Questõesde PUC-MINAS sobre Português
Sobre o texto de Paulo Freire, em destaque, é CORRETO afirmar:
Atente para o excerto (2º parágrafo):
“Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que
me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo
este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se
esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se
alonga na inteligência do mundo.”
Atente para o verbete “inteligência”:
Significado de Inteligência
substantivo feminino
1. Faculdade de conhecer, de compreender; intelecto: a inteligência distingue o homem do animal.
2. Conhecimento profundo em; destreza, habilidade: ter inteligência para os negócios; cumprir com
inteligência uma missão.
3. Habilidade para entender e solucionar adversidades ou problemas, adaptando-se a circunstâncias
novas.
4. Função psíquica que contribui para que uma pessoa consiga entender o mundo, as coisas e
situações, a essência dos fatos.
5. Boa convivência; união de sentimentos: viver em perfeita inteligência com alguém.
6. Relações secretas; ajuste, conluio: ter inteligência com o inimigo.
Etimologia (origem da palavra inteligência). Do latim intelligentia.ae, "entendimento".
(Disponível em: https://www.dicio.com.br/inteligencia/. Acesso em: 06 maio 2021)
Os sinônimos mais apropriados para a acepção dada por Paulo Freire, em seu texto, figuram em:
Larrosa salienta que Aristóteles definiu o homem como zôon lógon échon – esses são radicais gregos,
que, ao lado de um grande número de prefixos e radicais latinos, também estão presentes em um
conjunto de itens lexicais da língua portuguesa – em especial, figuram no jargão da Medicina.
Atente para as opções e assinale a afirmativa INCORRETA:
Texto 3
O educador espanhol Jorge Larrosa Bondia, em ensaio nomeado “Notas sobre a experiência e o saber da experiência”3 discute a falta de oportunidades, contemporaneamente, para que as pessoas tenham experiências significativas. Segue um excerto desse ensaio, em que Larrosa Bondia fala sobre a natureza humana e sobre o que seria, efetivamente, uma experiência:
“As palavras determinam nosso pensamento porque não pensamos com pensamentos, mas com palavras, não pensamos a partir de uma suposta genialidade ou inteligência, mas a partir de nossas palavras. E pensar não é somente “raciocinar” ou “calcular” ou “argumentar”, como nos tem sido ensinado algumas vezes, mas é sobretudo dar sentido ao que somos e ao que nos acontece. E isto, o sentido ou o sem-sentido, é algo que tem a ver com as palavras. E, portanto, também tem a ver com as palavras o modo como nos colocamos diante de nós mesmos, diante dos outros e diante do mundo em que vivemos. E o modo como agimos em relação a tudo isso. Todo mundo sabe que Aristóteles definiu o homem como zôon lógon échon. A tradução desta expressão, porém, é muito mais “vivente dotado de palavra” do que “animal dotado de razão” ou “animal racional”. Se há uma tradução que realmente trai, no pior sentido da palavra, é justamente essa de traduzir logos por ratio. E a transformação de zôon, vivente, em animal. O homem é um vivente com palavra. E isto não significa que o homem tenha a palavra ou a linguagem como uma coisa, ou uma faculdade, ou uma ferramenta, mas que o homem é palavra, que o homem é enquanto palavra, que todo humano tem a ver com a palavra, se dá em palavra, está tecido de palavras, que o modo de viver próprio desse vivente, que é o homem, se dá na palavra e como palavra. (BONDIA, 2002, p. 21).
3BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro ,
n. 19, p. 20-28, Abr. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
24782002000100003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 30 abr.2021.
Analise o excerto dado e os itens lexicais nele destacados:
A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos,
e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser
superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em
quem escreve, quando identifica a possível qualidade de seu trabalho, ou não, com a quantidade de
páginas escritas.
Sobre esse fragmento, é INCORRETO afirmar:
Atente para o excerto dado:
Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. A memorização
mecânica da descrição do elo não se constitui em conhecimento do objeto. Por isso, é que a leitura de
um texto, tomado como pura descrição de um objeto é feita no sentido de memorizá-la, nem é real
leitura, nem dela portanto resulta o conhecimento do objeto de que o texto fala.
Se observarmos as prescrições da gramática normativa, é CORRETO afirmar:
Para Paulo Freire, um processo de aprendizagem da leitura pressupõe:
I. acesso a um grande e variado conjunto de textos para leitura e memorização dos preceitos e
informações ali contidos.
II. aprendizagem de aspectos como concordância, regência verbal e nominal, uso da crase, enfim,
conhecimentos linguísticos aplicados à compreensão textual.
III. acesso a textos autorais dos próprios professores e alunos, cuja interpretação se dá, de forma
viva e dinâmica, para detecção dos expedientes utilizados para construção textual.
IV. compreensão de textos de qualidade, usualmente, aqueles de maior extensão e complexidade,
por pressuporem pesquisa e análise.
Estão CORRETAS as afirmativas:
Conforme a argumentação do educador espanhol, é CORRETO afirmar:
Texto 3
O educador espanhol Jorge Larrosa Bondia, em ensaio nomeado “Notas sobre a experiência e o saber da experiência”3 discute a falta de oportunidades, contemporaneamente, para que as pessoas tenham experiências significativas. Segue um excerto desse ensaio, em que Larrosa Bondia fala sobre a natureza humana e sobre o que seria, efetivamente, uma experiência:
“As palavras determinam nosso pensamento porque não pensamos com pensamentos, mas com palavras, não pensamos a partir de uma suposta genialidade ou inteligência, mas a partir de nossas palavras. E pensar não é somente “raciocinar” ou “calcular” ou “argumentar”, como nos tem sido ensinado algumas vezes, mas é sobretudo dar sentido ao que somos e ao que nos acontece. E isto, o sentido ou o sem-sentido, é algo que tem a ver com as palavras. E, portanto, também tem a ver com as palavras o modo como nos colocamos diante de nós mesmos, diante dos outros e diante do mundo em que vivemos. E o modo como agimos em relação a tudo isso. Todo mundo sabe que Aristóteles definiu o homem como zôon lógon échon. A tradução desta expressão, porém, é muito mais “vivente dotado de palavra” do que “animal dotado de razão” ou “animal racional”. Se há uma tradução que realmente trai, no pior sentido da palavra, é justamente essa de traduzir logos por ratio. E a transformação de zôon, vivente, em animal. O homem é um vivente com palavra. E isto não significa que o homem tenha a palavra ou a linguagem como uma coisa, ou uma faculdade, ou uma ferramenta, mas que o homem é palavra, que o homem é enquanto palavra, que todo humano tem a ver com a palavra, se dá em palavra, está tecido de palavras, que o modo de viver próprio desse vivente, que é o homem, se dá na palavra e como palavra. (BONDIA, 2002, p. 21).
3BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro ,
n. 19, p. 20-28, Abr. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
24782002000100003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 30 abr.2021.
Observe o fragmento destacado e as assertivas feitas sobre ele:
Continuando neste esforço de “re-ler” momentos fundamentais de experiências de minha infância, de
minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se
veio em mim constituindo através de sua prática, retomo o tempo em que, como aluno do chamado
curso ginasial, me experimentei na percepção crítica dos textos que lia em classe, com a colaboração,
até hoje recordada, do meu então professor de língua portuguesa.
Assim como os verbos transitivos demandam complementos, há os substantivos (abstratos) que
demandam complementos (termos simples ou orações).
Observe as afirmações feitas e verifique essas relações no excerto sob análise:
I. O substantivo “compreensão” tem como complemento nominal o sintagma “da importância do
ato de ler”.
II. O substantivo “esforço” tem por complemento “de reler momentos fundamentais de
experiências”.
III. O substantivo “percepção” é complementado pelo constituinte “dos textos que lia em classe”.
IV. O substantivo “colaboração” tem por complemento o sintagma “até hoje recordada”.
Verifica-se que estão CORRETAS as afirmativas:
A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço - o sítio das avencas de minha mãe -,
o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. (...) Os "textos", as "palavras”,
as "letras” daquele contexto - em cuja percepção experimentava e, quanto mais o fazia, mais
aumentava a capacidade de perceber - se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja
compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles nas minhas relações com meus irmãos mais
velhos e com meus pais.
Sobre elementos de coesão presentes no excerto, avalie as afirmativas:
I. “... o quintal amplo em que se achava....” ➜ “em que”, relativo, pode ser substituído por “no
qual” ou “onde”, sem alteração do sentido.
II. “.... daquele contexto – em cuja percepção...” ➜ “em cuja” poderia ser substituído por “em que”,
sem alteração funcional ou de sentido.
III. “... tudo isso foi o meu primeiro mundo” ➜ os pronomes “tudo isso” retomam, de forma
resumitiva, uma série de elementos enumerados.
IV. “experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava...” ➜ o conectivo usado empresta um
sentido de consequência aos fatos indicados.
Estão corretas as afirmativas presentes apenas em:
Atente para o excerto:
A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos,
e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser
superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em
quem escreve, quando identifica a possível qualidade de seu trabalho, ou não, com a quantidade de
páginas escritas. No entanto, um dos documentos filosóficos mais importantes de que dispomos, As
teses sobre Feuerbach, de Marx, têm apenas duas páginas e meia...
Observe os conectivos destacados no excerto e a semântica a eles atribuída. A correlação está
INCORRETA em:
As aspas e outras marcações da escrita obedecem a um código convencionado e, portanto, a um
sistema de regras. Vejamos em que circunstâncias se usam as aspas (duplas) com maior frequência:
1) Antes e depois de uma citação textual ou para assinalar transcrições textuais, ou seja, indicar no
texto que você está escrevendo, uma palavra ou expressão que foi usada pelo autor citado ou que
costuma ser associada a ele;
2) Quando no trecho citado entre aspas existem palavras aspeadas, você deve destacá-las com aspas
simples. Em resumo, usam-se aspas simples dentro de aspas duplas.
Além desses casos, elas são também usadas para:
3) Marcar apelidos, nomes e títulos (de livros, revistas, obras de arte etc.);
4) Ressaltar gírias, neologismos, estrangeirismos ou quaisquer palavras estranhas ao contexto
vernáculo;
5) Destacar as alíneas nas citações de textos legais;
6) Realçar palavras e expressões a que se quer dar um sentido particular ou figurado.
É neste último caso que as aspas simples indicam o emprego de palavras em sentido diverso do que
lhe é habitual.
Fonte:
MARTINO, Agnaldo; LENZA, Pedro (coord.). Português esquematizado: gramática, interpretação de texto,
redação oficial, redação discursiva. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 241. Adaptado.
Atente para os excertos e justificativas e assinale a correlação CORRETA:
Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que
me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo
este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se
esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se
alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior
leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.
Sobre o excerto, é CORRETO afirmar:
Atente para o excerto dado:
A regência verbal, a sintaxe de concordância, o problema da crase, o sinclitismo pronominal, nada disso
era reduzido por mim a tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidos pelos estudantes. Tudo
isso, pelo contrário, era proposto à curiosidade dos alunos de maneira dinâmica e viva, no corpo mesmo
de textos, ora de autores que estudávamos, ora deles próprios, como objetos a serem desvelados e não
como algo parado, cujo perfil eu descrevesse. Os alunos não tinham que memorizar mecanicamente a
descrição do objeto, mas apreender a sua significação profunda.
Nesse trecho destacado, vemos o emprego da vírgula – importante sinal de pontuação – com as
funções indicadas a seguir, EXCETO:
Atente para os sinônimos indicados. Assinale a opção em que a correlação esteja INCORRETA:
“Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento
nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo.
Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas? Ponho as minhas
irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:
Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?
No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite
em branco?
A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?
O mato desconhecido é que é o anonimato?
O pequeno viaduto é um abreviaduto? [...]”
(COUTO, Mia. Perguntas à língua portuguesa. Disponível em: http://ciberduvidas.sapo.pt/antologia.php?rid=118. Acesso: 7 de março
de 2007).
Mia Couto é um importante escritor da literatura moçambicana. No trecho em análise, seus questionamentos à
língua portuguesa
“Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo.
Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas? Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:
Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?
No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?
A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?
O mato desconhecido é que é o anonimato?
O pequeno viaduto é um abreviaduto? [...]”
(COUTO, Mia. Perguntas à língua portuguesa. Disponível em: http://ciberduvidas.sapo.pt/antologia.php?rid=118. Acesso: 7 de março de 2007).
Mia Couto é um importante escritor da literatura moçambicana. No trecho em análise, seus questionamentos à língua portuguesa
“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!”
(PESSOA, Fernando Pessoa. “Ode Triunfal” [Trecho]. Poesias de Álvaro de Campos. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
2003, p. 306).
O poema de Fernando Pessoa foi publicado em Portugal na década de 1910. A referência a aspectos da vida
urbana, como fábricas, engrenagens, motores etc., indica um diálogo intertextual com a proposta estética do
“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!”
(PESSOA, Fernando Pessoa. “Ode Triunfal” [Trecho]. Poesias de Álvaro de Campos. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p. 306).
O poema de Fernando Pessoa foi publicado em Portugal na década de 1910. A referência a aspectos da vida
urbana, como fábricas, engrenagens, motores etc., indica um diálogo intertextual com a proposta estética do
Comparando-se os versos iniciais de ambos os poemas, a diferença entre os termos “amenos”, no texto 1, e “há
menos”, no texto 2, caracteriza a ocorrência de
TEXTO 1
“No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
São rudes, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!”
(Dias, Gonçalves. I-Juca-Pirama. [Trecho] [1851]. In: Fundação Biblioteca Nacional. Departamento Nacional do Livro. Disponível em: objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/jucapirama.pdf. Acesso: 21 ago. 2013).
TEXTO 2
No meio das tabas há menos verdores,
Não há gentes brabas nem campos de flores.
No meio das tabas cercadas de insetos,
Pensando nas babas dos analfabetos,
Vou chamando as tribos dos sertões gerais,
Passando recibos nos vãos de Goiás.
Venham os xerentes, craôs e crixás,
Bororos doentes e xicriabás.
E os apinajés, os carajás roídos,
E os tapirapés e os inás perdidos
[...]
No meio das tabas não quero ver dores,
Mas morubixabas e altivos senhores.
Quero a rebeldia das tribos na aldeia.
Nada de “poesia”. Quero cara feia:
Cor de jenipapo e urucum no peito,
Não índio de trapo falando sem jeito.
(TELES, Gilberto M. “Aldeia global”. In: Os melhores poemas de
Gilberto Mendonça Teles. Seleção Luís Busatto. São Paulo: Global,
2001.p. 91-92).
Produzidos em contextos sociais e históricos distintos, os poemas apresentam semelhanças temáticas. A leitura
comparativa indica
TEXTO 1
“No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
São rudes, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!”
(Dias, Gonçalves. I-Juca-Pirama. [Trecho] [1851]. In: Fundação Biblioteca Nacional. Departamento Nacional do Livro. Disponível em: objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/jucapirama.pdf. Acesso: 21 ago. 2013).
TEXTO 2
No meio das tabas há menos verdores,
Não há gentes brabas nem campos de flores.
No meio das tabas cercadas de insetos,
Pensando nas babas dos analfabetos,
Vou chamando as tribos dos sertões gerais,
Passando recibos nos vãos de Goiás.
Venham os xerentes, craôs e crixás,
Bororos doentes e xicriabás.
E os apinajés, os carajás roídos,
E os tapirapés e os inás perdidos
[...]
No meio das tabas não quero ver dores,
Mas morubixabas e altivos senhores.
Quero a rebeldia das tribos na aldeia.
Nada de “poesia”. Quero cara feia:
Cor de jenipapo e urucum no peito,
Não índio de trapo falando sem jeito.
(TELES, Gilberto M. “Aldeia global”. In: Os melhores poemas de
Gilberto Mendonça Teles. Seleção Luís Busatto. São Paulo: Global,
2001.p. 91-92).