Questõessobre Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

1
1
Foram encontradas 88 questões
5b2d8d1f-cc
UFRGS 2018 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Assinale a alternativa que apresenta a transposição correta para o discurso indireto do trecho abaixo:


Temos sorte de viver no Brasil – dizia meu pai, depois da guerra (l. 01-02).


A
Dizia meu pai que tinha sorte de viver no Brasil depois da guerra.
B
Dizia meu pai que tínhamos sorte de viver no Brasil depois da guerra.
C
Dizia meu pai para mim que tivéramos sorte de viver no Brasil depois da guerra.
D
Dizia meu pai: temos sorte de viver no Brasil depois da guerra.
E
Disse meu pai que tivemos sorte de viver no Brasil depois da guerra.
db58722d-cb
UECE 2017 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Leia com atenção os excertos abaixo e assinale o único que NÃO apresenta discurso indireto livre (DIL).


A
“Naquele despropósito não era D. Henriqueta da Boa Vista – Que vergonha!” (linhas 73-74)
B
“Que precisão tinha ele de chifres e rabo? Preto estava certo. No bairro moravam alguns pretos, sem chifres nem rabo. E se a cozinheira estivesse enganada?” (linhas 86-90)
C
“Ouvindo rumor na porta da frente e os passos conhecidos de tio Severino, Luciana ergueu-se estouvada, saiu do corredor, entrou na sala, parou indecisa, esperando que a chamassem.” (linhas 1-5)
D
“Tio Severino era notável: vermelho, tinha maçarocas brancas no rosto, o beiço e o queixo rapados, a testa brilhante, sobrancelhas densas e óculos redondos.” (linhas 33-36)
db550aac-cb
UECE 2017 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Em uma narrativa, as personagens se manifestam de três maneiras: na forma de discurso direto (DD), na forma de discurso indireto (DI) e na forma de discurso indireto livre (DIL). Atente ao que se diz a respeito desses tipos de discurso:


I. No DD, o narrador cede a fala à personagem, mesmo que ela não queira ou não possa apresentar seu próprio ponto de vista. A estrutura do DD caracteriza-se pela presença de uma oração subordinada substantiva.

II. No DI, tudo é filtrado pela voz do narrador, que pode impor seu ponto de vista. É caracterizado pela presença de marcas gráficas.

III. No DIL, misturam-se as falas do narrador e da personagem, de maneira que essas duas vozes podem dificultar a compreensão do leitor. Esse terceiro tipo de discurso caracteriza as narrativas mais complexas.


Está correto o que se diz apenas em


A
II.
B
I e II.
C
I e III.
D
III.
226caead-b4
CEDERJ 2017 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

No excerto em análise, há predominância do discurso


A
direto.
B
indireto.
C
indireto livre.
D
direto livre.
322ed7e1-58
UNESP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre, Redação - Reescritura de texto

O verso está reescrito em ordem direta, sem alteração do seu sentido original, em:

Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696), para responder à questão.


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.


Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?


Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.


Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

                                                                   (Poemas escolhidos, 2010.)

A
“Começa o mundo enfim pela ignorância,” (4° estrofe) → Pela ignorância, enfim, o mundo começa.
B
“Em tristes sombras morre a formosura,” (1ª estrofe) → A formosura morre em tristes sombras.
C
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1ª estrofe) → O Sol não dura mais que um dia que nasce.
D
“Depois da Luz se segue a noite escura,” (1ª estrofe) → Segue-se a noite escura depois da Luz.
E
“Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,” (3ª estrofe) → Mas falte a firmeza no Sol e na Luz.
321ba886-58
UNESP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Ao se converter o trecho “Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo dela” (7° parágrafo) para o discurso direto, o verbo “confessara” assume a forma:

Leia o conto “A moça rica”, de Rubem Braga (1913-1990), para responder à questão.


      A madrugada era escura nas moitas de mangue, e eu avançava no batelão1 velho; remava cansado, com um resto de sono. De longe veio um rincho2 de cavalo; depois, numa choça de pescador, junto do morro, tremulou a luz de uma lamparina.

      Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu encontrara galopando na praia. Ela era corada, forte. Viera do Rio, sabíamos que era muito rica, filha de um irmão de um homem de nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela usava calças compridas, fazia caçadas, dava tiros, saía de barco com os pescadores. Mas na segunda noite, quando nos juntamos todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido cachaça, como todos nós, e cantou primeiro uma coisa em inglês, depois o Luar do sertão e uma canção antiga que dizia assim: “Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma canção triste.

      Cantando, ela parou de me assustar; cantando, ela deixou que eu a adorasse com essa adoração súbita, mas tímida, esse fervor confuso da adolescência – adoração sem esperança, ela devia ter dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de basquete, que costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem casado, que já tinha ido até à Europa e tinha um automóvel e uma coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com minha pobre flaubert 3 , não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que não sabia lidar nem com um motor de popa, apenas tocar um batelão com meu remo.

      Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia solitária; eu vinha a pé, ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe, meu coração bateu adivinhando quem poderia estar galopando sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela fosse passar me dando apenas um adeus, esse “bom-dia” que no interior a gente dá a quem encontra; mas parou, o animal resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro da blusa fina, branca. São as duas imagens que se gravaram na minha memória, desse encontro: a pele escura e suada do cavalo e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar fino da manhã.

      E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria, como se eu fosse um rapaz mais velho do que ela, um homem como os de sua roda, com calças de “palm-beach”, relógio de pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não saber quase nada, não sabia os nomes dos peixes que ela dizia, deviam ser peixes de outros lugares mais importantes, com certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos dos coqueirinhos junto da praia – e falou de minha irmã, que conhecera, quis saber se era verdade que eu nadara desde a ponta do Boi até perto da lagoa.

      De repente me fulminou: “Por que você não gosta de mim? Você me trata sempre de um modo esquisito...” Respondi, estúpido, com a voz rouca: “Eu não”.

      Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo dela, e eu disse: “Não é isso.” Montou o cavalo, perguntou se eu não queria ir na garupa. Inventei que precisava passar na casa dos Lisboa. Não insistiu, me deu um adeus muito alegre; no dia seguinte foi-se embora.

      Agora eu estava ali remando no batelão, para ir no Severone apanhar uns camarões vivos para isca; e o relincho distante de um cavalo me fez lembrar a moça bonita e rica. Eu disse comigo – rema, bobalhão! – e fui remando com força, sem ligar para os respingos de água fria, cada vez com mais força, como se isto adiantasse alguma coisa.

                                                                 (Os melhores contos, 1997.)


1 batelão: embarcação movida a remo.

2 rincho: relincho.

3 flaubert: um tipo de espingarda.

A
confessei.
B
confessou.
C
confessa.
D
confesso.
E
confessava.
a99ff5ab-6d
UFT 2010 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Considere as afirmações a seguir:

I. Na sequência de tirinhas, vemos uma mescla de discurso direto e discurso indireto.

II. O discurso direto representa a fala do personagem, enquanto o indireto reporta a fala do personagem.

III. No último quadro da sequência de tirinhas, a palavra "FIM" tem duplo sentido: de 1fim da história‘ e de 'pôr fim às enganações dos políticos‘.

Assinale a alternativa CORRETA:

Imagem 001.jpg

A
Apenas I está correta.
B
Apenas III está correta.
C
Apenas I e II estão corretas.
D
Apenas II e III estão corretas.
E
Nenhuma afirmação está correta.
cf2f9484-be
UFPR 2017 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Considere o trecho que vem na sequência da fala de Castanhari.


E outra coisa que você podia fazer é não apoiar pessoas de políticas do mal ou contra os refugiados da Síria. Porque no meio disso tudo tem pessoas ignorantes que dizem que os refugiados da Síria são todos terroristas. Porque no meio disso tudo, o que as pessoas precisam é de países dispostos a estender a mão para elas. Porque no meio de todo esse sofrimento, dessa guerra, de toda essa morte, a única esperança que um refugiado tem de ter uma vida normal está nas mãos de um país vizinho disposto a estender a mão pra essa pessoa. [...]


Assinale a alternativa que sintetiza o trecho em formato de discurso indireto.

O texto abaixo, uma transcrição da fala em vídeo do youtuber Felipe Castanhari, é referência para a questão.


Olá, meus queridos amigos. Tudo bem com vocês? Eu sou Felipe Castanhari. E vocês devem ouvir falar muito sobre a tal guerra na Síria. Que estamos o tempo todo na tevê e na internet. E eu notei que a grande maioria das pessoas não fazem ideia do que tá rolando. Por que uma galera tá enchendo os barcos com risco de morrer só pra sair de um país? Mano, o que está acontecendo? Basicamente, o que tá rolando ali é uma guerra civil que está devastando o país. São centenas de milhares de pessoas mortas. E tem muita gente desesperada tentando sair desta M. Pessoas que perderam suas casas, perderam suas famílias estão tentando deixar o país a procura de uma vida decente. Mas como assim, a Síria chegou nessa situação de M.? Vamos imaginar que a Síria é um grande colégio, uma grande escola. E esse colégio é governado por um cara chamado Bashar al-Assad, que está comandando esse grande colégio desde 2000. Antes disso, quem comandava esse grande colégio era seu pai, um rapaz chamado Hafez al-Assad. Digamos que a democracia não é um conceito muito cultuado nesse colégio, porque é a mesma família que manda naquela P. há 40 anos. Só que aconteceu uma grande M. em 2011 e tudo mudou. Lembra que estamos fazendo de conta que a Síria é um grande colégio, certo? Então temos várias turmas no ensino médio. Cada uma delas com 30 alunos mais ou menos. Ninguém gostava do diretor, do dono da escola. Só que mesmo assim o pessoal ficava meio de boa. Ficava todo mundo meio que passando de ano, sabe? [...] Só que em 2011 a galera de uma das salas resolveu descer pro pátio e protestar contra o diretor. Porque ele dava meio que uns privilégios só pra umas turmas. E o resto do colégio meio que se F., meio que se F. legalmentis. Então, tinha uma galera que tava meio cansada disso e foi lá pro pátio protestar. Eles foram lá e fizeram um protesto pacífico. Ele chegou lá e viu aquela confusão no pátio e resolveu expulsar todo mundo que tava ali protestando. [...] Meteu bala geral. [...] Só que foi aí que começou a virar uma loucura, porque as próprias salas começaram a se dividir. Então ao invés do colégio inteiro partir pra cima do diretor, eles começaram meio que formar panelinhas. E quando as panelinhas se encontravam no pátio, elas começavam a brigar entre elas. [...] Véio, isso é um P. absurdo [...]. Pessoal, vamo entender isso. As pessoas preferem arriscar suas vidas e morrer afogado no mar do que ficar lá na Síria. Olha a M. que tá acontecendo. [...] Além de ter bombardeio, as pessoas de Alepo, a principal cidade do conflito da Síria, elas estão sem água, sem comida, remédios, energia elétrica. Alepo virou um verdadeiro inferno. E a gente pode fazer um pouquinho mais do que ficar indignado. Talvez isso esteja muito longe da gente. Mas a gente aqui no Brasil tem como ajudar. Existem várias entidades como a Unicef que estão fazendo um trabalho de socorro aos civis na Síria, especialmente as crianças, galera. A gente pode fazer doações para essas entidades. E às vezes uma pequena quantia pra você pode fazer uma P. diferença pruma criança lá na guerra.

A
O youtuber propõe uma política internacional de defesa dos refugiados contra as ameaças de morte que eles encaram em países vizinhos, pois na maioria dos casos esses refugiados são considerados terroristas, e isso põe a comunidade internacional em estado de alerta contra ataques
B
Nós, brasileiros, podemos ajudar e lutar contra os políticos sírios que rotularam estrategicamente os refugiados como terroristas. A ajuda está em nossas mãos, pois além dos países vizinhos, os países de outros continentes são também responsáveis pelo acolhimento.
C
Felipe Castanhari defende que os brasileiros podem colaborar. Apesar de haver pessoas que consideram os refugiados terroristas, eles precisam de ajuda, pois sua única esperança pode estar na solidariedade de outros países.
D
Os usuários do YouTube concordam com Felipe Castanhari quanto à proposta de que eles precisam diferenciar os bons políticos – que defendem ajuda humanitária de qualquer país, inclusive os mais distantes – dos maus políticos, que consideram os refugiados terroristas.
E
Os refugiados precisam de ajuda, pois não há condições de vida no país. Você e os usuários do YouTube fazem parte dos países que podem ajudar com amparo humanitário, desfazendo o equívoco internacional do juízo desses refugiados como terroristas.
c5d0a44b-3b
UNESP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

“[Seu Afredo] perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:

– Onde vais assim tão elegante?” (2° parágrafo/3° parágrafo)

Ao se adaptar este trecho para o discurso indireto, o verbo “vais” assume a seguinte forma:

Para responder à questão, leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-1980), publicada originalmente em setembro de 1953.

      Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar com uma ligeira curvatura: “Afredo Paiva, um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha infância porque tratava-se muito mais de um linguista que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro. Mas, como linguista, cultor do vernáculo¹e aplicador de sutilezas gramaticais, seu Afredo estava sozinho.

      Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação linguística perturbava às vezes a colocação pronominal. Um dia, numa fila de ônibus, minha mãe ficou ligeiramente ressabiada2 quando seu Afredo, casualmente de passagem, parou junto a ela e perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:

      – Onde vais assim tão elegante?

      Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a fio, no ritmo do trabalho, fazendo os mais deliciosos pedantismos que já me foi dado ouvir. Uma vez, minha mãe, em meio à lide3 caseira, queixou-se do fatigante ramerrão4 do trabalho doméstico. Seu Afredo virou-se para ela e disse:

      – Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um médico e tomar a sua quilometragem. Diz que é muito bão.

      De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada de fora, cantarolava ao piano enquanto seu Afredo, acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu Afredo nunca tinha visto minha tia mais gorda. Pois bem: chegou-se a ela e perguntou-lhe:

      – Cantas? Minha tia, meio surpresa, respondeu com um riso amarelo:

      – É, canto às vezes, de brincadeira...

      Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha mãe, que lhe explicou o temperamento do nosso encerador:

       – Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de respeito, não. É excesso de... gramática.

      Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela com ar disfarçado e falou:

      – Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa menina, sua irmã, se ela pensa que pode cantar no rádio com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em programa de calouro!

      E, a seguir, ponderou:

      – Agora, piano é diferente. Pianista ela é!

      E acrescentou:

      – Eximinista pianista!

                                                                           (Para uma menina com uma flor, 2009.)


1 vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional.

2 ressabiado: desconfiado.

3 lide: trabalho penoso, labuta.

4 ramerrão: rotina.

A
foi.
B
fora.
C
vai.
D
ia.
E
iria.
bcb32256-31
UERJ 2016, UERJ 2016 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Tipologia Textual, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No texto, a autora narra fatos e expõe suas opiniões relacionados à vinda de sua família para o Brasil.


A
Havia chegado a hora de Antônio se alistar, e o pai decidiu que não perderia seu filho. (l. 5-6)
B
No início dos anos 1990 cogitamos reivindicar a cidadania italiana. (l. 13)
C
Antes de ingressar com a documentação, seria preciso corrigir o erro do burocrata do governo imperial que substituiu um “n” por um “m”. (l. 14-16)
D
Quando Pietro Brun atravessou o mar deixando mortos e vivos na margem que se distanciou, ele não poderia ser o mesmo ao alcançar o outro lado. (l. 28-29)
ce1991fb-29
UNESP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

“– Não sou um pássaro – alegou o morcego.” (3° parágrafo)

Ao se transpor este trecho para o discurso indireto, o verbo “sou” assume a seguinte forma:

Leia a fábula “O morcego e as doninhas” do escritor grego Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?) para responder à questão.

      Um morcego caiu no chão e foi capturado por uma doninha1 . Como seria morto, rogou à doninha que poupasse sua vida.

      – Não posso soltá-lo – respondeu a doninha –, pois sou, por natureza, inimiga de todos os pássaros.

      – Não sou um pássaro – alegou o morcego. – Sou um rato.

      E assim ele conseguiu escapar.

      Mais tarde, ao cair de novo e ser capturado por outra doninha, ele suplicou a esta que não o devorasse. Como a doninha lhe disse que odiava todos os ratos, ele afirmou que não era um rato, mas um morcego. E de novo conseguiu escapar. Foi assim que, por duas vezes, lhe bastou mudar de nome para ter a vida salva.

(Fábulas, 2013.)

1 doninha: pequeno mamífero carnívoro, de corpo longo e esguio e de patas curtas (também conhecido como furão).

A
era.
B
fui.
C
fora.
D
fosse.
E
seria.
6c413606-24
PUC-GO 2015 - Português - Interpretação de Textos, Intertextualidade, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre, Funções da Linguagem: emotiva, apelativa, referencial, metalinguística, fática e poética., Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No trecho extraído da obra Mesa dos inocentes, de Adelice da Silveira (Texto 7), podemos destacar várias expressões que revelam, ao mesmo tempo, elevado tom de humor e uma certa intromissão do narrador, o que caracteriza uma forma inteligente e divertida de prática do discurso indireto livre.

Com base na assertiva acima, assinale a alternativa cujo recorte melhor a representa:

TEXTO 7

      A gota que fez transbordar a caixa da paciência de vovó foi um casalzinho folgado. Cansada da algazarra, do som da sanfona, que por três dias e três noites vinha balançando os alicerces da Casa, vovó foi procurar refúgio na paz de seu quarto. Que paz que nada, ali também a festa rolava solta. Abismada, ela viu um casalzinho iniciando sua lua de mel, imaginem onde? Na cama de vovó! Pena que o urinol estivesse vazio. Furiosa, Ana Vitória pensou em apelar para o chicote. Depois seu pensamento voltou para os primeiros dias de seu casamento, lembrou-se da urgência que a fazia deixar tudo por fazer e ir atrás do marido no roçado. Viu a si mesma, viu os dois, ela e o marido, um casal corado e feliz se deitando debaixo de qualquer árvore. Dez meses após o casamento nasceu o primeiro filho, seguido de outros, um por ano. A leveza daquele início parecia tão distante, tão irreal. Uma lagrimazinha de saudade marejou seus olhos abatidos, rolou pela face cansada e foi morrer no peito murcho. Desanimada, ela pensou que nunca mais ia parar de ter filhos, de lavar bundinhas melecadas de cocô. Acabou deixando os pombinhos em paz, eles que aproveitassem a vida enquanto era possível. Mas avisou aos interessados que preferia perder um bom quinhão de suas terras a continuar convivendo com tamanha barafunda. Assim, a ideia remota da criação de um arraial foi posta em prática. Doações foram feitas e o terreno demarcado.

      As construções começaram a nascer com a rapidez dos cogumelos. Primeiro a igreja com a torre central, beiral duplo em madeira recortada em bicos. Paredes azuis, janelas brancas. Feinha a pobre igreja, mas nem por isso desprezada. Talvez sua maior virtude estivesse na singeleza, no aconchego. A igrejinha era o orgulho do povoado. Sobre o altar feito por um carpinteiro caprichoso, a imagem de um Cristo cansado, a cabeça pensa, o olhar vazio. Descascado, ensanguentado, provocava nos fieis uma piedade quase dolorosa. Foi nessa igreja que meus pais me apresentaram ao Nosso Criador.

(BARROS, Adelice da Silveira. Mesa dos inocentes. Goiânia: Kelps, 2010. p. 74-75.)

A
“Abismada, ela viu um casalzinho iniciando sua lua de mel”; “Furiosa, Ana Vitória pensou em apelar para o chicote”; “Foi nessa igreja que meus pais me apresentaram ao Nosso Criador”.
B
“Cansada da algazarra, do som da sanfona, que por três dias e três noites vinha balançando os alicerces da casa, vovó foi procurar refúgio na paz de seu quarto”; “um casalzinho folgado”.
C
“Que paz que nada, ali também a festa rolava solta”; “Pena que o urinol estivesse vazio”; “eles que aproveitassem a vida enquanto era possível”; “Feinha a pobre igreja, mas nem por isso desprezada”.
D
“Dez meses após o casamento nasceu o primeiro filho, seguido de outros, um por ano”; “Desanimada, ela pensou que nunca mais ia parar de ter filhos, de lavar bundinhas melecadas de cocô”.
396c5e45-67
UEG 2007 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Da leitura do texto, é INCORRETO afirmar que

Imagem 005.jpg

A
a escolha do termo “convulsionado” é pertinente para a situação comunicativa, uma vez que sugere desastre social, desordem, estágio terminal de um país que vive sob o domínio da violência.
B
há contraposição entre o geral e o específico, visto que Bento XVI generaliza o quadro sociopolítico do Iraque e especifica a situação de contínua carnificina no país.
C
Bento XVI deixa subentender que o que há de positivo no Iraque é somente a situação da população civil, pelo fato de ela não permanecer no país.
D
a relação entre os discursos direto e indireto é o que permite perceber o posicionamento de Bento XVI sobre a situação do Iraque.
045bf935-8d
UNESP 2010 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Identifique, entre os quatro exemplos extraídos do texto, aqueles que se apresentam em discurso indireto livre:

I. Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos.

II. – Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem comer.

III. Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!

IV. Não era preciso barulho não.

Instrução: A questão  toma por base uma passagem do romance regionalista Vidas secas, de Graciliano Ramos (1892-1953).

                                                                               Contas

Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos. Mas como não tinha roça e apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da feira, desfazia-se dos animais, não chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito.
Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa.
Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, não seria roubado tão descaradamente. Mas receava ser expulso da fazenda. E rendia-se. Aceitava o cobre e ouvia conselhos. Era bom pensar no futuro, criar juízo. Ficava de boca aberta, vermelho, o pescoço inchando. De repende estourava:
– Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem comer. Quem é do chão não se trepa.
Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada para vender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia.
Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação meio apalavrada e foi consultar a mulher. Sinha Vitória mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no chão sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de Sinha Vitória, como de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros.
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser ignorância da mulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra.

                                                               (Graciliano Ramos. Vidas secas. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1974.)
A
I e II.
B
II e III.
C
III e IV.
D
I, II e III.
E
II, III e IV.
04344948-8d
UNESP 2010 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Não se deve desdenhar, caro Fedro, da palavra hábil, mas antes refletir no que ela significa.

Nesta frase, Sócrates, para rotular o tipo de discurso que acaba de ser sugerido por Fedro, emprega palavra hábil com o sentido de:

Instrução: A questão  toma por base o seguinte fragmento do diálogo Fedro, de Platão (427-347 a.C.).
                                               
                                                                        Fedro

SÓCRATES: – Vamos então refletir sobre o que há pouco estávamos discutindo; examinaremos o que seja recitar ou escrever bem um discurso, e o que seja recitar ou escrever mal.

FEDRO: – Isso mesmo.

SÓCRATES: – Pois bem: não é necessário que o orador esteja bem instruído e realmente informado sobre a verdade do assunto de que vai tratar?

FEDRO: – A esse respeito, Sócrates, ouvi o seguinte: para quem quer tornar-se orador consumado não é indispensável conhecer o que de fato é justo, mas sim o que parece justo para a maioria dos ouvintes, que são os que decidem; nem precisa saber tampouco o que é bom ou belo, mas apenas o que parece tal – pois é pela aparência que se consegue persuadir, e não pela verdade.

SÓCRATES: – Não se deve desdenhar, caro Fedro, da palavra hábil, mas antes refletir no que ela significa. O que acabas de dizer merece toda a nossa atenção.

FEDRO: – Tens razão.

SÓCRATES: – Examinemos, pois, essa afirmação.

FEDRO: – Sim.

SÓCRATES: – Imagina que eu procuro persuadir-te a comprar um cavalo para defender-te dos inimigos, mas nenhum de nós sabe o que seja um cavalo; eu, porém, descobri por acaso uma coisa: “Para Fedro, o cavalo é o animal doméstico que tem as orelhas mais compridas”...

FEDRO: – Isso seria ridículo, querido Sócrates.

SÓCRATES: – Um momento. Ridículo seria se eu tratasse seriamente de persuadir-te a que escrevesses um panegírico do burro, chamando-o de cavalo e dizendo que é muitíssimo prático comprar esse animal para o uso doméstico, bem como para expedições militares; que ele serve para montaria de batalha, para transportar bagagens e para vários outros misteres.

FEDRO: – Isso seria ainda ridículo.

SÓCRATES: – Um amigo que se mostra ridículo não é preferível ao que se revela como perigoso e nocivo?

FEDRO: – Não há dúvida.

SÓCRATES: – Quando um orador, ignorando a natureza do bem e do mal, encontra os seus concidadãos na mesma ignorância e os persuade, não a tomar a sombra de um burro por um cavalo, mas o mal pelo bem; quando, conhecedor dos preconceitos da multidão, ele a impele para o mau caminho, – nesses casos, a teu ver, que frutos a retórica poderá recolher daquilo que ela semeou?

FEDRO: – Não pode ser muito bom fruto.

SÓCRATES: – Mas vejamos, meu caro: não nos teremos excedido em nossas censuras contra a arte retórica? Pode suceder que ela responda: “que estais a tagarelar, homens ridículos? Eu não obrigo ninguém – dirá ela – que ignore averdade a aprender a falar. Mas quem ouve o meu conselho tratará de adquirir primeiro esses conhecimentos acerca da verdade para, depois, se dedicar a mim. Mas uma coisa posso afirmar com orgulho: sem as minhas lições a posse da verdade de nada servirá para engendrar a persuasão”.

FEDRO: – E não teria ela razão dizendo isso?

SÓCRATES: – Reconheço que sim, se os argumentos usuais provarem que de fato a retórica é uma arte; mas, se não me engano, tenho ouvido algumas pessoas atacá-la e provar que ela não é isso, mas sim um negócio que nada tem que ver com a arte. O lacônio declara: “não existe arte retórica propriamente dita sem o conhecimento da verdade, nem haverá jamais tal coisa”.

(Platão. Diálogos. Porto Alegre: Editora Globo, 1962.)
A
discurso prolixo e ininteligível.
B
pronúncia adequada das palavras.
C
habilidade de leitura.
D
expressão de significados contraditórios, absurdos.
E
discurso eficiente em seus objetivos.
50877228-77
PUC - PR 2012 - Português - Interpretação de Textos, Intertextualidade, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise os fragmentos dando atenção aos verbos selecionados para a introdução de discursos diretos no texto. Depois, assinale a alternativa que contém uma afirmação INCORRETA:

“Daí veio a desilusão. Fui fazer o ultrassom e o médico disse que o meu bebê não tinha calota craniana nem massa encefálica”, lamenta Camila.

“Entrei em depressão. Estar grávida e saber que não teria minha filha comigo estava me matando”, lembra (Camila).

“Tenho muito medo de passar por tudo de novo, por aquela desilusão”, diz (Camila Moreira).

“Isso só passou quando engravidei de novo”, conta Érica, aos prantos.

“Não podemos condenar uma pessoa à morte. O aborto dos anencéfalos abre uma janela para a legalização completa do aborto”, afirma (Paulo Fernando da Costa, vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família).

“Obrigar uma mulher a passar meses, entre o diagnóstico e o parto, dormindo e acordando sabendo que não terá aquele filho, é impor a ela um imenso sofrimento inútil. Isso viola o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana”, afirma o advogado Luís Roberto Barroso, da CNTS.

“Marcela não era anencéfala. Tinha merocrania”, garante o geneticista Thomaz Gollop, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto.

Leia o seguinte texto, adaptado da revista IstoÉ, que servirá de base para a próxima questão:

                                              A vida depois do aborto  

                                                                                                                         Solange Azevedo

    A paulistana Camila Moreira Olímpio, 27 anos, deu pulos de alegria quando engravidou. Antes de completar três meses de gestação, sua casa já estava abarrotada de roupinhas de bebê. O enxoval era todo rosa porque ela nunca teve dúvidas de que a criança que carregava no ventre era uma menina. Até o nome estava escolhido: Stacy. Com o berço e o guarda-roupa instalados no quarto, Camila e o marido foram construindo sonhos. “Daí veio a desilusão. Fui fazer o ultrassom e o médico disse que o meu bebê não tinha calota craniana nem massa encefálica”, lamenta Camila. “Desci da maca e saí correndo do posto de saúde. Parei na beira da avenida. Ali, vi o meu castelo desabar.” Ela descobriu que a criança que tanto amava era mesmo uma menina. Mas constatou, também, que Stacy não sobreviveria porque sofria de uma grave má-formação fetal chamada anencefalia. Uma anomalia congênita irreversível e incompatível com a vida.

“E agora, o que eu faço?”, perguntou aos médicos. Eles explicaram que a gestação de um bebê anencefálico traria mais riscos que uma gravidez comum. Camila ficou dez dias enfurnada em casa. Não abria a janela, não tomava banho, não penteava o cabelo, não comia, não levantava da cama. “Entrei em depressão. Estar grávida e saber que não teria minha filha comigo estava me matando”, lembra. “Se eu não antecipasse o parto, perderia a chance de ter outro filho porque eu morreria junto.” Camila decidiu se valer de uma liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que permitia que grávidas de anencéfalos fizessem aborto. Conseguiu realizar o procedimento no 5º mês de gestação. Ela foi uma das cerca de 60 beneficiadas entre 1º de julho e 20 de outubro de 2004, período em que a decisão provisória vigorou. Começava ali uma batalha jurídica entre grupos de defesa dos direitos humanos e entidades de cunho religioso – a qual se estende até hoje. “Obrigar uma mulher a passar meses, entre o diagnóstico e o parto, dormindo e acordando sabendo que não terá aquele filho, é impor a ela um imenso sofrimento inútil. Isso viola o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana”, afirma o advogado Luís Roberto Barroso, da CNTS. “É uma situação equiparável à tortura. Interromper ou não a gestação deve ser uma opção da mulher e de seu médico. O Estado, o Judiciário ou quem quer que seja não têm o direito de interferir nessa decisão.” Barroso fundamenta a ação em mais dois pilares. Primeiro, alega que a interrupção da gestação de um anencéfalo, tecnicamente, não pode ser considerada aborto porque o feto não é uma vida em potencial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que define a morte é a falta de atividade cerebral e, como o anencéfalo não tem cérebro, ele seria um natimorto. Um dos argumentos dos grupos contrários é que, caso a gestação chegue aos nove meses, os órgãos do bebê podem ser doados. Mas nem a OMS nem o Conselho Federal de Medicina recomendam a doação porque esses órgãos também podem apresentar má-formação.

A outra tese de Barroso é a de que a lei brasileira permite o aborto em duas ocasiões: se a gravidez é resultado de estupro ou se há riscos para a mãe. “Interromper a gestação de um feto anencefálico é menos do que nas duas situações já previstas pelo Código Penal, pois tanto no caso de estupro quanto no de riscos para a mãe, o feto tem potencialidade de vida”, relata o advogado. “O nosso Código Penal não contempla a hipótese do feto inviável porque foi elaborado em 1940, quando o diagnóstico da anencefalia não era possível.” Paulo Fernando da Costa, vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, entidade que atua no combate ao aborto, contesta. “Não podemos condenar uma pessoa à morte. O aborto dos anencéfalos abre uma janela para a legalização completa do aborto”, afirma. Costa conta que a Associação fez um filme sobre Marcela de Jesus – uma menina do interior paulista, que morreu em agosto de 2008, com 1 ano e 8 meses. A história de Marcela se tornou uma das principais bandeiras de grupos religiosos na cruzada antiaborto. Porém, as explicações do vídeo podem ser contestadas pela medicina especializada em anencefalia, o que aumenta a discussão. “Marcela não era anencéfala. Tinha merocrania”, garante o geneticista Thomaz Gollop, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto. O médico explica que o que distingue esse quadro da anencefalia é a presença de um cérebro muito rudimentar – um pouco mais de massa encefálica, coberta por uma membrana. Isso faz com que o indivíduo sobreviva um pouco mais. Mas não faz com que tenha cérebro nem que interaja. “Quando a anencefalia é diagnosticada, não estamos discutindo a vida, mas a morte certa”, diz Gollop. 

Camila Moreira afirma que, mesmo com a liminar de Marco Aurélio, batalhou para conseguir um hospital que aceitasse fazer o aborto. “Entrei em trabalho de parto no dia 18 de outubro. No dia 20, a liminar caiu”, lembra. “Foi um desespero. Algumas mulheres que estavam internadas foram mandadas de volta para casa. Se eu saísse de lá, grávida, não resistiria. Ia enlouquecer.” O casamento de Camila terminou um ano depois. Ela desistiu de tentar ser mãe depois de descobrir que é alérgica aos comprimidos de ácido fólico, uma vitamina do complexo B essencial para prevenir a má-formação fetal. “Tenho muito medo de passar por tudo de novo, por aquela desilusão”, diz. 

    “Minha filha nasceu viva. Morreu dez segundos depois. Eu não quis ver, preferi guardar a imagem que eu tinha dela na minha cabeça”. Camila leva uma vida pacata. Divide uma casa simples em Cotia, na Grande São Paulo, com duas amigas e os três filhos delas. Passa a maior parte do tempo trabalhando como demonstradora de café num supermercado.

O medo de que alguma coisa dê errada é comum às gestantes. Quando a mulher tem um passado traumático essa sensação é multiplicada. Foi assim com a paulista Érica Souza do Nascimento, 22 anos. Ela fez a antecipação do parto dias antes de Camila, na 17ª semana de gestação, no mesmo hospital. “Foi complicado emocionalmente. Imagina ter consciência de que seu filho vai nascer e morrer, e você não vai poder fazer nada”, diz Érica. “Não tive dúvidas de que interromper a gestação era a melhor opção. Não queria sentir o meu neném mexer e, depois, ter de enterrá-lo.” Durante um bom tempo, Érica não conseguia ver crianças. Doía. Machucava. “Isso só passou quando engravidei de novo”, conta Érica, aos prantos. “No ultrassom, eu e minha mãe estávamos apreensivas. A gente queria perguntar se a cabecinha do neném estava bem, mas não tivemos coragem. A gente esperou o laudo sair para ver o que estava escrito. Foi uma das melhores sensações que tive na vida.” Yasmin, uma menina de 5 anos toda serelepe, é a alegria dos pais. “Foi ela que me ajudou a esquecer”, garante Érica. “Minha filha é tudo na minha vida.”

Fonte: Revista IstoÉ, n. 2177, 29 de julho de 2011. 

A
Analisando-se a carga semântica dos verbos que introduziram citações dos discursos das autoridades e das pessoas comuns mencionadas, pode-se inferir que, na produção textual, não há neutralidade total do autor.
B
Os verbos garantir e afirmar acentuam a importância das opiniões emitidas pelo geneticista e advogado, respectivamente.
C
Contar, dizer , lembrar e lamentar são verbos que, no universo de opiniões, revelam menor grau de credibilidade do que afirmar ou garantir.
D
Na escolha dos verbos para introduzir as citações, observa-se variação vocabular. A diversidade lexical foi apenas uma estratégia para evitar o uso reiterado do verbo dizer, recurso que tornaria o texto deselegante.
E
A análise dos verbos destacados nos fragmentos dão indícios de que ao citar o pensamento de alguém, além de se fornecer uma informação, também toma-se uma posição diante do exposto.
5b69e0be-3c
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

A passagem do quarto parágrafo – Eu não estava lá. Mas me disseram que botou o rifle em cima dela, para fazer medo, para ver se D. Inês lhe dava a chave do cofre. – é caracterizada por discurso

    Pela tarde apareceu o Capitão Vitorino. Vinha numa burra velha, de chapéu de palha muito alvo, com a fita verde- amarela na lapela do paletó. O mestre José Amaro estava sentado na tenda, sem trabalhar. E quando viu o compadre alegrou-se. Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem. Desde aquele dia em que vira o compadre sair com a filha para o Recife, fazendo tudo com tão boa vontade, que Vitorino não lhe era mais o homem infeliz, o pobre bobo, o sem-vergonha, o vagabundo que tanto lhe desagradava. Vitorino apeou-se para falar do ataque ao Pilar. Não era amigo de Quinca Napoleão, achava que aquele bicho vivia de roubar o povo, mas não aprovava o que o capitão fizera com a D. Inês.

– Meu compadre, uma mulher como a D. Inês é para ser respeitada.

– E o capitão desrespeitou a velha, compadre?

– Eu não estava lá. Mas me disseram que botou o rifle em cima dela, para fazer medo, para ver se D. Inês lhe dava a chave do cofre. Ela não deu. José Medeiros, que é homem, borrou-se todo quando lhe entrou um cangaceiro no estabelecimento. Me disseram que o safado chorava como bezerro desmamado. Este cachorro anda agora com o fogo da força da polícia fazendo o diabo com o povo.

(José Lins do Rego, Fogo Morto)

A
direto, por meio do qual o narrador expressa a indignação do Capitão Vitorino e do Mestre José Amaro ao ataque à cidade do Pilar.
B
indireto, por meio do qual a personagem Quinca Napoleão explica ao Capitão Vitorino o medo que reinou em Pilar durante o ataque.
C
direto, por meio do qual a personagem Mestre Amaro manifesta sua indignação diante dos fatos que lhe são narrados.
D
direto, no qual se insere trecho de discurso indireto em que Capitão Vitorino relata a seu interlocutor o que ouviu de outrem.
E
indireto, que prepara a introdução do direto, para esclarecer que nem Capitão Vitorino nem José Medeiros presenciaram os fatos em Pilar.
98fd8ac9-35
UNESP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Assinale a alternativa em que a reformulação do último período do texto incorporou a segunda oração ao conjunto como discurso indireto estrito.

Para responder à  questão, leia o fragmento de um romance de Érico Veríssimo (1905-1975).

    O defunto dominava a casa com a sua presença enorme. Anoitecia, e os homens que cercavam o morto ali na sala ainda não se haviam habituado ao seu silêncio espesso.
    Fazia um calor opressivo. Do quarto contíguo vinham soluços sem choro. Pareciam pedaços arrancados dum grito de dor único e descomunal, davam uma impressão de dilaceramento, de agonia sincopada.
    As velas ardiam e o cheiro da cera derretida se casava com o perfume adocicado das flores que cobriam o caixão. A mistura enjoativa inundava o ar como uma emanação mesma do defunto, entrava pelas narinas dos vivos e lhes dava a sensação desconfortante duma comunhão com a morte.
   O velho calvo que estava a um canto da sala, voltou a cabeça para o militar a seu lado e cochichou:
— Está fazendo falta aqui é o Tico, capitão.
     O oficial ainda não conhecia o Tico. Era novo na cidade. Então o velho explicou. O Tico era um sujeito que sabia animar os velórios, contava histórias, tinha um jeito especial de levar a conversa, deixando todo o mundo à vontade. Sem o Tico era o diabo... Por onde andaria aquela alma?
   Entrou um homem magro, alto, de preto. Cumprimentou com um aceno discreto de cabeça, caminhou devagarinho até o cadáver e ergueu o lenço branco que lhe cobria o rosto. Por alguns segundos fitou na cara morta os olhos tristes. Depois deixou cair o lenço, afastou-se enxugando as lágrimas com as costas das mãos e entrou no quarto vizinho.
O velho calvo suspirou.
 — Pouca gente... O militar passou o lenço pela testa suada. 
— Muito pouca. E o calor está brabo. 
— E ainda é cedo.
 O capitão tirou o relógio: faltava um quarto para as oito. 
(Um lugar ao sol, 1978.)
A
O capitão tirou o relógio e disse que faltava um quarto para as oito.
B
O capitão tirou o relógio, para descobrir que faltava um quarto para as oito.
C
O capitão tirou o relógio: – Falta um quarto para as oito.
D
O capitão tirou o relógio, embora faltasse um quarto para as oito.
E
O capitão tirou o relógio, porque faltava um quarto para as oito.
ed17b07f-08
UniCEUB 2014 - Português - Interpretação de Textos, Morfologia - Verbos, Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado, Locução Verbal, Sintaxe, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Observe cada fragmento e assinale a alternativa incorreta.

Texto para responder a questão.

                               Estudo ajuda a desvendar a linguagem das plantas

               Nova pesquisa descobriu particularidades genéticas relacionadas à
                   produção de compostos químicos que permitem a comunicação
                                                    entre as plantas

      Pesquisas recentes têm demonstrado o funcionamento de habilidades das plantas até então desconhecidas. Entre elas, a de se comunicar por meio de compostos voláteis: viajando pelo ar, eles servem de alerta para a presença de herbívoros potencialmente perigosos, induzindo outras plantas a tornarem suas folhas mais resistentes. Esses compostos, também chamados de metabólitos, são sintetizados por vários genes diferentes. Além de ajudarem na sobrevivência das plantas, podem ser benéficos aos humanos, dando origem a vários tipos de medicamentos.
      Uma nova pesquisa feita no Instituto para a Ciência Carnegie, nos Estados Unidos, revelou mais informações sobre o mecanismo de comunicação vegetal. Publicado nesta quinta-feira na revista Science, o estudo descobriu que os genes responsáveis por sintetizar metabólitos especializados — ou seja, que têm funções específicas para o desenvolvimento e sobrevivência das plantas — são diferentes do restante dos genes do vegetal. Eles evoluem, organizam-se no DNA e são ativados de forma diferente.
      Para os autores do estudo, essa descoberta poderá ajudar a desenvolver novas estratégias de pesquisas sobre o funcionamento das plantas, o que pode impactar estudos em áreas que vão desde a agricultura até a criação de novos medicamentos.
      Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após criarem um sistema computacional capaz de analisar o genoma de uma planta e dar informações sobre os metabólitos. A equipe comparou o genoma de dezesseis espécies vegetais diferentes — incluindo flores, algas e musgos.
      “Apesar de nossa saúde e bem-estar dependerem muito de compostos químicos vindos de plantas, sabemos pouco sobre como eles  são produzidos e sua real diversidade na natureza", diz Seung Yon
Rhee, coordenador do estudo. “Esperamos que esses resultados permitam que cientistas usem as características dos genes que sintetizam os metabólitos especializados para descobrir como eles beneficiam as plantas e como podem nos beneficiar também."

                                                                                                                         Revista veja online – 01/05/2014
A
Em: “... sabemos pouco sobre como...” – observa-se um sujeito oculto.
B
Em: “... poderá ajudar a desenvolver novas estratégias de pesquisas...” - existe uma locução verbal.
C
Em: “Esperamos que esses resultados permitam que cientistas usem as características dos genes que sintetizam os metabólitos especializados para descobrir como eles beneficiam as plantas e como podem nos beneficiar também.” – há a utilização do discurso indireto.
D
Em: “Para os autores do estudo, ...” – o núcleo do sujeito é autores.
E
Em: “Eles evoluem, organizam-se no DNA e são ativados de forma diferente.” – o pronome eles se refere a genes responsáveis por sintetizar metabólitos especializados.
eb285ab9-08
UniCEUB 2014 - Português - Interpretação de Textos, Colocação Pronominal, Tipologia Textual, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre, Morfologia - Pronomes

Assinale a alternativa que contém assertivas verdadeiras.
I - É predominante, em toda a crônica, o discurso direto.
II - Em “Me faz o obséquio de dizer quem fala?”, a forma correta, de acordo com a norma culta, seria “Faça-me o obséquio de dizer quem fala?”
III -Em “Bolas digo eu. Bolas e carambolas.”, há o emprego da linguagem denotativa.

Texto para responder a questão.

                        Diálogo de todo o dia

- Alô, quem fala?
- Ninguém. Quem fala é você que está perguntando quem fala.
- Mas eu preciso saber com quem estou falando.
- E eu preciso saber antes a quem estou respondendo.
- Assim não dá. Me faz o obséquio de dizer quem fala?
- Todo mundo fala, meu amigo, desde que não seja mudo.
- Isso eu sei, não precisava me dizer como novidade. Eu queria saber é quem está no aparelho.
- Ah, sim. No aparelho não está ninguém.
- Como não está, se você está me respondendo?
- Eu estou fora do aparelho. Dentro do aparelho não cabe ninguém.
- Engraçadinho. Então, quem está fora do aparelho?
- Agora melhorou. Estou eu, para servi-lo.
- Não parece. Se fosse para me servir já teria dito quem está falando.
- Bem, nós dois estamos falando. Eu de cá, você de lá. E um não  conhece o outro.
- Se eu conhecesse não estava perguntando.
- Você é muito perguntador. Pois se fui eu que telefonei.
- Não perguntei nem vou perguntar. Não estou interessado em conhecer outras pessoas.
- Mas podia estar interessado pelo menos em responder a quem telefonou.
- Estou respondendo.
- Pela última vez, cavalheiro, e em nome de Deus: quem fala?
- Pela última vez, e em nome da segurança, por que eu sou obrigado a dar esta informação a um desconhecido?
- Bolas!
- Bolas digo eu. Bolas e carambolas. Por acaso você não pode dizer com quem deseja falar, para eu lhe responder se essa pessoa está ou não aqui, mora ou não mora neste endereço? Vamos, diga
de uma vez por todas: com quem deseja falar?
…Silêncio.
- Vamos, diga: com quem deseja falar?
- Desculpe, a confusão é tanta que eu nem sei mais. Esqueci.
Tchau!

                                                                                                                            Carlos Drummond de Andrade
A
I e II estão incorretas; III está correta.
B
I e II estão corretas; III está incorreta.
C
II e III estão corretas; I está incorreta.
D
todas estão corretas.
E
todas estão incorretas.