Assinale a alternativa que contém assertivas verdadeiras.
I - É predominante, em toda a crônica, o discurso direto.
II - Em “Me faz o obséquio de dizer quem fala?”, a forma correta, de acordo com a norma culta, seria “Faça-me o obséquio de dizer quem fala?”
III -Em “Bolas digo eu. Bolas e carambolas.”, há o emprego da linguagem denotativa.
I - É predominante, em toda a crônica, o discurso direto.
II - Em “Me faz o obséquio de dizer quem fala?”, a forma correta, de acordo com a norma culta, seria “Faça-me o obséquio de dizer quem fala?”
III -Em “Bolas digo eu. Bolas e carambolas.”, há o emprego da linguagem denotativa.
Texto para responder a questão.
Diálogo de todo o dia
- Alô, quem fala?
- Ninguém. Quem fala é você que está perguntando quem fala.
- Mas eu preciso saber com quem estou falando.
- E eu preciso saber antes a quem estou respondendo.
- Assim não dá. Me faz o obséquio de dizer quem fala?
- Todo mundo fala, meu amigo, desde que não seja mudo.
- Isso eu sei, não precisava me dizer como novidade. Eu queria saber é quem está no aparelho.
- Ah, sim. No aparelho não está ninguém.
- Como não está, se você está me respondendo?
- Eu estou fora do aparelho. Dentro do aparelho não cabe ninguém.
- Engraçadinho. Então, quem está fora do aparelho?
- Agora melhorou. Estou eu, para servi-lo.
- Não parece. Se fosse para me servir já teria dito quem está falando.
- Bem, nós dois estamos falando. Eu de cá, você de lá. E um não conhece o outro.
- Se eu conhecesse não estava perguntando.
- Você é muito perguntador. Pois se fui eu que telefonei.
- Não perguntei nem vou perguntar. Não estou interessado em conhecer outras pessoas.
- Mas podia estar interessado pelo menos em responder a quem telefonou.
- Estou respondendo.
- Pela última vez, cavalheiro, e em nome de Deus: quem fala?
- Pela última vez, e em nome da segurança, por que eu sou obrigado a dar esta informação a um desconhecido?
- Bolas!
- Bolas digo eu. Bolas e carambolas. Por acaso você não pode dizer com quem deseja falar, para eu lhe responder se essa pessoa está ou não aqui, mora ou não mora neste endereço? Vamos, diga
de uma vez por todas: com quem deseja falar?
…Silêncio.
- Vamos, diga: com quem deseja falar?
- Desculpe, a confusão é tanta que eu nem sei mais. Esqueci.
Tchau!
Carlos Drummond de Andrade
Diálogo de todo o dia
- Alô, quem fala?
- Ninguém. Quem fala é você que está perguntando quem fala.
- Mas eu preciso saber com quem estou falando.
- E eu preciso saber antes a quem estou respondendo.
- Assim não dá. Me faz o obséquio de dizer quem fala?
- Todo mundo fala, meu amigo, desde que não seja mudo.
- Isso eu sei, não precisava me dizer como novidade. Eu queria saber é quem está no aparelho.
- Ah, sim. No aparelho não está ninguém.
- Como não está, se você está me respondendo?
- Eu estou fora do aparelho. Dentro do aparelho não cabe ninguém.
- Engraçadinho. Então, quem está fora do aparelho?
- Agora melhorou. Estou eu, para servi-lo.
- Não parece. Se fosse para me servir já teria dito quem está falando.
- Bem, nós dois estamos falando. Eu de cá, você de lá. E um não conhece o outro.
- Se eu conhecesse não estava perguntando.
- Você é muito perguntador. Pois se fui eu que telefonei.
- Não perguntei nem vou perguntar. Não estou interessado em conhecer outras pessoas.
- Mas podia estar interessado pelo menos em responder a quem telefonou.
- Estou respondendo.
- Pela última vez, cavalheiro, e em nome de Deus: quem fala?
- Pela última vez, e em nome da segurança, por que eu sou obrigado a dar esta informação a um desconhecido?
- Bolas!
- Bolas digo eu. Bolas e carambolas. Por acaso você não pode dizer com quem deseja falar, para eu lhe responder se essa pessoa está ou não aqui, mora ou não mora neste endereço? Vamos, diga
de uma vez por todas: com quem deseja falar?
…Silêncio.
- Vamos, diga: com quem deseja falar?
- Desculpe, a confusão é tanta que eu nem sei mais. Esqueci.
Tchau!
Carlos Drummond de Andrade
Gabarito comentado
Comentário do Gabarito – Interpretação, Norma-Padrão e Sentido Figurado
Tema central: A questão avalia interpretação textual (reconhecimento de discurso direto), norma-padrão gramatical (uso correto do imperativo e colocação pronominal), além de análise do uso do sentido figurado (linguagem conotativa/denotativa). Essas competências são recorrentes em provas de vestibulares e concursos.
Análise das assertivas:
I – É predominante, em toda a crônica, o discurso direto.
Verdadeiro. O discurso direto caracteriza-se pela reprodução literal da fala dos personagens, sendo introduzido por travessões. No texto, as interações são compostas quase integralmente por falas alternadas, como reforça Cunha & Cintra: "O discurso direto expõe fielmente o que dizem as personagens, de modo vivo e espontâneo."
II – Em “Me faz o obséquio de dizer quem fala?”, a forma correta, de acordo com a norma culta, seria “Faça-me o obséquio de dizer quem fala?”
Verdadeiro. Segundo a norma-padrão (Bechara, Moderna Gramática Portuguesa), o pronome oblíquo (“me”) deve ser posposto ao verbo no imperativo afirmativo (ênclise). A construção “Faça-me” está correta e respeita a formalidade exigida: "Faça-me o obséquio..."
III – Em “Bolas digo eu. Bolas e carambolas.”, há o emprego da linguagem denotativa.
Falso. Aqui ocorre linguagem conotativa: “bolas” e “carambolas” não designam os objetos literalmente, mas expressam indignação ou surpresa. Segundo Celso Cunha & Lindley Cintra, a linguagem conotativa abrange usos figurados e expressivos, não o sentido literal (denotativo).
Análise das alternativas:
A) I e II estão incorretas; III está correta.
Errada: I e II estão corretas, e III, incorreta.
B) I e II estão corretas; III está incorreta.
Correta: Reflete fielmente a análise acima.
C) II e III estão corretas; I está incorreta.
Errada: III está incorreta e I é correta.
D) todas estão corretas.
Errada: III está incorreta.
E) todas estão incorretas.
Errada: I e II estão corretas.
Resumo das estratégias:
Para acertar questões do tipo, identifique as características textuais, atente-se à regra gramatical explícita no enunciado e distinga sempre sentido literal do figurado. Leia com atenção as pegadinhas semânticas e a exigência de norma culta.
Gabarito: B
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