Questõesde URCA sobre Português

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Foram encontradas 125 questões
411bccf3-6a
URCA 2021 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o fragmento abaixo e assinale a resposta CORRETA:


“Existe um povo que a bandeira empresta

P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,

Que impudente na gávea tripudia?

Silêncio. Musa... chora, e chora tanto

Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperança...

Tu que, da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...

(ALVES, Castro.[Trecho de] O navio negreiro.

Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv 000068.pdf>.)

A
A expressão “manto impuro” é uma metonímia, empregada para expressar a vergonha de ver a bandeira nacional sendo usada por pessoas que desprezam a liberdade e os direitos humanos.
B
O processo que aproxima e torna equivalente o valor semântico das palavras bandeira, pavilhão, estandarte e pendão é chamado de sinonímia.
C
“Impudente”, no contexto em que a palavra é empregada, é antônimo de “desavergonhado”.
D
A expressão “luz do sol” constitui uma metáfora do desejo do poeta, que queria que a bandeira do Brasil fosse vermelha.
E
Em “Que a brisa do Brasil beija e balança”, os termos destacados são, respectivamente, hipônimo e hiperônimo.
41143485-6a
URCA 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na formação de nossa identidade nacional, a literatura desempenhou um papel de extrema importância, determinando temas e modos de expressão que, ainda hoje, são muito presentes em nossa maneira de ver o mundo e falar sobre ele. Leia atentamente o trecho a seguir e assinale o que que se pede:

“Os outros dois, que o Capitão teve nas naus, a que deu o que já disse, nunca mais aqui apareceram – do que tiro ser gente bestial, de pouco saber e por isso tão esquiva. Porém e com tudo isso andam muito bem curados e muito limpos. E naquilo me parece ainda mais que são como aves ou alimárias monteses, às quais faz o ar melhor pena e melhor cabelo que às mansas, porque os corpos seus são tão limpos, tão gordos e tão formosos, que não pode mais ser.

Isto me faz presumir que não têm casas nem moradas a que se acolham, e o ar, a que se criam, os faz tais. Nem nós ainda até agora vimos nenhuma casa ou maneira delas.” CAMINHA, Pero Vaz de. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível
em <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronic os/carta.pdf>)

No trecho citado, a atitude de Caminha revela PRINCIPALMENTE:

A
racismo, pelo emprego da palavra “bestial”, que denota o desejo de escravizar os índios, por serem como animais.
B
tolerância, pelo esforço de compreender as diferenças culturais e defendê-las diante do Rei, destinatário da Carta.
C
etnocentrismo, por apreciar negativamente a diversidade da cultura do Outro, por meio de critérios baseados no modo de viver europeu.
D
xenofobia, pois a desqualificação do índio se dá em todos os aspectos, pelo fato de eles não serem portugueses.
E
autoritarismo, pois está implícito que os portugueses tem o direito de impor aos índios a adoção de seus costumes e crenças.
410bf192-6a
URCA 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe a imagem a seguir e assinale a alternativa que contém uma assertiva CORRETA sobre o quadrinho:


(@leandro_assis_ilustra, Instagram)

A
A ausência de personagens negras na cena fortalece a tese defendida pela personagem mais jovem.
B
O contexto permite afirmar que a expressão “Um absurdo!” revela divergência entre as personagens que se expressam.
C
O discurso imagético, que indica um ambiente requintado, sugere que o privilégio social de que desfrutam as pessoas brancas dificulta a interpretação do racismo que afeta pessoas negras.
D
As personagens que estão cabisbaixas expressam constrangimento diante do diálogo das duas mulheres.
E
A paisagem entrevista pela janela é um recurso meramente visual e não desempenha função na construção do argumento do quadrinho.
e7e553fd-ca
URCA 2019 - Português - Crase

De origem na Grécia, a palavra crase significa mistura ou fusão. Na língua portuguesa, a crase indica a contração de duas vogais idênticas, mais precisamente, a fusão da preposição a com o artigo feminino a e com o a do início de pronomes. Sempre que houver a fusão desses elementos, o fenômeno será indicado por intermédio da presença do acento grave, também chamado de acento indicador de crase.

Para usar corretamente o acento indicador de crase, é necessário compreender as situações de uso nas quais o fenômeno está envolvido. Aprender a colocar o acento depende, sobretudo, da verificação da ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.
(https://portugues.uol.com.br/gramatica/cinco-dicassimples-sobre-uso-crase.html)

Observe o excerto retirado do fragmento anterior: A criança. à medida que se desenvolve, deve aprender passo a passo a se entender melhor.

Compreende a mesma regra do acento grave:

A
Refiro-me à aluna que estava presente na hora do incidente na sala de aula;
B
Os participantes do campeonato saíram à procura de melhor estratégia de jogo;
C
A sala estava repleta de móveis à Luís XV;
D
Todos compareceram à confraternização de fim de ano;
E
Todos se encontravam assistindo à palestra do possível coordenador dos esportes.
e7cc7c31-ca
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Pronomes demonstrativos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

O relatório da CPI da Previdência apontou que o sistema não tem défice e destacou que a Reforma e análise no Congresso é desnecessária. O resultado dos trabalhos da comissão deve ser analisado até o dia 06 de novembro. Com 253 páginas, o relatório final dos trabalhos da CPI da Previdência apresentado ao Senado faz um histórico do sistema da Previdência Social do Brasil, desde a sua criação, em 1923, e aponta perspectivas para assegurar o pagamento dos benefícios no futuro. Depois de seis meses de trabalho e trinta e uma reuniões, o texto assegura que não há défice na Previdência e explica que o orçamento da seguridade social também engloba os recursos da Saúde e de Assistência Social, além das aposentadorias e pensões. Isso quer dizer que não há necessidade de aprovar a Reforma da Previdência. (A voz do Brasil – 30/10/2018; adaptado). O termo em destaque é um pronome demonstrativo em relação ao espaço:

A
Não se refere a nenhum elemento em particular;
B
Faz referência ao que vai ser dito;
C
Refere-se a dois elementos anteriormente expressos;
D
Refere-se ao elemento mais próximo;
E
Faz referência ao elemento mais distante.
e7b7bd47-ca
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o poema a seguir e marque a opção correta:

“Portugal colonial”
Nada te devo
nem o sítio
onde nasci

nem a morte
que depois comi
nem a vida

repartida
p'los cães
nem a notícia

curta
a dizer-te
que morri

nada te devo
Portugal
Colonial

cicatriz
doutra pele
apertada

(David Mestre, poeta angolano. In: DÁSKALOS, M. A.; APA, L.; BARBEITOS, A. Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003, p. 104.)

A
O texto deixa transparecer a saudade da infância, período de alegria e despreocupação;
B
Há, no texto, uma fusão do sujeito no objeto quando apresenta uma nostalgia dos tempos áureos;
C
O texto se caracteriza por apresentar um distanciamento dos problemas sociais;
D
O texto se resume a fazer uma crítica ao preconceito racial sofrido pelos africanos;
E
Há um forte engajamento retratado por um discurso de resistência e de combate à opressão.
e7bb235c-ca
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Identidade nacional representa um conjunto de sentimentos que fazem com que um indivíduo se sinta parte de uma sociedade ou nação. A língua é um importante elemento na constituição da identidade de um povo. Ela permite reconhecer membros da comunidade, diferenciar estrangeiros e transmitir tradições”. Das proposições a seguir, marque a que não aparece o sentimento de não pertencimento:

Venenos de Deus, remédios do diabo: as
      incuráveis vidas de Vila Cacimba

– Noutro dia, você zangou-se comigo porque eu não o chamava pelo seu nome inteiro. Mas eu conheço o seu segredo.
– Não tenho segredos. Quem tem segredos são as mulheres.
– O seu nome é Tsotsi. Bartolomeu Tsotsi.
– Quem lhe contou isso? De certeza que foi o cabrão do Administrador. 
Acabrunhado, Bartolomeu aceitou. Primeiro, foram os outros que lhe mudaram o nome, no baptismo. Depois, quando pôde voltar a ser ele mesmo, já tinha aprendido a ter vergonha de seu nome original. Ele se colonizara a si mesmo. E Tsotsi dera origem a Sozinho [Bartolomeu Sozinho].
– Eu sonhava ser mecânico, para consertar o mundo. Mas aqui para nós que ninguém nos ouve: um mecânico pode chamar-se Tsotsi?
– Ini nkabe dziua.
– Ah, o Doutor já anda a aprender a língua deles?
– Deles? Afinal, já não é a sua língua?
– Não sei, eu já nem sei...
O português confessa sentir inveja de não ter duas línguas. E poder usar uma delas para perder o passado. E outra para ludibriar o presente. 
– A propósito de língua, sabe uma coisa, Doutor Sidonho? Eu já me estou a desmulatar.
E exibe a língua, olhos cerrados, boca escancarada. O médico franze o sobrolho, confrangido: a mucosa está coberta de fungos, formando uma placa esbranquiçada.
– Quais fungos? – reage Bartolomeu. – Eu estou é a ficar branco de língua, deve ser porque só falo português...
O riso degenera em tosse e o português se afasta, cauteloso, daquele foco contaminoso. [...]
O médico olha para o parapeito e estremece de ver tão frágil, tão transitório aquele que é seu único amigo em Vila Cacimba. O aro da janela surge como uma moldura da derradeira fotografia desse teimoso mecânico reformado.
– Posso fazer-lhe uma pergunta íntima?
– Depende – responde o português.
– O senhor já alguma vez desmaiou, Doutor?
– Sim.
– Eu gostava muito de desmaiar. Não queria morrer sem desmaiar.
O desmaio é uma morte preguiçosa, um falecimento de duração temporária. O português, que era um guarda-fronteira da Vida, que facilitasse uma escapadela dessas, uma breve perda de sentidos. 
– Me receite um remédio para eu desmaiar.
O português ri-se. Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.
– Uma marretada na cabeça é a única coisa que me ocorre. Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso. [...]

(COUTO, Mia. Venenos de Deus, remédios do diabo: as incuráveis vidas de Vila Cacimba. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, pp. 110-113)
A
Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.
B
Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso.
C
A propósito de língua, sabe uma coisa, Doutor Sidonho? Eu já me estou a desmulatar.
D
Depois, quando pôde voltar a ser ele mesmo, já tinha aprendido a ter vergonha de seu nome original.
E
O português confessa sentir inveja de não ter duas línguas. E poder usar uma delas para perder o passado. E outra para ludibriar o presente.
2781f8fb-c9
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

O termo nepotismo (verso 5) pode ser substituído por:

Na minha Terra 


Na minha terra ninguém morre de amor

De fome, de esperança, sim senhor

Desculpe essas palavras assim mais duras.

Mas cadê a compostura de quem tinha exemplo

dar

É nepotismo, prepotência, disparate

Paraíso dos contrastes

De injustiça pra danar

Se tem um cara que deseja uma terrinha

De cuidar dela, de dar gosto a gente oiá

Logo se escuta a voz do dono da terrinha

Não é lugar de vagabundo vir plantar

Na minha terra ninguém morre de amor

De fome, de esperança, sim senhor

Desculpe essa verdade nua e crua

Mas é tanta falcatrua que o País se acostumou

Agora é ágio, é pedágio, é propina

Já faz parte da rotina

É a lei com seu rigor

É uma força bem mais forte que se pensa

É uma teia onde aranha nunca está

Que suborna, que alicia, que compensa

Mas só pra aqueles que deixaram de sonhar....

(Ivan Lins e Victor Martins) 

A
Prejuízo;
B
Favoritismo;
C
Desvio;
D
Autoritarismo;
E
Perseguição.
277ea7cb-c9
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre as ideias contidas no texto, é correto afirmar:

Na minha Terra 


Na minha terra ninguém morre de amor

De fome, de esperança, sim senhor

Desculpe essas palavras assim mais duras.

Mas cadê a compostura de quem tinha exemplo

dar

É nepotismo, prepotência, disparate

Paraíso dos contrastes

De injustiça pra danar

Se tem um cara que deseja uma terrinha

De cuidar dela, de dar gosto a gente oiá

Logo se escuta a voz do dono da terrinha

Não é lugar de vagabundo vir plantar

Na minha terra ninguém morre de amor

De fome, de esperança, sim senhor

Desculpe essa verdade nua e crua

Mas é tanta falcatrua que o País se acostumou

Agora é ágio, é pedágio, é propina

Já faz parte da rotina

É a lei com seu rigor

É uma força bem mais forte que se pensa

É uma teia onde aranha nunca está

Que suborna, que alicia, que compensa

Mas só pra aqueles que deixaram de sonhar....

(Ivan Lins e Victor Martins) 

A
A palavra terrinha presente nos versos 8 e 10 possuem o mesmo valor expressivo;
B
O texto é todo no sentido metafórico e pouco representa a nossa realidade;
C
Ao afirmar que ninguém morre de amor, há a intenção de romper com os ideais românticos e subjetivos;
D
O sonho opõe-se às desigualdades, às injustiças e aos desmandos;
E
Há uma busca por um representante que realmente queira o melhor para o país.
2785355e-c9
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O fragmento acima é parte da Obra do heterônimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro. São características de Caeiro e que estão presentes no texto, exceto:

Texto (fragmento) pra questão.


Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio

E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro

E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida

Olhando para trás de si e tendo pena... 

A
Ligação com a Natureza e desejo de integrar-se a ela;
B
Valorização das sensações em detrimento a grandes reflexões;
C
Subjetividade visual filosófica profunda pautada na clareza e confiança;
D
Simplicidade do tão somente existir;
E
Preferência pelo verso livre e pela linguagem simples.
27882b77-c9
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O sentimento expresso nos últimos dois versos do fragmento acima transcrito remete a uma ideia de:

Texto (fragmento) pra questão.


Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio

E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro

E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida

Olhando para trás de si e tendo pena... 

A
Temporalidade estática;
B
Submissão do pensar;
C
Metafísica;
D
Abolir a subjetividade;
E
Sentimento de auto piedade.
278e7a58-c9
URCA 2019 - Português - Crase

De origem na Grécia, a palavra crase significa mistura ou fusão. Na língua portuguesa, a crase indica a contração de duas vogais idênticas, mais precisamente, a fusão da preposição a com o artigo feminino a e com o a do início de pronomes. Sempre que houver a fusão desses elementos, o fenômeno será indicado por intermédio da presença do acento grave, também chamado de acento indicador de crase.

Para usar corretamente o acento indicador de crase, é necessário compreender as situações de uso nas quais o fenômeno está envolvido. Aprender a colocar o acento depende, sobretudo, da verificação da ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.

(https://portugues.uol.com.br/gramatica/cinco-dicassimples-sobre-uso-crase.html)


Observe o excerto retirado do fragmento anterior: A criança. à medida que se desenvolve, deve aprender passo a passo a se entender melhor.


Compreende a mesma regra do acento grave:

A
Refiro-me à aluna que estava presente na hora do incidente na sala de aula;
B
Os participantes do campeonato saíram à procura de melhor estratégia de jogo;
C
A sala estava repleta de móveis à Luís XV;
D
Todos compareceram à confraternização de fim de ano;
E
Todos se encontravam assistindo à palestra do possível coordenador dos esportes.
276fd514-c9
URCA 2019 - Português - Sintaxe, Orações subordinadas substantivas: Subjetivas, Objetivas diretas, Objetivas indiretas...

No fragmento: O português confessa sentir inveja de não ter duas línguas. O termo em destaque é sintaticamente classificado como:

Venenos de Deus, remédios do diabo: as incuráveis vidas de Vila Cacimba

– Noutro dia, você zangou-se comigo porque eu não o chamava pelo seu nome inteiro. Mas eu conheço o seu segredo.

– Não tenho segredos. Quem tem segredos são as mulheres.

– O seu nome é Tsotsi. Bartolomeu Tsotsi.

– Quem lhe contou isso? De certeza que foi o cabrão do Administrador.

Acabrunhado, Bartolomeu aceitou. Primeiro, foram os outros que lhe mudaram o nome, no baptismo. Depois, quando pôde voltar a ser ele mesmo, já tinha aprendido a ter vergonha de seu nome original. Ele se colonizara a si mesmo. E Tsotsi dera origem a Sozinho [Bartolomeu Sozinho].

– Eu sonhava ser mecânico, para consertar o mundo. Mas aqui para nós que ninguém nos ouve: um mecânico pode chamar-se Tsotsi?

– Ini nkabe dziua.

– Ah, o Doutor já anda a aprender a língua deles?

– Deles? Afinal, já não é a sua língua?

– Não sei, eu já nem sei...

O médico olha para o parapeito e estremece de ver tão frágil, tão transitório aquele que é seu único amigo em Vila Cacimba. O aro da janela surge como uma moldura da derradeira fotografia desse teimoso mecânico reformado.

– Posso fazer-lhe uma pergunta íntima?

– Depende – responde o português.

– O senhor já alguma vez desmaiou, Doutor?

– Sim.

– Eu gostava muito de desmaiar. Não queria morrer sem desmaiar.

O desmaio é uma morte preguiçosa, um falecimento de duração temporária. O português, que era um guarda-fronteira da Vida, que facilitasse uma escapadela dessas, uma breve perda de sentidos.

– Me receite um remédio para eu desmaiar.

O português ri-se. Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.

– Uma marretada na cabeça é a única coisa que me ocorre.

Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua O português confessa sentir inveja de não ter duas línguas. E poder usar uma delas para perder o passado. E outra para ludibriar o presente.

– A propósito de língua, sabe uma coisa, Doutor Sidonho? Eu já me estou a desmulatar.

E exibe a língua, olhos cerrados, boca escancarada. O médico franze o sobrolho, confrangido: a mucosa está coberta de fungos, formando uma placa esbranquiçada.

– Quais fungos? – reage Bartolomeu. – Eu estou é a ficar branco de língua, deve ser porque só falo português...

O riso degenera em tosse e o português se afasta, cauteloso, daquele foco contaminoso.

[...] 

O médico olha para o parapeito e estremece de ver tão frágil, tão transitório aquele que é seu único amigo em Vila Cacimba. O aro da janela surge como uma moldura da derradeira fotografia desse teimoso mecânico reformado.

– Posso fazer-lhe uma pergunta íntima?

– Depende – responde o português.

– O senhor já alguma vez desmaiou, Doutor?

– Sim.

– Eu gostava muito de desmaiar. Não queria morrer sem desmaiar.

O desmaio é uma morte preguiçosa, um falecimento de duração temporária. O português, que era um guarda-fronteira da Vida, que facilitasse uma escapadela dessas, uma breve perda de sentidos.

– Me receite um remédio para eu desmaiar.

O português ri-se. Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.

– Uma marretada na cabeça é a única coisa que me ocorre.

Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso. [...]

(COUTO, Mia. Venenos de Deus, remédios do diabo: as incuráveis vidas de Vila Cacimba. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, pp. 110-113)

A
Oração subordinada substantiva objetiva direta;
B
Oração subordinada substantiva objetiva indireta;
C
Oração subordinada substantiva completiva nominal;
D
Oração subordinada substantiva apositiva;
E
Oração subordinada substantiva subjetiva.
276c5fdf-c9
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Identidade nacional representa um conjunto de sentimentos que fazem com que um indivíduo se sinta parte de uma sociedade ou nação. A língua é um importante elemento na constituição da identidade de um povo. Ela permite reconhecer membros da comunidade, diferenciar estrangeiros e transmitir tradições”. Das proposições a seguir, marque a que não aparece o sentimento de não pertencimento:

Venenos de Deus, remédios do diabo: as incuráveis vidas de Vila Cacimba

– Noutro dia, você zangou-se comigo porque eu não o chamava pelo seu nome inteiro. Mas eu conheço o seu segredo.

– Não tenho segredos. Quem tem segredos são as mulheres.

– O seu nome é Tsotsi. Bartolomeu Tsotsi.

– Quem lhe contou isso? De certeza que foi o cabrão do Administrador.

Acabrunhado, Bartolomeu aceitou. Primeiro, foram os outros que lhe mudaram o nome, no baptismo. Depois, quando pôde voltar a ser ele mesmo, já tinha aprendido a ter vergonha de seu nome original. Ele se colonizara a si mesmo. E Tsotsi dera origem a Sozinho [Bartolomeu Sozinho].

– Eu sonhava ser mecânico, para consertar o mundo. Mas aqui para nós que ninguém nos ouve: um mecânico pode chamar-se Tsotsi?

– Ini nkabe dziua.

– Ah, o Doutor já anda a aprender a língua deles?

– Deles? Afinal, já não é a sua língua?

– Não sei, eu já nem sei...

O médico olha para o parapeito e estremece de ver tão frágil, tão transitório aquele que é seu único amigo em Vila Cacimba. O aro da janela surge como uma moldura da derradeira fotografia desse teimoso mecânico reformado.

– Posso fazer-lhe uma pergunta íntima?

– Depende – responde o português.

– O senhor já alguma vez desmaiou, Doutor?

– Sim.

– Eu gostava muito de desmaiar. Não queria morrer sem desmaiar.

O desmaio é uma morte preguiçosa, um falecimento de duração temporária. O português, que era um guarda-fronteira da Vida, que facilitasse uma escapadela dessas, uma breve perda de sentidos.

– Me receite um remédio para eu desmaiar.

O português ri-se. Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.

– Uma marretada na cabeça é a única coisa que me ocorre.

Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua O português confessa sentir inveja de não ter duas línguas. E poder usar uma delas para perder o passado. E outra para ludibriar o presente.

– A propósito de língua, sabe uma coisa, Doutor Sidonho? Eu já me estou a desmulatar.

E exibe a língua, olhos cerrados, boca escancarada. O médico franze o sobrolho, confrangido: a mucosa está coberta de fungos, formando uma placa esbranquiçada.

– Quais fungos? – reage Bartolomeu. – Eu estou é a ficar branco de língua, deve ser porque só falo português...

O riso degenera em tosse e o português se afasta, cauteloso, daquele foco contaminoso.

[...] 

O médico olha para o parapeito e estremece de ver tão frágil, tão transitório aquele que é seu único amigo em Vila Cacimba. O aro da janela surge como uma moldura da derradeira fotografia desse teimoso mecânico reformado.

– Posso fazer-lhe uma pergunta íntima?

– Depende – responde o português.

– O senhor já alguma vez desmaiou, Doutor?

– Sim.

– Eu gostava muito de desmaiar. Não queria morrer sem desmaiar.

O desmaio é uma morte preguiçosa, um falecimento de duração temporária. O português, que era um guarda-fronteira da Vida, que facilitasse uma escapadela dessas, uma breve perda de sentidos.

– Me receite um remédio para eu desmaiar.

O português ri-se. Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.

– Uma marretada na cabeça é a única coisa que me ocorre.

Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso. [...]

(COUTO, Mia. Venenos de Deus, remédios do diabo: as incuráveis vidas de Vila Cacimba. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, pp. 110-113)

A
Também a ele lhe apetecia uma intermitente ilucidez, uma pausa na obrigação de existir.
B
Riem-se. Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso.
C
A propósito de língua, sabe uma coisa, Doutor Sidonho? Eu já me estou a desmulatar.
D
Depois, quando pôde voltar a ser ele mesmo, já tinha aprendido a ter vergonha de seu nome original.
E
O português confessa sentir inveja de não ter duas línguas. E poder usar uma delas para perder o passado. E outra para ludibriar o presente.
27696d6f-c9
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o poema a seguir e marque a opção correta:


“Portugal colonial”


Nada te devo

nem o sítio

onde nasci


nem a morte

que depois comi

nem a vida


repartida

p'los cães

nem a notícia


curta

a dizer-te

que morri


nada te devo

Portugal

Colonial

cicatriz

doutra pele

apertada

(David Mestre, poeta angolano. In: DÁSKALOS, M. A.; APA, L.; BARBEITOS, A. Poesia africana de língua portuguesa: antologia. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2003, p. 104.)

A
O texto deixa transparecer a saudade da infância, período de alegria e despreocupação;
B
Há, no texto, uma fusão do sujeito no objeto quando apresenta uma nostalgia dos tempos áureos;
C
O texto se caracteriza por apresentar um distanciamento dos problemas sociais;
D
O texto se resume a fazer uma crítica ao preconceito racial sofrido pelos africanos;
E
Há um forte engajamento retratado por um discurso de resistência e de combate à opressão.
277a7df7-c9
URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência

Comunicar é a principal função de todo e qualquer ato de fala, não importa se na linguagem escrita ou na linguagem oral. Para se estabelecer a comunicação, o enunciador deve conhecer recursos linguísticos essenciais para o desenvolvimento de um discurso que interaja de maneira satisfatória com o(s) seu(s) interlocutor(es). Conhecer elementos como a coesão e a sua aplicabilidade é uma das garantias de que seu discurso efetivamente alcance o seu interlucutor. No diálogo a seguir, entre Mafalda e Manolito, aparece na segunda inquirição de Mafalda a coesão:



A
Por referência;
B
Por anáfora;
C
Por elipse;
D
Por conectivos;
E
Lexical.
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URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Pronomes demonstrativos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

O relatório da CPI da Previdência apontou que o sistema não tem défice e destacou que a Reforma e análise no Congresso é desnecessária. O resultado dos trabalhos da comissão deve ser analisado até o dia 06 de novembro. Com 253 páginas, o relatório final dos trabalhos da CPI da Previdência apresentado ao Senado faz um histórico do sistema da Previdência Social do Brasil, desde a sua criação, em 1923, e aponta perspectivas para assegurar o pagamento dos benefícios no futuro. Depois de seis meses de trabalho e trinta e uma reuniões, o texto assegura que não há défice na Previdência e explica que o orçamento da seguridade social também engloba os recursos da Saúde e de Assistência Social, além das aposentadorias e pensões. Isso quer dizer que não há necessidade de aprovar a Reforma da Previdência. (A voz do Brasil – 30/10/2018; adaptado). O termo em destaque é um pronome demonstrativo em relação ao espaço:

A
Não se refere a nenhum elemento em particular;
B
Faz referência ao que vai ser dito;
C
Refere-se a dois elementos anteriormente expressos;
D
Refere-se ao elemento mais próximo;
E
Faz referência ao elemento mais distante.
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URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Aquilo que na atualidade é entendido por Cultura geralmente não passa de uma Indústria Cultural. Observe o diálogo existente entre a afirmação dada e a tirinha a seguir; em seguida marque a opção que não está de acordo com as mensagens aqui expostas:


A
O conteúdo expresso nas redes sociais e TVs geralmente apresenta uma poética pobre que visa unicamente o lucro;
B
Há todo um processo de alienação cultural em que a excessiva exposição do esdrúxulo e do inusitado servem de palco para as programações invadirem os espaços transformando-os em algo corriqueiro e trivial;
C
Se considerarmos a existência de pobreza poética naquilo que nos é mostrado, há, em contrapartida, vasto material sociológico para estudo, pois as periferias invadem ganham voz e escancaram tudo que anteriormente era podado, escondido e silenciado;
D
O crivo da decência, do bom gosto e da referência cognitiva faz da televisão um veículo de instrução e de cultura;
E
As novas tecnologias facilitam e disseminam o conhecimento e o saber, cabe a cada um fazer suas escolhas para a construção de seu próprio repertório.
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URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira no que se refere às figuras da linguagem, em seguida marque a opção correta:


(1)Polissíndeto

(2)Anacoluto

(3)Pleonasmo

(4)Anáfora

(5) Antítese

(6) Gradação

(7) Sinestesia


( ) “Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal”

(Fernando Pessoa)

( ) “Eu vi a cara da morte, e ela estava viva”. (Cazuza)

( ) “O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário.” (Olavo Bilac)

( ) “Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino, escreve! No aconchego

Do claustro, na paciência e no sossego,

Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”

com calma sem sofrer

(Olavo Bilac)

( ) “Como era áspero o aroma daquela fruta exótica” (Giuliano Fratin)

( )“ Amor é um fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer”

(Camões)

( )“O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto

(Carlos Drummond de Andrade)

A
7;4;2;3;1;6;5;
B
2;3;1;7;6;5;4;
C
3;5;6;1;7;4;2;
D
6;3;1;2;4;7;5;
E
5;4;3;1;2;6;7.
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URCA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em ABC da Literatura, Ezra Poud afirma que “literatura é a linguagem carregada de significado. Grande literatura é simplesmente a linguagem carregada de significado até o máximo grau possível.” No fragmento: E eu vi por tantas cantigas e luas e pontas de ruas meu verso voar, do poeta Cleilson Pereira Ribeiro, temos:

A
Uma relação de interdependência entre leitor e autor, já que a linguagem apresenta baixo nível de significado;
B
Uma ênfase a linguagem referencial e que pouca reflexão exige do receptor;
C
Uma indicação de linguagem poética que se preocupa apenas com os aspectos sonoros do texto;
D
Uma utilização máxima de significados em que as palavras saem do seu campo semântico e potencializam-se;
E
Uma demonstração unívoca de significados que demonstra ao leitor sua parcela de compreensão textual.