Questõesde UEPB sobre Escolas Literárias

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Foram encontradas 25 questões
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UEPB 2011, UEPB 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Mario de Andrade assumiu uma perfeita “atitude antropofágica” sem estar completamente integrado no movimento de Oswald de Andrade. Encontrando a antropofagia na mitologia do índio, acolhe-a no romance, dá-lhe função simbólica, mas não a transforma na razão norteadora. A diferença básica e mais importante entre o livro e o filme é, portanto, que o canibalismo é a “razão norteadora” do filme, não, porém, do livro. Seria mais preciso dizer que o filme é Mário de Andrade e Oswald de Andrade “revistos” por Joaquim Pedro de Andrade à luz da situação sócio-econômica e política enfrentada pelo Brasil nos anos 60.

JOHNSON. R. Cinema e literatura. Macunaíma: do modernismo na literatura ao cinema novo. São Paulo: T.A.Queiroz, 1987 (adaptado).


Com base no fragmento acima do crítico de cinema Randal Johnson sobre o filme Macunaíma, NÃO é verdadeiro afirmar:

A
Trata-se de uma recusa do projeto estético do modernismo, principalmente da antropofagia de Oswald de Andrade e do caráter social do romance regionalista de 30, em busca de uma retomada alegórica dos grandes momentos da pornochanchada.
B
Releitura crítica da antropofagia e do modernismo brasileiro que introduz elementos da chanchada, simbolizados no filme pelo ator Grande Otelo, e do Tropicalismo, visível nos cenários e nos figurinos.
C
Atualização do projeto do modernismo, sobretudo dos manifestos de Oswald de Andrade e do romance de 30, articulando-os ao contexto brasileiro dos anos 60.
D
O contexto da ditatura militar brasileira e da resistência armada, bem como ecos dos movimentos civis e da juventude que culminaram com o maio de 68 em diversos países,inclusive no Brasil, são metaforizados no filme pela personagem Ci, representada pela atriz Dina Sfat, guerrilheira e amante do herói, com quem tem um filho.
E
Os diversos papéis representados pelos atores Grande Otelo (Macunaíma criança e filho de Macunaíma), e Paulo José (mãe de Macunaíma, príncipe e Macunaíma adulto) remetem à pluralidade identitária do herói, já presente no livro de Mario de Andrade.
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UEPB 2011, UEPB 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Quando se compara literatura e cinema, o primeiro fato que ocorre ao estudioso é o do enorme fosso semiótico que separa, aparentemente de modo inconciliável, essas duas formas de expressão, fundadas, cada uma, em espécies de signos e códigos tão diferentes. A literatura, acredita-se, não vai ter nunca a mobilidade plástica do cinema, e este, por sua vez, nunca o nível de abstração da literatura. Por outro lado, por grande e intransponível que seja esse fosso, há um número considerável de semelhanças que podem ser apontadas e que mantêm literatura e cinema numa espécie de estado sincrônico de compatibilidade permanente.

BRITO. J.B. Literatura no cinema. São Paulo: Unimarco, 2006.


Os diálogos entre literatura e cinema, frutos da reflexão de diversos pensadores, como o crítico de cinema paraibano João Batista de Brito, e da prática artística de inúmeros escritores e diretores, NÃO permitem concluir que

A
a interação entre cinema e literatura é característica de uma fase da produção do conhecimento humano em que nenhum campo do saber pode estar isolado sem remeter a um todo que compreende a cultura de uma época e o enriquecimento mútuo, que hoje chamamos de interdisciplinaridade e/ou interartisticidade.
B
nenhuma forma de interação entre diferentes campos de arte e de linguagem pode gerar bons resultados estéticos em virtude das especificidades de cada uma delas.
C
o século XX produziu uma interação ininterrupta entre cinema e literatura, comprovada pela maneira como o cinema incorporou a narratividade própria ao texto literário e como a literatura se utilizou do princípio da montagem cinematográfica como, por exemplo, em Memórias sentimentais de João Miramar de Oswald de Andrade, e em Vidas secas de Graciliano Ramos.
D
Literatura e cinema foram duas das artes mais influentes do Modernismo, que compreende as últimas décadas do século XIX e as primeiras décadas da segunda metade do século XX, e juntas ajudaram a fundamentar os princípios estéticos do que hoje compreendemos como arte.
E
a literatura brasileira tem sido uma rica fonte para diversos realizadores do cinema que têm, através do diálogo com ela, produzido alguns dos mais importantes filmes do cinema nacional, tais como Os inconfidentes, Lavoura arcaica e Cidade de Deus.
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UEPB 2011, UEPB 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

O nome da rapsódia é Macunaíma, mas não é só Macunaíma. Mario de Andrade quis dizer alguma coisa do seu protagonista e acrescentou ao título um atributo paradoxal: O herói sem nenhum caráter. O nome, Macunaíma, centro da rapsódia. O epíteto, herói. A diferença está na cauda de cada proposição: no começo, sem nenhum caráter; no fim, de nossa gente. O que se pode inferir é a presença viva, no autor, de duas motivações tão fortes que se converteram em molas da composição da obra: a) por um lado, o desejo de contar e cantar episódios em torno de uma figura lendária que o fascinara pelos mais diversos motivos e que trazia em si os atributos do herói, entendido no senso mais lato possível de um ser entre humano e mítico, que desempenha certos papéis, vai em busca de um bem essencial, arrosta perigos, sofre mudanças extraordinárias, enfim, vence ou malogra. b) por outro lado, o desejo não menos imperioso de pensar o povo brasileiro, nossa gente, percorrendo as trilhas cruzadas ou superpostas da sua existência selvagem, colonial e moderna, à procura de uma identidade que, de tão plural que é, beira a surpresa e a indeterminação; daí ser o herói sem nenhum caráter. Compreender Macunaíma é sondar ambas as motivações: a de narrar, que é lúdica e estética; a de interpretar, que é histórica e ideológica.

BOSI. A. Situação de Macunaíma. In: ANDRADE. M. Macunaíma. São Paulo: Scipione Cultural, 1997 (adaptado).


Com base no fragmento acima do crítico literário Alfredo Bosi é possível inferir que o Macunaíma de Mário de Andrade

A
centra-se na figura de um herói mitológico, capaz de proezas mágicas, cujo contato com o real serve apenas para aceder a realidades sobrehumanas, longe do mundo desumanizador que caracteriza o Brasil da década de 20 do século passado.
B
postula um retorno a um Brasil onde predominavam culturas rurais e populares, vivendo em idílio com uma natureza selvagem e acolhedora.
C
na efervescente década de 20 do século passado, em que a literatura brasileira procurava pensar o Brasil com base nas mudanças profundas por que passava a nação, é um romance lúdico à moda romântica, não contaminado pelo clima político-ideológico que dominou a obra de seus contemporâneos.
D
constrói um conceito de identidade brasileira e interamericana que põe em cena diversas tradições (européia, negra e indígena, popular e erudita, arcaica e moderna), cujo herói “sem nenhum caráter” não pode ser reduzido a um nacionalismo romântico redutor e xenófobo.
E
utiliza-se do recurso da diversidade linguística e folclórica com o fim de ironizar o caos cultural que a influência das vanguardas europeias, mal digeridas por aqui, deixou na literatura do período, alvo da crítica de Mário em seu livro de poemas Paulicéia desvairada.
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UEPB 2011, UEPB 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

O mar e o canavial


O que o mar sim aprende do canavial:
a elocução horizontal de seu verso;
a geórgica de cordel, ininterrupta,
narrada em voz e silêncio paralelos.
O que o mar não aprende do canavial:
a veemência passional da preamar;
a mão de pilão das ondas na areia,
moída e miúda, pilada do que pilar.

O que o canavial sim aprende do mar:
o avançar em linha rasteira da onda;
o espraiar-se minucioso,de líquido,
alagando cova a cova onde se alonga.
O que o canavial não aprende do mar:
desmedido do derramar-se da cana;
o comedimento do latifúndio do mar,
que menos lastradamente se derrama.


MELO NETO. J.C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Alfaguara/Objetiva, 2009.


Com base no poema “O mar e o canavial” NÃO é correto afirmar:

A
Demonstra o interesse do poeta pela construção de uma poesia voltada para a realidade em seus aspectos não subjetivos, o que o filiou à tendência construtivista da pintura moderna que teve em Piet Mondrian e Joan Miró dois pintores dos mais admirados pelo poeta.
B
Os versos “a elocução horizontal de seu verso” e “narrada em voz e silêncios paralelos” refletem uma das principais características da poesia cabralina, a reflexão sobre o próprio fazer poético.
C
Trata-se de um poema de forte carga visual, recorrente na poética do autor, que o transformou num dos principais precursores da poesia concreta, ao qual o poeta concretista Haroldo de Campos chamou de “o geômetra engajado”.
D
Como era comum nos poemas da geração de 45, “O mar e o canavial” postula um olhar universalizante, não intimista e passional, questionando a tradição da poesia nordestina muita presa à região.
E
Tematiza o nordeste brasileiro aliando a temática do romance de 30 e seu interesse pelos problemas sociais e humanos da região a uma recusa do olhar intimista e subjetivo deste mesmo nordeste, presente em alguns romances regionalistas.
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UEPB 2011, UEPB 2011 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

Depois de analisar O Cortiço, é correto afirmar:


I - A relação direta das tensões entre os “donos” dos cortiços se estabelece não só no acirramento das diferenças entre os moradores de ambos os cortiços, como também na própria nominação desses espaços coletivos nos quais se percebe, metaforicamente, uma relação animalesca e predatória entre os cabeça-de-gato (termo que alude à imagem do predador) e os carapicus (termo cujo valor semântico, vinculado ao de cabeça-de-gato, atualiza a imagem de presa).

II - O final trágico de Bertoleza e o “diploma de sócio benemérito” dado a João Romão pela “comissão de abolicionistas” expressam as dissimetrias sociais, de gênero, étnico-culturais, dentre outras, viabilizando os estratagemas naturalistas que apontavam para suas personagens fortes, tornando improdutiva, em determinados momentos, a luta dos vencidos ou dos que procuravam sair da condição de menor, de fraco.

III - No trecho “E, durante muito tempo, fez-se um vaivém de mercadores. Apareceram os tabuleiros de carne fresca e outros de tripas e fatos de boi; só não vinham hortaliças, porque havia muitas hortas no cortiço” (cap. 3), percebe-se que o espaço do cortiço formava uma espécie de mundo à parte e à margem da sociedade em que se assentava. Parecia independente, autônomo, inclusive em seus aspectos econômicos.

A
as proposições I, II e III estão corretas
B
apenas I está correta
C
apenas II está correta
D
apenas III está correta
E
estão corretas apenas I e III
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UEPB 2011, UEPB 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

As razões do divórcio entre o poeta e seu leitor na poesia moderna reside mais na preferência dos poetas pelos temas intimistas e individualistas. Pesquisas no sentido de se encontrarem formas ajustadas às condições de vida do homem moderno, principalmente através da utilização dos meios técnicos de difusão que surgiram em nossos dias, poderão contribuir para resolver, ao menos até certo ponto, o que parece o problema principal da poesia hoje – que é de sua própria sobrevivência. Quando nada, a consciência desse problema poderá ajudar aqueles poetas contemporâneos menos individualistas, capazes de interesse por temas da vida em sociedade e que também não encontraram ainda o veículo capaz de levar a poesia à porta do homem moderno. A falta de tal veículo está, também, condenando a poesia destes últimos autores à espera, desesperançada, de leitores que venham espontaneamente à sua procura, leitores, de resto, cada dia mais problemáticos.

MELO NETO. J.C. Da função moderna da poesia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998 (adaptado).


O fragmento acima permite concluir, corretamente, que

A
em seu projeto poético, João Cabral de Melo Neto questiona a tradição literária brasileira baseada no intimismo e no individualismo e postula uma poesia que trate, objetivamente, dos “temas da vida em sociedade” aliada ao interesse pelos meios técnicos de difusão contemporâneos do poeta.
B
para João Cabral de Melo Neto, não se deve atribuir o divórcio entre o poeta e seu leitor ao tratamento pessoal dos temas em virtude de não haver, por parte do leitor, interesse por temas de cunho social e coletivos em poesia.
C
a recusa ao individualismo e ao intimismo é para o poeta a defesa dos valores postulados pela geração de 45 e a recusa do projeto estético das duas primeiras gerações modernistas.
D
para o poeta, só uma poesia voltada para o etéreo, o imaterial e o espiritual é capaz de trazer de volta o diálogo entre o poeta e o seu leitor.
E
para João Cabral de Melo Neto, só o interesse dos poetas pelas novas tecnologias, sobretudo pela internet, é capaz de resolver o impasse entre poeta e leitor, pois o livro de poemas é hoje objeto obsoleto e sem uso.
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UEPB 2011, UEPB 2011 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

Sobre o Naturalismo literário, é correto afirmar:


I - Ao aprofundar aspectos realistas da literatura, cientificiza um discurso, assumido no plano estético pela ficção, induzindo o leitor a buscar não somente entretenimento em seus romances, mas também a problematização de estruturas sociais e de aspectos psicológicos das personagens.

II - O romance de tese, a exemplo de O cortiço, é o melhor projeto para o naturalista, uma vez que este só é considerado naturalista na medida em que sua produção literária se realiza unicamente no chamado romance de tese.

III - O realce de traços físicos e psicológicos nos romances de tese ratifica a ideia de o naturalismo, em suas narrativas, acentuar as tensões sociais e de demandas coletivas como proposta a ser problematizada a partir do elemento com o qual o leitor estabelece um grau de intimidade ou identificação, a saber, a personagem de ficção.

A
somente II e III estão corretas
B
somente I está correta
C
somente I e II estão corretas
D
somente I e III estão corretas
E
as três proposições estão corretas
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UEPB 2011, UEPB 2011 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

Sobre O Cortiço de Aluísio Azevedo, é correto afirmar:


I - Romance cujo enredo traz à tona questões de ordem pessoal (de determinadas personagens) e coletiva (há personagens cujas tensões vividas remetem o leitor para questões de ordem mais geral, centradas num coletivo). As questões problematizadas numa perspectiva coletiva podem ser visualizadas em episódios como aquele em que os moradores do Carapicus e do Cabeça-de-gato se enfrentam e a tensão criada denuncia uma demanda coletiva e não apenas individual.

II - Romance cujo enredo aponta, embora timidamente, para a resolução de conflitos coletivos, visando uma melhoria do espaço urbano em que se assentam os cortiços Carapicus e Cabeça-de-gato, principalmente no que diz respeito ao projeto de saneamento básico e do fornecimento de energia elétrica, projetos que davam início à modernização dos centros urbanos do País no final do século XIX.

III - Romance cujo enredo problematiza muito mais as questões do pré-modernismo brasileiro, com a construção de um pensamento sanitarista e de modernização do espaço urbano do Rio de Janeiro do início do século XX, do que a proposta naturalista que insistia nas tensões particulares de suas personagens, demanda da “escola naturalista” cujas narrativas são as melhores representantes, no Brasil, dessa época.

A
apenas I e III estão corretas
B
apenas I está correta
C
apenas III está correta
D
apenas I e II estão corretas
E
apenas II está correta
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UEPB 2009, UEPB 2009 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Quanto ao cordel Romance do pavão misterioso, pode-se afirmar

A
que é um “romance [exclusivamente] romântico” porque retoma o único ideal/valor presente tanto nas cantigas de amor trovadorescas quanto nos romances românticos: o morrer de amor ou o amor inacessível, como se lê na estrofe 32 “– Seu conselho não me serve,/Estou impressionado./Rapaz sem moça bonita/É um desaventurado!/Se eu não casar com Creuza,/Findo os dias enforcado”.
B
que é um “romance romântico”, porque a sua estrutura física, e apenas ela, é uma invenção/produção do século XIX, em cujo interior representa-se a sociedade burguesa e capitalista que procura registrar pela ficção valores e ideologias com as quais comungam
C
que é um “romance romântico”, porque narra a história de Evangelista e de Creuza, personagens que, impedidos por alguns fatores que intervêm na fábula para o não relacionamento entre ambos, como a distância espacial, cultural e de valores, retoma caracteres típicos da narrativa romântica do século XX.
D
que é um “romance de encantamento” apenas porque nas estrofes 79, 83 e 85 lê-se, respectivamente, “E disse: – Vá me dizendo/Se é vivo ou encantado!”, “Mas nós vamos descobrir/O autor desse mistério” e “Só sendo uma visão,/Que entra neste sobrado!/Só chega a meia-noite,/Entra e sai sem ser notado/E se é gente deste mundo,/Usa feitiço encantado”.
E
que é um “romance de encantamento”, porque aborda a solução de um aparente problema (o casamento do ‘mocinho’ com a ‘donzela’) através de um elemento “mágico” (o pavão mecânico) incompreensível à época também “mágica” a que a fábula se reporta.
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UEPB 2009, UEPB 2009 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

O vôo da guará vermelha traz à tona momentos em que a sinestesia e recursos gráficos e fônicos, mais recorrentes na poesia, têm liberdade de se fazerem presentes na narrativa. Pode-se dizer que,

I - em “cores desmaiadas, manchadas, nas cores, todas as cores, em trapos de vestir, em colchas e cortinas, almofadas desbotadas e bonecas estropiadas,nos restos de tintas e papéis nas paredes [...] cores de vida, fanada mas vida, ainda pulsante, cores redobradas” (p. 15), é possível entender o chamar a atenção para o vermelho que é presente em toda a obra, seja com o significado de vida (paixão, desejo de viver), seja com o significado de morte (ave/mulher ferida, condenada = guará (vermelha), mulher (de vestido vermelho = prostituta).

II - em “Esta mulher saber ler!, leia mais, lia tudinho, me diga onde está ‘guará’ e onde está ‘vermelha’ e ‘sangue’ e ‘espinhos’ e ‘penas’. Aqui, ali, acolá, Rosálio corre as linhas buscando a guará vermelha nos espinheiros das letras até vê-la com clareza distinguir luminosos, espinhos, penas e sangue” (p. 24), os termos em destaque (guará, vermelho,sangue, espinhos, pena) compõem um conciso inventário terminológico que induz o leitor a entender que, articulados como se encontram, aludem à vida, paixão e morte de Irene.

III - em “Rosálio olha intrigado tentando compreender que, quando lê ‘avó’, por quê, quando lê ‘avô’, parece que alguma coisa lembra-lhe a ave guará? A mulher ri da pergunta e lhe explica o ‘a’, o ‘v’, o ‘ó’, o ‘ô’, e o ‘e’ e ele fica deslumbrado com as letras do abc” (p. 42), constrói-se uma harmonia fônica em que os grafemas e os sons de ‘ave’, ‘avó’ e ‘avô’ são, poeticamente, imaginados na seqüência “ave, avó, avô, guará”, jogo lingüístico-poético que atualiza, na história contada, o título da obra, disseminado ao longo da narrativa (ave – guará; avó/avô – vôo, guará – ave de coloração vermelha);


Está(ão) correta(s) a(s) proposição(ões)

A
II, apenas
B
I e III, apenas
C
I, apenas
D
I, II e III
E
III, apenas
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UEPB 2009, UEPB 2009 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Leia os fragmentos de O Ateneu, abaixo, e responda à questão:

    É fácil conceber a atração que me chamava para aquele mundo tão altamente interessante, no conceito de minhas impressões. Avaliem o prazer que tive, quando me disse meu pai que ia ser apresentado ao diretor do Ateneu e à matrícula. O movimento não era mais a vaidade, antes o legítimo instinto da responsabilidade ativa, era uma conseqüência apaixonada da sedução do espetáculo, o arroubo da solidariedade que me parecia prender à comunhão fraternal da escola. Honrado engano, esse ardor franco por uma empresa ideal e de dedicação premeditada confusamente, no cálculo pobre de uma experiência de dez anos (Cap. 1).

     Sua diplomacia [de Aristarco] dividia-se por escaninhos numerados, segundo a categoria de recepção que queria dispensar. Ele tinha maneiras de todos os graus, segundo a condição social da pessoa. As simpatias verdadeiras eram raras. No âmago de cada sorriso morava-lhe um segredo de frieza que se percebia bem. E duramente se marcavam distinções políticas, distinções financeiras, distinções baseadas na crônica escolar do discípulo, baseadas na razão discreta das notas do guarda-livros. Às vezes, uma criança sentia a alfinetada no jeito da mão a beijar. Saía indagando consigo o motivo daquilo, que não achava em suas contas escolares... O pai estava dois semestres atrasado (Cap. 2).


Assinale a alternativa que NÃO SE APLICA ao romance de Raul Pompéia:

A
As relações sociais movidas pela aparência e por interesses encobertos mas determinantes vão aos poucos destruindo as intenções de solidariedade e comunhão fraternal do menino Sérgio, transformadas em ironia e em desencantamento pelo narrador ao longo de todo o romance, por vezes com auxílio da descrição grotesca dos personagens.
B
Os fragmentos demonstram a postura crítica do narrador em relação a suas impressões infantis sobre o Ateneu e sobre o seu Diretor.
C
O narrador utiliza-se da diferença entre o tempo do relato e o tempo da narração, diferença entre as impressões da infância e a avaliação crítica do sujeito que narra já adulto, para expor a hipocrisia e o interesse representados na figura de Aristarco.
D
A linguagem sóbria, aliada ao modo realista de narrar, não impede o romance de conter uma forte carga emocional, neste sentido diferente do ponto de vista da estética realista quanto ao tratamento dos personagens por parte do narrador.
E
Os fragmentos acima demonstram a intenção do autor de filiar seu romance ao pensamento positivista-determinista, na medida em que mostram como o menino Sérgio não modificará sua visão do colégio, e da vida, visão que já aparece inteira e formada desde os primeiros dias de sua entrada no internato.