, que de longe se via que eram valentões: primeiro surgiu um, dianteiro, escoteiro, que percorreu, de ponta a ponta, o povoado, pedindo água à porta de uma casa, pedindo pousada em outra, espiando muito para tudo e fazendo pergunta e pergunta; depois, então, apareceram os outros, equipados com um despropósito de armas – carabinas, novinhas quase; garruchas, de um e de dois canos; revólveres de boas marcas; facas, punhais, quicés de cabos esculpidos; porretes e facões, – e transportando um excesso de breves nos pescoços.
    O bando desfilou em formação espaçada, o chefe no meio. E o chefe – o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em acume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça – era o homem mais afamado dos dois sertões do rio: célebre do Jequitinhonha à Serra das Araras, da beira do Jequitaí à barra do Verde Grande, do Rio Gavião até nos Montes Claros, de Carinhanha até Paracatu; maior do que Antônio Dó ou Indalécio; o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.

João Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, in Sagarana.
A
percorreu”.
B
despropósito”.
C
transportando”.
D
apessoados”,
E
enroupados”.
61cbac66-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O tipo de valentão armado, figurado no texto de Guimarães Rosa, atuando isoladamente ou em grupo, é personagem frequente na ficção brasileira – literária, cinematográfica etc. Corresponde também a esse tipo a personagem

Texto para a questão 

    Vindos do norte, da fronteira velha-de-guerra, bem montados, bem enroupados, bem apessoados, chegaram uns oito homens, que de longe se via que eram valentões: primeiro surgiu um, dianteiro, escoteiro, que percorreu, de ponta a ponta, o povoado, pedindo água à porta de uma casa, pedindo pousada em outra, espiando muito para tudo e fazendo pergunta e pergunta; depois, então, apareceram os outros, equipados com um despropósito de armas – carabinas, novinhas quase; garruchas, de um e de dois canos; revólveres de boas marcas; facas, punhais, quicés de cabos esculpidos; porretes e facões, – e transportando um excesso de breves nos pescoços.
    O bando desfilou em formação espaçada, o chefe no meio. E o chefe – o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em acume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça – era o homem mais afamado dos dois sertões do rio: célebre do Jequitinhonha à Serra das Araras, da beira do Jequitaí à barra do Verde Grande, do Rio Gavião até nos Montes Claros, de Carinhanha até Paracatu; maior do que Antônio Dó ou Indalécio; o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.

João Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, in Sagarana.
A
Major Vidigal, de Memórias de um sargento de milícias.
B
Prudêncio, das Memórias póstumas de Brás Cubas.
C
Jão Fera, de Til.
D
Jerônimo, de O cortiço.
E
Soldado amarelo, de Vidas secas.
61c88b77-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Os “valentões armados”, que figuram no texto, atuando isoladamente ou em bando, constituem fenômeno geral,

Texto para a questão 

    Vindos do norte, da fronteira velha-de-guerra, bem montados, bem enroupados, bem apessoados, chegaram uns oito homens, que de longe se via que eram valentões: primeiro surgiu um, dianteiro, escoteiro, que percorreu, de ponta a ponta, o povoado, pedindo água à porta de uma casa, pedindo pousada em outra, espiando muito para tudo e fazendo pergunta e pergunta; depois, então, apareceram os outros, equipados com um despropósito de armas – carabinas, novinhas quase; garruchas, de um e de dois canos; revólveres de boas marcas; facas, punhais, quicés de cabos esculpidos; porretes e facões, – e transportando um excesso de breves nos pescoços.
    O bando desfilou em formação espaçada, o chefe no meio. E o chefe – o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em acume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça – era o homem mais afamado dos dois sertões do rio: célebre do Jequitinhonha à Serra das Araras, da beira do Jequitaí à barra do Verde Grande, do Rio Gavião até nos Montes Claros, de Carinhanha até Paracatu; maior do que Antônio Dó ou Indalécio; o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.

João Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, in Sagarana.
A
nas regiões selváticas, em que a colonização europeia não logrou implantar-se, e nas quais predomina a influência do elemento autóctone – o ameríndio.
B
em todas as áreas onde a pressão da lei não se faz sentir e onde a ordem privada desempenha funções que, em princípio, caberiam ao poder público.
C
no Nordeste brasileiro, onde aparecem sob a forma do cangaço, mas inexistem no Sudeste e no Sul do Brasil.
D
sobretudo, das zonas de pecuária extensiva ou de garimpo selvagem, onde ainda inexistem os aglomerados urbanos.
E
durante os séculos da colonização e do Brasil Imperial, mas se reduzem progressivamente desde a proclamação da República, vindo a extinguir-se já na primeira década do século XX.
61c44ac3-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

As personagens que compõem a cena são descritas pelo narrador, ora de maneira concisa, por meio de breves estruturas frasais, ora de maneira detalhada, por meio do uso de farta adjetivação. É o que se verifica, respectivamente, com as personagens identificadas no texto pelas expressões

Texto para a questão 

    À hora do primeiro almoço, como prometera, Aristarco mostrou-se em toda a grandeza fúnebre dos justiçadores. De preto. Calculando magnificamente os passos pelos do diretor, seguiam-no em guarda de honra muitos professores. À porta fronteira, mais professores de pé e os bedéis ainda, e a multidão bisbilhoteira dos criados.
    Tão grande a calada, que se distinguia nítido o tique-taque do relógio, na sala de espera, palpitando os ansiados segundos.
    Aristarco soprou duas vezes através do bigode, inundando o espaço com um bafejo de todo-poderoso.
    E, sem exórdio:
    “Levante-se, Sr. Cândido Lima! “Apresento-lhes, meus senhores, a Sra. D. Cândida”, acrescentou com uma ironia desanimada.
    “Para o meio da casa! e curve-se diante dos seus colegas!”
    Cândido era um grande menino, beiçudo, louro, de olhos verdes e maneiras difíceis de indolência e enfado. Atravessou devagar a sala, dobrando a cabeça, cobrindo o rosto com a manga, castigado pela curiosidade pública.
    “Levante-se, Sr. Emílio Tourinho...
    Este é o cúmplice, meus senhores!”
    Tourinho era um pouco mais velho que o outro, porém mais baixo; atarracado, moreno, ventas arregaladas, sobrancelhas crespas, fazendo um só arco pela testa. Nada absolutamente conformado para galã; mas era com efeito o amante.
    “Venha ajoelhar-se com o companheiro.”
    “Agora, os auxiliares...”
    Desde as cinco horas da manhã trabalhava Aristarco no processo. O interrogatório, com o apêndice das delações da polícia secreta e dos tímidos, comprometera apenas dez alunos.
    A chamado do diretor, foram deixando os lugares e postando-se de joelhos em seguimento dos principais culpados.
    “Estes são os acólitos da vergonha, os corréus do silêncio!” C
    ândido e Tourinho, braço dobrado contra os olhos, espreitavam-se a furto, confortando-se na identidade da desgraça, como Francesca e Paolo* no inferno.
  Prostrados os doze rapazes perante Aristarco, na passagem alongada entre as cabeceiras das mesas, parecia aquilo um ritual desconhecido de noivado: a espera da bênção para o casal à frente.
    Em vez da bênção chovia a cólera.


Raul Pompeia, O Ateneu.

* Francesca e Paolo: personagens de A Divina Comédia, de Dante Alighieri.
A
“diretor” / “professores” e “bedéis”.
B
“polícia secreta dos tímidos” / “acólitos da vergonha”.
C
“professores”, “bedéis” e “criados” / “principais culpados”.
D
“acólitos da vergonha” / “diretor”, “professores”, “bedéis” e “criados”.
E
“principais culpados” / “polícia secreta dos tímidos”.
61befc44-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A ilustração que acompanha o texto, a exemplo das demais imagens que ilustram O Ateneu, foi feita pelo próprio autor e se tornou parte indissociável da obra, em suas boas edições. No trecho aqui reproduzido, a ilustração tem, sobretudo, a função de

Texto para a questão 

    À hora do primeiro almoço, como prometera, Aristarco mostrou-se em toda a grandeza fúnebre dos justiçadores. De preto. Calculando magnificamente os passos pelos do diretor, seguiam-no em guarda de honra muitos professores. À porta fronteira, mais professores de pé e os bedéis ainda, e a multidão bisbilhoteira dos criados.
    Tão grande a calada, que se distinguia nítido o tique-taque do relógio, na sala de espera, palpitando os ansiados segundos.
    Aristarco soprou duas vezes através do bigode, inundando o espaço com um bafejo de todo-poderoso.
    E, sem exórdio:
    “Levante-se, Sr. Cândido Lima! “Apresento-lhes, meus senhores, a Sra. D. Cândida”, acrescentou com uma ironia desanimada.
    “Para o meio da casa! e curve-se diante dos seus colegas!”
    Cândido era um grande menino, beiçudo, louro, de olhos verdes e maneiras difíceis de indolência e enfado. Atravessou devagar a sala, dobrando a cabeça, cobrindo o rosto com a manga, castigado pela curiosidade pública.
    “Levante-se, Sr. Emílio Tourinho...
    Este é o cúmplice, meus senhores!”
    Tourinho era um pouco mais velho que o outro, porém mais baixo; atarracado, moreno, ventas arregaladas, sobrancelhas crespas, fazendo um só arco pela testa. Nada absolutamente conformado para galã; mas era com efeito o amante.
    “Venha ajoelhar-se com o companheiro.”
    “Agora, os auxiliares...”
    Desde as cinco horas da manhã trabalhava Aristarco no processo. O interrogatório, com o apêndice das delações da polícia secreta e dos tímidos, comprometera apenas dez alunos.
    A chamado do diretor, foram deixando os lugares e postando-se de joelhos em seguimento dos principais culpados.
    “Estes são os acólitos da vergonha, os corréus do silêncio!” C
    ândido e Tourinho, braço dobrado contra os olhos, espreitavam-se a furto, confortando-se na identidade da desgraça, como Francesca e Paolo* no inferno.
  Prostrados os doze rapazes perante Aristarco, na passagem alongada entre as cabeceiras das mesas, parecia aquilo um ritual desconhecido de noivado: a espera da bênção para o casal à frente.
    Em vez da bênção chovia a cólera.


Raul Pompeia, O Ateneu.

* Francesca e Paolo: personagens de A Divina Comédia, de Dante Alighieri.
A
caricaturar as personagens, exagerando-lhes os traços mais típicos e característicos.
B
introduzir uma pausa na leitura, de modo a propiciar algum descanso ao receptor do texto.
C
auxiliar o leitor a compreender o texto, tendo em vista o caráter hermético e raro de seu vocabulário.
D
enfatizar o aspecto grotesco das personagens, de modo a reforçar a crítica de que são objeto.
E
destacar o momento da narrativa a que se vincula, sublinhando o sofrimento infligido aos garotos, expostos ao olhar dos outros.
61bc17ca-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Intertextualidade

Em O Ateneu, o tema da homossexualidade é tematizado abertamente e tratado de maneira ______________ ao passo que, na obra ____________, onde também aparece claramente, o mesmo tema é descrito como prática viciosa e animalesca, e tratado de modo ___________ .

Mantida a sequência, preenche adequadamente os espaços pontilhados o que se encontra em

Texto para a questão 

    À hora do primeiro almoço, como prometera, Aristarco mostrou-se em toda a grandeza fúnebre dos justiçadores. De preto. Calculando magnificamente os passos pelos do diretor, seguiam-no em guarda de honra muitos professores. À porta fronteira, mais professores de pé e os bedéis ainda, e a multidão bisbilhoteira dos criados.
    Tão grande a calada, que se distinguia nítido o tique-taque do relógio, na sala de espera, palpitando os ansiados segundos.
    Aristarco soprou duas vezes através do bigode, inundando o espaço com um bafejo de todo-poderoso.
    E, sem exórdio:
    “Levante-se, Sr. Cândido Lima! “Apresento-lhes, meus senhores, a Sra. D. Cândida”, acrescentou com uma ironia desanimada.
    “Para o meio da casa! e curve-se diante dos seus colegas!”
    Cândido era um grande menino, beiçudo, louro, de olhos verdes e maneiras difíceis de indolência e enfado. Atravessou devagar a sala, dobrando a cabeça, cobrindo o rosto com a manga, castigado pela curiosidade pública.
    “Levante-se, Sr. Emílio Tourinho...
    Este é o cúmplice, meus senhores!”
    Tourinho era um pouco mais velho que o outro, porém mais baixo; atarracado, moreno, ventas arregaladas, sobrancelhas crespas, fazendo um só arco pela testa. Nada absolutamente conformado para galã; mas era com efeito o amante.
    “Venha ajoelhar-se com o companheiro.”
    “Agora, os auxiliares...”
    Desde as cinco horas da manhã trabalhava Aristarco no processo. O interrogatório, com o apêndice das delações da polícia secreta e dos tímidos, comprometera apenas dez alunos.
    A chamado do diretor, foram deixando os lugares e postando-se de joelhos em seguimento dos principais culpados.
    “Estes são os acólitos da vergonha, os corréus do silêncio!” C
    ândido e Tourinho, braço dobrado contra os olhos, espreitavam-se a furto, confortando-se na identidade da desgraça, como Francesca e Paolo* no inferno.
  Prostrados os doze rapazes perante Aristarco, na passagem alongada entre as cabeceiras das mesas, parecia aquilo um ritual desconhecido de noivado: a espera da bênção para o casal à frente.
    Em vez da bênção chovia a cólera.


Raul Pompeia, O Ateneu.

* Francesca e Paolo: personagens de A Divina Comédia, de Dante Alighieri.
A
cifrada e enigmática; Memórias de um sargento de milícias; cômico e burlesco.
B
discreta; Memórias póstumas de Brás Cubas; irônico e sarcástico.
C
indireta; Capitães da Areia; pitoresco e complacente.
D
sóbria e reflexiva; O cortiço; próximo do pornográfico.
E
neutra e impessoal; Claro enigma, no poema “Rapto”; elogioso e proselitista.
61b79280-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No contexto da obra O Ateneu, a homossexualidade, tematizada no trecho aqui reproduzido, configura-se como

Texto para a questão 

    À hora do primeiro almoço, como prometera, Aristarco mostrou-se em toda a grandeza fúnebre dos justiçadores. De preto. Calculando magnificamente os passos pelos do diretor, seguiam-no em guarda de honra muitos professores. À porta fronteira, mais professores de pé e os bedéis ainda, e a multidão bisbilhoteira dos criados.
    Tão grande a calada, que se distinguia nítido o tique-taque do relógio, na sala de espera, palpitando os ansiados segundos.
    Aristarco soprou duas vezes através do bigode, inundando o espaço com um bafejo de todo-poderoso.
    E, sem exórdio:
    “Levante-se, Sr. Cândido Lima! “Apresento-lhes, meus senhores, a Sra. D. Cândida”, acrescentou com uma ironia desanimada.
    “Para o meio da casa! e curve-se diante dos seus colegas!”
    Cândido era um grande menino, beiçudo, louro, de olhos verdes e maneiras difíceis de indolência e enfado. Atravessou devagar a sala, dobrando a cabeça, cobrindo o rosto com a manga, castigado pela curiosidade pública.
    “Levante-se, Sr. Emílio Tourinho...
    Este é o cúmplice, meus senhores!”
    Tourinho era um pouco mais velho que o outro, porém mais baixo; atarracado, moreno, ventas arregaladas, sobrancelhas crespas, fazendo um só arco pela testa. Nada absolutamente conformado para galã; mas era com efeito o amante.
    “Venha ajoelhar-se com o companheiro.”
    “Agora, os auxiliares...”
    Desde as cinco horas da manhã trabalhava Aristarco no processo. O interrogatório, com o apêndice das delações da polícia secreta e dos tímidos, comprometera apenas dez alunos.
    A chamado do diretor, foram deixando os lugares e postando-se de joelhos em seguimento dos principais culpados.
    “Estes são os acólitos da vergonha, os corréus do silêncio!” C
    ândido e Tourinho, braço dobrado contra os olhos, espreitavam-se a furto, confortando-se na identidade da desgraça, como Francesca e Paolo* no inferno.
  Prostrados os doze rapazes perante Aristarco, na passagem alongada entre as cabeceiras das mesas, parecia aquilo um ritual desconhecido de noivado: a espera da bênção para o casal à frente.
    Em vez da bênção chovia a cólera.


Raul Pompeia, O Ateneu.

* Francesca e Paolo: personagens de A Divina Comédia, de Dante Alighieri.
A
demonstração da degeneração dos costumes que grassava na Corte, ao tempo do Brasil Imperial.
B
exemplo das perversões sexuais que o convívio multissecular com a escravidão havia introduzido na sociedade brasileira.
C
herança maléfica da educação religiosa, que prevalecera em todo o período colonial.
D
manifestação da sexualidade infanto-juvenil, considerada no quadro da instituição fechada do internato escolar.
E
expressão da concordância do narrador com a condenação que recaía sobre ela, na época em que a obra foi escrita.
61b33fa1-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Variação Linguística

Tendo em vista o gênero literário em que se enquadra o texto, o autor permite-se o uso de uma expressão típica da linguagem informal em:

Texto para a questão

PARDAIS NOVOS

    Um dia o meu telefone, instalado à cabeceira de minha cama, retiniu violentamente às sete da manhã. Estremunhado tomei do receptor e ouvi do outro lado uma voz que dizia: “Mestre, sou um pardal novo. Posso ler-lhe uns versos para que o senhor me dê a sua opinião?” Ponderei com mau humor ao pardal que aquilo não eram horas para consultas de tal natureza, que ele me telefonasse mais tarde. O pardal não telefonou de novo: veio às nove e meia ao meu apartamento.
    Mal o vi, percebi que não se tratava de pardal novo. Ele mesmo como que concordou que o não era, pois perguntando-lhe eu a idade, hesitou contrafeito para responder que tinha 35 anos. Ainda por cima era um pardal velho!
    Desde esse dia passei a chamar de pardais novos os rapazes que me procuram para mostrar-me os seus primeiros ensaios de voo no céu da poesia. Dizem eles que desejam saber se têm realmente queda para o ofício, se vale a pena persistir etc. Fico sempre embaraçado para dar qualquer conselho. A menos que se seja um Rimbaud ou, mais modestamente, um Castro Alves, que poesia se pode fazer antes dos vinte anos? Como Mallarmé afirmou certa vez que todo verso é um esforço para o estilo, acabo aconselhando ao pardal que vá fazendo os seus versinhos, sem se preocupar com a opinião de ninguém, inclusive a minha. (...)

Manuel Bandeira, Melhores crônicas. Global Editora.
A
“Ainda por cima”.
B
“Desde esse dia”.
C
“que o não era”.
D
“A menos que”.
E
“tomei do receptor”.
61afa1fc-16
FGV 2018 - Português - Análise sintática, Sintaxe

A oração sublinhada no trecho “Mal o vi, percebi que não se tratava de pardal novo.” tem valor

Texto para a questão

PARDAIS NOVOS

    Um dia o meu telefone, instalado à cabeceira de minha cama, retiniu violentamente às sete da manhã. Estremunhado tomei do receptor e ouvi do outro lado uma voz que dizia: “Mestre, sou um pardal novo. Posso ler-lhe uns versos para que o senhor me dê a sua opinião?” Ponderei com mau humor ao pardal que aquilo não eram horas para consultas de tal natureza, que ele me telefonasse mais tarde. O pardal não telefonou de novo: veio às nove e meia ao meu apartamento.
    Mal o vi, percebi que não se tratava de pardal novo. Ele mesmo como que concordou que o não era, pois perguntando-lhe eu a idade, hesitou contrafeito para responder que tinha 35 anos. Ainda por cima era um pardal velho!
    Desde esse dia passei a chamar de pardais novos os rapazes que me procuram para mostrar-me os seus primeiros ensaios de voo no céu da poesia. Dizem eles que desejam saber se têm realmente queda para o ofício, se vale a pena persistir etc. Fico sempre embaraçado para dar qualquer conselho. A menos que se seja um Rimbaud ou, mais modestamente, um Castro Alves, que poesia se pode fazer antes dos vinte anos? Como Mallarmé afirmou certa vez que todo verso é um esforço para o estilo, acabo aconselhando ao pardal que vá fazendo os seus versinhos, sem se preocupar com a opinião de ninguém, inclusive a minha. (...)

Manuel Bandeira, Melhores crônicas. Global Editora.
A
causal.
B
final.
C
concessivo.
D
temporal.
E
consecutivo.
61abeb86-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência

Sabendo-se que “alegoria consiste em uma metáfora que, em um dado contexto, desdobra-se em outras”, pode-se apontar o emprego desse recurso, sobretudo, no seguinte trecho do texto:

Texto para a questão

PARDAIS NOVOS

    Um dia o meu telefone, instalado à cabeceira de minha cama, retiniu violentamente às sete da manhã. Estremunhado tomei do receptor e ouvi do outro lado uma voz que dizia: “Mestre, sou um pardal novo. Posso ler-lhe uns versos para que o senhor me dê a sua opinião?” Ponderei com mau humor ao pardal que aquilo não eram horas para consultas de tal natureza, que ele me telefonasse mais tarde. O pardal não telefonou de novo: veio às nove e meia ao meu apartamento.
    Mal o vi, percebi que não se tratava de pardal novo. Ele mesmo como que concordou que o não era, pois perguntando-lhe eu a idade, hesitou contrafeito para responder que tinha 35 anos. Ainda por cima era um pardal velho!
    Desde esse dia passei a chamar de pardais novos os rapazes que me procuram para mostrar-me os seus primeiros ensaios de voo no céu da poesia. Dizem eles que desejam saber se têm realmente queda para o ofício, se vale a pena persistir etc. Fico sempre embaraçado para dar qualquer conselho. A menos que se seja um Rimbaud ou, mais modestamente, um Castro Alves, que poesia se pode fazer antes dos vinte anos? Como Mallarmé afirmou certa vez que todo verso é um esforço para o estilo, acabo aconselhando ao pardal que vá fazendo os seus versinhos, sem se preocupar com a opinião de ninguém, inclusive a minha. (...)

Manuel Bandeira, Melhores crônicas. Global Editora.
A
“Como Mallarmé afirmou certa vez que todo verso é um esforço para o estilo, acabo aconselhando ao pardal que vá fazendo os seus versinhos, sem se preocupar com a opinião de ninguém, inclusive a minha”.
B
“Desde esse dia passei a chamar de pardais novos os rapazes que me procuram para mostrar-me os seus primeiros ensaios de voo no céu da poesia”.
C
“Ele mesmo como que concordou que o não era, pois perguntando-lhe eu a idade, hesitou contrafeito para responder que tinha 35 anos”.
D
“Mestre, sou um pardal novo. Posso ler-lhe uns versos para que o senhor me dê a sua opinião?”.
E
“Ponderei com mau humor ao pardal que aquilo não eram horas para consultas de tal natureza, que ele me telefonasse mais tarde”.
61a84434-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Redação - Reescritura de texto

Considerada no contexto, a substituição proposta para a frase citada no início de cada alternativa mantém o sentido mas NÃO a correção gramatical em:

Texto para a questão


“PIMBA NA GORDUCHINHA”* DATOU


    Empolgação já não basta. Comentaristas usam cada vez mais estatísticas e termos técnicos para traduzir o que acontece em campo.

    Por tradição, a tarefa de comentar uma partida de futebol sempre foi o oposto disso. A “crônica esportiva” pontificada por lendas como Nelson Rodrigues e Armando Nogueira, entre muitos outros, evocava heróis em campo e fazia da genialidade individual, do empenho coletivo e do imponderável instituições que comandavam o jogo. O belo texto valia tanto quanto – ou mais – que a observação de treinos e jogos. “O padrão para falar de futebol no Brasil costumava abordar aspectos como a qualidade individual do jogador e fatores emocionais”, afirma Carlos Eduardo Mansur, do jornal O Globo. “O desafio hoje é estudar o jogo taticamente.” Não havia no passado, obviamente, a ideia nem os recursos técnicos para compilar dados, que hoje sustentam as análises feitas durante os 90 minutos.

    O uso de softwares que ajudam a dissecar partidas em números se difundiu nos clubes e transbordou para as redações. Crescem grupos dedicados à tabulação e análise de dados. Estatísticas individuais e coletivas, como o número de finalizações de um atacante e a média de posse de bola de uma equipe, são dados prosaicos em palestras de treinadores e programas de TV, blogs ou jornais.

    Detratores desse modelo, no entanto, consideram essa tendência um modismo, uma chatice. “Há preconceito de quem ouve e exagero de quem usa”, afirma o comentarista PVC [Paulo Vinícius Coelho]. Excessos ou modismos à parte, não há como fugir da realidade. O uso de dados e estatísticas por clubes europeus para elaborar estratégias e jogadas é antigo e há anos chegou aos brasileiros, com maior ou menor simpatia. Não existe futebol bem jogado, em alto nível, sem isso.

    A tarefa de dissecar o jogo por números e dados ajuda a entender, mas não esgota o futebol, que, por sua dinâmica, segue como um esporte dos mais imprevisíveis.


Rafael Oliveira, Época, 29.01.2018. Adaptado.

* "ripa na chulipa e pimba na gorduchinha": bordão criado pelo narrador de futebol Osmar Santos e popularizado nos anos 1980.
A
“Mas a gente precisa se fazer entender”: Mas nós necessitamos nos fazer entender.
B
“Não havia no passado, obviamente, a ideia nem os recursos técnicos para compilar dados”: Não existiam no passado, obviamente, a ideia nem os recursos técnicos para compilar dados.
C
“O uso de softwares que ajudam a dissecar partidas em números se difundiu nos clubes e transbordou para as redações”: O uso de softwares que auxilia a dissecar partidas em números se difundiu nos clubes e transbordou para as redações.
D
“Há preconceito de quem ouve e exagero de quem usa”: Existem preconceito de quem ouve e exagero de quem usa.
E
“há anos chegou aos brasileiros”: fazem anos chegou aos brasileiros.
61a46303-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Denotação e Conotação

Foram empregadas em sentido figurado as seguintes expressões do texto:

Texto para a questão


“PIMBA NA GORDUCHINHA”* DATOU


    Empolgação já não basta. Comentaristas usam cada vez mais estatísticas e termos técnicos para traduzir o que acontece em campo.

    Por tradição, a tarefa de comentar uma partida de futebol sempre foi o oposto disso. A “crônica esportiva” pontificada por lendas como Nelson Rodrigues e Armando Nogueira, entre muitos outros, evocava heróis em campo e fazia da genialidade individual, do empenho coletivo e do imponderável instituições que comandavam o jogo. O belo texto valia tanto quanto – ou mais – que a observação de treinos e jogos. “O padrão para falar de futebol no Brasil costumava abordar aspectos como a qualidade individual do jogador e fatores emocionais”, afirma Carlos Eduardo Mansur, do jornal O Globo. “O desafio hoje é estudar o jogo taticamente.” Não havia no passado, obviamente, a ideia nem os recursos técnicos para compilar dados, que hoje sustentam as análises feitas durante os 90 minutos.

    O uso de softwares que ajudam a dissecar partidas em números se difundiu nos clubes e transbordou para as redações. Crescem grupos dedicados à tabulação e análise de dados. Estatísticas individuais e coletivas, como o número de finalizações de um atacante e a média de posse de bola de uma equipe, são dados prosaicos em palestras de treinadores e programas de TV, blogs ou jornais.

    Detratores desse modelo, no entanto, consideram essa tendência um modismo, uma chatice. “Há preconceito de quem ouve e exagero de quem usa”, afirma o comentarista PVC [Paulo Vinícius Coelho]. Excessos ou modismos à parte, não há como fugir da realidade. O uso de dados e estatísticas por clubes europeus para elaborar estratégias e jogadas é antigo e há anos chegou aos brasileiros, com maior ou menor simpatia. Não existe futebol bem jogado, em alto nível, sem isso.

    A tarefa de dissecar o jogo por números e dados ajuda a entender, mas não esgota o futebol, que, por sua dinâmica, segue como um esporte dos mais imprevisíveis.


Rafael Oliveira, Época, 29.01.2018. Adaptado.

* "ripa na chulipa e pimba na gorduchinha": bordão criado pelo narrador de futebol Osmar Santos e popularizado nos anos 1980.
A
“dissecar partidas”; “transbordou para as redações”.
B
“análise de dados”; “fugir da realidade”.
C
“com maior ou menor simpatia”; “dados prosaicos”.
D
“Detratores desse modelo”; “modismos à parte”.
E
“compilar dados”; “esgota o futebol”.
61a07ed2-16
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo o texto, a análise de dados sobre uma partida colhidos por meio de recursos tecnológicos

Texto para a questão


“PIMBA NA GORDUCHINHA”* DATOU


    Empolgação já não basta. Comentaristas usam cada vez mais estatísticas e termos técnicos para traduzir o que acontece em campo.

    Por tradição, a tarefa de comentar uma partida de futebol sempre foi o oposto disso. A “crônica esportiva” pontificada por lendas como Nelson Rodrigues e Armando Nogueira, entre muitos outros, evocava heróis em campo e fazia da genialidade individual, do empenho coletivo e do imponderável instituições que comandavam o jogo. O belo texto valia tanto quanto – ou mais – que a observação de treinos e jogos. “O padrão para falar de futebol no Brasil costumava abordar aspectos como a qualidade individual do jogador e fatores emocionais”, afirma Carlos Eduardo Mansur, do jornal O Globo. “O desafio hoje é estudar o jogo taticamente.” Não havia no passado, obviamente, a ideia nem os recursos técnicos para compilar dados, que hoje sustentam as análises feitas durante os 90 minutos.

    O uso de softwares que ajudam a dissecar partidas em números se difundiu nos clubes e transbordou para as redações. Crescem grupos dedicados à tabulação e análise de dados. Estatísticas individuais e coletivas, como o número de finalizações de um atacante e a média de posse de bola de uma equipe, são dados prosaicos em palestras de treinadores e programas de TV, blogs ou jornais.

    Detratores desse modelo, no entanto, consideram essa tendência um modismo, uma chatice. “Há preconceito de quem ouve e exagero de quem usa”, afirma o comentarista PVC [Paulo Vinícius Coelho]. Excessos ou modismos à parte, não há como fugir da realidade. O uso de dados e estatísticas por clubes europeus para elaborar estratégias e jogadas é antigo e há anos chegou aos brasileiros, com maior ou menor simpatia. Não existe futebol bem jogado, em alto nível, sem isso.

    A tarefa de dissecar o jogo por números e dados ajuda a entender, mas não esgota o futebol, que, por sua dinâmica, segue como um esporte dos mais imprevisíveis.


Rafael Oliveira, Época, 29.01.2018. Adaptado.

* "ripa na chulipa e pimba na gorduchinha": bordão criado pelo narrador de futebol Osmar Santos e popularizado nos anos 1980.
A
diminuiu a importância dada à genialidade individual dos jogadores.
B
é empregada pelos atuais comentaristas de esporte para serem mais bem entendidos pelo público.
C
vem sendo utilizada no futebol há algum tempo, tanto por técnicos quanto por comentaristas de esporte.
D
era expressa pelos locutores do passado de forma jocosa e em linguagem popular.
E
sofria preconceito por parte dos antigos cronistas esportivos, que preferiam valorizar o talento dos grandes jogadores.
b0f7b6af-15
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Nesse poema de Carlos Drummond de Andrade, encontram-se presentes, entre outras, as seguintes linhas formais e temáticas bastante características de Claro enigma:


I o emprego de modalidades tradicionais de composição, como, no caso, o verso decassílabo, com rimas cruzadas;

II a desilusão quanto à integração entre a poesia e o mundo exterior;

III a madureza, como consciência crescente da finitude do ser;

IV o recurso à forma fixa do soneto.


Completa de maneira adequada o que se afirma no início da questão o que está em

                                        Remissão


                          Tua memória, pasto de poesia,

                           tua poesia, pasto dos vulgares,

                           vão se engastando numa coisa fria

                           a que tu chamas: vida, e seus pesares.


                            Mas, pesares de quê? perguntaria,

                            se esse travo de angústia nos cantares,

                            se o que dorme na base da elegia

                            vai correndo e secando pelos ares,


                             e nada resta, mesmo, do que escreves

                             e te forçou ao exílio das palavras,

                             senão contentamento de escrever,


                              enquanto o tempo, em suas formas breves

                              ou longas, que sutil interpretavas,

                              se evapora no fundo de teu ser?

                            Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.  

A
II e IV, somente.
B
I e III, somente.
C
I e II, somente.
D
II e III, somente.
E
I, II, III e IV.
b0f1596b-15
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No texto, o poeta

                                        Remissão


                          Tua memória, pasto de poesia,

                           tua poesia, pasto dos vulgares,

                           vão se engastando numa coisa fria

                           a que tu chamas: vida, e seus pesares.


                            Mas, pesares de quê? perguntaria,

                            se esse travo de angústia nos cantares,

                            se o que dorme na base da elegia

                            vai correndo e secando pelos ares,


                             e nada resta, mesmo, do que escreves

                             e te forçou ao exílio das palavras,

                             senão contentamento de escrever,


                              enquanto o tempo, em suas formas breves

                              ou longas, que sutil interpretavas,

                              se evapora no fundo de teu ser?

                            Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.  

A
questiona incisivamente o seu fazer poético, pondo em causa o sentido mesmo dessa prática.
B
interpela diretamente o leitor, instando-o a abandonar as ilusões literárias tradicionais remanescentes.
C
invoca o espectro do pai morto, para pedir-lhe que o redima de seus fracassos.
D
apostrofa a memória de Mário de Andrade, seu primeiro mestre de poesia, dedicando-lhe um canto alegórico.
E
dialoga com um escritor classicista imaginário, interrogando-o a respeito das contradições em que incorre.
b0e8749e-15
FGV 2018 - Português - Estrutura das Palavras: Radical, Desinência, Prefixo e Sufixo, Morfologia

Considerado no contexto do trecho de Guimarães Rosa, o prefixo sublinhado assume sentido intensificador, e não ideia de negação ou de oposição, na seguinte palavra do texto:

      Vindos do norte, da fronteira velha-de-guerra, bem montados, bem enroupados, bem apessoados, chegaram uns oito homens, que de longe se via que eram valentões: primeiro surgiu um, dianteiro, escoteiro, que percorreu, de ponta a ponta, o povoado, pedindo água à porta de uma casa, pedindo pousada em outra, espiando muito para tudo e fazendo pergunta e pergunta; depois, então, apareceram os outros, equipados com um despropósito de armas – carabinas, novinhas quase; garruchas, de um e de dois canos; revólveres de boas marcas; facas, punhais, quicés de cabos esculpidos; porretes e facões, – e transportando um excesso de breves nos pescoços.

      O bando desfilou em formação espaçada, o chefe no meio. E o chefe – o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em acume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça – era o homem mais afamado dos dois sertões do rio: célebre do Jequitinhonha à Serra das Araras, da beira do Jequitaí à barra do Verde Grande, do Rio Gavião até nos Montes Claros, de Carinhanha até Paracatu; maior do que Antônio Dó ou Indalécio; o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.

                  João Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, in Sagarana

A
percorreu”.
B
despropósito”.
C
transportando”.
D
apessoados”,
E
enroupados”.
b0e1735f-15
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O tipo de valentão armado, figurado no texto de Guimarães Rosa, atuando isoladamente ou em grupo, é personagem frequente na ficção brasileira – literária, cinematográfica etc. Corresponde também a esse tipo a personagem

      Vindos do norte, da fronteira velha-de-guerra, bem montados, bem enroupados, bem apessoados, chegaram uns oito homens, que de longe se via que eram valentões: primeiro surgiu um, dianteiro, escoteiro, que percorreu, de ponta a ponta, o povoado, pedindo água à porta de uma casa, pedindo pousada em outra, espiando muito para tudo e fazendo pergunta e pergunta; depois, então, apareceram os outros, equipados com um despropósito de armas – carabinas, novinhas quase; garruchas, de um e de dois canos; revólveres de boas marcas; facas, punhais, quicés de cabos esculpidos; porretes e facões, – e transportando um excesso de breves nos pescoços.

      O bando desfilou em formação espaçada, o chefe no meio. E o chefe – o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em acume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça – era o homem mais afamado dos dois sertões do rio: célebre do Jequitinhonha à Serra das Araras, da beira do Jequitaí à barra do Verde Grande, do Rio Gavião até nos Montes Claros, de Carinhanha até Paracatu; maior do que Antônio Dó ou Indalécio; o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.

                  João Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, in Sagarana

A
Major Vidigal, de Memórias de um sargento de milícias.
B
Prudêncio, das Memórias póstumas de Brás Cubas.
C
Jão Fera, de Til.
D
Jerônimo, de O cortiço.
E
Soldado amarelo, de Vidas secas.
b0d99415-15
FGV 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Os “valentões armados”, que figuram no texto, atuando isoladamente ou em bando, constituem fenômeno geral,

      Vindos do norte, da fronteira velha-de-guerra, bem montados, bem enroupados, bem apessoados, chegaram uns oito homens, que de longe se via que eram valentões: primeiro surgiu um, dianteiro, escoteiro, que percorreu, de ponta a ponta, o povoado, pedindo água à porta de uma casa, pedindo pousada em outra, espiando muito para tudo e fazendo pergunta e pergunta; depois, então, apareceram os outros, equipados com um despropósito de armas – carabinas, novinhas quase; garruchas, de um e de dois canos; revólveres de boas marcas; facas, punhais, quicés de cabos esculpidos; porretes e facões, – e transportando um excesso de breves nos pescoços.

      O bando desfilou em formação espaçada, o chefe no meio. E o chefe – o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em acume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça – era o homem mais afamado dos dois sertões do rio: célebre do Jequitinhonha à Serra das Araras, da beira do Jequitaí à barra do Verde Grande, do Rio Gavião até nos Montes Claros, de Carinhanha até Paracatu; maior do que Antônio Dó ou Indalécio; o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.

                  João Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, in Sagarana

A
nas regiões selváticas, em que a colonização europeia não logrou implantar-se, e nas quais predomina a influência do elemento autóctone – o ameríndio.
B
em todas as áreas onde a pressão da lei não se faz sentir e onde a ordem privada desempenha funções que, em princípio, caberiam ao poder público.
C
no Nordeste brasileiro, onde aparecem sob a forma do cangaço, mas inexistem no Sudeste e no Sul do Brasil.
D
sobretudo, das zonas de pecuária extensiva ou de garimpo selvagem, onde ainda inexistem os aglomerados urbanos.
E
durante os séculos da colonização e do Brasil Imperial, mas se reduzem progressivamente desde a proclamação da República, vindo a extinguir-se já na primeira década do século XX.