Questão 61bc17ca-16
Prova:FGV 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Intertextualidade
Em O Ateneu, o tema da homossexualidade é tematizado abertamente
e tratado de maneira ______________ ao passo que, na obra
____________, onde também aparece claramente, o mesmo tema
é descrito como prática viciosa e animalesca, e tratado de modo
___________ .
Mantida a sequência, preenche adequadamente os espaços
pontilhados o que se encontra em
Em O Ateneu, o tema da homossexualidade é tematizado abertamente
e tratado de maneira ______________ ao passo que, na obra
____________, onde também aparece claramente, o mesmo tema
é descrito como prática viciosa e animalesca, e tratado de modo
___________ .
Mantida a sequência, preenche adequadamente os espaços
pontilhados o que se encontra em
Texto para a questão 
    À hora do primeiro almoço, como prometera, Aristarco mostrou-se em
toda a grandeza fúnebre dos justiçadores. De preto. Calculando
magnificamente os passos pelos do diretor, seguiam-no em guarda de honra
muitos professores. À porta fronteira, mais professores de pé e os bedéis ainda,
e a multidão bisbilhoteira dos criados.
    Tão grande a calada, que se distinguia nítido o tique-taque do relógio, na
sala de espera, palpitando os ansiados segundos.
    Aristarco soprou duas vezes através do bigode, inundando o espaço com
um bafejo de todo-poderoso.
    E, sem exórdio:
    “Levante-se, Sr. Cândido Lima! “Apresento-lhes, meus senhores, a Sra. D.
Cândida”, acrescentou com uma ironia desanimada.
    “Para o meio da casa! e curve-se diante dos seus colegas!”
    Cândido era um grande menino, beiçudo, louro, de olhos verdes e
maneiras difíceis de indolência e enfado. Atravessou devagar a sala, dobrando
a cabeça, cobrindo o rosto com a manga, castigado pela curiosidade pública.
    “Levante-se, Sr. Emílio Tourinho...
    Este é o cúmplice, meus senhores!”
    Tourinho era um pouco mais velho que o outro, porém mais baixo;
atarracado, moreno, ventas arregaladas, sobrancelhas crespas, fazendo um
só arco pela testa. Nada absolutamente conformado para galã; mas era com
efeito o amante.    “Venha ajoelhar-se com o companheiro.”
    “Agora, os auxiliares...”
    Desde as cinco horas da manhã
trabalhava Aristarco no processo. O
interrogatório, com o apêndice das
delações da polícia secreta e dos tímidos,
comprometera apenas dez alunos.
    A chamado do diretor, foram
deixando os lugares e postando-se de joelhos em seguimento dos principais
culpados.
    “Estes são os acólitos da vergonha, os corréus do silêncio!”
C
    ândido e Tourinho, braço dobrado contra os olhos, espreitavam-se a
furto, confortando-se na identidade da desgraça, como Francesca e Paolo* no
inferno.
  Prostrados os doze rapazes perante Aristarco, na passagem alongada
entre as cabeceiras das mesas, parecia aquilo um ritual desconhecido de
noivado: a espera da bênção para o casal à frente.
    Em vez da bênção chovia a cólera.

Raul Pompeia, O Ateneu.
* Francesca e Paolo: personagens de A Divina Comédia, de Dante
Alighieri.
Texto para a questão 
    À hora do primeiro almoço, como prometera, Aristarco mostrou-se em
toda a grandeza fúnebre dos justiçadores. De preto. Calculando
magnificamente os passos pelos do diretor, seguiam-no em guarda de honra
muitos professores. À porta fronteira, mais professores de pé e os bedéis ainda,
e a multidão bisbilhoteira dos criados.
    Tão grande a calada, que se distinguia nítido o tique-taque do relógio, na
sala de espera, palpitando os ansiados segundos.
    Aristarco soprou duas vezes através do bigode, inundando o espaço com
um bafejo de todo-poderoso.
    E, sem exórdio:
    “Levante-se, Sr. Cândido Lima! “Apresento-lhes, meus senhores, a Sra. D.
Cândida”, acrescentou com uma ironia desanimada.
    “Para o meio da casa! e curve-se diante dos seus colegas!”
    Cândido era um grande menino, beiçudo, louro, de olhos verdes e
maneiras difíceis de indolência e enfado. Atravessou devagar a sala, dobrando
a cabeça, cobrindo o rosto com a manga, castigado pela curiosidade pública.
    “Levante-se, Sr. Emílio Tourinho...
    Este é o cúmplice, meus senhores!”
    Tourinho era um pouco mais velho que o outro, porém mais baixo;
atarracado, moreno, ventas arregaladas, sobrancelhas crespas, fazendo um
só arco pela testa. Nada absolutamente conformado para galã; mas era com
efeito o amante.
    “Venha ajoelhar-se com o companheiro.”
    “Agora, os auxiliares...”
    Desde as cinco horas da manhã
trabalhava Aristarco no processo. O
interrogatório, com o apêndice das
delações da polícia secreta e dos tímidos,
comprometera apenas dez alunos.
    A chamado do diretor, foram
deixando os lugares e postando-se de joelhos em seguimento dos principais
culpados.
    “Estes são os acólitos da vergonha, os corréus do silêncio!”
C
    ândido e Tourinho, braço dobrado contra os olhos, espreitavam-se a
furto, confortando-se na identidade da desgraça, como Francesca e Paolo* no
inferno.
  Prostrados os doze rapazes perante Aristarco, na passagem alongada
entre as cabeceiras das mesas, parecia aquilo um ritual desconhecido de
noivado: a espera da bênção para o casal à frente.
    Em vez da bênção chovia a cólera.

Raul Pompeia, O Ateneu.
* Francesca e Paolo: personagens de A Divina Comédia, de Dante
Alighieri.
A
cifrada e enigmática; Memórias de um sargento de milícias; cômico
e burlesco.
B
discreta; Memórias póstumas de Brás Cubas; irônico e sarcástico.
C
indireta; Capitães da Areia; pitoresco e complacente.
D
sóbria e reflexiva; O cortiço; próximo do pornográfico.
E
neutra e impessoal; Claro enigma, no poema “Rapto”; elogioso e
proselitista.






