Questão 3362cb0c-88
Prova:
Disciplina:
Assunto:
O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que as pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundanga (corrompida nação fictícia de Lima Barreto).
FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de S. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).
O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” efetivamente o que é moral constitui uma ambiguidade inerente ao humano, porque as normas morais são
O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que as pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundanga (corrompida nação fictícia de Lima Barreto).
FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de S. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).
O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” efetivamente o que é moral constitui uma ambiguidade inerente ao humano, porque as normas morais são
FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de S. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).
O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” efetivamente o que é moral constitui uma ambiguidade inerente ao humano, porque as normas morais são
A
decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, utópicas.
B
parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído de obrigação.
C
amplas e vão além da capacidade de o indivíduo conseguir cumpri-las integralmente.
D
criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à qual deve se submeter.
E
cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente
Gabarito comentado
M
Michel MelloMestre em Filosofia (PUC-Rio), Mestre e Doutor em Filosofia (Universidade de Basel / Suiça)
A discussão sobre a diferença entre ética e moral é uma das grandes temáticas da discussão filosófica sobre o assunto. Não sabemos pelo texto qual distinção é adotada pelo autor, mas podemos aplicar aquelas que sabemos e assim, verificar se serve como corpo teórico para resolução da questão. O texto leva a entender que ética e moral são a mesma coisa, o que o torna confuso. Assim, é preciso perceber que o autor direciona seu olhar para o problema de que as normas ético-morais são construções humanas, e se feitas pelos homens, esses devem cumpri-las. Todavia, na resposta, é exigido novamente um certo conhecimento sobre a diferença entre ética e moral. Muito resumidamente, vamos aqui eleger que ética seria a discussão filosófica sobre ações humanas particulares numa perspectiva universalizante e que moral seria uma discussão filosófico-histórico-social dos costumes de um povo num determinado período de tempo. Considerando esse elementos, podemos dizer que
A alternativa (a) está errada pois nada há no texto que identifique uma relação da ética com religião (o que não foi historicamente impossível), ainda porque a noção de utopia do texto diz respeito à mentalidade dos brasileiros, exclusivamente.
A alternativa (b) está errada. Em um primeiro momento, podemos pensar que está correta, sobretudo porque nos atemos às ideias de “parâmentros idealizados” e “não cumprimento das obrigações”. E de fato estaria correta se fosse somente sobre a maior parte do texto em si, todavia o início do texto traz uma advertência: trata-se de problema entre ética e moral. Encontra-se nas respostas a linha teórica da questão, que está implícita no texto subsequente: a ética é criação do homem de um modo idealizado ou mental e a moral são as ações particulares.
A alternativa (c) está errada, porque se fossem tão amplas a ponto de serem impossíveis de se executar, na Escandinávia não haveria quem assim se comporta, pois é afirmado no texto que nossos ideais éticos e morais dariam como resultado o comportamento das pessoas de lá, logo que temos os ideais de comportamento deles.
A alternativa (d) está correta, pois a lei é criada pelo homem (para si e para os outros). Se o homem a fez, ele deve segui-la. Isso lembra em certa medida o imperativo categórico kantiano, “age de tal forma que a tua máxima se torne o mais universal possível”- só que aqui as máximas são criadas pelos homens, e nãoa priori.
A alternativa (e) está errada, pois o autor da questão compara brasileiros e noruegueses, uns não praticam suas leis, outros praticam. O elemento em comum está nas leis, que para ambos teriam sido criadas por seus povos e esses devem segui-las. Se um povo pode, o outro também deve poder. Assim, não haveria sentido em falar aqui em que somente aqueles que se dedicam teriam condições para cumprir a lei. Essa parece ser a lógica do texto.
A alternativa (a) está errada pois nada há no texto que identifique uma relação da ética com religião (o que não foi historicamente impossível), ainda porque a noção de utopia do texto diz respeito à mentalidade dos brasileiros, exclusivamente.
A alternativa (b) está errada. Em um primeiro momento, podemos pensar que está correta, sobretudo porque nos atemos às ideias de “parâmentros idealizados” e “não cumprimento das obrigações”. E de fato estaria correta se fosse somente sobre a maior parte do texto em si, todavia o início do texto traz uma advertência: trata-se de problema entre ética e moral. Encontra-se nas respostas a linha teórica da questão, que está implícita no texto subsequente: a ética é criação do homem de um modo idealizado ou mental e a moral são as ações particulares.
A alternativa (c) está errada, porque se fossem tão amplas a ponto de serem impossíveis de se executar, na Escandinávia não haveria quem assim se comporta, pois é afirmado no texto que nossos ideais éticos e morais dariam como resultado o comportamento das pessoas de lá, logo que temos os ideais de comportamento deles.
A alternativa (d) está correta, pois a lei é criada pelo homem (para si e para os outros). Se o homem a fez, ele deve segui-la. Isso lembra em certa medida o imperativo categórico kantiano, “age de tal forma que a tua máxima se torne o mais universal possível”- só que aqui as máximas são criadas pelos homens, e nãoa priori.
A alternativa (e) está errada, pois o autor da questão compara brasileiros e noruegueses, uns não praticam suas leis, outros praticam. O elemento em comum está nas leis, que para ambos teriam sido criadas por seus povos e esses devem segui-las. Se um povo pode, o outro também deve poder. Assim, não haveria sentido em falar aqui em que somente aqueles que se dedicam teriam condições para cumprir a lei. Essa parece ser a lógica do texto.