a participação política não é uma questão de
escolha para Aristóteles, uma vez que, para
ele, todos os habitantes da cidade deveriam
agir politicamente, independente de sua
condição social ou econômica.
Aristóteles (384-322 a.C.) afirma em Política:
“Diremos que nenhum indivíduo é cidadão só
porque habita num determinado lugar, pois, tal
como os cidadãos, também os metecos (homens
livres) e os escravos possuem um local para
habitar. (...) Ora, não há melhor critério para definir
o que é o cidadão, em sentido estrito, do que
entender a cidadania como capacidade de
participar da administração da justiça e no
governo.” (ARISTÓTELES. Política, livro III, cap. 1
1275a6-7 e 22-23). A partir desse trecho, é correto
afirmar que
Gabarito comentado
Gabarito: E — Errado
Tema central: o conceito aristotélico de cidadania. A questão exige identificar se, segundo Aristóteles, a participação política seria algo obrigatório e universal para todos os habitantes da cidade. Para responder, é preciso conhecer como Aristóteles distingue cidadãos, metecos e escravos e o critério que usa para definir cidadania.
Resumo teórico (claro e progressivo):
Aristóteles define o cidadão não pelo simples fato de habitar a cidade, mas pela capacidade de participar na administração da justiça e no governo (Política, Livro III, 1275a). Assim, a cidadania é uma função política específica: participar dos órgãos judiciais e governamentais.
Logo, nem todos os que vivem na cidade são cidadãos. Metecos (residentes estrangeiros) e escravos vivem na cidade mas estão, por definição aristotélica, fora dessa forma de participação política. Além disso, a própria concepção de Aristóteles admite uma hierarquia social e papéis naturais (p.ex., ele aceita a escravidão "natural" em sua teoria), o que reforça que a participação política não é universal.
Por que a alternativa é Errada:
A proposição afirmava que, para Aristóteles, “todos os habitantes da cidade deveriam agir politicamente, independente de sua condição social ou econômica”. Isso contraria o texto: Aristóteles delimita a cidadania pela capacidade de governar e julgar. Portanto, a participação política é restrita aos que ocupam a condição de cidadãos no sentido estrito; metecos e escravos, embora habitem a cidade, não têm esse direito nem essa função.
Estratégia para resolver questões semelhantes: desconfie de afirmações universalizantes ("todos", "sempre") quando o autor apresenta critérios específicos de inclusão/exclusão. Identifique o conceito-chave usado (aqui: capacidade de participar da justiça e do governo) e compare com a afirmação da questão.
Fonte principal: Aristóteles, Política, Livro III (cap. 1, 1275a6-23). Para contexto e comentários contemporâneos, consultar entrada "Aristotle" na Stanford Encyclopedia of Philosophy.
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